Alma Gêmea: Destinados

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    Capítulo 14

    Lei maior

            - Sua falta foi, é e continuará sendo grave por toda a vida se não nos posicionarmos. Infelizmente não há outra forma de fazê-lo. - ele disse, tentando se aproximar de mim aos poucos, com a mão estendida.

    - Não, por favor! Não o prive da vida eterna por minha causa! Eu errei, eu devo pagar. David precisa voltar, ele precisa ser feliz, mesmo que não seja ao meu lado! Por favor, Klaus, se existe misericórdia em você, deixe-o ir e me deixe ficar!

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    Cap. 14

    Klaus fez uma expressão absurdamente estranha. Era como seu eu o tivesse apunhalado com as minhas palavras e ele fosse ao chão, esperando a hora da morte. E ao mesmo tempo era como se algo dentro dele sobrevivesse, revivesse.

    - Isso é uma prova de amor! Amor verdadeiro! - gritou Kaleb ao meu lado, erguendo-se com um sorriso se alargando no rosto.

    Klaus ainda estava em choque. E eu continuava completamente alheia à situação.

    - Klaus, você sabe! Sabe a lei maior! Não se pode ir contra o amor verdadeiro, irmão! - Kaleb continuava a falar, enquanto Klaus o observava com uma certa incerteza no olhar. Kale não se pronunciou em momento algum.

    Um minuto se passou. Klaus correu em minha direção, e quando protegi meu rosto pensando que  iria apagar as minhas memórias, ele arrancou o livro do meu colo e o fechou bruscamente.

    - Diga. - ele falou, semicerrando os dentes.

    - Dizer o que?

    - Diga o que quer se lembrar!

    - Como assim o que eu quero lembrar?

    - Eu vou te dar mais uma chance garota. Vocês dois vão voltar. - meu sorriso se abriu e eu me levantei para me aproximar mais dele. - Mas não se anime muito. Você terá que escolher apenas uma coisa a se lembrar sobre você e David. - e quando eu fui abrir a boca, ele me interrompeu. - Mas pense bem. Quando voltarem, essa será a única coisa da qual se lembrará dele; porém será também aquilo que você mais deverá conquistar.

    Lembrei-me de quando me foi tirada a memória por Kaleb e esqueci de David. Não queria que isso acontecesse de novo.

    - Quero me lembrar de que o amo. Só isso. - disse, decidida.

    - Sábia escolha, Rebecca. - rebateu Klaus.

    - Ou não. - disse Kale, que pela primeira vez se manisfestou durante todo o julgamento.

    Kaleb se aproximou de mim, preparando-se para acatar e executar a sentença do irmão.

    - Livre-se das memórias. Seja feliz. - ele sussurrou pra mim, com um olhar generoso. - E que assim seja.

    Antes mesmo que eu pudesse agradecê-lo ou dizer algo, ele colocou a mão em minha testa, e tudo o que passei a ver era apenas luz.

                                                                        '''*'''

    Meus olhos se abriram. Enquanto eles tentavam se ajustar à escuridão, meus ouvidos trabalhavam intensamente, captando o que parecia ser uma sirene de ambulância. Coloquei as mãos no chão e as empurrei com força para que eu conseguisse sentar. E só então percebi algumas manchas de sangue nelas.

    Mas antes mesmo que o desespero pudesse chegar ao pensar que o sangue seria meu, os olhos captaram o corpo de um homem caído sobre as minhas pernas e uma mancha de sangue bem maior sobre o seu peito. Me inclinei para ver seu rosto; ele era lindo, mas não me lembro de o ter visto antes em toda a minha vida. Mas quando percebi que ele não respirava, algo dentro do meu coração me implorava que eu o salvasse, como se estivesse salvando a mim mesma.

    Antes que eu pudesse começar com os procedimentos de urgência, um paramédico se aproximou e tomou o meu lugar.

    - Dra. Rebecca, você está bem? - uma voz conhecida ecoou atrás de mim, e quando me virei percebi que era Felipo, um dos enfermeiros do hospital.

    - Estou, estou sim. - disse, com a voz um pouco trêmula.

    - O que aconteceu? Foi um assalto?

    - Eu... eu não sei... - as poucas lembranças que voltavam à minha mente eram completamente embaralhadas. - Eu preciso acompanhá-lo na ambulância! - apontei para o homem que estava ao meu lado, agora sendo levado na maca pelos médicos.

    - Tudo bem, não se preocupe. Nossos colegas já o normalizaram. Venha. - Felipo me ajudou a levantar, levando-me para dentro da ambulância.

    O homem que à segundos estava praticamente morto agora estava deitado na maca ao meu lado, ali, respirando. Meu coração havia se acalmado um pouco, até que ele abriu os olhos e eu me inclinei para vê-lo – aqueles belos olhos azuis pareciam penetrar a minha alma.

    Eu sorri, feliz por ele estar vivo.

    Ele bateu as pálpebras algumas vezes e mexeu os lábios.

    - Quem é você? - ele disse, e de um modo estranho aquela pergunta abalou um pouco minha alegria, me dando a impressão de que haveria uma longa luta pela frente.


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