Desafio das Trevas

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capitulo único

    Violência

    Esta história foi inventada por mim, inclusive o mundo e seus personagens. Ela também será postada no Animespirit e Nyah!

    Espero que todos vocês gostem desse pequeno conto!

    Beijos xx

    Asenath Amunet, Grande Sacerdotisa e Oráculo do Templo Édonis de Solarium, O Grande Deserto, era dotada de bênçãos e conhecimento. Como representante dos deuses na terra, era privilegiada com visões de um futuro próximo e, em uma delas viu que a profecia em breve se cumpriria. A lenda deixaria de ser apenas mito e se profetizaria. Desde criança, escutara a história de um homem desfigurado que aceitara uma aposta contra as trevas. Agora, via que o tempo estava se esgotando. A Era Negra não tardaria a começar.

    Há milhares de anos, uma fortaleza negra ergueu-se nas terras escuras do Norte marcando o início de uma nova era. A era Korvins. Os anciões do Templo Édonis, de Solarium, famosos por suas histórias que datam desde os primórdios dos homens, contam que os Korvins são uma família tão fria quanto as terras inóspitas de Vynos, localizadas no Norte, em meio a neve e montanhas de gelo. Os sábios também dizem que antes da Era Korvins começar, um homem que vestia negro e possuía uma aparência horrenda, vagou pelas terras nortenhas e lá construiu sua Fortaleza. Esse homem se chamava Eiren Vynos e antes de partir para sua jornada nas terras escuras do Norte, vivia em Aresh, o Berço do Mundo. Esta terra era conhecida por ser lar de homens de diversos povos. Alguns costumam afirmar que Aresh, é abençoada pelos deuses, pois seus dias são sempre ensolarados e as noites sempre frescas; Os frutos são abundantes e possuem sabores tão deliciosos que muitos se recusam a comer qualquer outra coisa depois de prová-los. Entre os homens que viviam nesta maravilhosa terra estava Eiren, que se escondia em meio as sombras, envergonhado demais para se mostrar aos outros homens. Vivia apenas com a mãe, Belllye, pois o pai a largara depois de nascer, inconformado por ela ter dado à luz a um filho tão desfigurado. A mãe pertencia a tribo dos Sensyu, povo nômade que era constantemente encontrados na Floresta Viva durante o outono. Apesar de não ter sido abandonado pela mãe após nascer, Eiren não recebia qualquer demonstração de afeto da mesma. Belllye tinha nojo de seu filho e muitas vezes costumava gritar aos deuses, implorando para que ele morresse, pois assim, a pouparia de olhar para seu rosto deformado todos os dias e, toda vez que escutava as preces desesperadas da mãe, Eiren chorava por apenas um lado de seus olhos, sendo que seu olho esquerdo parecia ter sido esmagado por uma tábua de mármore.

    Mesmo enxergando seu sofrimento, os deuses permitiram que o tempo, com toda sua grandeza, se passasse lentamente, fazendo com que Eiren crescesse em uma sociedade que o discriminava pela aparência, pois os povos de Aresh eram conhecidos em todos os cantos do mundo por sua beleza. Os homens e as mulheres possuíam longos cabelos loiros e seus olhos eram azuis e tão límpidos quanto o rio Hamir, das planícies do Oeste, onde as montanhas do Ymala erguiam-se como gigantes do mundo.

    Os anos passaram e Eiren, agora um homem tão horrendo como jamais fora, rebelou-se contra seu povo e matou sua mãe, que tentara assassiná-lo enquanto dormia no dia de seu aniversário. Com fúria exalando pelos ferimentos da carne, Eiren partiu para a terras das sombras sem se importar com o que os sábios diziam sobre ela. Rumou durante semanas e chegou a Floresta Viva, onde árvores gigantescas erguiam-se tão alto que não era possível ver o final delas. Lembrou-se das histórias dos anciões que diziam que ás árvores da Floresta Viva eram grandes pois um dia foram lar dos gigantes, extintos desde a Era Primordial. Elas pareciam lhe sussurrar segredos e os galhos pareciam cantar. Podia ouvir o vento assobiar alegremente, como se lhe desse boas vindas. Naquele lugar era impossível sentir-se sozinho.

    Demorou meses para que chegasse no Norte e, quando finalmente pode sentir os primeiros flocos de neve em suas mãos calejadas soube que aquela era sua casa. Vagou durante dias pelas terras escuras. O frio era tamanho que ele sentia as pernas endurecerem enquanto andava, como se fossem congelar. O vento cortante e gélido do norte irritava as feridas abertas na carne de Eiren, que muitas vezes se contorcia de dor na neve alva. Em uma dessas noites em que o frio gelava até o espírito, Eiren o viu pela primeira vez. Trajava um manto negro e espesso com um capuz grande e tão escuro quanto o breu, tornando impossível enxergar seu rosto. Asenath e os outros sábios de Édonis, acreditavam que naquele momento Eiren estava conversando com a própria representação das trevas na terra: A Morte.

