Somebody to You

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    Capítulo 3

    O Caso de Juvia Lockser - O que você acha que é isso aqui?!

    Heterossexualidade

    Aí está ;)

    Acordei no dia seguinte com Ultear gritando meu nome enquanto abria as janelas do quarto.

    – Vamos, Juvia, hora de acordar! – dizia enquanto me balançava na cama.

    Virei-me para o outro lado e peguei meu celular. Olhei o relógio.

    – Ainda são sete e meia da manhã... – resmunguei.

    – Exatamente. Hora do treino. Quero dizer, você já está atrasada. – comentou.

    Me levantei de súbito.

    – Como?!

    Ela parou de andar pelo quarto e voltou-se para mim.

    – Você acha que se Deus tivesse parado para dormir o quanto ele quisesse, ele teria conseguido criar o mundo em sete dias? Como você pretende alcançar as nacionais?

    – Que horas o treino começa? – disse já me levantando e prendendo meus cabelos em um coque.

    – Começou, - enfatizou ela. – às sete. É melhor você correr.

    ...

    Depois de dez minutos de desespero, finalmente eu tinha ficado pronta. Isso porque até Ultear me contar, eu não tinha me dado conta que havia dormido com o cabelo embaraçado (me dei conta de que o que eu havia feito não era um coque e sim um nó gigante), de toalha, e largado minhas ROUPAS em um canto. E olhe que geralmente eu era organizada.

    Acabei por vestir o primeiro maiô que achei. Que teve de ser, é claro, o mais odiado de todos. Ele era preto, e diferentemente dos outros, tinha um decote em v na parte da frente. A única pessoaque eu poderia considerar minha amiga na Phantom o dera para mim, dizendo que, se era para eu nadar, que fosse o mais atraente possível. O que significava, é óbvio, que ela era um homem.

    O decote nem era tão grande. O problema era... bem... Eu tinha peitos grandes. E não gostava de mostra-los mais do que o necessário. Na verdade eu não gostava de mostrar nada em meu corpo a mais que o necessário.

    Me “cobrira” com uma blusa solta, colocara um short, pegara meus óculos e touca. Ultear me esperava do lado de fora do quarto.

    Descemos correndo para o primeiro andar e eu enfiei meu café da manhã goela a baixo. Enquanto nos dirigíamos à porta dos fundos, me lembrei do comentário de mais cedo e perguntei a ela:

    – Uma pergunta sem sentido e totalmente fora de hora: você é católica, Ultear?

    – Não. – ela deu uma risada nasalada. – Mas achei legal a comparação.

    Franzi as sobrancelhas e ri também. Corremos para dentro da grande estrutura, e logo antes de virarmos no corredor que dava na piscina, ela segurou meu braço e me parou.

    – Boa sorte. Ah, e pode me chamar só de Ul. – falou docemente, e saiu saltitando.

    Sorri de canto ao vê-la ir embora e me preparei para a bronca.

    Ao entrar na área da piscina, a primeira pessoa que eu vi foi Ur, sentada na parede oposta à que eu estava, gritando instruções para Cana, que treinava o nado peito. Chelia, ao lado, na segunda raia, nadava borboleta com grande graciosidade. Freed ajeitava o monte engraçado que era sua touca, cheia de cabelo verde que saía por todos os lados. Meu olhar foi seguindo de raia em raia, maravilhado, e foi parar em Gray, que me encarava com um olhar mortal no banquinho ao lado da oitava raia.

    Nunca tinha o visto tão expressivo. Muito menos tão amedrontador.

    Ele veio andando com passadas pesadas em minha direção enquanto Ur me cumprimentava do outro lado da piscina. Eu não sabia se corria ou me escondia.

    – O que você acha que acha que é isso aqui?! – ele cuspiu as palavras.

    Não parecia nada com o cara que na noite anterior nadara ao meu lado.

    – Errr... eu acordei tarde... – soltei uma risada nervosa.

    Ele não se deu por convencido.

    – E você não tem despertador não?

    Enquanto ele perguntava isso, Ur se aproximou e pareceu começar a entender nossa conversa.

    – Eu me esqueci de avisá-la sobre os horários, Gray. – disse ao colocar um de seus braços ao redor de meus ombros.

    Isso não pareceu diminuir nem um pouco sua revolta, mas ele se calou, e voltou a sentar-se no banquinho do outro lado da piscina.

    – O Gray é meio bruto mesmo, mas não precisa se assustar não.

    Ur então me explicou que ele fora o encarregado de me introduzir aos treinos e me ajudar como necessário durante os primeiros dias. Me espantei ao ela me dizer, que, na verdade, ele que havia se candidatado ao cargo.

    – Sério?!

    – É. Até eu me estranhei um pouco, mas parece que ele reconhece suas habilidades.

    Duvido. Mas é claro que não disse isso.

