Capítulo 2

Eu não posso acreditar! Alguém por favor, me belisque. Eu não creio que ELE deu entrada aqui. Bem onde eu trabalho. Infelizmente, ele está desacordado por conta do acidente que sofreu. Pelas informações que tive, acabou com o carro dele. Não sei como esse homem chegou com vida aqui. Eu preciso me manter concentrado em meu trabalho. Ainda estou terminando minha faculdade de medicina e eu apenas ficava num canto observando tudo o que meu primo fazia com sua junta medica. Aquela operação iria demorar. Aquele homem estava naquela mesa há uma hora. Gostaria de saber se tinha algum parente ali. Não como ele vai encarrar aquela cicatriz em seu ombro, peito e parte das costas. Realmente, ele estava vivo por algum tipo de milagre.

Eu estava querendo saber o que te aconteceu para que ele estivesse assim, todo arrebentado. Não sei por que estou me importando tanto com este homem. Parece que eu o conheço. Ele era muito familiar. Bem de qualquer forma, eu o acho muito lindo. Uma vez eu fui ao show de sua banda, porém fiquei muito atrás e não deu para ver direito. Ora mais o que você está pensando? No show de uma banda de rock? Mantenha o foco! Concentre-se Kiki! Apenas concentre-se.

Mas... Mas ele é tão lindo pessoalmente que eu... Bem eu... Ele é minha paixão platônica. Talvez até mais que isso. Eu não consigo tirar a imagem dele da minha cabeça. Eu tive que retirar alguns ‘brincos’ do seu corpo. Fiquei com pena quando vi a bela tatuagem em suas costas que fora atingida com o acidente. No momento, eu estava com seus pertences os que eu tinha retirado. Queria lhe entregar em mãos. Chega de pensar nessas coisas. Mantenha o seu foco caso contrário, seria melhor que eu me retirasse do centro cirúrgico.

Na verdade foi o que fiz. Meu primo me olhou quando eu acabei de sair pela porta. Não estava mais aguentando ver aquela cena naquela sala. Eu precisava respirar!

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Eu havia acordado num lugar bonito. Cheio de flores e uma paz muito grande! Não estava com minhas costumeiras roupas, mas estava todo vestido de... Branco?! Será que eu morri? Ao pensar nisso me deu certo desespero e uma paz que me assustava! Por mais que odiasse meu noivo, não poderia abandoná-lo sozinho. Nunca conseguia isso.

No momento, eu estava sentindo uma forte dor em meu ombro esquerdo e em partes do meu peito e um pouco nas costas. O que seria aquilo? Eu só me lembro de ter saído com o carro e depois disso eu não consigo me recordar de mais nada. Tentava falar, mas não saia som algum de minha boca. Estava ficando mais desesperado ainda! Mas onde é que eu vim parar afinal de contas? Até que ouvi uma voz em minha mente: “Aqui ainda não é o seu lugar. Deve voltar Genbu!”. Não vi a pessoa que falava comigo. Ao invés disso, vejo uma luz muito forte em minha direção. Aonde eu vim parar e para onde vou?

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Já faz um tempo que cheguei nesse hospital e eu estou a ponto de quebrar alguns ossos! Porra, ninguém sabe me informar para onde te levaram. Droga, quero estar do seu ado, é a única coisa que almejo neste momento.

Mais uma vez, me mandaram para a sala de espera. Estou querendo quebrar os ossos daquela secretária ‘novinha’ que atende pelo nome de Sonia. Essa patricinha de cabelos róseos já está me dando nos nervos. Ela parecia se assustar quando eu me aproximava dela. Bobinha! Ela não viu ainda do que sou capaz de fazer!

Caminho até um bebedouro e encho um copo de água seguido de outros. Todos me olhavam estranhamente, achando que eu deveria ser algum maluco. Sou maluco quando se trata do MEU vocalista ruivo. Aquela espera estava me deixando angustiado. Resolvi me sentar numa cadeira mais afastada. Queria ficar sozinho e me perder em pensamentos. Devo ter ficado muito tempo assim porque não notei a presença de ‘garotinho’ muito bonitinho do meu lado tentando me acordar pra vida.

- O que quer?

- Você deve ser parente do homem ruivo que deu entrada hoje no hospital certo?! Sou Kiki, e estou me formando em medicina. Venha deve estar querendo saber dele!

- Homem ruivo...? Genbu! Como ele está? Como meu noivo está?

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Noivo? Não sei por que, mas eu não gostei de saber disso! Por um lado, fiquei contente por ele não estar só ali, mas pelo outro... Meu coração estava apertado. Ele sangrava por dentro e sentia uma vontade de gritar “não” bem alto. Porém preciso me conter.

