Capitulo 8 – When Light
O pai de Stiles vivia mais um confronto psicológico. Primeiro sua mulher, que havia morrido de câncer, e agora seu filho, ele não poderia perdê-lo. Não podia perder quem mais amava na vida, não de novo.
Stiles muitas vezes tinha crises de choro, em sua maioria quando não havia ninguém para reconfortá-lo. Ele decidiu não voltar para o colégio naquele ano, por mais que se formasse nele. Ele não tinha condições psicológicas para isso.
Lydia vinha visitá-lo quase todos os dias, junto de Allison e Scott. Isaac vinha uma ou duas vezes na semana, e só. Mas Stiles estava bem com isso, ele não queria todos ali, com pena dele.
Desde que havia sido liberado para ficar em casa, era a primeira vez que ficava inteiramente sozinho. Ele frequentava as fisioterapias indicadas pelo médico, mas quando estava em casa, sempre tinha alguém cuidando de si. Isso o chateava, ele não era um inválido.
Sorriu, assim que desceu as escadas e chegou à sala. Foi em direção a cozinha para preparar um sanduíche. Não se lembrava há quanto tempo ele estava sem caminhar livremente pela casa.
Seu pai não deixava fazer nada e quase sempre se desentendiam. Stiles sempre acabava pedindo desculpas depois, ele estava passando por situações difíceis com sua perda motora.
Enquanto ele abria a geladeira, pensou que, desde o mês passado, quando Derek lhe ofereceu a mordida, e ele disse que sim, mas na hora “H”, ficou com medo, principalmente de Derek; ele não o tinha visto mais. Nada, ele sequer tinha ouvido falar do alfa, ninguém tocava nesse assunto, nem em lobisomens, nem em nada daquela época.
Enquanto ele pegava a garrafa de refrigerante, com certa dificuldade para mantê-la por causa do peso, ele pensava se poderia reencontrá-lo. Ele não estava com medo de Derek. Ele estava com medo de coisas ruins, coisas ruins que lobisomens fizeram a ele. Não era Derek, era ele.
Acabou por deixar cair na metade do caminho, fazendo-a quebrar no chão, já que era de vidro. Xingou, tentando catar os cacos maiores enfiando a mão no vidro quebrado. Por causa da movimentação não perfeita, Stiles costumava sentir espasmos e tremores na mão esquerda, que não tinha muito controle de força.
– Droga...! – disse, retirando o vidro de dentro da pele.
Jogou-se no chão da cozinha sentado, tentando se acalmar e parar o tremor. Ele já havia feito isso tantas vezes no ultimo mês que só não se tornava um habito por ser tão horrível.
Ele não ouviu a porta ser aberta e nem ouviu quando alguém começou a caminhar pela sala. Lydia tinha a chave da casa de Stiles e foi visitá-lo, novamente. Encontrou o garoto sentado no chão, envolto de vidro quebrado.
– Stiles, Stiles...
– Get out! – gritou.
Lydia se aproximou, indo até Stiles e o abraçando, sentada entre suas pernas, de joelhos. Ela não se importava se sua meia calça estava sujando, ou se Stiles estava brigando com ela, simplesmente ficou ali até ele se calar. Quando ele finalmente se acalmou, passou a mão no cabelo dela e ela se afastou um pouco.
– Sorry... I-I’m fine...
– Calm? – perguntou, sorrindo e passando a mão no rosto dele.
– Yes. – respondeu.
Os dois se olharam nos olhos e ele forçou-se a dar um sorriso, ele tinha que acreditar que podia fazê-la não se sentir mal. Mas a atitude de Lydia foi ainda mais estranha. Ela se aproximou de Stiles e o beijou. Um beijo calmo e molhado, bem diferente dos que ele costumava dar/receber, e devolveu o beijo. Os dois se separam corados, ofegantes e nenhum dos dois disse nada por alguns segundos.
– Por que... Você fez isso?
– Eu... Eu não sei, eu só... Eu não sei! – ela se jogou contra Stiles – Quando você estava no hospital, eu nunca pensei que poderia sofrer tanto! Por Deus, Stiles! Você estava em coma, você tinha me abandonado! – ela começou a chorar – Você sempre esteve lá... Você me amava...! Eu não conseguia pensar em mais nada, você ali, eu não sei...!
– Lydia... – afastou-a.
– Eu acho que... – ela enxugou o rosto – Acho que eu te amava também, mas de um jeito torto. Eu não quero perdê-lo...
Lydia avançou de novo contra a boca de Stiles em outro beijo, mais apressado que o ultimo, e Stiles voltou a retribuir, com todo amor que ela merecia. Ela se afastou, pegando em uma das mãos de Stiles.
– Você... Você vai me aceitar? – ela perguntou.
– Lydia. Eu... Desde pequeno, sempre esperei por isso. Esperei por você... – ela sorriu e ele agarrou-lhe mais a mão – Mas eu desisti de amar você, de amar você como minha mulher... Não me entenda errado, eu te amo.
– Q-Que? – ela disse confusa – Você não disse que...
– Amo essa menina inteligente que você é mesmo sendo popular. Amo seu jeitinho meigo quando fica envergonhada e amo ainda mais como você é forte e supera as barreiras. – sorriu, passando a mão nos cabelos dela – Mas amar você como eu amava antigamente, eu já não posso.
– Mas eu te amo!
– Não, você não me ama dessa forma... – disse Stiles – Aqui dentro... – colocou a mão no peito dela – Aqui dentro, você sabe que não me ama...
– Mas eu... Eu só...
– Você só quer me fazer feliz, eu se disso mesmo antes de você. – sorriu – Mas, no momento, não é disso que eu preciso. Eu agradeço Lydia, por me amar.
– Você não...! – ela ia contrariar, mas viu o olhar de Stiles um pouco distante. – Me perdoa?
– Não há o que perdoar Lydia. – Stiles sorriu triste.
Depois disso, os dois saíram da cozinha. O clima ficou um pouco tenso no começo, Lydia sentada no sofá ao lado de Stiles, mas logo a menina disse que precisava ir embora. Ela se foi, deixando Stiles sozinho de novo.
Seu pai chegou à noite, mas bem cedo para o comum. Ele disse que iria preparar o jantar e chamou Stiles para ajudar. O garoto foi cuidadosamente ajudá-lo no preparo de macarrão quando Stiles, se sentado à mesa, pronunciou:
– Pai, vamos embora?