Capítulo 2

Tsunade me olha como se eu estivesse dizendo alguma coisa sobrenatural, ela piscou algumas vezes e pareceu recuperar a linha de raciocínio. Ela me olhou de olhos arregalados, depois que a informação pareceu adentrar seus pensamentos.

– O que disse Sakura? – ela perguntou um pouco surpresa.

– O que escutou Shishou – eu disse sem um pingo de humor.

Tsunade deu um suspiro – E porque dessa decisão Sakura? – ela piscou algumas vezes – Isso é muito repentino!

– Porque eu estou me sentindo impotente de novo Shishou! – eu disse um pouco alto demais, abaixei o tom de voz, afinal ela ainda era a Hokage – Ontem fomos atacados e eu não consegui fazer nada, nada! Ninguém me deixou fazer nada na luta, todas as vezes que estava prestes a acertar alguém algum companheiro de time entrava na frente, isso é muito frustrante para mim – eu a olhei nos olhos – Isso me faz me sentir inútil novamente Tsunade-sama...

Ela olhava séria para mim e depois deu um suspiro – Sakura, sinto muito, mas não vou te dar dispensa do time sete – eu arregalei os olhos surpresa, eu pensava que ela iria me apoiar, que iria ficar do meu lado – Eu sei que seus motivos envolvem certo Uchiha, mas não vou envolver seus problemas pessoais com o trabalho – ela me olhou com pesar – Sinto muito mesmo, mas a minha resposta final é não.

Olhei para ela mostrando toda minha magoa, me curvei em respeito e sai da sala sem dizer mais nada, Kakashi vinha pelo corredor e eu passei direto sem olhar para ele. Eu preciso conversar com alguém, eu preciso desabafar com minhas amigas. Saí do escritório da Hokage em direção ao distrito Hyuuga, iria até Hinata primeiro e depois iríamos até Ino.

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Pov’s Autora.

Assim que Sakura sai da sala da Hokage, Kakashi entra com o relatório em mãos. Antes de fechar a porta ele deu uma ultima olhada em sua aluna que seguia pelo corredor. Era visível o nervosismo da mesma.

– Porque Sakura saiu que nem um furacão daqui? – Kakashi perguntou ganhando assim a atenção da Hokage, que até então não tinha percebido a presença do mesmo. Tsunade dá um suspiro, pegando o relatório que lhe era estendido e respondendo a pergunta do Hatake.

– Sakura pediu dispensa do time sete – Kakashi arregala os olhos, muito surpreso, pois ele sabe o quanto Sakura gosta de fazer parte do time sete, ainda mais depois que ficou tão forte – Mas eu neguei e ela se zangou comigo... – outro suspiro.

– Mas, Tsunade-sama, porque Sakura pediu dispensa do time sete? – ele pergunta ainda um pouco surpreso com a notícia, afinal tinha um apreço por sua aluna e gostava de ver o quanto seus discípulos tinha ficado fortes e independentes, gostava mais ainda de fazer parte desse desenvolvimento, de poder sempre presenciá-lo quando possível por isso não tinha desfeito o time sete.

– Segundo o que ela disse vocês foram atacados – Tsunade não olhava para o Hatake, estava lendo o relatório e lá confirmava o ataque, levantou os olhos até o sensei – e que vocês não a deixaram agir. Ela se sentiu impotente e inútil novamente, sabe que para ela isso é importante, mostrar do que é capaz – Tsunade fecha os olhos e aperta a ponte do nariz – E também, tem o problema Sasuke, ela quer se manter afastada dele e agora são companheiros de time, por isso ela está assim irritada.

Kakashi não quer que Sakura saia do time, então ele pensa em uma possível solução – Tsunade-sama, eu irei conversa com todo o time e com Sakura – ele dá um suspiro – Temos que chegar a um acordo, se não Sakura nunca se sentirá parte da equipe.

– É assim mesmo que ela se sente Kakashi – Tsunade disse duramente – Ela se sente a intrusa da equipe, você a conhece tão bem quanto eu e sabe como Sakura odeia se sentir assim.

– Mas Tsunade-sama, como vamos fazer com Sakura e Sasuke? – Kakashi pergunta realmente preocupado, pois ele percebeu os olhares de Sasuke para Sakura, mas Kakashi sabe muito bem que o que Sakura mais quer, é manter distancia do Uchiha, para não sofrer mais aquilo de novo, ser desprezada.

