É por amor.

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 17

    E se fosse?

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Yo o/

    Bom, na minha opinião o capítulo de hoje está bem intenso (?)

    Enfim, vamos ao que interessa sem enrolação: Se possível não deixem de ler as notas finais...

    A música que escolhi para o capítulo é a Back To Me - 3 Doors Down (estará nas notas como sempre ^^)

    Link: http://www.youtube.com/watch?v=n0kAX9R8ggk

    Qualquer dúvida é só perguntar...

    Espero que se divirtam

    Embora no início ele realmente estivesse relutante e mesmo naquele momento, ainda se sentisse contrariado pelo loiro que o enrolara e acabara por dormir em sua casa e o suscitara involuntariamente aquelas recordações, ainda assim o jovem Uchiha sentia-se um tanto contente com aquela companhia depois de tanto tempo. Ou talvez, ele estivesse apenas sofrendo os efeitos colaterais daquela nostalgia, porém, de certa forma o destino estava o empurrando lentamente para a trilha que um dia, no passado, ele percorrera. Um passo após o outro e aos poucos o caminho se faz.

    (...)

    A alvorada daquela primeira quarta-feira de abril mal havia chegado e os inexpressivos olhos verdes da jovem deitada sobre sua cama, encontravam-se fitando o teto de seu quarto. Talvez, sequer houvessem sido fechados por aquela noite que passara.

    Sobre o travesseiro os longos cabelos róseos completamente desalinhados, mantinham-se espalhados debaixo de si e ao seu redor, e mais abaixo, aos seus pés, seu fiel amigo que invadira sua cama pela madrugada, situava-se cochilando ao calor do leito de sua amada dona.

    — Porque chegamos a esse ponto? Quando foi que as coisas ficaram assim? O que eu fiz de errado... Sasuke-kun? — ela indagava a si mesma em diminutos sussurros.

    Provavelmente essas eram sequelas do dia anterior, no qual após aquele encontro na biblioteca e algumas palavras trocadas, ela declarara o seu ódio ao seu ex-amigo de outrora.

    Talvez, no calor daquele momento ela realmente houvesse sentido tal ódio, mas coisa de momento. Após refletir por toda a noite, passou a sentir-se um pouco culpada pelas palavras que não descreviam seus reais sentimentos que não a mágoa apenas, afinal, em seu coração jamais seria capaz de odiar aquela pessoa. Era o contrário — completamente o contrário.

    Logo o despertador situado sobre o criado mudo ao lado de sua cama tocou e vagarosamente ela pôs-se a observá-lo por alguns instantes, imersa em seus devaneios enquanto criava coragem para levantar e desligá-lo.

    Ela estava ciente de que a vida não iria esperá-la superar seus momentos de tristeza e nem o tempo respeitaria as suas dores, pois estes seguiriam adiante implacáveis, imperdoáveis, assim como sempre o fizeram e ela deveria fazer o mesmo.

    Mas a mágoa era sua e nada naquele momento poderia privar-lhe de tê-la e senti-la em seu coração. Porém não era como se ela fosse revelar aos quatro ventos o que se passava dentro de si e de fato, esconder tudo de todos era o melhor a fazer, mesmo que se sentisse culpada por não desabafar com suas amigas, por não querer preocupá-las.

    Após um longo suspiro ela finalmente deixou seus pensamentos em segundo plano e voltou à realidade. Sentou-se delicadamente à beirada da cama e levou uma de suas mãos pequenas ao despertador, desligando-o.

    Com o movimento que fizera, o cão acordou e vagarosamente aproximou-se de sua dona que permanecia sentada, esfregando posteriormente a cabeça na lateral do rosto dela como se estivesse lhe fazendo carinho.

    — Obrigada por ter me feito companhia nessa noite difícil, amigão! — ela sorriu e abraçou o animal que latiu em resposta e lambeu-lhe a face pálida. — Isso faz cócegas! — ela riu e apartou-se do cachorro, fazendo-lhe um rápido cafuné. — Já é hora de levantar! — ela retirou a mão de cima do amigo, desfez o sorriso e levantou-se da cama.

    Em passos lentos ela deixou o quarto e seguiu pelo corredor em direção ao banheiro, adentrando-o a seguir. Pôs-se em frente a pia e olhou-se por alguns segundos no espelho, analisando as olheiras circundadas em seus olhos verdes.

    Apática, ela girou a válvula da torneira e sob ela aparou suas mãos, preenchendo-as com a fria água que de lá caía. Lavou o rosto e estapeou levemente as bochechas para aliviar a tensão, corá-las e disfarçar a sua péssima expressão.

