Lucy POV on:
– Vamos Luce! Sobe logo! –A fina voz de um garotinho, podia ser escutada de longe, pois o pequeno gritava do alto de uma árvore. Ele estava em meio a muitos galhos e era difícil enxergar seu rosto. Do pescoço para baixo era mais visível.
A árvore não era muito alta, além disso, uma menininha de cabelos bem loirinhos, e que parecia ter não mais que cinco anos, olhava pra cima, em direção ao garoto. Pela expressão de seu rosto, entendia-se que ela estava com receio ou medo de subir.
– Mas e se eu cair? É muito alto! Não vou conseguir... –A garota já tinha pequenas lágrimas acumuladas nos cantos dos olhos, demonstrando sua fragilidade. O garoto apenas se segurou com um braço em um dos galhos e se inclinou em direção a ela, estendendo sua pequena mãozinha.
– Eu te seguro, confie em mim. – A menina apenas assentiu e levou sua mão em encontro com a do pequeno e finalmente subiu a árvore. Os dois permaneceram por bastante tempo lá em cima, brincando, rindo e apreciando o tom alaranjado do céu, enquanto o Sol sumira devagar.
Mesmo não querendo acabei acordando, fiquei meio atordoada com o sonho e uma série de perguntas vieram em mente. Não sei se podia chamar aquilo de sonho, por que mais me parecia uma lembrança. Sabe quando nós estamos dormindo, mas estamos conscientes? Não que quando dormimos nós ficamos “desligados”, mas é uma forma de dizer... Ah isso me deixa tão confusa! Por fim, eu nem me lembrava detalhadamente o que eu fiz quando estava dormindo. Eu sou aquele tipo de pessoa que acaba por pensar tanto no sonho que às vezes o esqueço.
Somente pelos raios do Sol que invadiam meu quarto pela fina cortina, sabia que eu deveria estar de pé. Mesmo que eu ainda esteja de férias tenho diversas coisas a resolver. Por que a vida adulta é tão difícil? Suspirei de leve e me levantei. Bom... Foi o que tentei fazer.
– Natsu... –Murmurei em tom baixo e me virei para o rosado, seus braços estavam ao redor de minha cintura, por baixo do edredom. Quanto mais eu tentava sair, mais ele me apertava. - Você acabou dormindo aqui outra vez... –Abri um pequeno sorriso e tirei um pouco dos fios rosados que estavam perto de seus olhos ainda fechados.
Ele se remexeu um pouco e logo acordou fazendo cara de bebê, que acabou de acordar. Deus, muito obrigada por ter me dado um namorado tão fofo!
– Ohayo! –Cumprimentei-o, mas não obtive respostas, Natsu apenas sorriu pra mim e tornou suas bochechas um pouco ruborizadas, me aproximei mais de seu rosto para poder ter contato com seus lábios muito chamativos, mas ele interrompeu soltando-me de seus braços e indo em direção ao banheiro do quarto. –Natsu! –Fiz bico e me sentei sem entender sua ação.
– Desculpa... –Um pouco longe de mim, me respondeu coçando seus cabelos de forma envergonhada. Me senti confusa.
– O que foi agora?
– Estou com bafo...
– Bafo?
– É mau hálito sabe?
Fiz careta e me deitei novamente na cama, de cara amarrada. Quando você acorda com seu namorado ao seu lado, com certeza essa é uma das últimas coisas que você queira ouvir. Bom, pelo menos ele tem o hábito de fazer higienização matinal. Rendida pelo horário finalmente levantei e fui até o banheiro juntamente com meu rosado, logo percebi que a escova que combinava com seus cabelos, e que estava “dançando” em sua boca, era minha.
– Natsu, minha escova! –Me fingi de triste e ele rapidamente terminou de escovar os dentes.
– Desculpa. –Repetiu a palavra e veio em minha direção, percebi que agora o querido queria meus lábios, mas eu recusei. – Qual é loira?
– Sai agora eu não quero mais. –Comecei a preparar a banheira com meus sais de banho e o animalzinho ainda não havia saído do banheiro, olhei em meu relógio de pulso as horas e já eram quase 11 e 30. Minha mente viajou com objetivo a encontrar a resposta do por que eu tinha o deixado na pia. Só então percebi que Natsu ainda estava em casa. Na minha casa, pra ser mais clara. –Natsu, você vai se atrasar para o trabalho!
