A minha mais nova assistente

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    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    Prólogo

    Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    O líquido escarlate se debruçava no plano sujo do chão carcomido por cupins daquela casa já bem velha e muito imunda e plenamente abandonada. Mas que lugar mais sórdido para aquele corpo. Não havia nada ali além de um silêncio que parecia gritar palavras de morte para ele, rindo-se de sua solidão, rindo-se dos seus ferimentos abertos. O vento açoitava com imensa violência, fazendo-as ranger como fantasmas do passado obscuro daquele ex-Comensal.

    Aquele era o seu fim. Iria morrer sozinho assim como havia temido durante todos os seus anos de vida. Ninguém iria ali para poder salvá-lo. Não haveria um herói e nem uma heroína. Agoniou-se com soluços miseráveis e muito baixos. O ar parecia algo muito imaginário para ele, algo distante como uma estrela e intocável. Sua pele estava insensível. Seus sinais vitais se apagando aos poucos com um sopro.

    Parecia estar totalmente fora de seu corpo, flutuando no vácuo, em um espaço negro, girando em um tornado sem fim, saindo de fogo. Abriu os lábios de modo débil. Sua língua parecia estar pesada e áspera como se tivesse ingerido quilos e mais quilos de areia. Seu peito parecia estar sendo estilhaçado.  Sua garganta estava estreita como se imensas bolhas a preenchessem.

    O suor se alastrava por sua testa, caindo por suas bochechas deixando para trás um longo rastro úmido e salgado. Sua mente rodopiava. Seu crânio latejava tanto que era como se o seu cérebro estivesse crescendo e o rompendo. Tossiu de modo seco. Só queria que aquilo acabasse.

    O seu coração parecia estar sendo agarrado por dedos frios e sendo arrancado. Aliás, que coração? O que restara daquela parte de Severo Snape fora removido totalmente por Lilian Evans assim que ela o conheceu. A ruiva levara tudo quando morrera tentando proteger seu filho.

    O mestre de poções fechou os olhos, a escuridão planando sobre ele como uma ave de rapina. Suas garras afiadas se esticando para destroçá-lo em milhões de pedaços. A águia da Morte se debruçou sobre ele.

    Achou que por fim tudo havia acabado até ecos prolongados atingirem seus ouvidos. Passos vinha em sua direção, mas ele não conseguia mais abrir os olhos. Sentiu a presença de alguém bem á seu lado. Os passos cessaram.

    O piso rangeu de modo fantasmagórico, dando pequenos estalos altos e secos como galhos se fragmentando. Sentiu algo envolver seu pulso. Algo firme e grosso. Alguma coisa roçava em sua pele: respiração. Respiração quente e rápida.

    Sentiu cócegas em seu rosto e um perfume de xampu de camomila invadiu suas narinas. Uma dor aguda se apossou de seu ferimento assim que o mesmo foi tocado de leve e pressionado. Alguém viera o buscar. Talvez fosse um anjo... Mas que bobagem! Anjos não existiam.

    Severo Snape foi envolvido cuidadosamente por sua cintura e içado para cima. Senti a pressão de outro corpo contra o seu. E então, foi como se estivesse sendo sugado através de um longo túnel. Caindo, caindo, caindo...

    Tudo parou com um baque surdo. Snape estava sendo carregado para algum lugar. Talvez estivessem largando seu corpo em um beco escuro da Travessa do Tranco para que seus restos apodrecessem por ali mesmo. Se ao menos pudesse lutar.

    Uma luz clara e opaca como um halo branco invadiu suas pálpebras cerradas, fazendo seus olhos rolarem nas órbitas de um modo débil. Escutou vozes, mas não conseguia compreender o que diziam ao certo. Parecia um idioma totalmente diferente do inglês. Havia confusão. Muita confusão.

    Snape sentiu-se sendo levado para baixo, deitado em algo quente e macio, confortável como as nuvens. A última coisa da qual teve consciência parcial, foi de uma voz feminina de uma adolescente.


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