    — Sakura, você tem a Hoshiko; Ino-san; Hinata-san; Tenten-san; Neko; Kuroneko; e Nekoneko... Sorria! — ela motivou a si mesma e esboçou um enorme sorriso. — Anime-se! A vida é tão mais bonita do que antes! Não há motivo para se deprimir por causa do passado, você precisa apenas enterrá-lo! — orientou a si própria e rapidamente apanhou a toalha pendurada por ali perto, secando o rosto posteriormente.

    Com uma expressão mais positiva que há muito não tinha, ela deixou o banheiro e um tanto confiante de que seus dias melhores viriam, seguiu para a cozinha, afinal, o café da manhã não se faria sozinho. E mais do que nunca, ela queria valorizar ainda mais cada momento, cada gesto, cada companhia com a qual o destino lhe presenteara naquela cálida primavera: suas amigas.

    (...)

    Ainda cedo daquela manhã de quarta-feira o relógio sobre o criado mudo ao lado da enorme cama apontou às sete horas e despertou, acordando o rapaz de cabelos negros que ali dormia:

    — Hum... Mas já? — ele indagou-se irritado, seus olhos inchados e miúdos mantinham-se forçadamente abertos. — Droga... — resmungou levantando-se lentamente e em seguida pôs-se sentado à beira de sua cama.

    Os cabelos negros estavam desgrenhados e a lateral do rosto mostrava-se marcada e inchada como a de quem dormira de um lado só pela noite toda. Há algum tempo que não dormia tanto... Seria por causa da arrumação de seu apartamento ministrada por seu velho amigo que o cansara ou talvez, devido justamente a companhia dele?

    — Sem chance... Não é como se eu gostasse desse cara! — murmurou aborrecido e pôs-se a olhar para o outro deitado ao chão.

    O cobertor havia parado embaixo da cama, a camisa revelava parte da barriga, a boca aberta denunciava o rastro de saliva que escorrera ao canto; o jovem loiro descabelado dormia igual a uma pedra:

    — Hey, dobe... Levante-se, tá na hora de ir embora! — ainda sentado, ele levou um de seus pés até o amigo e colocou-o sobre o abdômen dele, chacoalhando-o. No entanto, ele permanecia em sono profundo. — Será que tá morto? — o moreno inquiriu-se entediado e permaneceu com aquela ação, até porque, uma hora o garoto teria de acordar.

    Vinte minutos depois...

    — Fala sério... Isso já tá ridículo! — comentou incrédulo com o loiro que ainda dormia e pôs-se de pé. — PORRA DOBE! LEVANTA CARALHO! — chutou com força o amigo de cima do futon e o garoto saiu rolando pelo chão do quarto. — Que merda é essa? — percebeu que Naruto apenas espreguiçou-se no chão e voltou a dormir. — Isso não é sono pesado, é sono de morte... Só pode ser brincadeira! — aproximou-se do Uzumaki e agachou-se em frente ao mesmo. — O rámen já tá pronto... — foi interrompido pelo amigo que se sentou de repente quase chocando sua testa na cara do moreno que se apartou com o susto.

    — Onde? De que sabor? — perguntou com os olhos completamente abertos.

    — Não tem rámen nenhum, idiota! Anda, levante-se e vá embora! — exigiu irritado e preparou-se para levantar, mas foi impedido pelo loiro que o agarrou em um abraço involuntário. — Porra, me solta! — tentava empurrá-lo.

    — Teme... Eu estou tão feliz! Durante todo esse tempo era muito solitário sem você! — confessou com euforia. — Né, né, né... Você vai comigo hoje depois da aula me ajudar a comprar o meu novo celular, né? — questionou esperançoso.

    — Tudo bem, Tudo bem... Agora me solta! — rendeu-se desesperadamente e exigiu, desgrudando o seu rosto do rosto de Naruto e em seguida finalmente conseguindo se afastar dele. — Droga... Nunca mais faça isso! — ordenou enraivecido e pôs-se de pé. — Vai logo embora! Já estamos atrasados... — avisou enfadado.

    — Yoshi! Estarei te esperando depois da aula e se você não vier, eu irei te buscar teme! — advertiu com chamas nos olhos e com o punho cerrado.

    — Tsc... Faça como quiser! — deu de costas e foi até o guarda-roupa em busca de algo para vestir depois do banho que logo iria tomar.

