Teen Wolf - Decussation

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 6

    Titanium

    Álcool, Bissexualidade, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Spoiler, Violência

    Capitulo 6 – Titanium

    A chuva começava a cair fina, gota a gota, ela ia tomando lugar. Stiles, antes de sair de casa, voltou para pegar sua blusa de frio, quase havia se esquecido dela. Assim que a pegou, dirigiu-se para o jeep. Passou a chave correndo e ligou o carro e então já estava na rua. Sentia a cabeça doendo por causa do jogo que ficou jogando até tarde.

    Ouviu o celular tocar e pegou-o no bolso da calça. Sequer viu quem estava ligando, apenas tendeu de uma vez, uma vez que tentava prestar atenção na rua. Assim que ouviu seu nome, ele estacionou o carro, acomodando-se na cadeira. Fitava o lado de fora, vendo a chuva ficar mais forte.

    – Tudo bem com todo mundo? – perguntou.

    – Sim. – Derek disse algo que não Stiles não entendeu, mas percebeu que não era consigo - Você está em casa?

    – Não, estou a caminho da escola. – coçou a cabeça, olhando para o relógio. – Vocês ainda estão na floresta?

    – Sim, estamos voltando, mas vai demorar...

    –Derek, eu preciso ir, vou chegar atrasado.

    – Ok. – disse o lobo, desligando em seguida.

    Sem despedidas, sem nada. De novo. Stiles jogou o aparelho no banco e voltou a dirigir. Chegou ao colégio e o sinal havia acabado de bater, correu para sua sala e quando chegou lá, o professor de historia lhe olhou com cara de poucos amigos, mas deixou-o entrar. Deitou a cabeça na carteira e dormiu durante alguns poucos minutos.

    Sentiu uma caneta lhe cutucando e acordou, à contra gosto, olhando para trás. Na hora em que olhou para o rosto da morena, já sabia que ela iria perguntar de Scott. A questão era que também não sabia, já havia semanas que o Pack estava na floresta, e Scott nos últimos dois dias estava sem dar noticias, uma vez que estava perseguindo os lobos.

    – Você não tem noticias dele?

    – Não, mas Derek me disse que estão todos bem...

    – Derek... – Allison sussurrou – Hey, Stiles! Vamos sair hoje!

    – Eu tenho treino hoje, e meu pai vai estar em casa...

    – Hn. Que chato... – Allison fez bico – Deixa pra próxima, então.

    – Combinado.

    Stiles virou para o quadro e começou a copiar a lição. A apostila aberta ali não estava tão grifada como as suas naturalmente ficavam. Nem na pagina certa estava, mas ele não se importava. Não prestava atenção à aula mesmo, apesar de ser um bom aluno. Estudava em casa, sozinho. Era mais fácil e sempre se saia melhor assim.

    Enquanto eles estavam na escola, Derek e seu Pack estiveram na floresta. Agora, estavam todos na casa abandonada. Peter enxugava a cabeça de Isaac com a toalha, apesar de não ter muito efeito, já que no ultimo andar da casa, onde estavam às roupas limpas, estava cheio de goteiras.

    – Seria uma boa reformar a casa... – disse Peter – Ela ainda é propriedade dos Hale e seria bom, só de vez em quando, dormir numa cama e não num chão duro...

    – Por que não reforma então? Falta dinheiro? – perguntou Isaac, assim que Peter deixou de enxugá-lo.

    – Ah, não. Nós somos bem ricos...

    – É para manter as lembras... – disse Derek, entrando no quarto.

    – Hun... – Isaac balançou a cabeça, pegando a roupa que Peter havia lhe entregado. – Isso é roupa de mulher...

    – Oh, desculpe. – Peter sorriu sacana – Era do seu numero então eu achei...

    – Idiota... – Isaac devolveu as roupas à gaveta e buscou uma calça e blusa seca para si. – Vou me trocar lá em baixo...

    – Cuidado na escada... – disse Derek.

    Assim que o mais novo saiu, Peter se juntou ao sobrinho. Arrastou uma cadeira para perto dele e assim se sentou. Ficou encarando o mesmo lugar que ele; de um lado do quarto não havia teto e a água corria direta para um buraco no chão. A chuva ia ficando cada vez mais forte e a estrutura da casa ainda soltava lascas pretas com algumas batidas.

    Aquele quarto era de Laura e Derek, por que na época, eles dividiam os quartos. Na madeira preta viam-se manchas mais claras, como se algo tivesse impedido que o fogo queimasse-a totalmente. No chão, não agora, por que estava muito úmido, mas quando sol, sim, se podia ver as mesmas marcas, mas estas eram de curvadas.