    – Ele ficou assim irritado por que como ele é extremamente rígido consigo mesmo na hora do treino, tem dificuldade de aceitar errinhos como esse. – disse Ur e voltou-se para mim. – Bom, o seu treino foi elaborado pela Ultear e o Gray por enquanto vai ser seu supervisor, então qualquer dúvida ou dificuldade, é só falar com eles.

    Ela me deu uma batidinha nas costas e disse que eu deveria ir ao vestiário me trocar logo. E pelo olhar de Gray, era melhor que eu o fizesse isso mesmo.

    ...

    Saí do vestiário feminino extremamente envergonhada da minha vestimenta. Corri para a última raia e me joguei na água antes que alguém pudesse me ver. Gray, percebendo meu movimento, veio em minha direção e entrou na água, ao meu lado.

    – Você vai começar com quatro voltas de cada tipo de nado, como aquecimento, e depois nós passamos para o treino de verdade. – disse olhando para uma prancheta embalada em plástico que ele segurava.

    Coloquei os óculos, prendi meus cabelos na touca e comecei a nadar. Enquanto Gray marcava meus tempos, eu dava voltas e mais voltas, até que passávamos para outro exercício. Fiz isso até começar a me cansar de verdade, mas Gray não deixava uma brecha para eu respirar. Depois de algumas tentativas, eu desisti de reclamar.

    Uma hora depois o treino acabou, e Gray parecia de algum modo mais irritado do que antes. Eu não entendia o porquê, uma vez que eu tinha dado o máximo de mim. Saindo da piscina, por ordem de Gray, me dirigi aos vestiários e me vesti. Encontrei Cana na saída, que me perguntou:

    – Cansada?

    – Mas que tipo de treino espartano é esse? – indaguei, ainda ofegante.

    – Ah, são os treinos da Ultear. Ela pode parecer um doce, mas não deixa ninguém relaxar. – ela sorriu. – Mas você foi incrível. Foi cinco minutos mais rápida para terminar a lista do que o Gray. Isso é, comparando a primeira tentativa dele com a sua de agora. Ele ficou morrendo de ciúmes. Tá nadando que nem um louco lá.

    Então fora por isso que ele ficara irritado quando eu terminei a lista. De algum modo, era fofo.

    – Mas espera... Por que ele está nadando agora se todo mundo já acabou?

    Ela, que já estava se vestindo dentro de uma das divisórias, disse:

    – Você não sabia? Como ele está te orientando, o treino dele de verdade começa agora, quando todo mundo vai embora.

    ...

    Saí do vestiário e me dirigi à saída. Ao ver Gray nadando, e sabendo que ele teria de ficar mais tarde do que todos os outros por minha causa, não pude deixa-lo ali. Sentei-me em um dos bancos enquanto o esperava terminar o treino.

    Observei todos irem embora e acenei para cada um deles. Estava determinada a agradecê-lo por estar me orientando. Depois de alguns minutos esperando, o sono começou a bater. Distraída pelo som das batidas dos braços e pernas de Gray enquanto o observava nadar costas, adormeci.

    Só fui acordar cerca de uma hora e meia hora depois, quando Gray, ainda de sunga e todo molhado, me acordou, ao balançar meus ombros meio desastradamente. Apenas com a visão dele sem camisa, meu coração acelerou. Eu já tinha percebido antes, mas Gray era incrivelmente musculoso. Não daquele jeito bombado, mas sim...

    Eu tinha ficado encantada apenas o observando por alguns segundos, mesmo que ele, apesar de ter me visto de maiô por uma hora, não ter nem passado os olhos em mim. No momento, me repreendi pelo pensamento, envergonhada.

    – Por que você continua aqui? – perguntou ele enquanto se secava com a toalha.

    Ele balançou os cabelos como um cachorro molhado, e os jogou para trás, o que me permitiu ver a pequena cicatriz que ele tinha na testa. Preferi não perguntar sobre o que se tratava.

    – Eu queria agradecer por você ter se disponibilizado a me ajudar. E queria perguntar se tem algo em que eu possa lhe ajudar, já que você vai estar treinando sozinho.

    – Quem te contou isso? E por que simplesmente não me falou isso quando todo mundo estava saindo?

    – Bom, a Ur e a Cana. E eu não queria te interromper.

    Ele pareceu retomar um pouco da raiva de mais cedo.

    – Eu achei, por causa de ontem, que você era mais dedicada à natação, mas parece que me enganei.

    A raiva também me tomou por um momento, e falei o que veio à minha mente sem pensar duas vezes.

    – Mas você também não está irritado só por causa disso, não é? Você ficou com ciúmes por que eu bati o seu tempo.

    A reação foi rápida: ele corou violentamente. Pareceu ofendido e eu automaticamente comecei a me desculpar. Realmente eu fora longe demais. Mesmo que fosse verdade e ele estivesse com ciúmes, era muita presunção da minha parte dizer aquilo. Era natural para um nadador querer ser o melhor.