    — Yay! Até mais teme... — o loiro passou a caminhar em direção à porta e o moreno olhou para trás.

    — Espera aí dobe! — o rapaz chamou a atenção dele.

    — Sim, sim? — virou-se para Sasuke, notavelmente alegre.

    — Você não está esquecendo seu futon? — apontou para o colchão ao chão.

    — Ah, não! Eu vou deixá-lo aqui, para futuras eventualidades! — mostrou um sinal positivo com o polegar e esboçou um grande sorriso.

    — Tsc... Você está pensando que isso irá se repetir? — questionou aborrecido.

    — Até mais teme! — o loiro finalmente deixou o quarto e fechou a porta.

    — TSC... Seu puto, eu sei que você ouviu então não ignore! — reclamou em alto e bom som, mas limitou-se a permanecer em seu quarto e logo ouviu o barulho da porta da sala sendo fechada. Provavelmente seu velho amigo já havia ido embora. — Humpf... Incrível como ele continua o mesmo intrometido e petulante de antes! — bufou e em seguida mordeu o lábio inferior, tentando segurar a vontade que tinha de rir daquela situação em que se encontrava.

    Embora quisesse se manter indiferente, ele tinha de reconhecer que naquele momento havia usado muita força para suprimir aquela risada que quase consumara. De certa forma, não queria dar-se ao luxo de cair em gargalhadas como fazia no passado e como há muito tempo não o fazia. Afinal, por mais que ansiasse pela volta de tudo o que perdera durante todo o tempo transcorrido, ele estava consciente de que não era merecedor de tal dádiva e mesmo se o fosse, de nada lhe valeria. Seria o mesmo que alguém com muita sede à beira de um oásis, em pleno deserto árido tentasse apanhar água com um copo esburacado.

    Porém, àquela altura de seu caminho de volta a sua terra natal, ele já não tinha mais tanta certeza de que tudo seria como ele esperava que fosse ser, nem que continuaria a conseguir manter-se sóbrio e em total posse do domínio de seu coração.

    (...)

    Aquela manhã de quarta-feira transcorreu-se normalmente dentro da Universidade, onde muitos alunos encontravam-se concentrados nos estudos e outros nem tanto, mas concentrados em outros assuntos diversos.

    Logo a hora do almoço chegou e o sinal do intervalo soou em todos os pátios da instituição, e rapidamente todos os estudantes puseram-se a sair de suas salas.

    Já na praça de alimentação, os dois amigos seguiam caminhando lado a lado conversando distraidamente quando o loiro avistou as quatro amigas sentadas a uma das mesas:

    — As meninas estão ali, hum... Vamos! — o rapaz sugeriu, apanhou a mão do ruivo e o arrastou até o local destinado. — Yo Ino e amigas da Ino, hum! — cumprimentou assim que se aproximou e de repente a loira pôs-se de pé e levantou-o pela gola da camisa.

    — Quantas vezes eu vou ter que repetir... É NEE-SAMA pra você! — seu olhar medonho emanava ódio encarando os olhos assustados de seu irmão.

    — S-Sim n-nee-sama, hum! — ele gaguejou, ela lhe soltou e o rapaz sentou-se junto do amigo à mesa também.

    — Esses dois sempre foram assim... Não dá pra saber se eles se amam ou se odeiam! — comentou o ruivo nada surpreso com a situação e todos caíram na risada.

    — Que incrível Ino, você ergueu um cara com um braço só e de salto alto ainda por cima... Você seria uma oponente interessante! — argumentou a chinesa com um brilho nos olhos.

    — C-Claro que não! Eu sou delicada, fina e educada... Jamais participaria de algo assim, humpf! — jogou a longa franja para trás da cabeça e sentou-se elegantemente.

    — O que? Além de ogra é mentirosa, hum... Pelo visto você nunca contou para as suas amigas que já me mandou para UTI, hum! — revelou incrédulo com aquela situação.

    — I-Ino-chan? — a Hyuuga arregalou os olhos. — B-Bom, para falar a verdade... A Ino-chan tem cara de quem realmente faria algo assim! — ela pensou recordando-se do que já passara nas mãos da amiga.

    — T-Tudo mentira... — a loira murmurou irritada.

    — Mentira, hum? Lembro-me como se fosse ontem, a gente tava na quarta série e só porque eu fiz um corte da moda nos cabelos da sua boneca você surtou e com o corpo da boneca bateu com tanta força na minha cabeça que eu quase fui para o além, hum! — rebateu enfadado e com certo nível de deboche.