– Eu não sei Kakashi – Tsunade olha pela janela de seu escritório, olha o movimento das nuvens branquinhas no céu azul celeste – Eu realmente não sei. Também não posso tirar a razão dela de se fechar assim para ele, Sasuke que provocou essa situação...

– Mas acho que ele está disposto a resolver – Kakashi disse perdido em pensamentos – Eu já vou me retirar Tsunade-sama – se curvou em respeito e saiu logo em seguida.

Tsunade ficou olhando para a porta fechada, se perguntando por que tudo isso estava acontecendo. Ela remexeu em uma das gavetas de sua mesa, tirando de lá uma pequena garrafa de sakê e passou a bebê-la.

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Pov’s Hinata.

Eu estava sentada a janela de meu quarto somente olhando os movimentos das nuvens branquinhas no céu de um toma azul celeste, que fazia lembrar-me dele. Engraçado, antigamente eu me sentava aqui e ficava imaginando como seria minha vida com Naruto, agora eu somente me sento aqui para esquecer-me dele e daquela guerra. Madara e Óbito realmente foram oponentes muito fortes, eles nos atacaram num momento de fraqueza, mas tudo saiu bem, graças a ele, Naruto. Ele e Sasuke lutaram bravamente contra eles. Nós também lutamos, pois eles não vieram sozinhos, mas depois de muito esforço, Konoha e a aliança saíram vencedoras. Mas naquele dia eu percebi que Naruto nunca teria olhos para mim, mesmo depois de tudo o que eu tinha feito por ele, de tudo que eu tinha feito para tentar mostrar meu mais puro amor, ele não me notou, então decidi esquecê-lo e nunca mais correr atrás dele, nunca mais sofrer por ele, pelo menos tentar não sofrer mais. Mas é muito difícil quando se ama verdadeiramente alguém, meu coração ainda fica disparado quando estou perto dele, mas não coro mais. Ele também conversa comigo normalmente e eu somente respondo o que ele me pergunta, somos da mesma vila não posso ignorá-lo, acabo o tratando como trato o Sasuke, como somente um conhecido que não tenho intimidade nenhuma, mas mudando de assunto...

Depois do fim da guerra, meu primo finalmente tomou jeito e pediu Tenten em casamento, foi uma cena inusitada de se ver, Hyuuga Neji se ajoelhando na frente de todos, no meio do hospital e pedir a Mitsashi em casamento, claro que ela aceitou e eles já estão casados há quase três anos, Tenten passou a ser Hyuuga Tenten e ela não poderia estar mais feliz. Neji não mora mais na casa principal dos Hyuuga’s, ele mora em uma das casas nas dependências do clã. Até eu entendo os motivos dele, eu também não ia querer ninguém invadindo minha privacidade com meu marido! Tenten e eu ficamos muito próximas, ela também se aproximou bastante de Ino e Sakura, e sempre quando podemos estamos juntas, mas Tenten por ser uma mulher casada, quase nunca fica conosco, o que é realmente uma pena. Temari também se mostrou uma grande amiga, ela sabe do sentimento de Ino e a apoia, mas não pode fazer nada por Ino, ela quem tem que conquistar certo ruivo.

Sou tirada de meus devaneios quando escuto batidas na porta de meu quarto. Murmurei um entre e a pessoa entrou, me surpreendi por ver Sakura ali.

– Olá Hina-chan – ela sorriu, mas eu sabia que tinha algo errado – está ocupada?

– Não – eu disse descendo do batente da janela e indo até ela – Porque?

– É que eu preciso das minhas amigas nesse momento – ela disse com uma voz de triste – Vamos até a floricultura atrás de Ino? Eu quero conversar com vocês duas... – ela me olhou nos olhos, aqueles olhos verdes cheios de magoa, só um assunto a deixava assim: Sasuke. – Ino está de folga hoje...

– Vamos ate a floricultura – eu disse indo em direção à porta do meu quarto. Sakura me seguia, saímos de minha casa em direção à floricultura de Ino.

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Pov’s Ino.

A floricultura hoje não está muito movimentada. Tenho uma encomenda para amanhã, mas eu mesmo vou arrumá-la, essa eu faço questão! Espero que ele fique deslumbrante, a pessoa que vai recebê-lo merece o melhor arranjo de flores, mesmo essa não sendo a flor favorita dela, o que vale é a intenção. Vou até o balcão pegar a fita para dar o laço no arranjo, quando passo próximo à foto de meu pai que eu coloquei na parede atrás do balcão. Fico olhando a foto e involuntariamente me lembro de como o perdi.

