Antes de partir Snarry

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

    16
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Capítulo Único

    Homossexualidade

    Aviso legal

    Alguns dos personagens encontrados nesta história e/ou universo em que se passa, não me pertencem, mas são de propriedade intelectual de seus respectivos autores. Os eventuais personagens originais desta história são de minha propriedade intelectual, sendo vedada a utilização por outros autores sem minha prévia autorização. História sem fins lucrativos criada de fã e para fã sem comprometer a obra original.

    O líquido escarlate se debruçava no plano sujo do chão carcomido por cupins daquela casa já bem velha e muito imunda e plenamente abandonada. Mas que lugar mais sórdido para aquele corpo. Não havia nada ali além de um silêncio que parecia gritar palavras de morte para ele, rindo-se de sua solidão, rindo-se dos seus ferimentos abertos. O vento açoitava com imensa violência, fazendo-as ranger como fantasmas do passado obscuro daquele ex-Comensal.

    Aquele era o seu fim. Iria morrer sozinho assim como havia temido durante todos os seus anos de vida. Ninguém iria ali para poder salvá-lo. Não haveria um herói e nem uma heroína. Agoniou-se com soluços miseráveis e muito baixos. O ar parecia algo muito imaginário para ele, algo distante como uma estrela e intocável. Sua pele estava insensível. Seus sinais vitais se apagando aos poucos com um sopro.

    Parecia estar totalmente fora de seu corpo, flutuando no vácuo, em um espaço negro, girando em um tornado sem fim, saindo de fogo. Abriu os lábios de modo débil. Sua língua parecia estar pesada e áspera como se tivesse ingerido quilos e mais quilos de areia. Seu peito parecia estar sendo estilhaçado.  Sua garganta estava estreita como se imensas bolhas a preenchessem.

    O suor se alastrava por sua testa, caindo por suas bochechas deixando para trás um longo rastro úmido e salgado. Sua mente rodopiava. Seu crânio latejava tanto que era como se o seu cérebro estivesse crescendo e o rompendo. Tossiu de modo seco. Só queria que aquilo acabasse.

    O seu coração parecia estar sendo agarrado por dedos frios e sendo arrancado. Aliás, que coração? O que restara daquela parte de Severo Snape fora removido totalmente por Harry Tiago Potter na noite em que o moreno se entregara ao mestre das poções pela primeira vez há dois anos atrás. Sentia muita falta do Eleito. Aquilo lhe doía no fundo da alma. Se ao menos pudesse vê-lo antes de partir. Precisava daquilo. Era seu desejo final.  O único...

    - Harry! Harry! - A sua voz saiu tão fraca e arrastada que ele próprio não conseguiu ouvir. - Harry!

    Severo Snape cerrou as pálpebras. Suas forças estavam se esgotando. Tentou aguentar mais um pouco. Tinha que lutar. Seus pulmões pareciam imersos em brasa. Achou que finalmente iria morrer.

    Até que um intenso cheiro de camomila invadiu suas narinas. Abriu as pálpebras. Passos e então, ele encarou um par de olhos muito conhecidos. Eram verdes, doces, pequenos e adornados por cílios imensos. Reconheceu aquelas feições delicadas e alvas, bem como as faces redondas e aquela intensa cabeleira negra. Estendeu os dedos ossudos para poder tentar alcançar Harry Tiago Potter, esforço em vão.

    O menino de ouro estava assustadíssimo. Os olhos arregalados, a boca aberta e o queixo caído. Ele se ajoelhou, ficando próximo ao Diretor da Sonserina. Ergueu a mão, tentando estancar o ferimento. Seus dedos quentes contra o pescoço frio de Snape.  Severo olhou para Harry com os olhos cheios de lágrima. Tudo ao seu redor estava desmoronando, despencando infinitamente.

    Com ambas as mãos, segurou o rosto de anjo imaculado do adolescente moreno. Queria beijá-lo. Puxou-o para perto. Seus lábios apenas roçaram nos de Potter, mas mesmo assim valeu á pena aqueles poucos segundos. Afagou os fios despenteados de Harry. Quando o menino segurou sua mão e o olhou , Severo Snape derrubou uma única lágrima.

    - Eu te amo. - Murmurou debilmente. - Eu te amo. Perdoe-me...

    Ele sentia uma imensa necessidade de se desculpar. Agira errado e tinha consciência daquilo. Queria que Potter o perdoa-se, pois só assim se sentiria em paz. Só assim poderia partir tranquilo  livre do pesar.

    - Eu te perdôo Severo Snape. - Harry também chorava . Parecia se sentir culpado e abalado. - Sinto muito por não poder te salvar. Sinto tanto.

    Snape silenciou Harry lhe dando um último beijo. Ele seria o futuro de todos. Seu pequeno insolente havia crescido. Ele agora era um herói. Uma luz quebrando o tempo de trevas. tentaria o proteger mesmo depois de morto.

    Olhando para Harry pela última vez, soltou um suspiro e acolheu a Morte como uma velha amiga.


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