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"O grandioso e magnifico livro que tudo revela. Aquele que fora concedido o dom de ler suas palavras, glorificado será com um poder extremamente feroz"
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O dia amanhecera nublado e frio. Parecia que a mãe natureza saberá do sofrimento e o holocausto que estava passando o coração daquelas duas crianças. Andavam lentamente atrás de um caixão grande de mogno escuro, sobre o caixão algumas coroas de flores impecavelmente deslumbrantes e ao redor apenas algumas pessoas acompanhavam. Funeral era sempre a mesma coisa, pessoas com expressões vazias e profundas, rostos que pareciam morrer junto com o defunto por levar um sofrimento devastador em cada expressão facial. Aquele poderá ser o pior dia da vida daqueles dois jovens. As roupas eram apenas um detalhe da dor que Flora e Demétrio levavam consigo naquele instante, vestidos com a cor que eles menos gostavam, o preto. Para Flora o preto sempre fora uma cor horrível, qualquer coisa relacionada aquela timbre ela detestava, detestava os seus sapatos encerados impecavelmente, e seu vestido longo que batiam em seus joelhos cinzentos pelos respingos de barro que pingavam a cada tocar de passo ao chão do cemitério.
As lagrimas escorriam sem parar dos olhos claros dos gêmeos, que mantivera o olhar fixo ao chão pelo trajeto, nem ao menos um olhar fora trocados por eles. Parecia que queriam sentir individualmente a dor de não estar mais perto de seu avô querido. De não puder mais abraça-lo pela manhã, ou de leva-lo ao jardim para colher as rosas de que tanto gostava. Para Demétrio aquela dor era tão grande que os seus olhos que quase não escorreram lagrimas em sua vida agora pareciam cachoeiras de aguas limpas. Ao pensar das crianças aquele velho seria imortal, mas ironicamente a morte passou a perna neles, e justo neste dia. Justo no aniversario de treze anos...
O pior presente que poderiam receber, Monica a enfermeira estava com eles no enterro do Senhor Gregório, demonstrava grande afeto pelo velho senhor que agora não estava mais ali, chorando enxugava os olhos com um pedaço de pano, enquanto seus braços confortavam os pequenos que pareciam ainda não acreditar. O velho não tinha muitos amigos mesmo, na cerimonia de despedia a ele, apenas três amigos que ele fizera no hospital, a enfermeira, os dois netos e o padre. Claro, ninguém que os gêmeos conhecia, ao redor do caixão já posicionado no local do enterro o padre começara recitar palavras da bíblia, palavras tão bonitas que adentravam nos ouvidos dos dois que a cada minuto ficavam com mais medo do que os esperada depois de sair daquele cemitério. Não tinham mais ninguém, com quem iriam morar? Isto não saia da cabeça de Flora que abraçando com uma das mãos o seu ombro olhava para aquele caixão lembrando de todos os momentos que passara com seu avô, de todos os momentos felizes, gargalhadas, piadas, broncas... - Por que ele teve que morrer? - Pensava até alto de mais, no momento que a garota murmurou não entendia a imagem que via em uma arvore um pouco longe da onde estava. Uma mulher com vestes tão brancas que brilhavam ao encontro do sol que aparecera entre as nuvens cinzas quando a mulher fora vista por Flora, seus cabelos eram louros claríssimos, a mulher acenava para ela. Por causa do brilho intenso do sol, Flora apertou os olhos que doíam pelo reflexo da esfera celeste, mas quando abrira novamente a mulher havia desaparecido. Pensou estar ficando louca, olhava ao redor mais nada daquela mulher, fora sua imaginação.
- O tempo mudou repentinamente não? - Falara Monica olhando para os dois, - isto significa que o avô de vocês já está descansando e felizes por agora estar ao lado de vocês sempre.
- Não é isto, apenas surgiu um sol em meio as nuvens. - O garoto de olhos claros e banhados a lagrimas respondera seco e arrogante, a morte de seu avô pareceu deixa-lo tão abalado que nem as palavras de conforto da enfermeira confortava seu coração.
- Bom, creio que não terão para onde ir ou ninguém que possa ficar com vocês pelo menos por esta noite, poderão dormir em minha casa. - Flora nem Demétrio ousou responder a moça gentil, apenas fixaram o olhar para o caixão sendo por fim selado eternamente de baixo da terra.