    — Que demais! Ino, você tem que lutar comigo! — a garota de coques olhou para a amiga, com chamas nos olhos.

    — Tenten, o que você tem? I-Isso não é verdade! Eu jamais teria f-feito algo assim! — a Yamanaka retrucou e uma grande aura maligna começava emanar de seu corpo.

    — Como não é verdade, hum? O Sasori estava junto da gente naquele dia, então ele é uma testemunha... Vamos Sasori, diga a todos que eu falei a verdade, hum! — ele pediu a confirmação do amigo.

    — Né, Sasori... — a loira olhou para o ruivo com tal expressão que dispensava qualquer comentário. — Eu fiz algo assim ao meu querido irmãozinho? — ela indagou com a voz sombria.

    — Não! Tudo invenção do Deidara! — respondeu instantaneamente, sem sequer sentir-se culpado.

    — TRAIDOR, HUM! — o loiro fuzilou-o com os olhos e ele desviou o olhar, com a terrível expressão de que “isso não era problema dele”. — Seu puto arregão, eu duvido que tenha sido por medo daquela cara de assassina dela, hum! Tenho certeza de que fez isso simplesmente pela satisfação de me ferrar, hum! — pensou indignado e voltou o seu olhar para a mais velha. — Não adianta você tentar apagar o passado! O que você fez já está feito e você sabe bem que é verdade que já me mandou para a UTI, hum! — foi interrompido pela garota que subiu sobre a mesa e o ergueu da cadeira, novamente pela gola de sua camisa.

    — Pelo visto já tá com saudade, né... Quer que eu te mande pra lá de novo? — inquiriu com sarcasmo, chamando a atenção de todos que por ali caminhavam.

    — M-Menos Ino-chan! — a menina de olhos aperolados argumentou preocupada.

    — Isso aí Ino, arrebenta a cara dele! — a chinesa se empolgou e começou a comer seu salgadinho como se fosse pipoca. — Será que sangue irá rolar? Que demais! — pensou entusiasmada.

    — T-Tudo bem nee-sama, hum! — engoliu a seco e custosamente libertou-se das mãos de sua irmã.

    — Humpf! — esnobe, ela arrumou os cabelos e sentou-se delicadamente, como se nada tivesse acontecido.

    — Eu disse que a Ino-chan era assustadora, né Sakura-chan? — Hinata comentou em voz baixa para que apenas a amiga pudesse ouvir, mas notou que a mesma encontrava-se olhando em direção abstrata, como se nem estivesse ali. — S-Sakura-chan? — chamou a atenção da amiga, estalando os dedos em frente aos seus olhos.

    — Hãn? Ah, sim! — a rosada respondeu um pouco atordoada.

    — Você estava prestando atenção? — questionou desconfiada.

    — Sim, Hinata-san, eu ouvi toda a conversa... Apenas acabei me perdendo em alguns pensamentos, mas enfim... Desculpa! — pediu meio receosa.

    — Nhá, sua boba! Eu também boio algumas vezes... — sorriu e foi interrompida.

    — Algumas? Algumas muitas, né? Você vive navegando na maionese Hina... — a loira implicou com ironia.

    — Ino-chan você é o foco da conversa aqui, então não mude o rumo da discussão... Falou, valeu! — a Hyuuga exibiu um sorriso cínico para ela e todos acabaram rindo outra vez.

    — Ah, já chega desse assunto, hum! — o garoto se manifestou entediado. — Então, eu estava pensando em criar um harém... Meninas, que tal vocês participarem? — questionou seriamente empolgado.

    — Tô fora! — Tenten recusou instantaneamente.

    —Nhá, sinto muito Deidara-kun... Eu passo! — a Hyuuga tirou-se da reta.

    — Não preciso de vocês mesmo, hum! Eu já tenho a Suzuki-chan... — foi interrompido pelo ruivo.

    — Que fique claro! A tal Suzuki-chan é uma moto! — alertou ironicamente.

    — CALADO SEU TRAÍRA, HUM! — o loiro berrou furioso e todos riram novamente. — Espera aí... O Sasori está sentado na mesma mesa que a Sakura, embora estejam a uma distância considerável, mas não está corado, nem agindo feito idiota... Hum, essa é uma ótima chance! — pensou cuidadosamente. — Né, danna... Porque você e a Sakura não buscam bebidas para gente? — ele deu andamento ao seu plano.

    — Hãn? M-Mas porque eu... Se você quer, vá... — o surto do jovem foi interrompido ainda no início.

