Oi gente!
Na verdade, a fic é original da Nyah! e do SocialSpirit, mas eu li a respeito desse site e resolvi postar aqui também. Se alguém por aqui ler eu continuo a postar nesse site ;). Na verdade, a fic já está no capítulo 14.
Sabe aquele sentimento de nervosismo que toma o seu corpo todo e você sente vontade de se segurar forte em alguma coisa? Bem, eu estava assim naquele dia. Afinal, não é sempre que se muda de cidade. Muito menos indo para a escola em que eu estava indo.
– Moça, chegamos. – disse o homem que dirigia a carro da mudança.
Ele era levemente barrigudo e tinha cerca de 40 anos, barba por fazer e usava um boné do posto de gasolina GoodOil.
– Mas aqui é só a esquina da rua. E o serviço não inclui desempacotamento e arrumação de tudo não?
– Sinto muito moça. O seu pacote foi só de entrega e eu tenho buscar um outro cliente no aeroporto agora.
– Mas será que o senhor não pode me deixar na porta da casa? – disse eu verdadeiramente implorando.
– Sabe come é né, o dinheiro move o mundo. – disse ele destrancando a porta do carro para mim. – E eu tenho serviço me esperando.
– É, eu ouvi.
Após eu sair do carro e abrir a traseira do caminhão, retirei as cinco grandes caixas do mesmo e coloquei-as na calçada.
– Por que você não pede a algum dos seus parentes para ajuda-la? – sugeriu ele.
O que ele não sabia, porém, é que eu não estava indo para casa de parente nenhum. Eu era uma adolescente que estava me mudando sozinha, e que teria de carregar todo aquele peso se ele não me ajudasse.
Mas ele não pereceu se importar muito com a minha situação, pois foi embora antes que eu pudesse respondê-lo.
– É Juvia, você arruma cada situação para se meter...
...
Depois de alguns minutos pensando a cabei por decidir que o melhor jeito de levar todas aquelas caixas para o casarão a 100 metros de distância era levar cada uma por cerca de dois metros à frente, depois coloca-la no chão, fazer o mesmo com as outras e então repetir o processo. Levaria tempo, mas eu nunca fora roubada e nem desejava, o que poderia ocorrer se eu levasse uma caixa até a casa por vez.
Depois de alguns minutos fazendo tal atividade, parei para descansar me apoiando nos joelhos.
– Você quer ajuda com isso? – disse uma voz grossa vinda de trás de mim.
Saltei de susto. Não havia notado o homem se aproximar. Digo homem, mas não sabia sua idade ao certo, pois o capuz preto do casaco cobria seu rosto. Ele estava de lado para mim, e falava sem demonstrar interesse.
– Errr...
– Se não quiser não precisa aceitar. – falou já se virando.
– Não! Não, eu quero ajuda sim. – exclamei me segurando em seu braço. Esse era notavelmente musculoso.
O homem voltou-se para as caixas e com os dois braços carregou três delas, depois se postando ao meu lado.
– Para aonde você está indo? – ele perguntou já começando a andar em frente.
Corri para pegar as outras duas caixas e andar ao seu lado. Era difícil, pois uma vez ele sendo alto, suas pernas eram longas e suas passadas mais largas.
– É logo no fim da rua... Sabe, obrigada por me ajudar. – lhe disse inclinando a cabeça para o lado.
– Seria falta de educação se eu não o fizesse.- Ele se calou e eu não sabia mais o que dizer.
Continuamos a andar em silêncio, exceto que eu estava ofegante. Mas acho que não era necessário dizer nada. Pelo barulho alto de rock vindo dos fones de ouvido, percebi que o garoto - pelo comportamento duvidava que fosse um adulto -, não tinha o menor interesse sobre quem eu era ou o que tinha ido fazer ali, o por que de eu estar me mudando. Ele, genuinamente, estava me ajudando apenas por educação. Ao mesmo tempo em que poderia ser considerado um pouco rude, era definitivamente encantador. Ele estava me ajudando sem nenhum interesse por detrás. Isso normalmente não acontece.
Quando chegamos em frente ao casarão, eu parei abruptamente e o garoto pareceu um pouco confuso com o meu ato.
– É aqui? – ele perguntou e dessa vez demostrava um pouco de curiosidade.
