Um súbito desespero propagou o corpo da jovem Angelina. Ela sentia seus membros tremerem em antecipação. Àquela era a grande, e única, oportunidade que a menina encontrou.
Angelina sentiu um arrepio frio descer por sua espinha, quando ela entrou no escritório do homem. As paredes brancas contrastavam com os móveis escuros e quadros abstratos. A mesa de madeira escura estava posta ao meio da grande sala. Atrás da mesa, havia uma cadeira de couro preta.
Angelina rodou os olhos por volta da sala a fim de poder achar algo em relação ao homem, no entanto, não havia nada que pudesse identificá-lo.
Angelina estava com receio em relação aquela vaga de emprego; ela sabia que suas capacidades como empregada domestica eram minímas. E Angelina não podia competir com as outras duas senhoras que aguardavam a vez delas para a entrevista do emprego. Angelina acreditava que o contratante iria lhe julgar por sua pouca idade. Afinal, quem contrataria uma pessoa com apenas dezenove anos e nenhum tipo de experiência no ramo?
Empregada domestica foi a única saída que Angelina achou para poder sanar seus problemas. Os pais falecidos recentemente bem que poderiam ter lhe deixado algo como herança, sobretudo, dívidas e mais dívidas foi o que Angelina herdou.
Aquela entrevista de emprego seria apenas uma de muitas que a pobre garota já passou, pois todos os contratantes não confiavam na credibilidade de uma garota jovem e sem responsáveis.
O pequeno folheto que anunciava a vaga de emprego ainda permanecia nas mãos tremulas da garota.
Sentada em uma macia cadeira de couro, ela sentia suas pernas tremerem, e se ela não estivesse sentada, certamente já teria despencado das próprias pernas.
O ruído esganiçado da pota principal sendo aberta fez o coração de Angelina bater mais rápido de que o normal. E o folheto que antes estava inteiro, agora fora amassado pelas mãos suadas da garota.
Nos devaneios interiores da menina, ela acreditava que o seu futuro patrão teria seus trinta e poucos anos; rosto já enrugado por causa do estresse passado na grande empresa; e um físico mais avantajado. Não se importando com a aparência do homem, ela apenas almejava aquela vaga valiosa.
As solas do sapato do homem batiam-se contra a madeira do chão; e como Angelina estava de costas para a pessoa, não podia ainda visualizá-lo. Apenas sabia que ele vinha em sua direção.
Os olhos castanhos de Angelina se arregalaram-se ao fitar, finalmente, o homem. Infelizmente, ele ainda não tinha erguido seu belo rosto. Os olhos do rapaz estavam colados no currículo que trazia em mãos.
Totalmente diferente dos pensamentos de Angelina, o rapaz teria no máximo seus vinte e cinco anos; o perfeito e delicado rosto não possuía ruga ou marca alguma; o físico dele era de um atleta - infelizmente encoberto pelo paletó bem cortado.
- Angelina Collins, né? - a voz grave e rouca do rapaz fez o coração da garota parar de bater por alguns segundos.
Sentando-se confortavelmente em sua cadeira do outro lado da mesa, o homem ainda fitava os papéis em mãos.
- Sim, - a voz delicada da garota, agora sairá sem confiança e tremula.
- Bom, em seu currículo não possuí sua idade. - franzindo o cenho para os papéis, o rapaz esboçou uma expressão de exasperação. - Qual seria ela?
- Dezenove... - meio hesitante ela revelou.
Erguendo finalmente o rosto, o rapaz arregalou levemente os olhos verdes. Ele possuía uma expressão de surpresa. Na certa acreditava que seria mais uma senhora à procura do emprego.
- Não acha que seja muito nova para este emprego? - o homem perguntou ainda atordoado.
- Talvez... - Angelina murmurou. Ela já sabia o que viria agora. Com toda certeza ele não a contrataria por causa de sua idade. - Isso quer dizer que não irei ser contratada?
Por longos e intermináveis minutos, o homem dos olhos verdes a fitava intensamente. Em sua expressão ele tinha um meio sorriso nos lábios finos. Angelina já sentia suas bochechas corarem sob o olhar penetrante dos olhos verdes.
- Quem disse que não irá ser contratada? - ele indagou brincalhão. - O emprego é seu.
Agora, era Angelina que o encarava descrente.
Foi tão fácil assim?- a menina pensou atordoada.
- Desculpe, mas...- ela murmurou. - Eu não precisarei fazer algum teste? Ou responder alguma pergunta?
- Não. Eu já observei seu currículo, e sei o bastante sobre você.
- Sabe? - mesmo estando feliz por ganhar a vaga do emprego, Angelina estava com um pé atrás com relação a facilidade com que lhe foi concedida o emprego. Aliás, tudo o que vem fácil, vai embora mais fácil ainda.
- Sim, Apenas quero saber se você tem pais?
- Não.
- Ótimo. Você pode se instalar em minha casa amanhã bem cedo.
Uma folha pequena foi entregue para a menina. Nela continha o endereço da residência do garoto.
- Ok. - Angelina abriu um sorriso tímido nos lábios. Para ela, seria muito embaraçoso morar sozinha com um homem que ela nem conhecia.
- A partir de hoje, você trabalha para Harry Styles.