Capítulo 12.
Roshi cambaleou para trás ainda com a arma na mão quando Sakura atingiu em cheio seu tórax com um chute, a rosada não esperou ele se recuperar e deu mais um chute, só que desta vez o golpe acertou a mão de Roshi que detinha a arma, esta alçou voou e caiu com um baque surdo na água. Samui assistia tudo chocado, como uma garota como aquela conseguia lutar com um cara que era quase o dobro de sua altura? Entrou em ação quando ela já quase mandava seu parceiro para nadar com os peixes. A agarrou por trás prendendo assim seus braços.
Sakura sorriu de canto, estava adorando sentir seus músculos queimarem com a adrenalina. Fazia anos que não lutava, e isso sempre a excitou. Pisou forte no pé direito do moreno, como usava botas com um salto curto, mas de espessura considerável, sentiu o homem estremecer e afrouxar o aperto. Samui soltou um gemido sôfrego ao sentir o cotovelo da rosada bater em seu diafragma.
– Sua vadia! – gritou Roshi que até aquele momento tentava se recuperar. O chute que Sakura deu na primeira vez atingiu suas costelas.
– Quem mandou vocês?! – berrou ela de volta, queria respostas.
Roshi apenas grunhiu e correu até ela mirando um soco no queixo, mas a rosada desviou. Não foi rápida o suficiente, o soco pegou no ombro esquerdo a desequilibrando. O moreno se aproveitou do momento de fraqueza dela e decidiu ser rápido. O comando de Obito foi claro, era para levá-la até a base sem qualquer arranhão, mas Roshi mandou a ordem ás favas. Agarrando cabelo curto de Sakura ele a arrastou para o calçamento, saindo assim da ponte, a jogou no chão com força. Sakura rolou para o lado ofegante, seu rosto foi de encontro ao cascalho.
Samui veio logo atrás do parceiro, tinha que evitar que ele fizesse alguma besteira. Roshi sempre foi o mais esquentado dos subordinados de Sasori, sabia que se ele fizesse alguma coisa séria com aquela menina não existiria quem os salvasse da ira daqueles que os mandaram atrás dela.
– Não faça alguma besteira Roshi! – exclamou ao ver ele se aproximar da rosada.
Roshi ignorando o homem foi até Sakura que ainda se mantinha deitada no chão. O moreno abriu um sorriso vendo o corpo da rosada esticado ali, ela parecia desacordada, talvez tivesse usado força demais. Ergueu o rosto dela e aproximou o seu, tinha que admitir que ela era angelical. “Baka!”pensou Samui que ainda se aproximava dos outros dois, verificou o horário pelo relógio, já estavam atrasados. Quando ergueu os olhos para chamara atenção de Roshi, viu apenas um dos braços da menina, que devia estar desmaiada, se levantando lentamente, estranhou, mas arregalou os olhos quando viu o tamanho da pedra que estava na sua mão, a pedra era grande e pontuda, a cor de chumbo parecia reluzir sob a luz clara do sol. Como faltava apenas um metro correu até eles, aproveitaria que ela estava de costas para ele e acabaria logo com isso, já estava cansado.
Sakura erguia lentamente a pedra em sua mão, tentava a todo custo não chamar a atenção do homem, que ainda segurava seu rosto entre as calejadas mãos.
– Tão linda – o ouviu sussurrar – Pena ter que te entregar para eles.
Estava preparada para descer a pedra sobre a cabeça do homem, pretendia apenas fazê-lo desmaiar, a força usada não seria grande. Mas uma voz cortou o ar.
– Cuidado Roshi!
Quando o homem a cima de si estava prestes a se virar, desceu a pedra contra sua cabeça, o sentiu ofegar e a soltar resmungando. Cambaleante por causa da pressa tentou se levantar, mas antes mesmo de ter se erguido por completo, sentiu um golpe forte na nuca. “Ótimo!” exultou amargurada, sua visão foi escurecendo e sua mente se embaralhou, apagou por fim.