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A tarde já estava indo embora, o dia fora puxado de mais para os dois e até mesmo para a enfermeira que dirigia o carro até a rua onde encontrava-se a casa grande de esquina. Os três fizeram todo o trajeto em silencio, nem ao menos uma palavra era cuspida, a tristeza era tamanha que os olhos brilhosos dos gêmeos ainda eram notados em um tom de dor. O que fariam agora? fariam as malas, mas para onde iriam? Quem iria cuidar deles? Perguntas que o subconsciente dos dois faziam aleatoriamente juntos. A rua dos Campineiros estava no seu normal, parecia que ninguém saberá da morte do velho da casa grande, claro que ninguém sabia. Este era o medo de Flora, ficar esquecida sem amigos ou ninguém que pudesse contar, o avô querido estava morto e ninguém se importava com aquilo ele seria esquecido por todos, menos por ela e seu irmão. O carro estacionava em frente a casa, e os dois saíram sem ao menos agradecer a moça, que falara gritando enquanto de ombros os dois entravam na casa.
- Peguem o que quiserem, coloquem em uma mala estou aguardando no carro, quando chegarmos em minha casa faria um delicioso bolo para não passar em branco os seus treze anos. - Realmente ela estava disposta em ajudar, levaria os dois para a casa dela, onde abrigo teriam. Não seria ruim ao ponto de vista deles, Monica era uma amiga. Entraram na casa, a casa parecia tão grande sem o avô, Flora olhava tudo olhava a cozinha onde o avô adorava cozinhar com ela, Demétrio foi-se ate o sofá onde por mais de vezes fizera seu avô perder mais cabelos com suas travessuras enquanto ele lia seu jornal matinal, aquilo era tão nostálgico.
- Temos que pegar alguma roupa Demétrio, a Monica esta nos esperando.
- Você tem razão Flora, não irá adiantar ficarmos chorando, ele se foi.
Subiram as escadas onde daria acesso até os quartos, nas paredes vários retratos do velho Gregório. Aquilo realmente faria uma ferida enorme nos corações dos gêmeos que frio ao menos se deram o luxo de pegar algum dos retratos. Estavam abalados e preocupados com tudo aquilo, fora muito rápido, não tiveram tempo de pensar em nada. Demétrio entrou em seu quarto e Flora foi-se até o dela. Fitava aquelas paredes brancas e seus ursos de pelúcia, colocou a mão em seu pescoço e sentira o colar que fora herdado pelo seu avô, olhando para o espelho ela derramou algumas lagrimas, pegava uma mala e colocava algumas roupas, não muitas para não parecer que queria ficar por mais tempo aos cuidados de Monica, e quando olhava para sua prateleira de livros uma coisa viera em sua mente, as ultimas palavras do seu velho, o tal livro. Flora largou a mala e corria ao encontro do irmão.
- Demétrio!
- Que tanta gritaria é esta Floria?
- O livro que o vovô nos contou antes de morrer. - A feição do garoto mudara no mesmo instante, seus olhos quase fora a saltar, e seu coração começava a bater em um ritmo acelerado.
- Você tem razão, ele pode enfim nos explicar quem são nossos pais. - Correram depressa e nem ao menos tiveram tempo de trocar de roupa estavam ansiosos de mais. Demétrio se colocava em frente a um alçapão e puxava uma cordinha que dava espaço a uma escada, dando acesso até o sótão da casa.
Os dois respiraram fundo, suspiraram em um ar de medo e curiosidade. Por que tanto mistério em esconder um livro? Será mesmo que tudo estaria enfim explicado nas paginas de um simples livro, que toda a vida deles estaria revelada? Perguntas que teriam respostas, assim esperava os dois órfãos. Subiram até o sótão pela velhas escadas dobradeiras, aquele sótão estava do mesmo jeito a anos, pois a ultima vez que os dois subiram lá fora para se esconder de uma bronca, mas faziam anos. E ainda estava intocável, velharias por todos os lados e poeira. Como poderiam guardar tanta coisa inútil? Havia até mesmo sobre uma mesa velha uma vitrola velhíssima que os dois nunca viram coisas do senhor Gregório, obvio. Andaram com passos lentos sobre o piso de madeira velho, Demétrio lembrava exatamente do que o avô falou antes de morrer, o livro estava escondido no interior do piso de madeira, no terceiro piso.
- Está debaixo deste piso, pegue alguma coisa para quebrarmos. - falava o garoto, Flora pegava um martelo que estava sobre uma pequena prateleira de bugigangas, e o garoto acertou a madeira que vinha a se estraçalhar pela podridão de cupins que já vinham destruindo o piso. E lá estava o livro.
