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    16
    Capítulos:

    Capítulo 2

    O começo da busca

    Homossexualidade, Spoiler

    Dedicando para todas as yurikos que curtem ouvir as GlDeMo.

    Havia coisas na vida humana que eu não conseguia entender, mas de uma coisa eu tenho certeza. A música me salvou. Do mesmo jeito que um dia trouxe a minha vida as ruínas. Quando eu havia morrido, eu já sabia que não voltaria mais para a música e faria o que pudesse para não machucar alguém de novo, pensei que eu desapareceria por completo para aliviar a minha dor.

    Mas Deus prega peças na gente e eu fui parar no que eu deveria ter chamado de paraíso, por certo tempo achei que eu deveria novamente fugir de tudo e de todos, não aceitava minha condição ali de modo algum. Eu queria mais é que tudo, toda a minha vida, tudo o que eu vivi fosse jogado para o alto, mas não era assim que aquele mundo funcionava, eu não tinha esse poder.

    Foi aí que eu me enganei... Ao bater de asas de um corvo cantante, uma jovem de cabelos rosados e uma alma extremamente musical se fez presente naquele lugar, naquela escola aonde eu havia me confinado pretendendo me rebelar contra o poder do mais alto do céu.

    E o som saiu. Enquanto eu observava os corredores cheios de pessoas que estavam ali só para preencher aquele espaço, eu vi alguém se destacar naquele meio. Um som ressoou naquele lugar, um violão marcante e melódico e uma voz suave e forte. Naquele momento, eu senti que minha alma se fortificou de algum modo, aquela música foi salvando o meu ser, simplesmente, sem esforços... Agora eu só via aquela moça, aquele violão, o céu azul e um corvo. Era a coisa mais bela do mundo que eu presenciava em todo esse tempo em que existi, até agora eu era cética quanto a minha existência nesse espaço e tempo, senti que agora estava ali de corpo e alma, numa simples melodia e uma batida de violão.

    Como sempre, nada era tão perfeito. Logo vi que aquela presidente do conselho havia trago os seus aliados mais uma vez atrás de uma pessoa que não tinha feito mal a ninguém. Dessa vez, eu não podia deixar passar. Logo que a garota saiu correndo para não ter o instrumento confiscado, procurei me esconder em um ponto estratégico. Num momento, ela ficou sem saída e eu a puxei na hora perfeita, salvando-a de uma punição severa que aqueles professores iriam pensar logo depois que a pegassem.

    "– Qual é o seu nome?

    – Iwasawa..."

    E foi aí que tentei a proposta certa. Mostrei a sala de música após a barra ter sido limpa e a fiz sentir a música de uma guitarra nas veias, assim como eu um dia senti, mas havia negado isso. Depois que ouvi o som dela, eu já sabia, eu tinha uma nova chance... Não demorou muito tempo e eu não consegui me segurar...

    “– Vamos formar uma banda? Eu quero ouvir suas músicas aqui...”.

    E assim, começou nossa jornada. Lutando contra Deus, mostrando que nossas almas sofridas poderiam fornecer algo de belo para o mundo, para nós mesmas, quem sabe. E eu conheci sua história tão triste quanto a minha, ela havia tido os seus problemas com as pessoas também, mas a música estava lá para ela o tempo todo, desde que havia descoberto essa magia... E eu me senti tão mais aliviada, mais cheia de mim mesma. Eu havia encontrado alguém na mesma situação que eu, depois da minha morte? Só podia ser brincadeira. Ou sonho.

    Mas os dias iam se passando e eu me dei conta de que tudo estava indo bem e nossa amizade se fortificava com cada experiência, cada letra escrita, cada dificuldade... Nós estávamos ali uma para a outra, sem cessar a companhia e essa confiança que ela me passava fazia um sentimento especial crescer em meu peito.

    Com o tempo, conseguimos mais integrantes para a nossa banda. Yuri e Shiina tentaram nos ajudar por um tempo, mas foram tentativas fracassadas e finalmente chegaram duas grandes amigas: Irie Miyuki e Sekine Shiori. Uma baterista que mesmo estando morta, tem medo de fantasmas e uma baixista muito talentosa que às vezes tenta improvisar, isso me confundia às vezes no meio da música, mas no final ficava tudo bem.