– É. – respondi. Não sabia se deveria dizer algo a mais. – Você mora por aqui?
O garoto não respondeu. Colocou as caixas no chão, olhou para a casa e por um segundo consegui capturar um vislumbre do que seria um pequeno sorriso torto, meio sarcástico.
Meu coração acelerou.
Segui seu olhar e observei a casa. Alguns segundos se passaram.
– Obrigada... – me virei para agradecer e perguntar o seu nome.
Mas ele já estava metros à frente, correndo em alta velocidade e deixando para trás apenas o cheiro de cloro e suor. Ah, e uma garota abobalhada.
...
A placa de madeira com os dizeres “Centro de Treinamento da Ur” ficava logo acima da porta da frente do casarão. Apesar da casa ser enorme, ter um jardim grande e poder-se ver o que seria o teto de uma alta construção por trás da mesma, não exalava ar de pompa ou riqueza. A grama em certos pontos destruída, as toalhas e outros objetos pendurados pelas janelas de quartos espalhadas pelos três andares da casa e o barulho de conversa que vinha de dentro indicavam que aquele local era ocupado por jovens, divertidos e cheios de energia. O clima era de aconchego e descontração.
E era exatamente isso o que eu queria.
O “Casarão da Ur”, como era popularmente chamado, recebia jovens nadadores de diversas partes do país que vinham para Magnólia com o desejo de competirem. A cidade que já era um grande centro industrial, de grandes colégios e comércio, ficara ainda mais famosa nos últimos anos quando suas escolas passaram a investir no esporte competitivo, entre eles a natação. O Casarão surgiu por volta dessa época, como um centro de treinamento familiar, e foi se popularizando ao se notar que os grandes nomes da natação colegial em geral treinavam e moravam nele. Claro, aqueles que já eram da cidade não precisavam moram no Centro, mas haviam quartos suficientes, pelo que eu havia ouvido, para cerca de 15 pessoas.
Eu só conseguira entrar graças ao meu histórico em competições no ensino fundamental e primeiro ano do médio. Meu antigo professor de natação, uma das poucas pessoas com quem eu me dava bem em minha antiga escola, me motivara para tentar uma vaga. Escolhi adentrar também em uma das escolas conhecidas nacionalmente por sua equipe de natação, além de que o seu conceito de ensino me agradava.
Fui até a porta relembrando o garoto de poucas palavras. Se tinha uma coisa que eu queria fazer ali além de nadar, era interagir, fazer amigos, me apaixonar. Queria viver como uma adolescente normal, sem ficar me preocupando apenas com prêmios e sim com nadar por genuína diversão. Respirei fundo e bati na porta.
10, 15, 20 segundos... Ninguém abriu. Procurei por uma buzina, porém não achei nada. Tentei novamente. Nada.
Observando a porta notei que riscado em uma quina da parede branca estava escrito: “Em caso de demora para abrir a porta, grite.”.
E foi o que eu fiz.
– Eiiiii! Tem alguém aí?! – exclamei.
– Já vai! – ouvi uma voz feminina gritar de dentro e o barulho de passos rápidos descendo a escada.
Dentro de alguns momentos uma garota de longos cabelos negros abriu a porta. Ela vestia um conjunto de pijama de veludo rosa, usava óculos vermelhos, e parecia alguns anos mais velha do que eu. Sua beleza me deixara um pouco intimidada.
– O-oi. Juvia, quero dizer eu...
– É a garota nova, né? – indagou ela com um sorriso.
Eu concordei com a cabeça.
– Mãe, a novata chegou! – gritou ela – Venha Juvia, eu vou te levar para conhecer todo mundo. – ela olhou para as caixas atrás de mim na soleira da porta. – Pode deixar aqui no saguão mesmo, depois a gente te ajuda a levar para o seu quarto.
– Obrigada.
Enquanto eu colocava minhas caixas empilhadas em um canto do cômodo, comecei a observá-lo. As paredes, todas brancas com detalhes azuis, davam ao local um ar de casa de praia. Do lado esquerdo da porta havia a entrada para uma sala de estar, com sofás e poltronas de aparência confortável, além de uma TV enorme. Do outro lado havia uma escada de metal curva que levava ao segundo andar. O saguão em si consistia apenas uma mesa no canto, cheia de chaves com os mais diversos chaveiros, e um grande tapete colorido.