    — Vamos lá, Sasori-san! — a rosada sugeriu e pôs-se de pé.

    — Viu só Sasori-san... — ele arremedou a garota. — Vai lá logo que eu to com muita sede, amiguinho hum! — olhou com a expressão de “eu vou te matar se você na for” para o outro.

    — T-Tudo bem! — aceitou engolindo a seco e aproximou-se da Haruno.

    — Eu vou querer uma coca bem gelada! — o loiro anunciou tranquilamente.

    — Nhá, eu quero um suco de uva! — a morena também fez seu pedido.

    — O meu pode ser um chá gelado! — a loira pediu educadamente.

    — Ah, traz pra mim um Milk-Shake duplo trufado! — a menina de coques se manifestou.

    — É só, ou irão querer mais algo? — a garota de olhos verdes questionou.

    — Só isso mesmo hum, vão, vão! — Deidara gesticulou com as mãos para que eles fossem logo.

    — Bom, vamos Sasori-san! — a rosada sorriu e passou a caminhar.

    — Ah, sim! — o ruivo pôs-se a acompanhá-la.

    — Tenten, você já devorou dois pacotes de salgadinhos, comeu duas tortas de pêssego e tomou quase sozinha o refrigerante de melão que a Hina trouxe... Você come, come e não engorda! — a Yamanaka comentou incrédula e aproximou-se da chinesa. — Vamos, me conte o seu segredo! — pediu com um brilho no olhar.

    — Segredo? — a garota torceu a cabeça para o lado, com um ponto de interrogação em sua mente.

    Enquanto elas discutiam sobre os mistérios de onde iam parar tudo o que Tenten comia, os dois jovens seguiam lado a lado pela praça de alimentação.

    Um silêncio assustador estabeleceu-se e para o rapaz aquele caminho parecia um infindável trajeto. Porém, após alguns instantes, ele decidiu que se arriscaria tentando quebrar aquela quietude que tanto lhe incomodava e de fato, conseguira a coragem necessária para tal ato:

    — N-Né, Sakura... Hoje a aula passou tão rápido, né? — indagou esforçando-se para gaguejar o mínimo possível e torcendo para que ela não reparasse.

    — Ah, sim! Eu comecei a ler um livro na última aula e nem a vi passar! — confessou inexpressiva.

    — Hum... — ele murmurou e matou a conversa que mal começara. — Droga, como eu sou desprezível... — martirizou-se mentalmente pelo que fizera.

    Alguns segundos depois...

    — V-Você gosta muito de ler, né? — conseguiu perguntar numa tentativa desesperada de ressuscitar a conversa.

    — Sim! Gosto muito! — ela respondeu e instantes depois os dois chegaram à máquina de bebidas, e a menina colocou o dinheiro na mesma começando a retirar uma bebida por vez, entregando algumas para o garoto segurar.

    — Hum... — ele murmurou e percebeu que estava prestes a enterrar a conversa pela segunda vez e elaborou algumas palavras de emergência, para dar continuidade ao seu “hum”. — Imaginei que gostasse, afinal, sempre te vejo lendo algum livro durante os intervalos da universidade e até mesmo em algumas pausas em sua sala lá no conservatório... — completou sem se dar conta do que falava e a rosada apanhou a última bebida da máquina.

    — Hãn? — ela pôs-se a fitar o rapaz. — Mas a sua sala fica um pouco longe da minha... Estou surpresa que saiba o que eu faço nas minhas pausas! — ela comentou abismada e foi aí que o garoto percebeu o que acabara de falar, deixando até mesmo cair ao chão uma das bebidas que segurava.

    — N-N-Não é p-porque eu te e-espiono ou algo a-assim, é que eu, eu s-sou apenas um b-bom observador! — ele surtou e seu rosto estava queimando em rubor. — Ai meu Deus, é o fim! O sonho acabou! Agora ela vai achar que sou um pervertido e nunca mais irá falar comigo! Céus, como eu me odeio! — pensou desesperado enquanto esperava pela resposta da menina a sua frente.

    — Incrível... — ela pronunciou perplexa.

    — I-Incrível? — ele gaguejou como se já esperasse por um balde d’água fria logo a seguir.

    — Incrível Sasori-san! Eu não sabia dessa sua habilidade... É o esperado do vice-diretor! — ingênua e inesperadamente ela acreditou no que ele dissera e estampou uma expressão de admiração.

