Desculpa-me

Acordei e não havia ninguém no quarto, Akemi já tinha saído, provavelmente para as aulas. Saí depressa da cama, tomei um duche, vesti-me, arranjei-me e saí do quarto em direção á entrada do dormitório. Saí e vi uma multidão de gente em volta de um contentor de lixo, o que era raro.

-O que se passa? – Perguntei a uma rapariga.

-Não se sabe, mas está um cheiro horrível a vir daquele contentor e como ninguém veio buscar o lixo, está aqui desde cedo.

Aquele era o contentor onde eu tinha deixado o corpo de Shiro, preciso livrar-me daquele corpo, mas como?

-Hey, Kisara! – Uma voz feminina me chamou, olhei para trás e era Akemi a vir na minha direção. – Sabes o que aconteceu aqui?

-Só o maldito lixo que cheira mal, mas não vejo necessidade para tanto alarido.

-Ah, sabes como é, escola sempre prevenida. Mas realmente, é um cheiro estranho, parece carne morta, um animal. – É… um animal…

Abriram o contentor e o cheiro piorou. Tiraram várias coisas, até que pegaram no corpo enrolado no cobertor.

-O que é? – Já vais descobrir…

-OH MEU DEUS! – Gritou um dos professores na frente. – Alguém chame a polícia, os bombeiros rápido!

Eles não têm provas, não têm como descobrir que fui eu.

-Kisara? Estás bem? – Perguntou Akemi preocupada.

-S-Sim… Estou bem

-Estás um pouco pálida… Tens a certeza?

-Sim, eu estou bem, Akemi. – Virei costas e fui para o dormitório de novo.

Sentei-me na cama e comecei a pensar em mil e um planos para sair desta. Se descobrissem era o meu fim, mas tinha de estar atenta e cuidadosa, um passo em falso e tudo acaba.

Naquele dia fui uma idiota por pensar que iria conseguir fugir daquela situação, não ser apanhada e julgada pelo crime que eu cometi. Fui tão ingénua…

Tinha que me livrar das armas, das roupas. Mas teria de ser de noite, agora tinha de tentar agir normalmente.

Fui para as aulas, ouvi uns boatos sobre o que tinham encontrado, mas não liguei. Akemi tinha desaparecido, não veio às aulas (o que não é nada dela faltar), estava preocupada. Depois das aulas terminarem segui para o dormitório e cruzei-me com Rin, mas não trocamos nenhuma palavra, apenas segui em frente.

Entrei e corri até ao quarto, Akemi estava sentada na minha cama com o saco das minhas armas e as roupas manchadas de sague.

- A-Akemi?

-Kisara… Foste tu, não foste? – Perguntou sem levantar a cabeça.

-Não, isso foi…

-Foi do quê?! – Interrompeu – Fala Kisara, foste tu quem matou a Shiro?

-Fala baixo, podem ouvir-nos. – Falei mantendo a calma.

-Porque? Foi por causa do Rin… Mas tinhas de matar uma pessoa por isso?

-Foi por amor, Akemi, apenas por amor. – Fiquei mais séria.

-Amor? Aquilo não era amor, é obsessão!

-Akemi…  - Sentei-me ao lado dela, mas ela levantou-se e afastou-se de mim. – Não te afastes, eu só o queria para mim, mas ele não deixou!

-Acho que mereces a verdade agora. Eu e o Rin ficámos juntos, nas tuas costas! E não fui só eu! Foi a Shiro e muitas mais, por isso vai ter de nos matar a todas Kisara, todas!

-Akemi… - Comecei a rir – Não devias ter dito isso, minha linda – Pego no machado que estava no saco – Nem devias ter baixado a guarda, agora eu vou ter de fazer aquilo que eu não queria.

-K-Kisara, pára por favor. – Falou apavorada. – Tu não tens de fazer isto!

-Tenho sim, se eu te deixar ir voltas para o meu Rin e também irias contar tudo o que sabes á polícia, por isso sim, eu tenho de o fazer! – Não esperei mais e com o machado, cortei um pouco da sua garganta. Depois disso, cortei-a e cortei-a sem parar, fazendo o chão ficar manchado de sangue.

-Desculpa, Akemi… - Comecei a chorar e caí de joelhos frente ao corpo.