esse é mais um capítulo com o nosso incrível Gray-sama: gentileza você vê por aqui! (só que não).
Espero que gostem ;)
O fato de eu ter me descoberto apaixonada por Gray não mudaria o modo como eu agiria a seu respeito. Bom, era meio estranho eu ter me apaixonado em três dias, e eu não queria ser descoberta. Ao menos não de cara e principalmente não por ele. Por isso decidi que seria fria, calculista...
Era o que eu pensava.
Mas eu acho que desde que eu conheci Gray-sama eu já estava de algum modo atraída. Pela atitude dele, pelo cheiro dele, por ele... Talvez não fosse possível agir como se não estivesse interessada, e sim apenas aparentemente voltar ao estágio “ainda não percebi que gosto de você”. A minha esperança era que ele acabasse por achar que o modo como eu agia em relação a ele fosse meu jeito habitual de ser. Na verdade, eu verdadeiramente não sabia o que fazer.
Por isso, ao descer as escadas de manhã, me olhei no espelho umas dez vezes, ajeitei mevestido de bolinhas amarelas, prendi e desprendi meu cabelo, enfim... Demorei mais que o normal. Mas, como dessa vez eu havia acordado no horário normal, não havia risco de eu me atrasar. Mas isso também significava que eu veria Gray na mesa de café.
Após descer as escadas, entrei o mais discretamente possível e busquei não chamar a atenção de ninguém.
– Bom dia, Juvia. – disseram Ur, Ul e Freed juntos.
– Bom dia.
Percebi Gray em uma das cabeceiras da mesa. Ele estava calado e com a cabeça sobre a mesa com a habitual cara de desinteresse. Ur percebeu-o, e, dando-lhe um tapinha na sua cabeça, disse:
– Ei, cadê o oi da garota?
Ele rolou os olhos.
– Bom dia, Juvia.
Com o seu olhar em mim, não pude evitar o rubor nas bochechas e baixei a cabeça para escondê-las. Minha pele pálida me denunciava facilmente.
– Ju-uvia também lhe deseja um bom dia, Gray-sama...
Com esse comentário, Ur deu um sorrisinho e Freed abafou uma risada enquanto lavava os pratos. Eles iriam descobrir aquilo alguma hora, de todo modo. Gray, envergonhado, - mesmo que menos em comparação ao dia anterior -, pareceu levemente mais interessado na minha presença.
...
Tomamos o café da manhã os cinco juntos. Notando a cadeira vazia ao lado da de Freed, me lembrei de Chelia. Eu ainda não a tinha visto desde seu interrogatório na noite anterior. Esperava que ela entendesse que as minhas razões para estudar na Fairy Tail e morar no Casarão nada tinham a ver com a Phantom.
Eu a entendia, na verdade. Acho que também ficaria desconfiada se alguém que veio de um local do qual eu cresci ouvindo mal, e começasse a ficar amiguinha de todos. A verdade era que eu tinha medo de sua reação. Se ela não acreditasse em mim apenas pelo que eu dizia, não haveria nenhuma prova que me inocentasse.
Ela desceu mais tarde do que de costume, quando todos já se levantavam. Ultear, ao meu lado, pareceu não entender quando parei de andar e me retesei ao vê-la.
Chelia parecia cansada. Olhava para o chão e tinha olheiras abaixo dos olhos. Eu não era nenhuma grande preceptora, mas era notável sua preocupação com algo. Ela desviou-os em minha direção, e eu observei que todos estavam nos encarando, paradas e em pé no meio da cozinha.
Inclusive Gray. Ele estava apoiado no batente da porta, e observava Chelia como que se procurando saber o que ela faria ao me encontrar depois das perguntas da noite anterior. Parecia intrigado e preparado para uma discussão, mesmo que a revolta mostrada durante a noite não estivesse aparente. Não fez nenhum movimento, porém, quando ela, meneou com a cabeça em direção à sala de estar, após longos segundos de encaração, e eu relutantemente a segui até o sofá, apenas nós duas.
Finalmente, ao nos ver sozinhas, ela soltou um suspiro e começou a falar:
– Juvia, eu sinto muito. Quero dizer, eu estava errada a seu respeito. Eu realmente desconfiei de você, e foi apenas por seu histórico. Eu pensei a noite toda sobre isso e quero acreditar que você não faria nada de ruim, então... Desculpa. – ela parecia um pouco incomodada e constrangida.
Me prontifiquei a responder:
– Não, eu entendo totalmente suas razões. Acho que talvez eu também me sentisse assim se eu estivesse no seu lugar. Mas eu realmente não vim aqui com nenhumas dessas intenções.
Ela deu um sorriso de alívio.
– Que bom. E... espero que possamos nos dar bem de agora em diante.