    — D-Droga... Ela é tão fofa! — comentou mentalmente, esforçando-se para não derreter. — S-Sim... Eu s-sou bom nisso! — esboçou um sorriso amarelo. — Ela realmente acreditou... Deus, obrigado pela segunda chance! — pensou aliviado. — B-Bom, vamos voltar... — ele se abaixou para pegar a latinha que derrubara ao chão.

    — Né, Sasori-san... Não deveríamos comprar outra, essa coca caiu no chão e... — foi interrompida.

    — N-Não, está tudo bem! Não se preocupe! — comentou simpático e disfarçadamente deu mais uma agitada na latinha e pôs-se a caminhar.

    — Hum, ok! — ela passou a acompanhá-lo.

    Logo os dois chegaram à mesa onde se encontravam seus amigos e o ruivo entregou as bebidas que segurava exceto o pedido de seu amigo:

    — Vamos, Deidara! Já chega de atormentar as meninas! — ele ironizou dando de costas para o colega e pondo-se a caminhar.

    — Até mais meninas, hum! — o loiro despediu-se e correu até o outro, para alcançá-lo. — Espera seu puto! — exigiu projetando-se ao lado dele.

    — Aqui pra matar sua sede! — Sasori jogou a latinha para o amigo.

    — Ah, cara! Valeu, te pago quando puder, hum! — avisou e assim que abriu a lata, o refrigerante jorrou em sua cara, quase lhe matando afogado. — Comprou pra matar minha sede ou pra me matar, hum? — o loiro com o rosto encharcado e incrédulo, indagou.

    — Não sei do que você está falando! Isso foi um acidente! — mentiu tão descaradamente que sequer fizera alguma força para parecer convincente.

    — Sei, hum... — olhou para o lado indignado, passou a mão no rosto como se fosse um rodo, rapando o excesso do líquido. — Merda... Mas, me diga como foi lá com a Sakura, hum? Algum progresso? — mudou o assunto e indagou com a expressão de quem não estava esperando por grande coisa.

    — Mais ou menos... Eu acabei revelando sem querer que eu gasto muito do meu tempo espiando-a! — contou tentando esconder sua decepção.

    — Hum... E o que isso contribui com o progresso do seu “romance platônico unilateral não correspondido”, hum? — questionou entediado.

    — Droga, esse cara... Ele escolhe propositalmente essas palavras desgraçadas para se referir aos meus sentimentos por ela! — pensou assassinando o amigo em sua mente. — Bom... Agora ela sabe que sou um bom observador e me acha um incrível vice-diretor por isso! — argumentou irritado.

    — Hum... — o loiro começou a bater palmas. — Parabéns, amigão! O patrão ganhou pontos de admiração profissional com a professorinha, hum... E agora que tal convidá-la para um chá da tarde com a Chiyo obaa-san, hum? Ah, e aproveita para desafiá-la em uma partida de xadrez! — sugeriu com pesado sarcasmo. — Porra meu, tu até parece que virou santo, hum! — o loiro proferiu incrédulo e quase arrancou os próprios cabelos.

    — Sabe Deidara... Se eu pudesse voltar no tempo, jamais teria me tornado seu amigo... Seu puto! — desviou os olhos para o lado, aborrecido.

    — Hum, sinto lhe dizer, mas infelizmente o passado não vai voltar, meu caro, hum! — ironizou vitorioso.

    — É... Infelizmente! — suspirou profundamente, derrotado.

    Assim, o horário do almoço transcorreu-se e enfim acabou. Todos os alunos regressaram às suas atividades pendentes na universidade.

    (...)

    O jovem Uchiha encontrava-se na sala de seu clube quando finalmente soou o sinal, anunciando a todos de que a carga horária estudantil daquele dia já havia sido totalmente cumprida. Agilmente, o rapaz apanhou suas coisas e deixou o local o mais depressa possível em uma tentativa desesperada de fugir de seu velho amigo, mas não foi bem sucedido.

    Precavido, o loiro já o aguardava na saída do corredor e o assim que passou pela mesma, ele o apanhou pelo braço e pôs-se arrastá-lo consigo:

    — Yoshi! Vamos a uma lojinha que tem aqui mesmo em Nakano... Então dá pra ir a pé! — salientou eufórico.

    — Tsc... Tudo bem, mas me solta! — desvencilhou-se do amigo e conseguiu se livrar de suas mãos.

    — Teme, estarmos juntos é tão nostálgico... Você não acha? — comentou com uma expressão alegre.

    — Hum... T-Talvez! — desviou os olhos para o lado, um pouco relutante.

