O Protetor do Anjo

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Prólogo

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Violência

    Ois (*v*)/

    Uma fic original um pouco diferente do que estou acostumada a escrever, mas acho que vale a pena e-e

    Espero que goste e boa leitura.

    “Muitos séculos atrás, pouco depois da Guerra Celestial que dividiu os anjos e os demônios, o Rei do Inferno conseguiu descobrir um poder que poderia trazê-lo de volta à Terra. Porém, para que isso ocorresse, ele teria que trazer para esse mundo um determinado número de subordinados – demônios não muito poderosos – que se juntariam, conseguindo abrir os portões do sub-mundo.

    Desde então, ele envia à Terra um demônio a cada geração, pois isso é tudo o que ele pode fazer com o poder que ainda apresenta. Em contrapartida, Deus, o Rei dos Céus, envia também um Anjo capaz de derrotar esse demônio, mas depois de duas gerações em que os subordinados celestes quase pereceram perante os diabos, Ele decidiu que o Anjo deveria ter consigo um Guardião, capaz de protegê-lo enquanto desenvolve seus poderes.

    Isso mantém o equilíbrio deste mundo, permitindo que a infestação das bestas infernais seja impedida, pelo menos momentaneamente.

    Um demônio é enviado ao mundo a cada geração; ele não é gerado por humanos, mas já vem ‘pronto’ para a Terra, a idade já definida, não torna-se mais velho, mas pode mudar a aparência para a idade que bem entender.

    O Anjo nasce da família mais bondosa, tem os pais mais pacíficos, encarregados de cuidar da criança, oferecer-lhe boa preparação para que enfrente os perigos a que será submetido. Ele não nasce com seus poderes, mas adquire-os quando necessário e aprende a dominá-los pela força de vontade.

    O Guardião, assim como o Anjo, nasce numa boa família, encarregada de torná-lo apto à sua tarefa.

    Dizem que assim como na lenda do fio vermelho que une dois amados ¹, há um fio negro transparente que une o Anjo, o Demônio e o Guardião, fazendo com que eles se encontrem mais cedo ou mais tarde.”

    Devia ser a milésima vez que meu pai lia aquele livro velho pra mim. A capa amarelada e grossa, as folhas gastas pelo tempo, a camada de poeira que separava cada uma das páginas, concentrando-se na junção entre elas.

    Um livro pequeno, pouco mais de 15 centímetros, não ultrapassava as 50 páginas, porém mais da metade delas era preenchida com desenhos bonitos de uma época remota – ou não tão remota – em que demônios e anjos lutavam entre si em busca do controle da Terra.

    Eu não me cansava daquela história. Tudo me fascinava de um modo que ainda não consigo explicar. Na minha mente de apenas 11 anos, aquelas palavras eram as mais perfeitas e se encaixavam lindamente proporcionando-me prazer todas as vezes que meu pai lia para mim.

    Naquela noite não seria diferente. Ele me contaria a história e me daria boa noite, enquanto minha mãe estava no outro quarto com meu irmão. Mas assim que meu pai fechou o livro e saiu do quarto, decidiu que precisava fazer algo na conveniência perto de casa.

    Mamãe foi com ele. Não passavam das nove da noite, a vizinhança era tranquila e não existia perigo algum em atravessar o quarteirão para comprar algo. Mesmo assim, meus pais nunca voltaram para casa, pelo menos não com vida.

    Meu irmão tinha 19 anos na época. Tinha acabado de se ingressar numa das melhores universidades das redondezas, cursando alguma coisa que tinha a ver com tecnologia. Ele ficou judicialmente encarregado de mim, já que não possuíamos parentes e isso o obrigou a trabalhar meio expediente para nos manter.

    Não era tão difícil, ele dizia. Acabou conseguindo um emprego bom numa pequena empresa de publicidade, ele vendeu a casa, que por ser grande demais acabava fazendo-nos gastar mais, e compramos um pequeno apartamento na região mais afastada de Osaka, próximo à universidade e também à empresa.

    Vivíamos felizes. Depois de alguns anos, ele se formou e foi transferido para uma cidade menor no interior.

    Kumano.

    Me parecia uma ótima ideia. Era uma cidade pequena, tranquila e me permitiria ter uma boa adolescência.

    Nos mudamos no início do verão. Uma casa pequena, num bairro mais afastado do oceano, perto de um campo de beisebol. A escola que eu frequentaria ficava a alguns quarteirões, de frente a uma pequena praça infestada de cerejeiras.

    Era bonito. Meus vizinhos eram boas pessoas. A escola tinha bons alunos e uma boa reputação.

    Mas nada disso se comparava com ela.

    A garota da escola nova.

    Ela realmente me fez mudar e transformou minha vida numa bagunça.

    Nota ¹: Lenda chinesa do fio vermelho (Akai Ito). Segundo esta lenda, os deuses amarram uma corda vermelha invisível nos tornozelos dos homens e mulheres que estão destinados a ser a alma gêmea um do outro. Deste modo, aconteça o que acontecer, passe o tempo que passar, essas duas pessoas que estiverem interligadas irão se encontrar.


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