Aquela guerra tirou muita coisa, de muita gente, principalmente as famílias. Eu, Sakura, Shikamaru, Chouji e muitos outros, perdemos os pais na guerra. Foi muito difícil para mim, mas em homenagem as lembranças dele, eu decidi manter a floricultura, mesmo com o trabalho no hospital. Só fico na floricultura quando estou de folga, pois eu amo flores e acima de tudo amo meu pai, essa foi à forma que eu encontrei de deixar isso claro, seguindo seus passos. Quando estou no hospital, quem toma conta da floricultura é a Hana, cômico é seu nome ser Hana, que significa flor. Ela tem cabelo longo e é ruiva, Hana sempre mantém o cabelo preso em uma trança lateral, ela tem olhos azul escuro, branca como a Sakura e até que tem um corpo bonito, mas ela é um pouco tímida, não tanto como Hina era, mas mesmo assim é tímida. Ela já trabalha na floricultura há quase três anos. Até em minhas folgas do hospital ela está aqui.

No hospital, eu sou uma enfermeira, não tenho vocação para ser médica, mas muitas vezes já acompanhei Sakura em suas cirurgias, amo esse trabalho, mas não quero ser médica, não sou tão forte assim, uma vida morrer em minhas mãos... Não, melhor deixar isso pra lá! Sou despertada de meu devaneio e volto a minha tarefa anterior, arrumar um lindo arranjo de rosas vermelhas.

Vermelho... Essa cor me lembra dele. Como pode existir um amor assim? Eu não conheço muitas coisas sobre Gaara, mas aquele jeito calado dele, sem nunca sorrir ou parecer se importar com o que os outros pensam me deixaram intrigada. O que me encanta em Gaara, é seu ar misterioso, reservado e até mesmo solitário. Eu queria saber mais sobre o Kazekage de Suna. Eu já era intrigada por ele antes da guerra e com o fim da mesma eu decidi tentar lutar por esse amor, mas parece que ele não em nota de jeito nenhum! O tempo que eu fiquei hospedada na casa dele, eu tentei fazê-lo me notar, não sendo vulgar, mas sim com minha capacidade, só que eu acho que não deu muito certo... Sei de uma coisa, ainda é muito cedo para desistir! Fiz uma grande amizade com Temari, à mesma se casou com meu melhor amigo e companheiro de time, Shikamaru mora em Suna, mas ele ainda é um ninja de Konoha, tanto que as missões de Konoha são prioridades e ele só sai em missão por Suna com autorização da Hokage. Temari acabou descobrindo meu amor por Gaara por acaso, ela não pode me ajudar nessa tarefa, afinal quem é apaixonada por Gaara sou eu, não ela. Sou tirada de meus devaneios com a sineta da floricultura avisando que alguém tinha entrado, olhei para a entrada e vi Hinata e Sakura, fui até elas.

– Olá meninas – as abracei – O que traz vocês aqui?

– Ino... – começou Sakura – está muito ocupada?

– Não por quê? – eu disse confusa.

– É que a Sakura-chan quer conversar conosco Ino-chan – disse Hinata doce como sempre.

– Tudo bem, vamos a aquela lanchonete de sempre? – elas assentiram que sim – Hana-chan – eu a chamei e ela veio do fundo da loja – Estou saindo, tome conta de tudo sim?

– Eu cuidarei Ino-san – ela respondeu dando um sorriso em seguida.

Assenti e sai da loja com as meninas em direção à lanchonete que sempre íamos.

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Pov’s Sakura.

Encontrei com Hina no distrito Hyuuga e de lá fomos até Ino. As duas foram comigo até a lanchonete que vivíamos frequentando, todos sabiam que íamos ali nos últimos três anos. Sentamos-nos em uma mesa próxima a janela e a garçonete veio anotar nosso pedido, pedimos três sucos de laranja e três lanches naturais. Assim que ela saiu, Hina se dirigiu a mim.

– Então Sakura-chan, o que aconteceu? – dava para ver que ela estava preocupada.

Dei um suspiro – O time sete foi reativo por Tsunade – elas iam falar algo de bom, mas eu as interrompi e continuei – E Sasuke faz parte da equipe...

As duas se calaram e me olharam – Como assim? – perguntou Ino.