– Bonito, né? – Perguntou a garota. – Ainda me impressiona como minha mãe consegue manter tudo isso.
– Mãe? – perguntei surpresa.
– Ah, é. Eu sou a filha da Ur. Meu nome é Ultear Milkovich. – ela estendeu a mão para mim e eu a cumprimentei. – É um prazer, Juvia.
Fiquei um pouco surpresa. Não sabia que a Ur tinha uma filha.
– Você... Nada também?
– Ahh... Não. Sou só a filha da dona mesmo. – ela deu um risinho. – Mas as vezes eu ajudo nos treinos.
– Entendi.
Ultear me levou até a cozinha da casa, de onde todo aquele barulho que eu ouvira de fora vinha. Ao que parecia, eles estavam cozinhando o jantar, apesar de ainda serem seis horas da noite. Ao adentrarmos no espaço, as conversas se calaram e todos os olhares se voltaram para mim.
– Você deve ser a Juvia, estou certa? – perguntou uma mulher já mais velha no meio do conjunto de adolescentes, amontoados em volta do balcão da cozinha americana.
Ur tinha cerca de 40 anos, cabelos curtos que eram assim como os seus olhos, negros. Apesar de sua idade, seu rosto era jovem, e a mesma sorriu para mim como uma mãe amorosa. Ao se aproximar, porém, notei como mancava com a sua perna esquerda. Automaticamente me lembrei de sua história. Notando o meu olhar, ela perguntou:
– Acho que você já sabe sobre o que aconteceu comigo, né?
A surpresa seria se eu não soubesse. Ur era praticamente uma lenda. Mesmo que eu desconhecesse os detalhes, sabia que a cerca de 10 anos atrás, quando sua carreira como nadadora estava em alta, ela sofrera um acidente no oceano e rompera alguns músculos em seu joelho, o que fez com que a mesma tivesse que desistir de nadar.
Percebendo a situação, parei de encarar sua perna e a cumprimentei.
– Prazer, sou Juvia Lockser.
Todos no balcão acenaram para mim. Ur sorriu de canto.
– Juvia, a partir de hoje estes serão seus colegas de treino, casa, etc. Meninos...
Uma das garotas deu um passo à frente:
– Cana Alberona, prazer. Eu não moro aqui mas venho para os treinos. Minha especialidade é o nado de costas. – demos um aperto de mãos e a pessoa seguinte se apresentou.
– Freed Justine...
...
Após toda aquela seção de apresentações, percebi que apenas duas das pessoas que estavam ali viviam verdadeiramente no casarão. Estranhei, pois havia visto um quarto a mais ocupado.
– Ah, e tem também o Gray. – completou Ultear.
– Quem?
Ela deu um sorriso sarcástico.
– Já vou chama-lo.
– É capaz de ele nem descer. O Gray não é o dos mais simpáticos com estranhos. – disse Cana. – Desculpe aí.
– Não, tudo bem. – fiz um gesto de “sem problemas”.
– Diga para ele que se ele não descer para cumprimentar a Juvia ele não vai receber o jantar. – disse Ur determinada.
Ultear acenou e foi correndo escada acima, indo chamar o garoto.
– Em que escola você vai estudar, Juvia? – perguntou Freed finalmente se pronunciando.
– Fairy Tail.
– Ah, e a mesma que eu, a Cana e o Gray frequentamos.
– Eu vou te apresentar para todo mundo. – disse Cana sorrindo. – Ah, e na nossa escola o Gray é o capitão do time.
O capitão do time da Fairy Tail... Tudo o que eu me lembrava a respeito dele eram os records nos campeonatos nacionais do ano passado. Ele era conhecido por velocidade, braçadas fortes...
– E aqui está o emburrado. – disse Ultear por trás de mim.
Ao me virar, me deparei com um garoto alto, de olhos e cabelos negros, que combinavam com suas roupas.
– Olá Juvia, sou Gray Fullbuster. – disse com uma cara de sono e voz entediada.
Igual ao do garoto de mais cedo. Gray Fullbuster fora quem me ajudara com as caixas.