Ela parecia verdadeiramente culpada pela abordagem anterior, então eu sorri de volta, feliz, e nos dirigimos à piscina. Ela disse que havia acordado mais cedo que todos e tomado café.
Eu não achava que Chelia estava totalmente convencida da minha inocência, pois, assim como a mesma dissera, ela “queria acreditar em mim”. Para isso, eu teria de mostra-la que eu era alguém confiável.
Ao nos dirigirmos aos vestuários, passamos por Gray, e Chelia abaixou a cabeça. Acredito que o principal motivo para ela ter refletido e chegado à conclusão de me dar uma chance fora por causa dele, que a dera um choque de realidade. Ela parecia ter medo de que ele ainda estivesse com raiva.
Ele me deu uma olhada de lado e eu dei um sorriso, como que afirmando que estava tudo bem. Gray, então, passou direto por nós e pulou na piscina.
...
O treino foi cansativo naquele dia. Talvez eu estivesse começando a me acostumar, e estava diminuindo os tempos, então Gray aumentou o nível da cobrança. Ele gritava o tempo todo, mas não parecia irritado.
Quando acabamos, Ur veio em minha direção:
– Muito bem. Você parece já estar entendendo como o treino funciona, então a partir de terça eu vou começar a lhe treinar diretamente, ok?
Eu sorri em reposta, mas estava um pouco triste. A Ur era um doce, mas isso significava que o dia seguinte seria o último com Gray me treinando.
Freed, que saía da piscina, também veio falar comigo. Ele soltou os cabelos, que molhados, batiam em seu quadril. Ele esperou que Ur terminasse de falar comigo para se pronunciar:
– Eu não quero me intrometer, mas parece que algo aconteceu entre a Chelia e você. Ela está meio abalada, eu queria saber se vocês já se resolveram. Ela pode ser meio rude às vezes, mas é só por que ela se preocupa demais com as coisas.
Dava para perceber como Freed estava preocupado com ela só de olhar. Eu já tinha percebido isso antes, mas eles pareciam ser bem próximos. Ele não era muito de falar, então achei que lhe devia ao menos essa resposta.
– Não se preocupe, acho que já resolvemos isso. A única coisa que falta... – olhei para Gray que se preparava para começar seu treino. – Eu resolvo ainda hoje.
Freed concordou e agradeceu minha compreensão. Depois que ele foi embora, me sentei em um dos bancos e pela segunda vez esperei Gray Fullbuster acabar seu treino.
Era interessante observá-lo. Daquela vez, sabia que ele me notava ali, uma vez que durante as pequenas pausas entre os circuitos ele me dirigia um olhar de lado, como que para confirmar que eu continuava ali. Toda vez que ele fazia aquilo meu coração batia feito louco e eu me apressava em desviar o olhar.
Ao terminar, eu peguei sua toalha e, logo que ele saiu da piscina, a entreguei a ele. Gray pegou-a de minha mão, enquanto me olhava torto. Eu batia o pé no chão, nervosa, enquanto o esperava se vestir. O que eu tinha a falar com ele nada tinha a ver com eu estar apaixonada, mas eu estava constrangida do mesmo jeito. Bem, era a primeira vez que eu falava com ele diretamente (e sozinha) após a noite anterior.
Para piorar a situação, Gray pareceu preferir vestir apenas a bermuda, o que me permitia ter uma visão de toda a sua metade de cima. Eu tentava evitar olhar, e para isso, encarei-o diretamente nos olhos.
– O que foi? – ele perguntou.
Percebendo que olhá-lo nos olhos era igualmente constrangedor, passei a olhar o chão.
– S-sobre ontem, Juvia agradece.
– Você já disse isso. O que mais?
Todo aquele “você foi incrível” parecia haver se dissipado. Ele parecia estar levemente impaciente. Resolvi ser direta:
– A Chelia pereceu ficar meio intimidada, e ela se sentiu culpada depois do que você disse a ela. Ela já se desculpou, e o Freed veio falar comigo...
Ele mudou o humor rapidamente. Se postou ao meu lado e deu um sorriso.
– Já entendi. Mas a partir de agora, se quiser a confiança da Chelia, vai ter de se esforçar.
Ele me deu um tapinha na cabeça e foi embora, enquanto eu me encolhia e corava violentamente.
...
Na fila para o banho, que estava mais disputada do que nunca, acabei novamente ficando por último, conversando com Ultear.
– E o que aconteceu com a Chelia e você para ela ficar assim? – perguntou.
Contei a ela tudo, desde a noite anterior até a minha conversa com o Gray.
– Mas eu não entendi o porquê de ele ter se irritado quando eu agradeci na piscina.
Ultear suspirou.
