Soneto

Soneto

Hão de chorar por ela os cinamomos,

Murchando as flores ao tombar do dia.

Dos laranjais hão de cair os pomos,

Lembrando-se daquela que os colhia.

Sakura havia morrido. Shaoran não conseguia se conformar, pois ela se foi muito jovem, assim como a flor que em um dia está no auge de sua beleza e no dia seguinte, está morta, talvez por ações externas, talvez, por vontade do destino.

As estrelas dirão: ?Ai! Nada somos,

Pois ela morreu silente e fria...?

E pondo nela os olhos como pomos,

Hão de chorar a irmã que lhes sorria.

?A magia de Sakura baseava-se na estrela. Astro de luz própria, assim como ela. Não importava quando ou com quem, estava sempre alegre, a pensar nos outros. Sinto-me tão idiota, não apenas por nunca ter tido coragem de declarar-me a ela, mas também por deixa-la ir, por facilitar a morte, em seu trabalho sombrio.?

A lua, que lhe foi mãe carinhosa,

Que a viu nascer e amar, há de envolvê-la

Entre lírios e pétalas de rosa.

?Agora Sakura está feliz, pois já não sofre mais com a dor. Jaz em paz no paraíso, envolta pela lua e por seu brilho, apenas observando-nos em seu enterro, tentando dizer-nos para não nos entristecermos. Ah, Sakura! Que falta me fazem teus consolos, ainda que por pouco tempo!?

Os meus sonhos de amor serão defuntos...

E os arcanjos dirão no azul ao vê-la,

Pensando em mim: ?Por que não vieram juntos??

?Gostaria muito de estar com você, minha doce flor. Mas isso não será possível. Mereço a pior das mortes, a morte através da culpa, assim como mereço o pior dos infernos. Sei que não mereço o seu perdão, mas, por favor, considere como um último desejo, perdoe ?me!? Dizendo isso, Shaoran toma uma pequena dose, embora letal, de um poderoso veneno, fecha os olhos e ajoelha-se diante do túmulo de Sakura. Agüenta sem resistir à dor, apenas pensando que era seu castigo por deixá-la ir. Shaoran foi encontrado pela manhã, com uma expressão de paz, pois morreu achando que já havia se castigado pela morte de Sakura, além de estar muito feliz por ela ter ido buscá-lo para levá-lo ao outro mundo.

Midori Miura