Samui rodeou a cintura da rosada com seus braços antes que o corpo dela fosse de encontro com o chão novamente. A colocava sobre os ombros enquanto Roshi se levantava com as mãos estancando o sangramento do corte que a pedra pesada fez em seu supercílio.
– Olha o que ela fez comigo! – chiou o moreno tirando o celular do bolso, este tocava insistentemente – Alô! – atendeu com grosseria.
Samui riu ao ver Roshi perdendo a cor do rosto aos poucos, e tinha quase certeza de não era pelo sangue que escorria por entre seus dedos. Sabia que do outro lado da linha estava Obito, conseguia ouvir o sibilo frio de seu chefe no telefone, que era agarrado por Roshi como se isso dependesse de sua vida. Depois de encerrada a ligação Roshi nada disse, apenas saiu andando em direção ao carro, que ainda mantinha suas portas abertas. Samui colocou Sakura deitada no banco de trás com cuidado, e se sentou no banco passageiro.
– O que ele disse? – perguntou ao parceiro que já tinha se acomodado no banco do motorista.
– Estamos atrasados – grunhiu em resposta Roshi.
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O contato da arma fria na sua cintura ainda a fazia estremecer, mas nada podia fazer. Viu quando os homens que antes lutavam com Sakura partiram pela pacata rua, estremeceu novamente ao lembrar-se da luta deles com a rosada, afinal eles eram o dobro de tamanho e massa corporal dela, mas mesmo assim ela enfrentou eles de igual para igual, não agiu feito uma covarde em nenhum momento. Começava a admirar Sakura.
Vigiar a rosada estava sendo uma coisa fácil até agora, mas como ele tinha dito essa situação não iria permanecer por muito tempo. E agora não sabia o que fazer quando viu o carro partir, suas instruções era não se envolver em qualquer problema quando o passado da rosada viesse buscá-la. Puxou o celular do bolso e digitando rapidamente logo pôde ouvir o som da chamada sendo completada.
– Hn – cumprimentou uma voz fria.
– Oi, sou eu – falou incerta.
– O que quer?
– Eles a levaram. O que eu faço?
– Akatsuki?
– Sim – confirmou. A voz do outro lado parecia abafada, podia-se ouvir alguns telefones tocando – O que faço? – repetiu a pergunta.
– Nada. Vai cuidar da sua vida.
– Mas eu não deveria se...
– Não me ouviu Hinata? Vá embora – finalizou a ligação.
A morena suspirou ao ver o carro dobrando uma esquina a quilômetros de si, ligou seu carro partindo dali.
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Samui com a rosada ainda nos ombros e Roshi percorreram os corredores da base com pressa, sabiam que iriam levar um sermão por causa do atraso ou coisa pior por causa dos arranhões que a rosada mostrava ter no rosto, braços e pernas. Mas o que podiam fazer se a rosada se mostrou mais feroz e resistente do que imaginavam?
– Ainda bem que chegaram! – Konan vinha até eles com alguns papéis nas mãos – Eles estão esperando na sala vermelha – informou a eles, mirou Sakura jogada nos ombros do mais alto como um saco de batatas – Achou melhor você ajeitá-la melhor, eles não vão gostar de ver ela assim – continuou saindo de lá rapidamente.
Rumaram para a sala na qual nunca pensaram em entrar. A sala vermelha era conhecida por ser a sala do antigo líder da organização, ali só poderiam entrar os protegidos de Orochimaru, quem se atrevesse a tentar entrar era morto com brutalidade. Bateram levemente na porta de mogno pintada na cor escarlate, barulhos e resmungos ansiosos puderam ser ouvidos lá de dentro. A porta se abriu em um rompante por um loiro que parecia eufórico, Deidara nada disse apenas pegou a rosada nos braços e fechou a porta na cara deles.
Deidara acolheu Sakura nos braços como se ela fosse uma criança pequenina, ela dormia suavemente, sua respiração era lenta. Não achou certo que Sasori tivesse mandado capangas atrás dela, afinal um deles poderiam perfeitamente ir até ela e apenas conversando poderiam trazê-la até eles. Já podia imaginar o trabalho que os caras deviam ter tido para trazer ela, e isso o fez rir.