- Olhe realmente está aqui Flora, este é o livro que o vovô mencionou. - Demétrio pegava o livro do piso, estava totalmente empoeirado, assoprando a poeira o livro veio a se revelar. Era um livro grande com capa vermelha, um tom de vermelho vivo que quase veio a brilhar quando limpo. Sobre a capa um enfeite cor de ouro parecia uma bussola dourada com um dragão e uma águia enrolados uns nos outros em forma de desenho, e ao lado do desenho em ouro dois furos. O livro era espetacular, lindo e parecia atrair os gêmeos que sentaram no chão cruzando a perna.
- Tudo bem, abra-o Demétrio. - O garoto fazia sinal de positivo enquanto tentava abrir, puxava de um lado a outro do livro e ele ao menos mexia a capa, não estava conseguindo de maneira alguma abrir.
- Não abre. - Flora observou mais uma vez a capa e tomando o livro da mão do irmão falava.
- Estes dois furos, - ela passava o dedo sobre o buraco e enfiando o indicador no furo sentiu como se seu dedo fora agarrado. - Meu dedo ficou preso.
- O que? - Demétrio levou seu dedo ao outro furo que encaixou perfeitamente, parecia que seu indicador ficara preso no segundo furo.
- Parece que isto é uma trava, vamos girar juntos nossos dedos. - Assim que giram o livro faz um barulho de destrava, a bussola gira sentido contrario dos desenhos que agora mexiam se desenrolando, o dragão ficava do lado esquerdo e a serpente no direito fazendo o livro abrir.
- Abriu Demétrio, abriu. - Os dedos dos dois fora soltos, Flora pegou o livro e o abria lentamente, quando a capa se soltava da primeira pagina, um vento forte fora sentido como se tudo ficasse gelado no mesmo instante, uma sensação estranha que os dois jamais sentiram.
- Este tempo é louco mesmo, ate agora estava quente, e já ficou frio novamente. - Demétrio reclamava e Flora dava de ombros e via o que estava escrito na primeira pagina, as letras eram escritas com uma tinta estranha e as folhas era velhas e amareladas, então começara a ler em voz alta.
"O grandioso e magnifico livro que tudo revela. Aquele que fora concedido o dom de ler suas palavras, glorificado será com um poder extremamente feroz. O livro dos livros, o portal entre mundos, o magnifico livro do primeiro Sábio Ortinelos Sarafiz, apenas os Sábios das eras conseguiram desfrutar de seu poder, ordem dada a Ortinelos, e descrita nas pedras sagradas de Atília, tendo de testemunhas para tal ordem o extraordinário Rei das terras de Atilia Teracius e a Rainha Jordalia. Aqueles que forem desprovidos de tal poder nunca poderão saber o que o Livro tem a revelar."
- Que idiotice e essa? - Perguntava Demétrio tentando ler junto com a irmã.
- Não sei, talvez seja alguma brincadeira, vamos ver. - Flora curiosa virava a pagina, mas para sua surpresa a próxima pagina estava em branco, sem entender virou mais uma pagina e também estava em branco.
- O que foi Flora?
- Está tudo em branco... - Ela folheou todas as folhas, e realmente todas estavam em branco. Demétrio tomava o livro da mão da irmã e se surpreendia, realmente aquele livro estava em branco. Demétrio ficou com muita raiva, estava contando com aquele livro, mas ele estava mais branco do que o passado dos gêmeos.
- Que droga de livro. - Ele o joga longe, e continuava a falar. - Era para este livro revelar o nosso passado, mas em vez disto nada ele revelou, e o que Sábio? O que é Atília, quem são nossos pais? Que baboseira é isto tudo? - Perguntas que não teriam respostas se não fosse uma coisa.
- Olhe Demétrio o livro esta brilhando. - Correram e juntos olharam assustados para o livro que sem nenhuma explicação começou a aparecer palavras, como magica suas paginas fora preenchidas com letras e mais letras, Flora o pegava e começava a ler assustada com tudo aquilo.
" A era dos Taurinos, a era mais pacifica que existira. Os dois Sábios guardavam o mundo de Atilia com suas vidas, estabelecendo a paz e o equilíbrio entre as diversas terras que habitavam tamanho reino. Kalisto e Saberos fora os gêmeos escolhidos pela pedra sagrada para protegerem o mundo, a quase mil anos que Atília não desfrutava de tamanho poder, os Taurinos fora a raça mais poderosa que pisou ao lado dos reis de Atilia. Que pela primeira vez fora governado com o poder dos homens. Os homens que ganharam diversas batalhas traçadas a milênios, os homens que conquistaram o lugar de tamanho merecimento, tendo como os reis dos reis Carmelo e Esmeralda os primeiros da raça humana a governar o povo de todas as terras existentes, conhecidos como os Governantes excêntricos.
