Viva La Vida

  • Poya
  • Capitulos 8
  • Gêneros Amizade

Tempo estimado de leitura: 1 hora

    16
    Capítulos:

    Capítulo 8

    Capítulo 08: Procura-se um menino comportado.

    Linguagem Imprópria, Violência

    Natsu POV on:

    – Nathan! Você quer parar de correr pela casa? – Ofegava um pouco enquanto falava com um tom de voz rígido com o menino que ao menos parecia me escutar. Soltava gargalhadas altas e adentrava pela sala, escondendo-se atrás do sofá. – Você ainda precisa vestir as calças.

    É de conhecimento geral que uma criança corre muito mais devagar do que um adulto, mas nessa circunstância, podia-se dizer que meu filho não se encaixava. Por mais que eu tivesse um condicionamento físico ideal para minha idade, confesso que já me sentia cansado. O que já era de se esperar, já que fazia cerca de vinte minutos que estávamos nessa situação.

    – Você gosta tanto assim de ficar como veio ao mundo? – Murmurei para eu mesmo, já sentindo minha paciência em um ponto não tão favorável. Observei a pequena calça, que imitava o tecido jeans em uma cor clara, por pouco ainda estava lhe servindo, acho que estava exagerando, já que as vestimentas estavam quase completas. Bufei, não acreditando muito no que eu iria fazer. – Nathan, se você vestir a calça o papai irá comprar sorvete para você. – Não costumava chantagear meu filho para que o mesmo se comportasse devidamente, era algo que não gostava de fazer, por que sei que isso corre o risco de acabar mimando o garoto. Não me recordo da última vez que tenha feito algo do tipo.

    Percebi que ele pareceu se interessar com o que eu havia falado, já que agora se esticava de maneira que conseguisse fitar meu rosto, porém, permanecendo com boa parte de seu corpo ainda atrás do sofá. Para meu azar, Nathan esboçou um sorriso travesso, e assim, correu para a cozinha, se enfiando abaixo da mesa, de uma forma que me dificultasse para que conseguisse o pegá-lo, já que as cadeiras estavam próximas uma das outras.

    Não tinha outra maneira de conseguir tirar o menino de lá, era óbvio que ele ficaria um bom tempo ali em baixo caso eu desistisse. Virgo havia me dito que Nathan estava se comportando de uma maneira diferente, o garoto estava fazendo birra e eram poucas as vezes que não fugia, para outro cômodo, na hora do banho. Pulava seguidamente na cama desarrumando as cobertas e ainda mexia nos armários que continham matérias de limpezas. Nenhum desses casos haviam acontecidos comigo, mas agora vejo que isso deve ser ligeiramente controlado. Não era algo que eu imaginava que pudesse acontecer tão cedo, mas a verdade é que eu parecia não ter aberto os olhos. Faltavam três meses para que ele complete dois anos, acredito que essas atitudes desobedientes acompanhem a idade.

    Como se tudo isso não bastasse, meu filho estava me atrasando. Faltavam poucos minutos para começar a reunião entre professores que teria na escola, a principio eu não iria, já que Virgo havia dito que não poderia ficar com ele durante algumas horas a mais. Então eu teria de levar ele junto, já estava inventando alguma desculpa convincente para avisar que não estaria presente, mas Lucy fez com que eu mudasse de ideia, e agora, já não tinha como voltar atrás.

    – Vamos pequeno... Nós iremos passear. – Enfiei a mão vagarosamente entre as cadeiras e balbuciei as palavras em um tom aveludado para que enfim ele se rendesse. Percebi que o rosado iria novamente escapar, rapidamente, me abaixei e larguei a calça no chão, puxei uma das cadeiras e peguei Nathan em meus braços. – Não, você não vai escapar de novo. – Levei o garoto até a sala enquanto já pegava novamente a calça, com um pouco de dificuldade, já que o mesmo se esperneava.

    Por fim consegui vesti-lo, dessa vez, ele permaneceu quieto e comportado, o que havia me deixado desconfiado.

    – Papai... Eu ainda vou comer ‘sovete’? – Então era isso? Suspirei alto, sem saber o que dizer, peguei o menino no colo e me direcionei para a porta do apartamento.

    – Vou pensar no seu caso.

    [...]