    Um dia, numa apresentação que fizemos no meio de uma das operações mais importantes da Frente da Batalha Pós-Vida, aconteceu o fato que mudou por completo tudo o que eu havia planejado... Aqueles malditos professores voltaram a nos atormentar e dessa vez eles conseguiram. Mas Iwasawa não deixou nossa música nem por um segundo.

    “– Não toque nisso...” – Ela se referiu ao precioso violão, se desprendendo dos braços daquele monstro e correu em direção a ele, tomando-o de volta e eu já sabia o que fazer. Era o momento de arrasarmos tudo, com aquela escola, aqueles professores, aqueles alunos, com o conselho estudantil, com os céus, com Deus. Fiz aquela canção soar por toda a escola.

    Iwasawa Masami fez o mundo enxergar que o senso comum não nos importava, nós que sofremos, choramos e agimos, somos mais humanos. Ela e sua música nos salvaram... E me vi sem aquela moça depois do último acorde da canção... O violão tão amado foi ao chão e sua presença se desfez do palco. Me ajoelhei... Estava tudo consumado pra mim... Eu perdi não só a minha vocalista, perdi minha melhor amiga, minha inspiração, meu apoio, meu tudo... Eu me sentia tão dependente daquela garota e ela havia aceitado seu destino, sua vida...

    Me senti lenta por não ter percebido que a música poderia me salvar, talvez eu deveria ter ido junto... Será que... Faltava alguma coisa pra realizar? Meu coração doía muito ao ver que talvez, a única pessoa que pudesse me ajudar a voltar à vida, seria ela.

    Tentamos até preencher o lugar dela com uma nova vocalista, que amava todas as composições, a vida, a aura bela da Iwasawa. Infelizmente, ela era insubstituível e não poderíamos negar. Yui era totalmente o oposto da Masami. Isso não era ruim para a banda, até porque, o show não podia parar e a SSS precisava do Clube de Distração para completar as outras missões. Porém, meu coração permanecia vazio, pensando no quanto eu necessitava dela ao meu lado... Meu consolo era seu violão intocável, no qual eu pegava escondido e tocava ao por do Sol no pátio da escola, na parte de cima, lá dava para ver tudo... Inclusive aquele horizonte aonde o Sol resolvia se esconder...

    E novamente, nossa vocalista havia descobrido a felicidade, aceitado seus dias tão difíceis, mas tão significativos...

    Certo dia, depois de toda aquela guerra nós simplesmente aceitamos que a vida era única. Só tínhamos uma chance para sermos nós mesmos e o que nos restava era simplesmente aceitar, afinal, o mundo não é perfeito, mas nós plantamos o que colhemos. Quem sabe na outra vida podemos ser felizes? É só fazermos o bem. E assim, aceitei minhas condições, meus dias, minha vida. Iwasawa Masami me salvou e isso é o bastante.

    E finalmente, eu acordei novamente na Terra. Do jardim da casa onde eu morava desde a minha infância eu vi o Sol nascer e saí para ver, o ar era fresco em meus pulmões, eu estava viva. Me dei conta de que era a hora de voltar para o colégio, voltar a minha rotina, mas eu já havia encarado a morte, tudo daqui em diante vai ser diferente.

    Com a guitarra nas costas e uma pasta nas mãos, eu voltei para o colegial, em busca de refazer minha vida. Fazer valer a pena tudo o que eu aprendi até agora. No caminho, passei em frente a um hospital na Avenida e avistei uma pessoa que me era familiar...

    Curiosa, olhei pela janela... Uma garota dos cabelos num tom rosa claro estava numa maca, segurando uma bola de beisebol... Uma nostalgia tomou conta do meu corpo... Eu conhecia aquela garota! Era tão familiar... O sorriso maroto e o olhar sonhador. Sou uma pessoa que parece ter medo das consequências? Pulei a janela e a olhei mais de perto, em cima do criado mudo havia uma gargantilha preta e sussurrei incrédula...

    – Y-Yui...?

    Se aquela era mesmo a Yui, onde estaria Iwasawa? E o resto da banda?


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