Trying

Tempo estimado de leitura: 11 minutos

    12
    Capítulos:

    Capítulo 2

    Gray

    Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Spoiler, Violência

    Havia esquecido de postar aqui '-'

    Cinza. Era a cor predominante daquele dia. Até mesmo as cores mais intensas tinham um tom acinzentado. Grandes nuvens escuras escondiam o sol insano de Death City.

    Os pés pisavam em pequenas poças d'agua, formadas pela chuva da noite anterior, fazendo-as estalarem. Naquela manhã silenciosa, este era um dos poucos sons audíveis para Death the Kid. Estava tão pensativo que parecia não sentir o mundo ao seu redor.

    O rapaz se dirigia ao castelo da bruxa Medusa.

    Passou uma semana inteira tentando descobrir sozinho o paradeiro de Crona. Isso era um tanto desgastante, mas o que realmente importava para ele era encontrá-la.

    Estava se preparando para caso não encontra-la ali, uma vez que perguntara a Liz sobre Crona;a mesma disse que não sabia, mas falaria com Maka depois.

    Maka dissera que Crona havia sido selada com o Kishin, que estava na lua — algo que ele definitivamente já sabia — e que, seguindo a "lógica", era lá onde Crona estava. Na lua. Provavelmente morta.

    Mas não era isso que ele sentia. Para Kid, Crona estava viva, em algum lugar do mundo, não muito distante de Death City.

    Ele esperava encontra-la lá, afinal, era a casa dela. Por mais que pareça ter sofrido ali.

    Crona era um mistério para ele. Nunca conversaram muito, pois ela e Maka vivam grudadas uma na outra. No máximo, trocaram breves palavras. Crona era demasiada tímida, mas ele conseguia fazer com que ela o respondesse. Mesmo com pouquíssimas palavras gaguejadas, ela geralmente escondia o rosto entre as mãos e murmurava algo sobre não saber lidar com isso.

    Era o que sabia a respeito dela. Mas ainda não entendia direito o fato dela ter se tornado um kishin e ter aquele jeito um tanto confuso... Algum trauma de infância? Ouvira dizer que Medusa era um tanto rígida.

    O castelo de Medusa tinha uma forma estranha e era protegido por vários vetores, o que o deixava assimétrico, de acordo com Kid. Ele também sentiu uma onda sombria.

    Respira fundo, entrando logo em seguida. Não havia o que temer. Medusa estava morta e a única pessoa que estaria ali seria Crona ... 

    Sua mente estava um caos.

    ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ ㅤㅤ••●••

    Estava parado em frente a uma porta, decidindo entre abrir ou não. Fora atraído por uma onda de alma até aquele cômodo. Aquelas ondas pareciam pedir socorro, ou algo assim.

    Abre a porta com cuidado e avista a garota de cabelos rosados, encolhida em um canto qualquer apoiando o queixo nos joelhos. Notou que seus cabelos haviam crescido um pouco e ela estava mais magra do que era antes* . Seus olhos focavam os pés. Parecia que ela não tinha percebido a presença dele, como se estivesse em outro mundo. Um mundo apenas dela.

    —Crona?

    Chamou Kid, esboçando um leve sorriso, olhando atentamente para a garota, que ergueu o rosto após ouvir seu nome sendo chamado. Porém, não fez nada além de murmurar algo inaudível.

    O jovem suspirou e aproxima-se um pouco mais dela. Não sabia o que falar. Crona não dava muita atenção. Se senta no chão de frente para ela, com a cabeça baixa. 

    — Me desculpe, Crona... Me desculpe por tê-la esquecido. — Pausa, tentando formular alguma frase — Eu errei. Como pude fazer uma coisa dessas? Eu sou um lixo mesmo...

    Crona levanta um pouco a cabeça e o encara. Seus olhos eram frios e perdidos. As olheiras eram maiores.

    — Não se culpe. Os erros foram meus... — Finalmente diz alguma coisa. As palavras se dissolveram no ar e apenas restou o silêncio. Aquela cena era deprimente.

    Passado longos minutos, que mais pareciam horas, o shinigami se levanta limpando as vestes e caminhando em direção à porta. Antes de sair, ele vira o rosto para vê-la; Ela continuava na mesma posição.

    — Estou feliz por tê-la encontrado, Crona. Entretanto, ainda tenho que decidir algumas coisas... Talvez eu volte amanhã... 

    Não houve mais nenhuma palavra. Apenas o som da porta sendo fechada e os passos de Kid se distanciando. Crona respira fundo gemendo baixinho. Ela não sabia lidar com isso.

    ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ●• •●

    42. Era esse o limite.

    Estava deitada na areia cinzenta da praia quase morta, dentro de um circulo que ela desenhou. Tinha acabado de conversar com sua sombra. Ela fazia isso quando criança. 42. Sempre 42 perguntas. 42 perguntas que ela nunca respondia. A sombra partia dizendo "Esse é o nosso limite".

    Seria sempre assim? Fazendo perguntas a si mesma e negando sua própria existência? 

    "Me desculpe por tê-la esquecido"... Aquelas palavras ecoavam. O que Kid estaria fazendo ali? Como a achou? 

    "Talvez eu volte amanhã..." O que ele queria afinal?

    Crona se levanta. Percebe que estava em seu quarto. Era ali onde ela dormia quando não fazia nada de errado, antes de ir para Shibusen...

    Desde o dia da morte de sua mãe, ela nunca mais voltou ali. Como havia chegado ali? A quanto tempo estava ali?

    A garota anda em direção a cama, se jogando na mesma, virando-se para algum lado, encolhida. Fitava a parede branca. Chorava sem saber o motivo. 

    Acabou fazendo algo que não fazia há dias, dormir. Ela adormeceu, deixando de lado seus prantos.

    ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ●• •●

    — Como você está, Crona? — 

    "Ele voltou." A garota disse a si mesma e não o respondeu.

    Kid suspira, massageando as têmporas. Aquilo estava sendo difícil. Ele estava a assustando? Talvez devesse ser um pouco mais direto.

    — Algo incomoda você, Crona? Estou te assustando? ...Não farei nada de mal para você..

    Lagrimas escorrem pelo rosto pálido.

    —Kiddo-kun...É que eu estou presa. No meu inferno.

    ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ●• •●

    Uma brisa gélida passa por ela, desalinhando alguns fios de cabelo e a fazendo tremer um pouco. 

    Ela observava o mar, que ia diminuindo a cada dia que passava. 

    Seus olhos estavam cansados daquela paisagem morta. Mas ela não sabia como sair dali. Já tinha passado horas tentando encontrar um meio de sair desse imenso lugar que estava preso á sua alma. 

    Não achou nada que pudesse tira-la de lá. Nem mesmo a morte... Ragnarök se recusava a se transformar em espada, pois sabia as intenções de Crona.

    Não tinha jeito. Ela ficaria ali pelo resto da sua miserável vida. 

    Sorriu ironicamente, desenhando na areia com os próprios pés.

    ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ●• •●

    Kid abriu os olhos confuso. Olhou ao redor; Uma praia deserta, quase morta.

    Que lugar era esse? A única coisa que lembrava era que estava tentando sentir a alma de Crona. Seria esse o inferno que a menina dizia?

    Não muito longe de Kid estava ela;

    Parada observando seus pés debaixo da água trazida por pequenas ondas. Ventava... 

    Ela seguia devagar para dentro do mar. Ignorava os chamados de Kid, ignorava o estado caótico daquele lugar. Nada disso fazia sentido.

    — Eu nunca tentei o mar. Sabe, eu procurei uma saída, mas nunca achei. Talvez ela esteja no mar... Ou então, eu esteja destinada a viver aqui para sempre. Talvez o mar seja a solução...Quem sabe nele estejam as respostas... Nunca saberei se não tentar.

    O jovem shinigami queria fazer algo, mas não conseguia. Era como se sua vida estivesse sendo drenada. Seu cérebro se recusava a pensar e ordenar que seu corpo fizesse algo. Seria insanidade?

    Algumas ondas se chocavam, fazendo um estrondo forte. Mais uma estava sendo formada, ficava cada vez maior. 

    A medida que ia se aproximando, ele ficava cada vez mais desesperado. Se não tirasse Crona dali ela iria...

    Não pode fazer nada além de assistir a garota ser engolida pelas águas negras. Ele chorava aterrorizado com a cena que acabara de presenciar. 

    Tudo parecia mais calmo, apesar do acontecido. A figura de Kid ia sumindo devagar. Era hora de ir. 

    Outra grande onda se forma. O mar queria devorá-lo também? Não. Aquela grande onda apenas deixou algo por cima da areia. 

    Antes de desaparecer completamente, ele avista Crona deitada na areia ofegante.

    Não pode ver ou sentir mais aquele lugar. Mas ouviu um sussurro choroso.

    — Me tire daqui, por favor.

    ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ-†-


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!