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Mais um cap. fresquinho ai para voces
Por mais que eu não gostasse dela, aqui estou eu, batendo em sua porta. E juro que não sei como isso foi acontecer; Uma lembrança do que ocorreu hoje a tarde passou pela minha memória, e abro a porta, encontrando uma pessoa extremamente maltratada: os olhos fundos vermelhos e inexpressivos, o cabelo solto bagunçado, as olheiras roxas quase da cor de seus olhos, marcas de dedos em seus braços ensangüentados cheios de cortes, a expreção vazia e triste, e...
Perai SANGUE? Olho bem para seus pulsos e vejo os cortes e ela segurando uma lamina enquanto a passava pelo seu braço.
Num súbito corro ate La e arranco a lamina de sua mão, e a arrasto ate o banheiro onde abro a torneira e coloco seus braços debaixo da água, que fica vermelha conforme o sangue vai saindo.
-Você esta bem? – Ouço sua voz e a olho, porém seu rosto continua inexpressivo.
-To ótimo – Digo tentando esconder o fato que sangue me deixava com vontade de vomitar.
- A mim você não engana- diz ela com um sorriso de canto – Não gosta de sangue – balanço a cabeça concordando- Enjoado? – Concordo novamente – Respire fundo pela boca, e tente não olhar. – Fecho a torneira e fico olhando fixamente para seu braço que agora estava com uma aparência bem melhor.
- Não encoste naquela lamina novamente enquanto vou pegar o kit de primeiros socorros, Ouviu bem Gracielly! – Digo entre dentes.
- Sim mamãe. - Ela me responde com Sarcasmo, mas assim que saio do quarto ouço um suspiro cheio de dor.
Corro ate a cozinha e pego uma caixinha branca com um “+” vermelho na tampa e volto correndo ate o quarto, onde a torneira foi novamente aberta e ela esta esfregando a mão nos cortes, assim que ela me vê , fecha a torneira, e estende os braços, pra mim.
Passo uma pomada pra não infeccionar, enrolo faixas em seus pulsos e colo fitas próprias para isso. Assim que acabo ela me diz:
- Obrigado – Pelo seu olhar foi sincero.
- Não há de que, mas me explica uma coisa, por que você se corta?
Ela se senta na cama e pensa um pouco antes de me responder:
- Por que eu sinto dor, esse e o único jeito de me distrair da vida
- Nada mais te distrai? – Pergunto me lembrando do motivo de vir ate seu quarto.
- O que esta sugerindo – Por um momento aquele olhar de insanidade desaparece, sendo substituída por algo próximo a alegria.
- Que tal ver alguns filmes?
Ela se levanta da cama num pulo e fala animadamente.
- Eu escolho os filmes enquanto você faz a pipoca o.k.. – Diz ela já vasculhando aquela pilha de DVDs.
- Só não escolhe um filme água com açúcar, cheio de mimimi.
Ela da uma risada, e me mostra o que escolheu: os dois de filmes de jogos vorazes, e os dois de Percy Jackson.
- O que você acha desses?
- Se você tiver o Simpsons também não me incomodo. – Digo e ela da outra risada enquanto pega outro filme e me mostra. - Qual iremos ver primeiro.
- Jogos vorazes claro, depois os Simpsons, depois Percy Jackson e os olimpianos. O que você ainda ta fazendo aqui? VAI LOGO – Ela berra apesar de eu já ta na cozinha.
Faço pipoca, e levo uma garrafa de um litro de refrigerante lá pra sala, quando chego lá, levo um susto, a sala foi transformada em algo para ver filmes: as almofadas do sofá e da poltrona estão no chão, no tapete felpudo fazendo uma cama confortável, há um edredom grande lá, e as luzes desligadas e a e o fogo vindo da lareira deixa o lugar com ambiente convidador, quente e confortável, mas pra mim isso fica estranhamente romântico. A teve já esta ligada e no menu do filme. E ela esta sentada naquele monte de almofadas.
Olho para ela, e percebo que ela mudou de roupa; esta usando uma calça de moletom larga, um par de meias coloridas, e uma camiseta visivelmente velha, seus cabelos antes bagunçados estavam agora numa trança simples.
Coloco as comidas na nossa frente e me enrolo na coberta. Ela pega a bacia de pipoca e enfia um punhado na boca.
- Não e só seu, gulosa – Digo fazendo-a rir.
O filme finalmente prende nossa atenção fazendo que seus olhos quase vidrados, nem pisquem direito. Tenho que admitir o filme e ótimo. Porem quando meu braço roça levemente o seu, percebo que ela esta arrepiada. Seus braços estão super gelados, e ela esta tremendo.
A abraço passando a coberta sobre seus ombros, sentindo aquela incrível maciez de sua pele, ela coloca a cabeça em meu ombro, e coloco a minha sobre a sua.
Ate seu cabelo tem cheiro delicioso: de cereja. Minha fruta favorita.
Ficamos assim por um tempo ate que ouço o barulho do elevador chegando. Ela me empurra e se afasta de mim, me sento no sofá, e continuo assistindo enquanto ignoro minha mãe, que entra esfuziante indo direto para seu quarto dizendo algo como “Vou viajar”
Continuo com a atenção no filme ate que ela dessa com um monte de malas dizendo:
- Vou viaja e volto depois de amanha, vou fazer um desfile em paris e não quero que o mate - diz mamãe olhando pra Grace – Nem ateie fogo, nem torture, nem jogue o La do terraço, nada que machuque, queime, faça algum mal. Entendeu querida?
- Posso dar um tiro? – Pergunta ela, me fazendo a olhar descrente.
- Isso se encaixa na categoria que eu disse.
Mamãe se aproxima e beija sua bochecha e beija minha testa
- Thau meus amores, a mamãe vai sentir falta de vocês dois e...
Sua frase foi encoberta pela porta do elevador que se fechou.
O filme continuava e eu ficava cada vez mais entediado, quando eu vi já estava brincando com a ponta da sua trança, fazendo cócegas em sua bochecha corada.
Eu acho que dormi no sofá, por que as duas primeiras coisas que percebo são: 1º eu estou deitado no meu quarto, 2º já esta de manha