O convidei para me acompanhar até a sala de meu primo. Ele não iria se importar. Ele pareceu meio... Estranho mas por fim veio atrás de mim.

Por fim chegamos. Achei que fosse demorar mais. Aquele homem estava me assustando um pouco. O que aquele ruivo lindo viu nesse homem? Bom isso não é problema meu e eu tenho que parar de pensar nele.

- Vamos direto ao assunto! Seu noivo chegou num estado lastimável. Nós achamos que ele não fosse sobreviver. Mas conseguimos controlar seu quadro clínico. Ainda tem alguns riscos, mas ele está em boas mãos. Logo poderá ir para o quarto. Isso se ele não for ficar na UTI.

-UTI? Genbu não pode ir para lá... O que farei sem o meu ruivo?! Droga... Maldita hora onde eu... Desculpe... Eu estou preocupado. Vou tentar me acalmar agora. Pelo bem do meu ruivo!

- Faça isso! Tem mais alguma coisa que gostaria de saber?

- Não! Agradeço o que fez. Vou me acalmar e esperar lá fora.

Eu acabei levando aquele brota-montes para fora da sala de Mu. Ele me agradeceu mas uma vez e voltou para a sala de espera agora mais calmo. Pobre Sonia. Agora eu entendo o que ela passou. Esse homem é um armário perto de mim imagina da garota? Assim que deixei a sala, voltei para o centro cirúrgico e coloquei outra roupa descartável. Ainda tinha muita coisa a ser feita ali.

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Essa espera está me matando! Há três horas estou plantado aqui. E ninguém veio me falar absolutamente nada. NADA! Sempre que eu sentia vontade, saia do hospital para fumar um pouco. Um maldito hábito que tenho. E você também.

A minha vontade agora era de invadir o centro cirúrgico e ir até você, mas me contive. Não queria ser expulso sem antes vê-lo. Quando o cigarro acabou votei pra onde estava e vi aquele mesmo pirralho junto de outro homem de longos cabelos lilases. Eles não estavam com boa cara... Será que você me... Deixou?

Andei calmamente até os dois e me pediram para segui-los. Apenas fui caminhando atrás deles sem os perder de vista. Quando o aquele garotinho entrou num outro quarto e o outro acabou entrando em outro e me fez um sinal para que eu o seguisse.

- Ele já acordou, mas ainda está sobre o efeito da anestesia. Eu acreditava que iria demorar muito mais, mas por algum milagre, ele apenas fraturou alguns ossos. Tivemos que colocar pinos. Acredito que este homem ficará bem. Quanto ao desenho em suas costas, bem eu e Kiki tivemos muito cuidado para não danificar ainda mais. O Senhor Akami precisará ficar um tempo aqui e logo poderá voltar para casa.

- Tem mais alguma coisa que preciso saber doutor?

- Não. Apenas que terão que cancelar todas as turnês de shows. Eu sei que você é noivo dele. Sei disso por causa de meu primo. Ele é um grande fã e não suportou ver o ídolo assim. – Mentiu. – Ele guardou os pertences do meu paciente. Preciso conversar sobre isso mais tarde e trago tudo o que estava com ele no momento em que chegou aqui. Se me der licença irei ver outros pacientes. Até!

- Até e obrigado doutor. – Esperei aquele médico sair e fui para seu lado. O lado que estava bom. Tirei um pouco as cobertas que lhe cobriam o corpo. Vi aquelas faixas que encobriam todo o tórax e nos dois ombros do meu amado. Alguns curativos na bochecha  e uma faixa enrolada na cabeça. Deveria ter algum corte ali com pontos.

Segurei em sua mão enquanto apertava de leve e fazia pequenos afagos em suas madeixas ruivas. Queria muito ouvir a voz. Eu preciso ouvir sua voz. Foi então que eu o vi abrir os olhos lentamente e você passou a me fitar.

- Genbu? Como você está?

- Eu... O que houve Harbinger? Meu corpo dói... E não consigo me mexer.

- Eu te conto mais tarde agora procure descansar, amor! Vou cuidar de ti.

Sinto que ele fecha seus dedos em minha mão. Era tão bom. Queria que fosse sempre assim. Ele fecha os olhos e logo voltou a dormir. Eu não resisto e dou um pequeno beijo sua testa e outro nos lábios. Neste momento, escuto a porta do quarto sendo aberta e por ela, noto o garoto que conversou comigo. E em seus olhos eu vejo uma coisa que não gostaria.