– Tsunade-sama disse que não seria justo com Sasuke o tirá-lo do time sendo que originalmente ele era um dos principais – nossos pedidos chegaram e eu tomei um gole do meu suco – mas também não seria justo com Sai, pois ele nunca entrou como um substituto de Sasuke, sendo assim o time sete, passa a ter seis integrantes.

– Mas Sakura-chan... – Hinata não sabe o que dizer, mas acho que ela pensa em algo – E como você está? Sabe... Em relação à Sasuke?

– Indiferente – eu disse olhando para ambas – vocês sabem que eu ainda o amo e acho que vou amá-lo para sempre, mas não posso deixar esse amor tomar conta de mim e me cegar novamente – eu dei um suspiro – Não quero sofrer mais por ele... – olhei para a janela e continuei a falar – Eu também pedi dispensa do time sete...

– Mas porque Testuda? – perguntou-me Ino indignada – Você ama a sua equipe e vai sair por causa dele? Sakura-chan, isso não tem sentido! Sabemos de seus sentimentos, mas abrir mão das coisas que gosta por causa dele, você não acha exagero?

– Eu concordo com Ino-chan – disse Hinata me olhando seriamente – Sakura-chan, você não deve se deixar levar por Sasuke, ele não se importou com você quando se importava com ele, você deve sim continuar no time, mas pelo Kakashi-sensei, Yamato-taichou, Sai-kun e Naruto-kun... – Hinata se calou. Ela se referiu a Naruto, pelo sufixo “-kun”, não por “–san”, como ela passou a chamá-lo depois da guerra.

– Eu sei meninas – eu dei um sorriso fraco – Tsunade-sama negou meu pedido de dispensa, eu ainda faço parte do time sete – eu dei um suspiro e olhei para ambas – Mas, eu não estou querendo sair só por causa dele, ontem fomos atacados e não me deixaram fazer nada, sempre me protegendo – elas viram o quanto eu estava chateada por isso – e eu não gosto de me sentir inútil novamente.

As duas olhavam para mim. Elas sabiam que eu não gostava de me sentir assim, que eu não gostava de estar tão perto de Sasuke e que eu não gostava de me sentir frágil.

– Sakura-chan – Hinata chamou minha atenção para ela – Sabe que pode contar conosco para tudo né?

– É verdade Testuda! – disse Ino me dirigindo um sorriso – Pode contar com a gente para tudo e qualquer coisa! – ela me olhou séria – A qualquer momento Sakura, você também Hinata. O que precisarem de mim, eu estarei lá – ela deu um suspiro – Até para ser somente o ombro amigo...

Sorri verdadeiramente para elas – Eu sei. Vocês também podem contar comigo para tudo e qualquer coisa!

Voltamos a comer nossos lanches, quando íamos conversar sobre outros assuntos, Kakashi apareceu na lanchonete e veio em direção a nossa mesa.

– Sakura – eu olhei para ele, já tinha sentido o chakra dele e sabia que ele se aproximava, mas tinha o ignorado – Quero que você esteja no Ichiraku em 5 minutos, não se atrase – e saiu em seguida.

– Gente, mas o que será que ele quer? – pergunta Ino curiosa.

– Não sei Porca – me levantei e elas também – Mas vou descobrir. – pagamos nossos lanches e fomos até a saída – Tchau meninas, vou ver o que Kakashi quer.

– Tchau – e se foram.

Eu fui na direção do Ichiraku, tentando achar algo que Kakashi pudesse me dizer, mas não vinha nada em minha cabeça. Fui correndo já que ele tinha me dado pouco tempo. Assim que cheguei ao Ichiraku fiquei mais confusa ainda, em uma das mesas mais a fundo do estabelecimento – que tinha passado por uma reforma recentemente ampliando o lugar – estavam meus companheiros de time. Aproximei-me lentamente, Naruto me lançava um olhar confuso e ai eu saquei, ninguém sabia o motivo daquela reunião.

– Pontual como sempre Sakura – disse-me Kakashi. Eu me sentei em um lugar onde todos podiam me ver, não gostei disso. Odiava ser o centro das atenções. Estamos assim na mesa começando do meu lado esquerdo: Eu, Naruto, Sai, Kakashi, Sasuke e Yamato.

– Kakashi-sensei, porque nos chamou aqui? – eu perguntei realmente confusa.

Kakashi olhou diretamente em meus olhos e me perguntou algo que eu não esperava.

– Sakura porque você pediu dispensa do time sete?