– A coloque no sofá – pediu Obito sentado em uma poltrona um pouco distante.
Todos estavam ali. Hidan fumava um cigarro perto de uma estante; Kakuso analisava algum papel sentado também em uma poltrona; Sasori com o olhar fixo na rosada deitada no sofá de cor negra; Nagato se servia com uma bebida no canto leste da sala.
– Como ela está? Eles a machucaram? – perguntou Hidan dando um último trago em seu cigarro.
– Está com uns arranhões, mas com certeza está melhor que eles – riu Deidara sentando em uma poltrona – Samui está todo amarrotado, o lábio está inchado. Já Roshi está com o supercílio aberto. Sakura os pegou de jeito – gargalhou alto.
Os homens acompanharam o loiro. A conversa e as risadas foram acordando Sakura aos poucos, sua cabeça doía, antes mesmo de abrir seus olhos já se sentia tonta. As vozes chegavam aos seus ouvidos de forma distorcida, mas aos poucos foi aguçando o ouvido para identificar os sons, se manteve de olhos fechados para não levantar alguma suspeita. Passado alguns segundos de confusão um voz lhe chamou a atenção, já a tinha ouvido desde que saiu do hospital. Seria Deidara? E onde estavam aqueles homens?
Sasori que a olhava fixamente já tinha percebido que ela tinha acordado, e isso lhe tirou um sorriso de canto, ela continuava desconfiada e precavida.
– Ela já acordou – pronunciou de maneira baixa mais mesmo assim todos puderam ouvir.
Sakura abriu os olhos lentamente, afinal não adiantava mais fingir que estava a dormir. O teto se mostrou escuro a cima de si, o candelabro de cristal brilhava intensamente com suas luzes contidas dentro das peças envidraçadas. Sua cabeça latejou, o maldito tinha batido forte em sua nuca. Moveu suas mãos devagar testando se estava amarrada, fez o mesmo com os pés. Sentiu que olhavam para si, mas não se moveu não sabia se eles eram uma ameaça.
– Está tudo bem Sakura-chan? – questionou Deidara vendo que a rosada permanecia deitada de olhos abertos.
Ao som da voz Sakura deu um pulo do sofá se sentando rapidamente, sua mente girou pelo movimento súbito. Quando sua cabeça parou de dar voltas notou o quanto era escuro o cômodo em que estava. O primeiro a ser notado foi o loiro que estava as sua direita, ele lhe sorria da mesma forma que se lembrava de quando eram só adolescentes há anos atrás.
– Deidara-kun? – perguntou confusa.
– Oi rosinha.
– Mas o que... – estava extremamente confusa agora.
Foi quando ouviu um pigarro vindo da esquerda, desviou o olhar do loiro e focou em um homem grisalho perto de uma estante, seus olhos eram estranhamente violetas.
– Hidan? – questionou franzindo o cenho – É você?
– É claro que sou eu Sakura, afinal não existe alguém igual a mim, sou único – afirmou sorrindo abertamente para ela.
– Hidan! – exclamou ela se levantando e indo até ele, o abraçou forte sendo retribuída igualmente.
– Ainda bem que existe só um de você Hidan – pronunciou Nagato chamando assim a atenção da rosada.
– Nagato! – correu Sakura até ele.
Seu peito parecia que iria explodir de tamanha felicidade. Assim que o soltou viu o Obito sentado em uma poltrona um pouco afastado, este se levantou e ergueu os braços a espera de um abraço, que não demorou muito a ser realizado. Sakura o abraçou fortemente, a saudade sentida já fazia seus olhos marejarem. Mas então uma voz se fez mais alta do que a dos outros homens que começavam a falar todos de uma vez. Sakura sentiu seu peito se retrair e seu coração pular batendo muito rápido dentro de sua caixa torácica, um sorriso se abriu antes mesmo de se virar para vê-lo.
– Sakura... – se pronunciou Sasori saindo das sombras.