Alma Gêmea: Destinados

Tempo estimado de leitura: 2 horas

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    Capítulos:

    Capítulo 5

    Déjà Vu

    Gente, me desculpem mesmo pela demora; fiquei super sem tempo esses dias...

    Boa leitura!!!

    PS: Quero saber o que acharam, viu?

    Mas volto rápido de meus pensamentos; tenho que abominar as ideias que possam me fazer desistir. Sei o quanto ele me ama, e o quanto ele me faz bem. Isso deve... bastar.

    - Aceito. - digo, vendo seu olhos brilharem e o sorriso se alargar enquanto ele coloca o anel em meu dedo.

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    Cap. 5

    Apesar de insistir que não era necessário, Guilherme fez questão de marcar um jantar à noite para reunir as nossas famílias e dar a notícia do noivado. Eu estava nervosa demais sentada ao lado dele, enquanto tentava esconder a aliança que parecia pesar uma tonelada para que os parentes não a vissem antes da hora.

    Eu não quis falar. Mas Guilherme falou por nós dois. Meu pai arregalou os olhos, enquanto minha mãe e minha futura sogra já discutiam os detalhes do vestido.

    - Prometo fazê-la muito feliz, Sr. Connor! - Guilherme se dirigia a meu pai, tentando de qualquer forma mudar sua expressão de pânico.

    - Dan, deixa de bobagem. Eles são ótimos juntos! - interveio minha tia Lucy, irmã gêmea de meu pai. Ela pousou a mão em seu ombro e ele respirou fundo, voltando a atenção ao prato do jantar.

    No fim da noite, as lamentações foram inevitáveis. Meu pai e minha tia choravam ao lembrar dos meus avós, e do quanto gostariam de que estivessem ali naquele momento. Tentei encontrar palavras para acalmá-los, mas não pude fazer muito; uma vez que jamais pude ter a presença dos dois na minha vida.

    Às 11h da noite, despedi-me de Guilherme e dos seus pais; juntei os cacos que sobraram de minha família e carreguei todo mundo de volta pra casa. Hoje havia sido um dia difícil em todos os sentidos. As lembranças passavam como flashes enquanto eu tentava de todas as formas afastá-las e finalmente poder dormir.

    ¨ * ¨

    - Bom dia. - falei para David, enquanto ele abria os olhos com dificuldade para se ajustar à luz. - Não, não, não faça isso! - o intervi, segurando seus ombros e o empurrando de volta ao travesseiro, enquanto ele tentava se sentar de qualquer forma.

    - Bom dia... Ai! - ele gemeu e pôs a mão na testa assim que se deitou.

    - Não tenta levantar, senão vai doer mesmo. - eu disse, sorrindo pra ele. Senti minhas bochechas começarem a esquentar quando ele retribuiu o sorriso, tão lindo como aquela manhã ensolarada. Não podia negar que sua beleza era incrível. Mesmo ali, naquela cama de hospital, depois de sofrer um acidente e passar por uma cirurgia tão complicada ele continuava em toda a sua glória. - E então, como estamos? - perguntei, tentando afastar a vermelhidão que acabara de se instalar.

    - Creio que ainda no zero a zero. - ele disse, e ao ver minha expressão confusa seu sorriso ficou mais largo ainda.

    Abaixei minha cabeça com medo de ele ver o rubor que se espalhava violentamente sobre o meu rosto no momento em que entendi o que ele estava querendo dizer. Respirei fundo três vezes, mas quando me dei conta de que nem uma meditação improvisada iria surtir efeito, resolvi encará-lo mesmo assim.

    - Me desculpe. - ele disse, ainda com o sorriso nos lábios, ao ver o estrago em minha face.

    - Tudo bem... - balancei a cabeça e resolvi mudar de assunto. - … então, como foi esse acidente de carro? Você se lembra como aconteceu?

    - Me lembro da festa e também dos meus amigos bêbados... - ele falou, rindo - … e lembro que eu era o único que tinha condições de dirigir, mas estava sem a minha carteira. Mesmo assim, levei o carro até onde a polícia geralmente não faz vistorias, mas eu não queria ser preso e tive de deixar meu amigo dirigir. Ele não estava tão ruim quanto os outros, mas mesmo assim não conseguiu desviar direito de outro carro que vinha em nossa direção. A última coisa que me lembro foi ver o carro capotando uma vez.

    - Caramba... - disse, quase sem fôlego. - … eu sinto muito.

    - Tudo bem, estamos todos vivos, não é? Isso é o que importa...

    Balancei a cabeça afirmativamente enquanto ajustava o soro ligado ao seu braço.

    - O que é isso? - ele apontou para o anel brilhante em meu dedo, na mão direita. Um milésimo depois vi seu sorriso murchar e seus olhos perderem um pouco do brilho constante quando se deu conta do que se tratava. - É o Dr. Guilherme, não é? Hum, não querendo me meter na sua vida, mas...

    - É ele sim. - assenti, meu tom de voz demostrando um pouco de tristeza. Droga, eu iria me casar, não poderia estar triste. Deveria ser cansaço.

    - Se não for incomodar muito, eu posso dar uma olhada? Ela lembra muito a que minha mãe ganhou do meu pai...

    - Tudo bem. - arranquei com certa dureza a aliança em meu dedo e o entreguei nas mãos de David enquanto continuava a checar suas condições.

    - Hum... é bem parecida mesmo, e é muito bonita. Felicidades pra... vocês. - ele pigarreou na última frase, proferindo-a com dificuldade. - Aqui. - e segurou o anel para colocá-lo de volta em meu dedo.

    Estendi a mão em sua direção, observando sua feição emburrada ao deslizar a aliança sob minha pele. Quando ela chegou à base do dedo, uma luz forte me fez perder a visão de seu rosto e me transportou para um lugar onde jamais estive.

    Um apartamento. Um homem ajoelhado à minha frente. Eu estava sorrindo pra ele, enquanto ele correspondia com um sorriso que iluminava tudo a nossa volta. Ele colocava uma aliança em meu dedo, e eu estava tão feliz que mal podia caber em mim, até por que ainda haviam duas vidas em meu ventre. Os filhos do belo homem que sorria pra mim. Minha mente reagia estranhamente a tudo aquilo, mas uma coisa ela reconhecia. Aquele sorriso. Aquele sorriso era dele.

    - Rebecca? Rebecca, você está bem? - uma voz ao fundo me trazia aos poucos de volta à realidade. - Rebecca!

    - Ah, eu... estou sim. - procurei mais palavras para confirmar o que havia dito, mas não as encontrei.

    - O que houve? Aconteceu alguma coisa? - agora havia preocupação em seus olhos.

    - Não, eu só... - “pensa em alguma coisa, pensa em alguma coisa...” - fiquei um pouco tocada com a história do acidente. É que meus avós, bem, eles... morreram de acidente de carro no dia em que nasci. - “ufa”, pensei. Minha deixa não era mentira, mas a situação a tornara uma.

    - Eu... sinto muito. - ele disse, abaixando o olhar e logo depois o elevando para me encarar.

    - Tudo bem... - suspirei ao arrumar o anel no dedo, balancei a cabeça para afastar a sensação de déjà vu e lhe dei um sorriso de canto. Ele sorriu, e tudo voltou a mais breve luz e calmaria cotidiana.


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