A paz e o desejo de vivenciar um mundo sem dor era o que mais os reis dos reis queriam para o seu mundo. Ver que cada reino respeitoso e harmonioso ao seu próximo. Por tempo de mais, os seres magníficos de Atilia viveram juntos sem guerras por poder ou desonra. Kalisto vivia ao norte de Atilia sobre as terras florestais de Gomeron ao seu lado sua fiel serviçal Magda uma elfa branca que servia fielmente ao poder de seu mestre. Ao sul nas terras montanhosas de Fortilios vivia seu irmão gêmeo Saberos e ao seu lado sua fiel Elfa negra Erminia. Juntos formavam a ordem que trazia equilibrio a todos os seres vivos do mundo, sem a ponta dos dois sábios Atilia não existiria e tudo que fora vivo poderia desaparecer.
O poder dos Taurinos fora considerado o maior poder já existente uma raça antiga e extinta, apenas os gemeos que ao nascerem herdaram tamanha responsabilidade. Kalisto obtém do poder mental, suas magias fora tão poderosas que complementam cada ser vivo que arrasta sobre Atília em qualquer reino o poder de Kalisto e estendido, sem o poder do Sábio da Floresta os Atlianos não conseguiriam caminhar, falar, ouvir. Saberos obtinha de um poder ainda mais devastador, seu poder era o corporal, o Sábio das montanhas dividia sua força vital com cada Atiliano, sem o seu poder os Atilianos não teriam saude, morreriam de doenças, não teriam forças para trabalhar, e de se manterem em pé. Está era a função dos dois Sábios, eles eram a vida daquele mundo.
A cada ano os dois irmãos teriam que se encontrar no palácio de ouro de Atília. Onde viviam os reis dos reis. Mas aquela visita anual traria consequências jamais vistas e vivenciadas. Esmeralda revelou para os sábios um sonho que terá na noite anterior, um sonho que traçaria o destinos dos dois guardiões das terras. A era dos Taurinos teriam um fim, e a substituição dos Sábios sairia do ventre da rainha das rainhas, dois gêmeos nascidos de seu ventre seriam os herdeiros do trono de Atilia e herdeiro dos poderes dos Sábios vindo a substitui-los, e isto aconteceria na próxima visita dos Sábios. Aquilo trouxe a maior alegria para Kalisto o Sábio da Floresta, mas trazera enorme desprezo para Saberos o Sábio das montanhas.
Saberos queria desfrutar de seu poder, e saberia que se os gêmeos vierem a dominar os poderes dos Sábios que sua existência teria um fim. Com isto reuni-o seguidores, reuni-o a mandado de sua serviçal Erminia o maior numero de guerreiros dispostos a desfrutar de grande riqueza se obedecessem as ordens do Sábio das Montanhas. Em apenas algum tempo conseguiram montar uma armadilha para os Reis dos Reis.
No dia da visita anual, no ano de 5250 na Era Tauriana, o primeiro Sábio na historia de Atilia se revelaria contra os reis de seu mundo. Mas pela ligação espiritual dos gêmeos Kalisto já esperava a revolta do irmão e junto a sua elfa branca conseguiram salvar os gêmeos escondendo-os no mundo dos humanos mortais. E por treze anos ali os dois herdeiros dos poderes dos Sábios ficariam."
- Espera, espera... - Gritava Demétrio, - que porcaria louca é tudo isto? - Quando falava Flora jogava o livro para longe.
- Está quente. - Uma fumaça vasta e branca saia do livro um impacto fora sentido no corpo dos dois garotos que caíram ao chão e de um brilho estranho saído do livro uma criatura medonha era avistada saindo da fumaça.
- Olha jovens herdeiros, me chamo Grupin, conselheiro de Magda e membro da ordem de Gomeron, vim guia-los para o destinos de vocês.
- O que? - Gritava Flora levantando do chão e escondendo-se atrás do irmão, que assustado perguntava.
- O que é você? - Grupin era pequeno do tamanho de uma criança de cinco anos. Tinha orelhas enormes e pontudas, sua pele era esverdeada de um tom seco, magricela vestia vestes de prata e em seus punhos uma luva cor de ouro.
- Como disse, sou Grupin um Ardico, estou ligado ao livro e quando ele fora lido por vocês despertou-me das Terras de Atilia para guia-los até Gomeron, então venham...