    O jovem Uzumaki esboçou um enorme sorriso e logo os dois chegaram a tal loja para comprar o novo aparelho celular para o loiro, porém, de uma simples escolha de telefone, aquela virou uma convenção de compras de eletrônicos. E incrivelmente Naruto arrastou Sasuke consigo pela loja até aproximadamente dezessete horas e vinte minutos daquela tarde de quarta-feira e assim que saíram do estabelecimento, ambos foram até uma cafeteria que ficava por ali perto:

    — Cara, com certeza essa é a melhor torta da cidade! — o loiro sentado à mesa ao lado de fora na calçada comentou de boca cheia e com um brilho no olhar. — Você não sabe o que está perdendo... — ressaltou para o Uchiha que se limitava a tomar um chá amargo.

    — Não gosto de doces! — pronunciou entediado e tomou um gole da bebida. — Sério dobe, eu quero ir embora... — resmungou após um longo suspiro.

    — Teme, espera eu comer a minha torta... Humpf! — exigiu e bufou irritado, mas logo em seguida sua expressão se tornou tensa.

    — Nossa, que cara é essa? — o rapaz indagou surpreso com a cara do outro, que já começava a suar.

    — A-Ai que dor de barriga... — o garoto levou as mãos à barriga segurando-a. — Teme, me espere aqui... Ahhh! — pediu levantando-se apressadamente e correndo em direção ao interior da cafeteria.

    — O que? Você tá de brincadeira, né? — o moreno reclamou incrédulo com aquela situação.

    — SAI DA FRENTE QUE EU PRECISO CAGAR! — o Uzumaki aproximou-se do banheiro aos berros, todos que estavam na fila abriram espaço assustados e todos os presentes naquele lugar ouviram o escândalo.

    — Ai que vergonha alheia... — o Uchiha perplexo abaixou a cabeça. — Droga, esse cara não conhece o significado da palavra “discrição”! — pensou aborrecido.

    Enquanto isso, ainda em Nakano, a jovem de cabelos róseos que teve de participar de uma reunião de funcionários surpresa no conservatório de música em que trabalhava desde segunda-feira, foi liberada mais cedo. E como ainda faltava por volta de meia hora para o horário do trem que ela pegava todos os dias para ir para casa em Asaka, resolveu ir comprar algumas tortas de morango que Ino tanto gostava em uma cafeteria que ficava ali por perto:

    — Parece que foi ontem que cheguei a Tokyo e estive aqui com a Ino-san! — ela suspirou com nostalgia assim que se aproximou da entrada da cafeteria e de repente o rapaz cabisbaixo sentado em uma das mesas ao ar livre levantou a cabeça e avistou-a.

    — S-Sakura? — ele pronunciou seu nome em pensamento e instintivamente abaixou-se, escondendo-se por detrás da mesa, de forma que ela não o notou ali.

    A jovem Haruno adentrou a cafeteria e após alguns minutos saiu da mesma, carregando algumas sacolas. De costas para o rapaz que a observava secretamente, seus longos fios de cabelos balançavam com o vento álgido daquele fim de tarde e aos poucos ela se afastava.

    — Tsc... O que estou fazendo? Droga... — o rapaz pôs-se de pé e respirou fundo. — Eu já não sei mais o que esperar de mim mesmo! Eu não sei mais o que o destino me trará... Mas, eu poderia tentar? — indagou-se apático, colocou sua parte em dinheiro sobre a mesa e passou a correr em direção a jovem Haruno e assim que a alcançou, pegou-lhe pelo braço repentinamente, fazendo com que parasse e volta-se para si.

    — Hãn? — assustada, a rosada arregalou os olhos e percebeu de que se tratava de Sasuke, e não um delinquente como imaginara, embora o primeiro também não lhe agradasse. — S-Sasuke-kun? — proferiu o nome, atordoada.

    — Sakura, eu... — foi interrompido.

    — O que você está fazendo? Solte-me! — ela tentou libertar-se em vão, afinal, havia uma grande diferença de força entre os dois.

    — Eu não posso! — ele passou a fitá-la com um olhar abatido.

    — Porque você não pode? Aliás, porque você está fazendo isso comigo? O que eu fiz pra você? — ela o bombardeou com perguntas mais irritadas do que magoadas e por alguns segundos não obteve respostas. — Você está brincando comigo, não está? — seus olhos verdes tremularam e marejaram-se.

    — Eu não estou brincando com você! Eu apenas... — foi interrompido outra vez.

