Stairway To Heaven

  • Finalizada
  • Aanonimaa
  • Capitulos 1
  • Gêneros Angst

Tempo estimado de leitura: 8 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 1

    para alcançar Deus e sua misericórdia.

    Heterossexualidade, Nudez

    O autor deste texto, Haruka Lanovishin, diante de seus direitos impressos na lei brasileira, Lei 9.610/98, proíbe a divulgação de seu trabalho por terceiros, com ou sem permissão. Qualquer tentativa será previamente relatada ao dono do site, e o autor, punido. Sobre universos usados, marcas de roupas, comidas etc, dá-se os créditos aos seus devidos criadores. O texto está adaptado ao Novo Acordo Ortográfico. Qualquer erro pode e deve ser relatado ao autor.

    Stairway To Heaven

    para alcançar Deus e sua misericórdia.

    – por Haruka Lanovishin

    Ei, qual é o preço do paraíso?

    O que você faria para alcançá-lo?

    Quais são suas motivações?

    E os seus medos?

    Sou Zafira e vou contar-lhe uma história.

    Anos atrás, em um século em que as mulheres eram submissas aos homens e a sociedade vivia sob um manto de segredos e mentiras, eu procurei Deus desesperadamente. Sendo apenas uma jovem na casa dos vinte anos, tudo o que queria era preencher um vazio em meu peito que nunca poderia ser preenchido.

    Eu procurei amor, procurei também paz.

    Não os encontrei.

    Ei, você mesmo.

    O que você acha do mundo?

    O quanto você acredita em Deus?

    O que pensa de si mesmo?

    Há um momento na vida em que você se depara com obstáculos imaginários, aqueles desafios que a sua mente cria para acovardá-lo.

    Eu não os temi. Por que os temeria?

    Havia no ar o cheiro da desconfiança e do pecado. Sim, do doce pecado. Aquele ao qual eu sucumbi sem pensar duas vezes. Eu era uma moça sozinha, cujos pais estavam mortos e a vida pregara uma peça.

    Eu era Zafira, a bela moça de olhos amendoados, sozinha no mundo. Era assim que os vizinhos se referiam a mim. Parece estranho para você, mas, em uma cidade pequena e sem muitos lazeres, falar da vida dos outros era a única diversão das pessoas.

    Assumo que, em algum momento, também fiz parte dessa porcentagem que se divertia às custas dos outros. Contudo, depois de ser a vítima preferida dos mexeriqueiros, descobri o quão desconfortável era toda aquela falação.

    Oh, sim, eu fui a vítima favorita deles por anos.

    O que você acha que é viver?

    Por que nunca parou para pensar nos outros?

    Já doou a sua quantia para os pobres?

    O que está esperando?

    Ninguém nunca estendeu a mão para mim e perguntou como eu estava. Ninguém nunca indagou porque eu era daquele modo. Não havia uma boa alma para oferecer-me um sorriso.

    Eu era a escória da sociedade, afinal.

    "Zafira era uma moça educada e gentil", era o que todos diziam. "Uma moça como ela não ficaria sozinha por muito tempo"; sempre havia uma citação a minha situação de vida.

    Em um dia eu era a filha querida e amada, no outro, era uma simples prostituta.

    O que é uma prostituta?

    Você conhece uma?

    Você já conversou com uma?

    Quem é você?

    Como foi que eu virei uma prostituta? Não me lembro bem quando começou, mas sei quem foi o responsável por tal mudança.

    Fazia já alguns meses que meus pais haviam falecido. Uma pequena pensão deixada por eles, e o trabalho na floricultura da família, foram o suficiente para eu manter-me em pé economicamente naqueles tempos difíceis. Mas mulheres não podiam ser chefes de família, e não podiam trabalhar em um negócio rentável, era um insulto aos outros homens.

    Sem ter outra escolha, fui submetida às acusações e sugestões dos cidadãos de que eu deveria me casar. Nunca havia pensado no assunto, mas achei que seria uma escolha aceitável. Ou, ao menos, resolveria os meus problemas.

    Na verdade, trouxe-os para mais perto. Na mesma semana que pensei em arranjar um marido, um novo vizinho apareceu na rua em que eu morava. Era um homem educado, cavalheiro e encantador. Suas roupas formais, seu sorriso amplo de dentes perfeitos e seus olhos azuis como a água mais límpida fizeram meu coração disparar.

    Eu estava apaixonada por aquele homem.

    Ora, o que é a paixão?

    Se não um sentimento forte e passageiro, o que é?

    Que nos faz sucumbir a desejos insanos?

    Que nos faz, afinal, revelarmos quem realmente somos?

    Não revelarei seu nome porque acredito não ser necessário constrangê-lo, muito embora eu ache que ele já há muito não está mais entre nós. Na verdade, acredito que seu nome pouco importe. O que vocês querem realmente saber é o que aconteceu após eu descobrir o que era me encantar por um homem adorável como ele...

    Pois bem. À moda antiga, fomos nos conhecendo. De início, nos encontrávamos em lugares públicos, mas os olhares insistentes sobre nós fizeram com que decidíssemos mudar nossa postura. Passamos a vermo-nos em absoluto segredo.

    Trocávamos cartas, bilhetes e longos telefonemas. O primeiro beijo aconteceu tão naturalmente que hoje eu penso que era realmente muito tola. Um beijo levou a outro e mais outro e, quando vi, já estávamos na cama, consumando o ato pecaminoso.