    – Mas qual é o seu problema garota? É claro que eu não ficaria com ciúmes...

    Ele se embolava nas palavras enquanto tentava criar uma desculpa, e eu novamente me vi o achando fofo. Não consegui não rir.

    – O que foi? – perguntou ele.

    – Nada. – me calei.

    Com um olhar desconfiado, ele se dirigiu à saída sem me esperar, e foi embora.

    ...

    O resto do dia eu passei basicamente fazendo duas coisas:

    Esperando para tomar banho. Freed, Gray e Chelia discutiam para ver quem tomaria banho primeiro, cada um dando uma justificativa. Por fim, quem tomou banho primeiro foi a Ultear, que se meteu no meio deles dizendo que como era três anos mais velha tinha privilégios, e que tinha um almoço para ir. Eu, que estava só assistindo tudo, acabei sendo a última.

    Conversando com Cana e Chelia no meu quarto. Acabei descobrindo que a Chelia estudava na Lamia Scale, outro colégio nacionalmente famoso, que também fora uma de minhas opções antes de eu escolher a Fairy Tail. Como ainda estávamos de férias, o treino era durante a manhã, mas durante o período letivo, os treinos eram nas tardes de segunda e quarta.

    Às cinco horas da tarde, Ur nos chamou para lanchar no andar de baixo. Como havíamos almoçado fazia quatro horas, estávamos com fome. Como Gray e Ultear estavam fora, e Freed estava estudando (isso mesmo), descemos sozinhas. Enquanto comíamos, a conversa continuava:

    – Vocês duas vão para o segundo ano também? – perguntei.

    – Não. – disse Chelia. – A Cana sim, mas eu ainda tenho quinze, vou para o primeiro.

    – É capaz de sermos colegas de turma, Juvia. – Cana sorriu.

    – Ah, mas o meu namorado tem 16 anos, assim como vocês.

    – Você tem um namorado, Chelia? – fiquei surpresa.

    Sabe como é né, eu sou mais velha que ela e nunca tive um.

    – É uma loooonga história. – Cana ironizou.

    Depois desse comentário Chelia ficou emburrada por alguns minutos enquanto resmungava: “Ele é meu namorado sim”.

    – Na verdade eu queria mesmo te levar em uma lanchonete. – disse Chelia.

    – Uma amiga minha trabalha em uma bem famosa, no outro lado da cidade, mas hoje ela não abriu. – comentou Cana. – Outro dia a gente pode ir lá.

    – Eu vou trabalhar em um restaurante a partir de segunda.

    – Por quê?! – perguntaram.

    – Como eu não tenho ninguém para me sustentar, e eu preciso pagar para treinar e morar no Casarão...

    Elas pareceram se dar conta da minha situação.

    – Mas e os materiais da escola? – perguntou Cana.

    Expliquei que com minhas antigas economias eu tinha conseguido pagar os materiais e meu primeiro mês no Casarão, mas que no momento estava zerada. Chelia perguntou a respeito dos treinos e a escola, e eu expliquei que como iria trabalhar apenas no final da tarde, não haveria problema.

    Algum tempo depois Ultear retornou do seu “almoço” com um DVD de terror. Esperamos pela chegada de Gray, chamamos os outros e assistimos o filme todos juntos na sala. Eu me sentei no chão, ao lado de Freed e Chelia. Ur preparava o jantar.

    O filme se chamava “O massacre dos zumbis 5”. Chelia se agarrava a Freed e Cana dava risada de tudo. Todos me olhavam esperando minhas reações. O filme durou três longas horas.

    Foi entediante.

    Acho que eles esperavam que eu começasse a gritar ou algo parecido, pois Ultear pareceu meio decepcionada com a minha falta de reação.

    – Sério? Nem um arrepio? – ela perguntou.

    – Filmes de terror são as histórias mais mal construídas do mundo, Ultear. – afirmei.

    Ela se deu por vencida. Enquanto íamos jantar, porém, voltou-se para trás e disse:

    – Eu já falei que pode me chamar de Ul.

    Ela parecia esperar algo.

    – O-ok, Ul.

    ...

    Conversa vai, conversa vem, só fomos para os nossos quartos meia noite. Eu mal me aguentava em pé. Após escovar meus dentes, me dirigia ao meu quarto quando Gray me parou na entrada.

    – O que foi? – perguntei.

    Ele estendeu um pedaço de papel logo antes de entrar no seu quarto.

    – Se você não aguenta ficar acordada até tarde não deveria ficar lá embaixo até agora. Aqui. Vê se lembra.

    Nele estava escrito:

    Horários de treino durante as férias:

    Todos os dias às sete horas da manhã em ponto na piscina. Atrasos não serão permitidos.


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