    O homem de capuz negro se apresentou a Eiren como sendo as próprias trevas que embalavam o Norte. Mesmo assim, Eiren não o temeu e jurou que permaneceria nas terras escuras e viveria com as trevas como se fosse sua companheira. A morte, que podia enxergar a alma e o coração dele lhe propôs um desafio. De acordo com os registros adquiridos pela oráculo anterior a Asenath, a Morte propôs a ele o seguinte desafio: “Mate o obstáculo e não deixe que lhe toque. Depois disso, estará pronto. Mas, lembre-se, não confie naquele que possui as trevas.” E assim, Eiren aceitou uma aposta contra a Morte. Como prêmio, ganharia o que seu coração sempre desejou: A beleza. Porém, se perdesse o preço seria maior: Estaria condenado a continuar com sua deformidade; o norte herdaria seu nome, Vynos, como forma de se lembrar de sua derrota, e seu sangue seria preenchido de trevas, tornando-se negro. Todos os seus descendentes seriam contaminados com o sangue impuro e, quando as trevas despertassem, seriam eles os responsáveis pelo início da era final: A Era das Sombras Eternas, onde a morte varreria o mundo e nada restaria além de lágrimas, sangue e espíritos. Cego pelo desejo de adquirir a beleza, Eiren aceitou. Morte e Homem fecharam um contrato e selaram destinos.

    Ao despertar do décimo dia após a aposta, estava diante de seu desafio. Uma grotesca criatura bípede, com chifres e dentes que não lhe cabiam dentro da boca, atacava uma mulher em meio a neve. Eiren não pensou duas vezes antes de desafiar a criatura. O Ser das Trevas era selvagem e gigante, sua boca derramava um líquido oleoso e fétido na neve alva, derretendo-a como ácido. O monstro fedia à enxofre. Eiren sabia que estava em desvantagem, pois sequer estava armado e não poderia tocar a criatura, afinal estaria quebrando as regras do desafio. Só conseguiu vencê-la após mergulhar-se no mar congelante do Norte, pois assim que a criatura colocou a cabeça dentro das águas, Eiren cravou um pedaço de gelo de forma pontiaguda entre os chifres, matando o ser das trevas. Quando voltou a emergir da água, escondeu o rosto para que a mulher não o visse, porém quando se aproximou dela viu que a mesma era cega. As pupilas eram tão alvas quanto a neve e a pele da mulher também era clara, mas os cabelos eram castanhos e longos, caindo em pequenas ondas. Eiren descobriu muitas coisas sobre ela. Seu nome era Agnes Korvins e ela havia sido atacada pelas trevas quando se aproximara do Norte. Fora jogada nas águas frias e quando emergiu já não havia mais brilho nos olhos. Ambos sobreviveram juntos por meses sem qualquer interferência das trevas. Eiren começara a acreditar que o homem havia lhe enganado, pois ainda não havia lhe dado a beleza. Apesar de tudo, os dias passaram-se tranquilos ao lado de Agnes, que se mostrara o oposto dele, pois era uma mulher cheia de vida e risos, mesmo sem poder ver a luz. Um dia, rendido pelo sorriso dela, Eiren deixou que ela tocasse seu rosto. Agnes descobriu com a ponta dos dedos toda a face dele, sorrindo ao terminar. Ele observou o sorriso com profunda admiração, mas o momento não durou, pois a Morte havia voltado. Com desespero estampado no rosto, Eiren descobriu que o obstáculo não era o ser das trevas, era Agnes, pois ela possuía a trevas no olhar e havia lhe tocado. As trevas lhe ofereceram uma segunda chance de matá-la, mas Eiren ainda se lembrava da frase que a Morte lhe dissera no desafio, não confie naquele que possui as trevas. E, usando um objeto poderoso dado pela própria morte para matar Agnes, Eiren o atirou e o Norte foi invadido pela luz de uma explosão, afastando a Morte e as trevas. Depois do incidente, ele viu que do braço ferido jorrava sangue negro e, naquele momento, soube que havia perdido. Agora, seu destino e os de seus descendentes já estavam selados para sempre.

    Asenath gostava dessa história, pois não deixou apenas um legado, deixara um aviso a todas as gerações futuras: Todos os destinos já estavam traçados e o fim seria inevitável. Após terminar de construir sua fortaleza junto com Agnes, Eiren decidiu que o nome seria Korvins, pois Vynos agora era o nome das terras do Norte. Sua linhagem continuou a existir com seu filho e netos, que trouxeram junto de si o sangue impuro das trevas e seria questão de tempo até a última Era ter seu início. Logo o mundo cairia nas trevas eternas e as lágrimas encheriam os mares e varreriam as terras. Asenath podia sentir que o momento havia chegado, pois os descendentes de Vynos agora caminham sobre a terra como Reis e Rainhas, seu poder é inigualável e levam as sombras e a morte em todos os lugares por onde passam, deixando para trás apenas sangue e almas torturadas. Todos os outros territórios já haviam sido conquistados e seria questão de tempo até Solarium encontrar seu tão temido fim.


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