    Eu era uma virgem sonhadora e esperançosa, mas tudo ruiu de verdade depois daquele momento. Meus sonhos doces tornaram-se pesadelos ambulantes. Eu não havia sentido nada, a não ser dor e desconforto, em minha aventura com aquele homem antes tão encantador.

    Eu passei a recebê-lo em minha casa por obrigação, os nossos momentos juntos passaram a ser apenas momentos sexuais. Não nos beijávamos lentamente, não conversávamos nem sorríamos de modo afável. Tudo o que ele fazia ao chegar era agarrar-me pelo braço, levar-me até a cama e jogar-me lá, antes de voar sobre mim, rasgando minhas roupas e não tardando em me possuir.

    Eu passei a odiar tudo aquilo.

    Mas havia uma esperança de que, no final, ao menos em uma questão eu estaria bem. Só que, para dizer a verdade, as semanas foram se passando e, quando dei por mim, não havia nada entre nós se não luxúria e prazer. Eu não queria aquilo. Queria casar-me, ter uma casa e filhos.

    Queria ser uma mulher normal, que cuida da casa e dos filhos enquanto o marido trabalha.

    Um dia ouvi uma agitação na rua e fui conferir o que era. Deparei-me com o homem que comigo se deitava abraçado a outra, com um menino em uma mão e, no outro braço, uma menina de colo. Quando a bela mulher debruçou-se para falar algo para o menino, ele piscou para mim, lascivo, beijando a mulher consigo com sofreguidão e caminhando para dentro de sua casa tranquilamente.

    Espelho, espelho meu,

    Existe alguém mais idiota quanto eu?

    Mais burra e cega quanto eu?

    Mais humilhada e suja quanto eu?

    Não existia, e, para poupar-me de tal incômodo, o espelho não respondeu.

    Depois de ver o que vi, tendo certeza de que aquela não era uma mulher qualquer, e que aquelas crianças não eram crianças quaisquer, tomei uma decisão da qual nunca me arrependi. No mesmo dia, à tarde, fui visitar o contador da família. Solicitei-o e pedi que vendesse a loja e a casa de minha família, tirasse o que era seu e doasse o resto a uma instituição de caridade.

    Disse que iria para outra cidade, que tinha dinheiro e que me viraria como pudesse. Walter, um idoso bonzinho, tentou me impedir, mas foi impossível.

    Logo eu embarcava em um trem, indo não sei para onde.

    E foi assim que eu encontrei Deus.

    Parece desinteressante para você?

    Parece ser pouco importante?

    Pois, para mim, era tudo o que eu tinha:

    O peso do mundo nos ombros e a vontade de ter uma comunhão com Deus.

    O padre não me aceitou muito bem no início. Eu era uma moça muito bela para ficar perambulando pelo lugar sagrado. Quando, por fim, resolvi contar-lhe minha história, ele me deu duas alternativas: seguir em frente e refazer a minha vida, naquela cidade ou em outra, ou me entregar a Deus, fazendo a sua obra e abandonando as coisas mundanas.

    Confesso que levei dias para tomar uma decisão, mas ele não me pressionou. Esperou pacientemente, até que eu, tomada por uma sensação de alívio, cedi, dizendo-lhe que ficaria no templo e que viraria freira.

    Eu não era mais virgem, mas ele permitiu que eu fizesse os votos de celibato. Passei por um rígido treinamento e longos dias de tortura, mas fui capaz de vencer e abandonar o mundo.

    "A fé move montanhas."

    "Tudo posso naquele que me fortalece"

    "O Senhor é o meu pastor e nada me faltará."

    "Pedi e dar-se-vos-á."

    Minha vida mudou depois que conheci Deus. Eu estava tão tão desesperada por paz, uma paz que eu só encontrei aqui, com ele. Confesso que, enquanto escrevo para vós, lágrimas escorrem por meu rosto e meu coração acelera várias vezes. Ante a lembrança daqueles dias sinto o poder dEle atuando ao meu favor.

    O que fiz por ele é incomparável.

    Em minha crescente paixão por Cristo, livrei-o de muitas decepções. O padre que me acolheu aqui, pouco depois, mostrou-se um pervertido, e eu, cheia do poder de Deus, puni-o severamente, com punho de ferro. Estávamos tão distantes do templo que ninguém ouviu seus gritos de desespero.

    Também liquidei um órfão deixado na porta da igreja, que estava com uma doença contagiosa. Agi antes que todos nós estivéssemos corrompidos pela imundice de seu pequeno corpo.

    Tudo o que eu fazia era garantir que a palavra de Deus e a imagem de Deus continuassem intactos.

    Na minha aflição em alcançar a benevolência de Deus, fiz coisas extremas e loucas aos olhos de muitos. Eu montava minha escada em direção ao paraíso com paciência e devoção. Tudo o que fazia era por ele.

    Eu estou comprando uma escadaria para o paraíso.

    And as we wind on down the road

    Our shadows taller than our souls

    There walks a lady we all know

    Who shines white light and wants to show

    How everything still turns to gold

    And if you listen very hard

    The tune will come to you at last

    When all are one and one is all, yeah

    (Stairway To Heaven –- Led Zeppelin)


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