    Derek ainda se lembrava daquela noite. Ele tinha apenas dezesseis anos de idade, estava no quarto, lendo um livro na sua cama. Laura ia do outro lado, escutando musica no fone de ouvidos e provavelmente, desenhando alguma coisa. Ela era ótima desenhista. De repente, Derek escutou uma grande explosão, sentiu a casa tremer e assim como sua irmã, levantou altivo.

    Abriram a porta do quarto e ela escutou a janela ser quebrada, quando Laura olhou para trás e viu a bomba, jogou Derek para fora e fechou a porta correndo, falando para que corresse corredor a fora. Mais uma explosão e os dois ouviram os gritos de seus primos, porém, quando iam abrir a porta para eles, uma nova explosão os jogou contra a parede.

    Laura se levantou e começou a se transformar, empurrando Derek. Ele já tinha os dentes para fora e tentava encontrar o cheiro dos pais, mas a mistura do cheiro do etanol e do gás carbônico que estava ficando ali o estava incomodando. Não estava com todos os sentidos despertos ainda, ainda mais por que havia se desesperado por ver pedaços dos corpos de seus primos pela casa.

    Laura continuou empurrando-o e grunhiu para ele descer as escadas e encontrar o tio Peter no andar de baixo. Derek perguntou dos pais e Laura disse que ia procurá-los. Mas era mais velha e sentiu, assim que Derek se foi o cheiro de sangue de seu pai. Era muito sangue, para ela poder sentir tão claramente. Na hora, se arrependeu de ter mandado Derek descer, seus pais estavam no sótão, treinando dois lobos e o quarto de Peter ficava naquela direção.

    Derek correu e em segundos chegou ao quarto do tio, mas quando pôs a mão na porta e sentiu-a se abrir. Mais uma explosão aconteceu, e ele escutou o piso caindo. Demorou a se recuperar, o calor atrapalhava sua visão e sentidos e depois de se recuperar do susto e tentando se ajustar ao calor, uma vez que sua visão estava ruim, encontrou o tio no chão. Ele tinha o rosto quase totalmente deformado e uma grande parte de toda a madeira que caiu estava sobre sua coluna.

    Levantou, com a ajuda de Laura que apareceu ali, um pedaço de madeira que estava no pescoço dele. Laura chutou os outros pedaços e começou a arrastar o corpo de Peter pela casa. Derek olhou para o lado e ouviu os urros de sua mãe. A porta do sótão era de metal, na verdade, todo ele era. Laura pegou Derek pelo braço e ordenou que ele fosse abrindo caminho.

    E quando ele ia desacatar para tentar salvar sua mãe, ela grunhiu, e finalmente ele viu os olhos vermelhos dela. Sentiu tudo ir embora, o desespero, o amor, a confiança, a segurança. Tudo sumiu. Ele fez sim com a cabeça, mais sério do que deveria estar e começou a tirar os destroços para que passassem. Assim que se virou para a janela pode ver o rosto de Kate. O sorriso que ela tinha no rosto ao observar sua casa sendo queimada, na hora teve tanta raiva que começou a respirar pesado, transformando-se mais que o normal.

    Laura, chorosa, olhou para o irmão e chamou-o, mas o grito foi abafado pela placa de madeira que caiu em cima deles. Felizmente, o sofá não deixou que isso os matasse, mas pôs inconsciente sua irmã. E como Derek prezava muito a família, resolveu ir ajudá-la, mas mais uma parte da casa caiu. E então quem ficou desacordado foi ele.

    Peter observava tudo, inconscientemente. Seu cérebro gravava todas as cenas, apesar de tudo. Mas ele não podia se mover, nem falar, nem se transformar. Era como estar completamente preso, e era assim que estava. Derek voltou a ficar consciente quando os bombeiros já tinham apagado o fogo e já haviam tirado sua irmã e tio de lá.

    Ficou lá, sem pedir ajuda sem falar nada. Esperando. Sentiu a água cair no seu rosto e sentiu sede na hora. Ele tomou um pouco dela e começou a mover o braço, mas quando o fez, mais um pedaço de madeira prensou-se contra o corpo dele. Grunhiu, por que havia uma parte apoiada no joelho, quase lhe perfurando. E com isso, eles o acharam.

    Assim que era levado para o hospital pode ver o estado de seu corpo, havia queimado parte dos braços, e apesar de não serem queimaduras de terceiro grau, estavam graves, segundos os médicos. Mas Derek sabia que iria se regenerar totalmente. Eles tentavam conversar com o garoto, mas ele não falava nada.