– Bom, sabe como é. Desde pequeno, o Gray tem feito muito sucesso com as garotas. Na verdade, eu nem sei o por que, com aquela personalidade super agradável dele. – ela deu um risinho. – Mas, enfim... As garotas ficavam sempre em cima dele, e qualquer coisa que ele fazia por elas abria uma brecha para uma confissão, ou a garota achar que ele estava interessado, etc. Essas garotas também ficavam tentando se fazer de frágeis e pedindo a ajuda dele para tudo... Acho que talvez ele tenha pressentido alguma dessas situações.
Concordei com a cabeça. Era até bom saber daquilo. Eu havia feito o certo em não dizer nada a ele sobre como eu me sentia, ainda por cima se fosse naquele momento.
– Falando sobre mim? – Gray saiu do banheiro de banho tomado, e Ultear se apressou em correr para dentro e largar-me sozinha com a pergunta.
Ela murmurou um “boa sorte” e trancou a porta. Pude ouvir sua risada do lado de dentro.
– Errr... Eu perguntei a ela...
Eu simplesmente não sabia que mentira contar, então disse a verdade.
– Eu queria saber o porquê de você ter ficado incomodado quando eu pedi desculpa...
– Você podia ter perguntado diretamente.
– Você não iria responder.
Ele concordou.
– Verdade. Mas agora percebi que você não é do tipo dependente. Eu odeio esse tipo.
“Nossa, Gray, essa indireta foi para mim?”, pensei.
– Entendi. Eu também odeio os rudes.
Ele riu.
– Ah, - segurei seu braço antes que ele fosse para os quartos. – você falou com a Chelia?
De costas, ele respondeu:
– Pode deixar, tá tudo resolvido.
...
A faxina da casa era feita nas tardes dos domingos. Ur nos dividiu em equipes: eu, Freed e Gray no segundo andar, e Chelia, Ultear e ela no primeiro. Cana foi embora assim que atividade fora anunciada.
Ao subirmos, Freed me explicou que a faxina dos quartos consistia em limpar o chão, trocar o lençol da cama, e trocar o lixo. O resto era responsabilidade de cada morador.
Nos dividimos, cada um limpando seus quartos. Como eu havia chegado havia pouco tempo, não tinha muito que ser arrumado. Acabei rapidamente, e ao sair do meu quarto, me deparei com a porta do de Gray aberta.
A curiosidade e a vontade bateram na hora. O cheiro dele tomava o quarto e eu sentia um pouco, parada na entrada. Me atrevi a dar uma olhada dentro, e vi tudo. Quero dizer, o quarto não tinha muita coisa. Consistia numa cama semelhante à minha, com forro azul escuro, uma TV com um Playstation, um armário e uma escrivaninha. Em uma estante estavam todos os troféus que ele ganhara.
Como ele não estava dentro, cedi à vontade e adentrei no quarto. Meu desejo era de deitar na sua cama e/ou pegar uma de suas camisas para mim, mas me contive.
Em meio aos troféus notei os únicos dois porta retratos existentes no quarto. Um mostrava Gray, pequeno, sendo carregado por Ur, com Ultear e mais um garoto ao lado. O garoto tinha cabelos brancos e olhos puxados, e tinha a mesma idade de Gray, aparentemente. Na foto ao lado, e essa me intrigou mais, Gray estava com uma mulher de cabelos brancos e um homem adulto, forte e de cabelos pretos. Gray parecia muito com o homem, exceto que esse tinha uma cicatriz que cruzava o seu rosto.
Senti uma presença por trás de mim enquanto segurava a segunda fotografia. Sabia que Gray havia entrado no quarto e me visto, e não sabia o que dizer. Ele, em silêncio, pegou a foto de minhas mãos e a colocou de volta em seu lugar. Ele voltou-se para mim:
– O que você faz aqui?
Eu estava me metendo em muita confusão para um dia só.
– Eu queria terminar de limpar...
– Não precisa. Olhe Juvia, assim como eu não te fiz questões sobre o seu passado, espero que entenda que o meu nada tem a ver com você.
Ele me encarava, e eu me apressei a sair dali. Eu não deveria ter entrado. Eu tinha estragado tudo. Minha vontade era de me bater.
– Juvia? - disse Freed de dentro de um dos quartos. – Você pode me trazer uma vassoura?
Peguei o que ele pedira e me dirigi em direção à sua voz. Ele limpava um quarto que eu achava estar desocupado, o logo ao lado do meu (sem ser o de Gray). O quarto estava todo mobilhado, apesar de não ter um ocupante. Em uma das paredes, vi a foto de um adolescente que se assemelhava ao garoto na foto no quarto de Gray.
– Freed, quem é que dorme aqui?
– Ah, acho que não lhe dissemos. A Ur tem outro filho adotado. Ele está fazendo um intercâmbio durante as férias, mas até o fim da semana ele volta. Ele compete também, é o capitão da Lamia Scale.
Automaticamente soube quem ele era. Não havia como não conhecê-lo.
– Seu nome é Lyon Vastia.