    Nathan estava inquieto, já passando dos limites. A cada minuto que se passava ele arrumava outra maneira de incomodar, nesse momento, se movia em meus braços, tentando escapar, enquanto murmurava algumas palavras que afirmavam que queria ir andando. Não duvido que, caso deixasse fazer isso, ele acabe fugindo de mim rua a fora. Pergunto-me ao certo desde quando ele tinha ficado assim, acho que tudo começou quando me descuidei no mercado. Estremeci ao lembrar que Lucy havia me ajudado não que isso fosse algo negativo, mas a questão é saber como ele irá reagir ao revê-la.

    Era esse um dos motivos que não queria vir acompanhado dele hoje à noite, sabia que Nathan não havia se esquecido da loira, já que algumas vezes havia perguntado onde ela estava ou questionava se a veria novamente. Acabou por ocorrer uma vez, antes de eu sair para trabalhar, o garoto dizer a Virgo que havia encontrado sua “mamãe” no mercado. Foi uma situação extremamente desagradável, eu ao menos sabia o que dizer a ela, já que eu havia contado que meu filho era órfão de mãe.

    O percurso até escola acabou por demorar menos do que eu queria, bastava apenas uma quadra de distância para que eu conseguisse chegar até lá. Suspirei e coloquei Nathan no chão calmamente, para que pudesse explicar que ele deveria se comportar, no momento em que estivesse dentro da escola. Assim que sentiu seus pés no chão, teve seu olhar dirigido a mim, parecendo desconfiado, talvez tenha pensado que eu enfim havia me rendido.

    – Nathan, agora é sério. – Abaixei-me em sua altura e fixei meu olhar no seu. Talvez tenha exagerado, pois o pequeno recuou alguns passos para trás. – Você precisa se comportar direitinho lá dentro, ok? O papai veio trabalhar e te trouxe junto, por que a Virgo-chan não podia ficar com você, entendeu? – Não obtive respostas, ele apenas me fitava intensamente, até que assentiu. Passei a mão em seus fios rosados e sorri afavelmente, em seguida segurei a mão do garoto voltando a caminhar em direção a escola.

    Lucy POV on:

    “Você vai vir?”

    Fitava a pequena frase escrita no visor de meu celular, fazia alguns minutos que havia digitado e enviado para Natsu, mas até o momento, não obtive respostas. Hoje teria uma reunião importante na escola, era algo que se precisava de um bom motivo para não se fazer presente. Não sei ao certo o que o rosado faria para justificar a falta, é uma situação complicada, já que ele prefere deixar a existência de Nathan em sigilo. Eu realmente não sou nenhum pouco a favor disso, mas Natsu diz que apenas não gosta de misturar o trabalho com a vida pessoal.

    Já faz algum tempo desde o incidente do mercado, logo nos primeiros dias que se sucederam, eu acabei fazendo perguntas relacionadas ao garotinho, o que acabou sendo inevitável por eu ser uma pessoa extremamente curiosa e apaixonada por crianças. Percebi que Natsu não estava preparado, digamos assim, para ser aberto a esse assunto. Toda vez que eu mencionava o rosadinho em meio a nossas conversas ao intervalo, ou encontros no pátio, Natsu não me dirigia muitos detalhes ou procurava mudar de assunto rapidamente. Não é como se ele fosse um pai ruim ou algo do tipo. Muito pelo contrário, eu sei que ele é atencioso e extremamente carinhoso com seu filho, mas essas questões são algo que eu não posso me intrometer.

    – Você vai ficar aí até quando? – Despertei de meus devaneios quando escutei a voz da Erza chamar minha atenção. A ruiva caminhava lentamente até o banco que onde eu estava sentada. – Logo a reunião vai começar. – Sentou-se ao meu lado e abriu um sorriso cansado, ultimamente não temos nos falado muito, Erza tem ficado muito ocupada com a diversidade de seus trabalhos.

    – Eu sei... – Murmurei as palavras enquanto direcionava meu olhar para a entrada da escola. O céu já havia adquirido seu tom escuro, mas ainda não era uma negritude imensa, ao ponto de somente as estrelas e a Lua iluminarem o local.

    – O que você estava fazendo em todo esse tempo? – Erza questionou, logo colocando suas pernas para cima do banco, pousando seus braços nos joelhos, de uma forma que conseguisse apoio para deitar seu rosto ali.

