|
Tempo estimado de leitura: 5 minutos
14 |
Marie está sentada no chão de seu quarto, está toda coberta por um lençol. Ela parece estar com medo de algo, olha para os lados constantemente. Ao fundo um choro, que parece ser de um recém-nascido, toma o lugar.
Narrador: Essa é Marie, uma garota sozinha e perturbada. Tem dezessete anos, pobre garota deixou de ser amada. E, com o pouco dinheiro que juntou, comprou todos os livros, de Edgar Allan Poe.
Algo bate na janela, Marie se levanta e deixa seu lençol no chão. Através da janela ela oberva sua rua, que está deserta.
Narrador: As sombras tomam conta do lugar, com uma melodia triste de sinos a badalar.
Marie abre a sua janela, o venta bate em seus longos cabelos pretos, fazendo-os dançar. E de repente, como mágica, um corvo invade seu quarto. Marie fica surpresa e abismada. O corvo voa por todo o pequeno quarto até pousar em cima do guarda-roupa da jovem.
Narrador: Esse era o ser que queria entrar? Um corvo invadiu este lar. E, em uma majestosa pose ele ficou, lembrando um lorde de uma velha cidade do mar, que em um livro, Marie visitou.
A garota se aproxima do seu guarda-roupa. Seus olhos crescem, ao ver que o corvo a observa com seus minúsculos, mas demoníacos, olhos vermelhos.
Narrador: Com uma grande dúvida mortal, Marie tenta conversar com o animalÉ é estranho, eu sei, mas a adolescente já perdeu sua sensatez.
----
Narrador: "Ó criatura da noite, sublime e elegante em seu manto negro, me responda e tire o silêncio do meu desespero. Dizes teu nome, senhor invasor de lares; me diz como devo te chamar, para que 'animal' na tua presença, eu jamais volte a pronunciar." Disse Marie, sem gaguejar.
A garota fica parado por um breve momento, observa o corvo, nunca tinha visto uma ave igual.
Narrador: O corvo, a cabeça para a direta balançou, e disse algo que durante cinco segundos no quarto de Marie ecoou... o corvo não respondeu a sua pergunta, mas em troca ele finalmente falou: "Nevermore."
Marie deu dois passos para trás ao ouvir isso, e bateu de costas com seu espelho, que acabou caindo e quebrando.
Narrador: "Mas o que é isso?" Marie perguntou. Pois suas mãos estavam sujas de sangue... sangue de alguém que aquele quarto habitou.
Desesperada, Marie olha para o corvo e tenta conversar com ele mais uma vez.
Narrador: "Por favor, ó criatura da noite, sublime e elegante em seu manto negro, me responda e tire o silêncio do meu desespero. Dizes a mim, a quem pertence esse sangue que sujou minhas mãos e eu me calo como um morto em seu caixão." O corvo novamente parado ali ficou, mas rapidamente uma fala ele soltou. E para tristeza de Marie ele só disse: "Nevermore".
A garota se senta novamente no chão. De repente, uma foto cai próximo a seu pé; é uma foto dela com um homem.
Narrador: "Quem é esse homem na foto?" A si mesmo indagou.
Misteriosamente, a foto se rasga no meio e sangue começa a sair de 'sua' imagem da foto. E Marie com medo, se deita em sua cama, jogando rapidamente a foto no chão. Para sua surpresa, os "pés" e "braços" da sua cama, a prendem, impedindo-a de se mexer. Presa em sua própria cama, sem ter como sair, ela se desespera. Para o seu azar, um Pêndulo surge do nada, este, preso ao teto de seu quarto, descia cada vez mais, se aproximando da barriga da pobre garota. Quase chorando, Marie mais uma vez tenta falar com o corvo.
Narrador: "Por favor, ó criatura da noite, sublime e elegante em seu manto negro, me responda e tire o silêncio do meu desespero. O que aconteceu com esse homem, cujo nome não sei? Me reponda e diga ao menos uma coisa que eu já não sei!" Marie perguntou para o corvo mais uma vez.
----
Narrador: O corvo com seus olhos vermelhos de sangue pareciam nos dizer, que ele era a própria morte e que a alma de Marie ele iria comer. Porém, essas palavras o bicho segurou, para dizer novamente: "Nevermore."
O pêndulo chega mais próximo da garota e comaça a cortá-la aos poucos. Sua barriga vai se abrindo e ela fecha seus olhos para não ver o seu sangue e suas tripas saindo, mas por um breve momento ela toma coragem e abre os olhos. O pêndulo não estava mais lá e sua barriga não estava cortada. Aliviada, ela começa a passar a mão no seu corpo.
Narrador: Como um pesadelo, ela acordou. O espelho não estava quebrado e o corvo em seu quarto parecia que nunca havia estado. A janela continuava fechada; mas onde diabos ela estava?
Aquele choro de recém-nascido continuava e agora ficava cada vez mais alto. Marie abre sua janela, o vento está forte. Ela vai em direção a porta de seu quarto, o barulho vem da sala de sua casa. A garota tensa, abre a porta. Uma forte luz de cor vermelha toma conta do lugar, seus olhos ardem. Um estranho homem, está com uma faca na mão, faca que já está suja de sangue. Marie vai dando alguns passos para trás, mas o homem avança esfaqueando sua barriga. A garota vai tombando de costas, tenta se apoiar em algo, mas sem querer bate em seu espelho, este que cai e quebra. Ela fica deitada. Sua barriga sangra. De repente, vê o corvo parado em cima do seu guarda-roupa. E o homem que a esfaqueou, sai do quarto e fecha a porta. Marie fica novamente no escuro, sozinha...
Narrador: Uma luz branca tomou sua visão, e um barulho de sirene tomou sua audição. No chão espraia sua triste sombra; e como uma maldição, a alma de Marie sangra.
----
Narrador: Por favor, ó criatura da noite, sublime e elegante em seu manto negro, me responda e tire o silêncio do meu desespero. Por que fazes isso com Marie? Ela é só uma garota sozinha e perturbada. Uma pobre garota que deixou de ser amada. O corvo não me respondeu, mas repetidas vezes sua voz me preencheu. Dizendo o que eu já esperava ouvir, o maldito não parava de repetir...
----
Corvo: "Nevermore, nevermore, nevermore...".
--Fim--