Alma Gêmea: Destinados

Tempo estimado de leitura: 2 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 10

    Número

    Pessoal, desculpem por não postar semana passada; tive um problema no olho que me impossibilitou de utilizar o computador por uns dias. Enfim, o novo capítulo está aí, espero que gostem! Bjs

    - Guilherme, esse guarda-chuva é seu? - disse, segurando o guarda-chuva preto em sua frente.

    - O quê? Você está ouvindo o que eu estou dizendo?

    - Estou, mas preciso que me responda!

    - Não, o meu ficou em casa hoje. Qual é o problema?

    - Eu não lembro de onde ele veio.

    - Rebecca... - ele me abraçou e beijou a minha testa – você perdeu a memória. Talvez o tenha comprado, ou então seja dos seus pais.

    Ele pegou o guarda-chuva da minha mão e o colocou de volta no lugar. Guilherme era bom em me despreocupar, mas dessa vez nem a sua companhia pelo resto do dia me fez sentir melhor. “Isso é passageiro, pensei”. Com certeza amanhã estaria tudo bem.

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    Cap. 10

    Apesar de uma longa noite com alguns pesadelos, acordei praticamente revigorada. O peso nas costas e a sensação de sufocamento haviam passado, assim como o mau humor de Guilherme por causa da minha conversa de ontem com David. Porém, o sentimento de que algo faltava ainda me perseguia por mais uma manhã.

    - Deixe os plantões de hoje comigo. - disse a Laura, que prontamente informou as recepcionistas.

    Fiquei no hospital até às 11 horas da noite, trocando de lugar com outro colega que dividiria a madrugada comigo. Guilherme me chamou para jantar, mas achei tarde demais e lhe disse que estava cansada. Não menti.

    Cheguei em casa, tomei banho e me sentei na sala para assistir um pouco de televisão antes de dormir. Mas um certo objeto parecia brilhar de tanto me chamar atenção em meio a tantos canais de TV: um guarda-chuva.

    Não pude aceitar que não lembrava onde ele havia vindo. Então o peguei, abri e forcei a mente ao máximo para que ela pudesse me dar qualquer pista. Busquei alguma imperfeição, algo que pudesse me fazer lembrar de onde ele havia vindo. Nada.

    Troquei o pijama por uma roupa de corrida e saí porta a fora para caminhar. Estava chovendo fino, uma desculpa para que eu levasse o guarda-chuva comigo. Minha mente agora estava um caos, e desse jeito não conseguiria dormir. Mas, se pelo menos eu conseguisse me cansar ao máximo, poderia obter uma noite decente de sono.

    Passando por um quarteirão, acabei em frente à delicatessen que sempre gostei de frequentar e senti saudades por nunca mais ter ido lá. Forcei a mente novamente para tentar lembrar qual fora a última vez em que eu estivera ali. E foi então que eu me lembrei. De tudo.

    Seus olhos azuis brilhando ao entregar o guarda-chuva para mim, enquanto eu o agradecia timidamente, impressionada por sua beleza e cavalheirismo. De sua face cansada no dia da cirurgia e do seu sorriso ao dizer o meu nome. De toda a sua amabilidade e companheirismo. E, por fim, do nosso beijo, antes que eu me sentisse mal e fosse devorada por uma luz que me fez lembrar de uma vida da qual eu nunca imaginara. Fez-me lembrar de quem eu realmente era, de quem ele era, e que me levou a um lugar em que um homem conhecido disse que era meu anjo e outro me pediu perdão pelo que iria fazer. 

    Algumas poucas pessoas ainda passavam na rua e eu podia ver a dúvida em seus olhos a me ver sozinha, no escuro em frente à delicatessen, chorando. Liguei para Laura, desesperada, mas sem querer transparecer minha situação, se é que era possível.

    - Eu preciso do telefone dele! - eu estava praticamente gritando com Laura ao telefone, sabendo que depois deveria explicações e desculpas a ela.

    - Isso é loucura, Rebecca! Depois de tudo o que aconteceu você ainda quer falar com ele?! Pelo amor de Deus! - ela esbravejou do outro lado da linha.

    - Por favor, Laura. Por favor!

    Depois de mais um minuto de súplica, Laura finalmente me deu o número. Tive de discá-lo três vezes, já que os dedos trêmulos não conseguiam se localizar em meio ao teclado touch screen. E quando chamou duas vezes antes de alguém atender, senti meu coração entupir a minha garganta.

    - Alô?

    - David? - ninguém respondeu. - David, sou eu, Rebecca! - minha voz falhou engasgada com o choro ao dizer meu nome.

    - Rebecca? Você está bem? - ele falou, agora com a voz um pouco mais alta que antes.

    - Eu estou na delicatessen que nós nos encontramos pela primeira vez, por favor, venha pra cá! Eu me lembrei de tudo David, eu me lembrei de nós dois! - as lágrimas já eram tantas que tive certeza de que ele as percebia pelo meu tom de voz.

    - Oh Deus! Fique onde está, chegarei a um minuto!

    Desliguei o celular e me peguei rindo ao mesmo tempo em que chorava. Eu não sabia o que ia acontecer quando ele chegasse – minha mente estava confusa com tudo aquilo que tinha lembrado – nem sabia como nós ficaríamos depois de hoje. Mas eu não estava pensando nisso agora. Agora, a única coisa que eu queria era vê-lo e sentir o doce sem igual dos lábios do dono dos mais belos olhos azuis do mundo.


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