    – Pensando na vida alheia. – Respondi rapidamente, voltando a observar à ruiva. Não demorou muito para que uma expressão maldosa se estampasse em sua face, o que de certa forma, fez com que percorresse um frio por minha espinha.

    – E com isso você quis dizer Natsu, não é? – Era algo que eu já esperava sair de sua boca. Qualquer oportunidade que Erza tinha para me meter em situações desconfortáveis, ela o fazia sem piedade. Senti minhas bochechas arderem vagarosamente, então, tratei de contrariar suas palavras rapidamente.

    – Você sabe que tenho coisas mais interessantes para pensar.

    – Claro... Sei muito bem que isso não passa de uma grande mentira. – Soltou uma risada debochada que por fim, fez-me optar por deixar o assunto se dissipar pelo ar. – Ok, eu vou parar. – Cessou as risadas no momento em que viu minha expressão nenhum pouco agradável.

    – Que bom que você entendeu.

    – Sabe Lucy... Independente da amizade se for com pessoas boas ou ruins, de anos ou semanas, com distância ou convivência diária, sempre irão existir momentos de zoação, isso é completamente normal. Mas, caso você precise um dia conversar, eu estarei aqui para te ouvir. – Apenas assenti em resposta. Ouvir isso de alguém que você se sente bem estando perto, te deixa com uma sensação de conforto, mas a verdade é que as coisas não se encontravam tão complicadas assim, de forma que isso precisasse ser dito.

    – Acho melhor voltarmos. – Pronunciei-me novamente após alguns segundos de silêncio. A ruiva concordou, e assim seguimos para a sala dos professores.

    [...]

    Tudo estava ocorrendo dentro dos conformes, à seriedade no momento, encobria o local, por mais que todos possuíssem atitudes infantis habitualmente. Tratavam os assuntos que envolviam as turmas, com a compostura devidamente correta. Tivemos de começar sem o diretor, já que o mesmo havia se atrasado por estar fazendo entrevista, em busca de contrato para um novo zelador, acabou por ele chegar cerca de 15 minutos depois.

    Podia-se dizer que eu estava mergulhada em tédio. Não havia muito o que eu fazer, já que era responsável somente por uma turma. Observei de relance o relógio analógico, simples, que havia suspenso na parede. Os ponteiros escuros indicavam que já se passava das 19:30, suspirei discretamente, parece que Natsu não viria.

    Por fim, Erza tinha razão, eu realmente estava pensando muito no rosado ultimamente, por mais que fossem mínimos os detalhes, seus cabelos que possuíam uma coloração exótica, ou seu sorriso encantador, sempre arrumavam alguma forma de surgirem em minha mente.

    – Lucy, está me ouvindo? – Não sei ao certo por quanto tempo permaneci comendo mosca, mas assim que escutei a voz de Macarov, acabei me assustando. – Já pode começar.

    – Ah, perdão... – Desculpei-me enquanto arrumava minha postura na cadeira. – Até o momento, não tenho nada a reclamar ou ressaltar quanto minha turma, os alunos estão atingindo seus objetivos, conforme foi previsto nos períodos, ao início do ano.

    – Certo... Houve algum tipo de comportamento inadequado? – O diretor fez algumas anotações em seu caderno e logo voltou a me questionar.

    – Não... Se estou certa, desde o dia em que Yui acabou mordendo o braço de Hideki, por não ter lhe emprestado a tesoura, não houve mais acontecimentos que se encaixem a mau comportamento.

    – Entendo... Caso ocorra algo parecido novamente, não cogite em esconder – Assim que assenti, escutei batidas na porta, que estava entreaberta. Como estava sentada de costas, não me dei o trabalho para virar, por mais que tivesse ficado intrigada, ao perceber os olhares curiosos que tinha em minha volta.

    – Com licença, será que ainda posso entrar? – Sorri levemente ao perceber de que a voz pertencia, por fim arrastei um pouco a cadeira, de uma forma que facilitasse meu movimento para trás. Deparei-me com Natsu sorrindo sem graça, enquanto segurava a mão do pequeno Nathan, que se mantinha escondido atrás de suas pernas. Houve alguns segundos de silêncio, até que Juvia se pronunciou.

    – N-natsu... De quem é esse menino?


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