    — Eu não sou ninguém importante pra você, não é mesmo Uchiha Sasuke? — ela indagou derrubando uma única lágrima, porém manteve-se indiferente. — Eu já disse pra você nunca mais falar comigo! — ela tentou novamente apartar-se do moreno, mas com a dificuldade ela começou a se debater e resmungar. — Me solta... — repetiu várias vezes.

    — SAKURA! — ele gritou irritado e com o susto ela calou-se.

    Ele aprisionou-lhe o pequeno rosto com uma de suas mãos e selou os seus lábios aos dela, beijando-lhe a força. Nos primeiros segundos ela tentou empurrá-lo, mas outra vez a diferença entre ambas as forças imperou e culminou na rendição da garota. Alguns instantes depois ele finalmente cessou aquele beijo roubado e apartou-se lentamente dela:

    — E-Eu gosto de você... Perdoe-me?! — pediu olhando-a nos olhos, angustiado e seu rosto ruborizou.

    — Sasuke-kun... — as lágrimas desataram a cair de seus olhos e sua expressão impassível tornou-se abatida, corada. — E-Eu sempre gostei de você... Mas você me magoou tanto que é difícil perdoá-lo! — confessou fungando entristecida.

    — Sakura, eu não irei cometer os mesmos erros... Então, fica comigo? — pediu pausadamente, engolindo a seco.

    — I-Isso é uma promessa? — ela indagou receosa e de certa forma, com nítida esperança em seus olhos verdes.

    — Sim! Eu amo você... — confessou sentindo as bochechas enrubescerem ainda mais e buscou novamente pelos lábios dela que desta vez receberam-lhe de espontânea vontade selando o beijo.

    De repente o garoto que até então estava ocupado com suas necessidades no banheiro finalmente terminou e deixou a cafeteria, aproximando-se de sua mesa ao ar livre:

    — Ei teme, o que você tá fazendo aí embaixo? — o loiro torceu a cabeça para o lado intrigado. — Perdeu alguma coisa? — questionou confuso e sentou-se na cadeira.

    — Hum? — o rapaz foi subitamente retirado de seus devaneios pelo amigo e percebeu que a rosada já havia sumido de seu campo de vista. — É... P-Perdi, mas já achei! — ele inventou, levantou-se e bateu a poeira da calça sobre o joelho, sentando-se posteriormente.

    — Que seja... Bom, onde nós estávamos... Né, né eu te contei que nas férias do ano passado... — deu continuidade a conversa de antes, que se iniciara ainda na loja.

    O jovem Uchiha apenas fingia-se ouvinte das palavras de seu velho amigo, pois, involuntariamente ele ainda pensava naquele devaneio que tivera a pouco, que o colocara em uma profunda reflexão.

    — Será que algo assim realmente aconteceria? — questionou-se mentalmente. — Não! Acho que não... Estaria me superestimando se acreditasse que algo assim fosse acontecer, afinal, ela me odeia! — pensou e suspirou abatido. — B-Bem, mas também não é como se eu quisesse que algo assim acontecesse, a-aliás, n-nem sei por que diabos algo assim se passou pela minha mente! — renegou a sua própria vontade em seus pensamentos. — Droga, Sakura... Eu apenas tenho que te esquecer! — refletiu aborrecido.

    De certa forma, aquela situação que sem querer ele imaginara enquanto avistava sua velha amiga afastando-se da cafeteria, o deixara significativamente balançado. Embora relutante a aquele sentimento, ele sabia que ainda o sentia e que deveria ser cauteloso em relação ao que ele realmente queria, pois a nada o levaria mergulhar de cabeça em suas vontades, se ao fundo uma grande muralha lhe barraria. Porém, ele sentia-se um pouco confiante de que com o tempo, iria acostumar-se com aquela situação e esqueceria a menina de cabelos róseos de uma vez por todas, pois, desde que regressara, apenas quatro dias ainda era muito pouco para definir que tal tarefa fosse impossível.

    Mas no fundo ele se perguntava... E se fosse?

    Se algo assim realmente houvesse acontecido... Será que ele seria capaz de manter-se sóbrio diante daquela pessoa ou ele agiria por impulso, e se atiraria aos braços dela sem sequer pensar nas consequências? Honestamente, ele não queria descobrir tão cedo como seria sua reação em uma situação semelhante àquela que imaginara, porém, naquele momento ele tinha de admitir que por pouco ele não fizera o que fora capaz de fazer em seu doce devaneio.


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