    No hospital, quando estava se reabilitando conheceu finalmente o Xerife Stilinski. Ele havia lhe feito varias perguntas, mas muitas delas, não respondeu; somente olhava para a janela, onde sentia que alguém lhe observava curioso. Gravou os batimentos cardíacos acelerados da pessoa na mente, e tentou captar o cheiro, mas como era parecido muito com o xerife, desistiu. Ainda estava fraco.

    Tempos depois, quando se encontrou com Scott e Stiles na floresta, ouviu os batimentos cardíacos acelerados tão parecidos com aqueles do seu passado e pensou que talvez fosse ele naquela época. Mas como não confiava em ninguém, não deixou isso transparecer. Entregou a bombinha e saiu. Mas ficou um pouco confuso, quando escutou a voz do amigo de Stiles dizer seu nome. E assim que captou o cheiro fraco dele não sabia mais se estava certo ou não.

    Tempo depois, muito tempo depois de ter decidido que Scott era sua opção de companheiro - já que havia acreditado que era ele daquela época -, ele se encontrou com Stiles. Estavam novamente em uma situação que os separava. Quando Stiles se aproximou e disse aquelas coisas com o coração acelerado, Derek assustou-se. Não compreendeu. O cheiro era dele, os batimentos eram dele. Mas ele era um humano normal, não cometeria o mesmo erro.

    Mas antes que algum dos dois dissesse algo, Stiles foi arrancado do carro. Derek escutou toda a conversa e descobriu por que ele cheirava como o xerife. Stiles era filho dele.

    E suspirou, voltando ao PRESENTE. Olhou para o lado e viu Peter surpreso lhe encarando, junto de um Isaac muito curioso.

    – O que foi?

    – Você está fazendo uma careta muito engraçada... – Isaac disse, num meio sorriso.

    – Careta...?

    – Quando Isaac chegou você estava com uma cara perdida, se me entende. No que estava pensando?

    – Em nada... – disse, se levantando. – Já que os dois estão secos, vamos.

    Isaac saiu, e Peter foi logo depois. Derek olhou para seu quarto queimado e para o quadro com a foto manchada de água que estava meio caída na parede. Mas sabia quem eram ali, era sua família. E ele deu um meio sorriso, lembrando das palavras de seus pais.

    – O poder não vem dos ignorantes, mas daqueles que tem a capacidade de aprender, e pode ser que não seja o mais forte, mas com certeza, é a melhor escolha. – ele colocou a mão em um dos ombros do filho, observando a porta retrato - Escute bem, meu filho, não importa quem seja. É dever o alfa proteger e fortalecer a matilha.

    – E ele não precisa ficar sozinho, a família sempre vai estar ao lado dele, para auxiliá-lo e dar-lhe tudo o que precisa. Quando a família está unida, todos estarão felizes e em paz... – disse a mãe, do outro lado, e todo o Pack estava lá, de repente.

    Fechou a porta atrás de si e saiu. Os outros dois esperavam Derek na sala. Assim que Derek apontou no ultimo andar, eles foram para a garagem mal acabada e entraram no carro dele. Isaac foi ao banco de trás e Peter no do passageiro. Derek dirigiu até a casa de Isaac, e aproveitou que este morava consideravelmente perto de Stiles para averiguar se ele estava bem.

    O carro passou na frente da casa e os três viram o jeep estacionado de qualquer jeito ali. Derek abaixou o vidro e olhou na entrada da casa, a porta estava arrombada, tinham chaves e os celulares numa poça de água na entrada, junto com a blusa de frio vermelha de Stiles. Derek pegou seu telefone e ligou para o numero de Stiles. A tela do celular caído ligou, mas não tocou musica.

    – Stiles... – sussurrou, saindo do carro.

    A chuva já estava mais fraca. E Derek correu até lá, pegando o aparelho e vendo seu numero sendo chamado ali. Olhou para cima, tentando sentir cheiro de alguma coisa, mas nada. Stiles não estava na casa. Peter e Isaac já estavam juntos do alfa, e o mais novo olhou preocupado.

    – Era para ele estar na escola essa hora...

    – Algo o tirou de lá... – concluiu Peter. – Tem sangue na blusa... – disse pegando-a.

    E quando eles olharam para o alfa, Derek estava muito sério, puto da vida. Seus olhos exalavam raiva pura, a mesma de quando Boyd e Erica foram pegos. Na verdade, muito mais.


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