– Eu sei, por isso resolvi faltar. – Deu de ombros e falou com indiferença enquanto se encostava a pia, suspirei e peguei a toalha, com uma das pontas eu segurava depois de enrolar e comecei a bater de leve no rosado para que entendesse que deveria sair.
– Vamos! Eu quero tomar banho.
– Tomamos juntos então meu amor. –Natsu sorriu de maneira safada, revirei os olhos e segurei o riso enquanto continuava a batê-lo. Até que não seria uma má ideia, mas meu objetivo era apenas relaxar e realmente tomar banho.
– Sai seu pervertido!
– O pervertido que você mais gosta. –Natsu conseguiu pegar a outra ponta da toalha e me puxou em sua direção, envolveu seus braços em minha cintura e beijou meu pescoço. Gemi sentindo seu toque, fazendo com que minha pele se arrepiasse por inteiro. Segurei delicadamente seu rosto em minhas mãos e dei-lhe um selinho.
– Está bem, agora vai pra fora!
[...]
Natsu POV on:
Conforme a loira pediu, saí do banheiro, fui em direção à sala e me atirei no sofá logo ligando a TV. De repente sinto uma coisa pesada subir em cima de mim, não demorou muito para que ouvisse um rosnado.
– Hoje não branquelo. –Murmurei para o cachorro e levantei em direção à bolinha do querido cachorro, quando a encontrei comecei a provocá-lo. –Você quer? –Perguntei para Plue enquanto movia em forma circular a borracha cor de rosa em minha mão, percebi que ele já estava empolgado. Eu não queria de forma alguma brincar agora, muito menos ser mordido, então simplesmente joguei-a abaixo de um armário para que ele se esquecesse de mim.
Peguei meu celular que por algum motivo desconhecido estava em meio às almofadas, acho que o deixei aqui quando cheguei ontem. Visualizei a tela e logo vi que alguém estava me ligando. Uma foto de um homem nem tão velho e nem tão novo e com características faciais muito parecidas com as minhas, me fez chegar à conclusão que era meu pai. Só não sei o porquê de estar me ligando.
– Alô? –Falei em tom de pergunta e logo escutei a voz furiosa do outro lado da linha.
– Alô nada, onde você está moleque? Já viu as horas?
– Ah, pai... Você está passando bem?
– Eu é que deveria te perguntar, por acaso você está em um hospital? –Já faz algum tempo em que eu percebi que Igneel começou a me interrogar a esse tipo de coisa, eu não via motivos já que tenho idade para ser responsável por mim mesmo. Bufei e me deitei de maneira folgada no sofá.
– Não estou em hospital nenhum...
– E nem na empresa não é seu bocó? Saiba que seus dias de vadiagem acabaram eu agora fico sabendo quando você vai trabalhar ou não. –Percebi o quanto ele estava convencido e feliz por isso, mas pra mim já não fazia tanta diferença. Quem manda agora sou eu. – Agora será que eu posso saber onde o senhor se encontra? –Fez-me a pergunta de maneira irônica.
– Passei a noite na casa da minha namorada. –Respondi tranquilamente, com a minha mão livre, peguei o controle da TV e fiquei mexendo nas teclas. Escutei meu pai engasgar e tossir sem parar. – Oe, você tá bem?
– Natsu meu filho, me desculpe em te dizer isso, não sei se te deixa ofendido...
– Vai direto ao ponto.
– Bom, não tem o que me prove que finalmente eu tenha uma nora, você está mentindo certo? –Ele deveria expressar incerteza em seu tom de voz, mas na verdade era como se estivesse tirando onda da minha cara, descaradamente.
– Por que você acha que eu estou mentindo?
– Se você entendeu assim... –Idiota, não tem outra maneira de pensar sobre o que ele falou a não ser essa. -Mas enfim, então se você tem certeza disso, que tal trazê-la aqui para que eu possa conhecê-la?
– Fechado. –Sorri imaginando a cena, ver seu rosto de indignação após ver a bela loira, que é minha e de mais ninguém, já era como ganhar uma grana alta apostada. – Que dia?
– Sábado, vocês podem almoçar aqui.
– Esse sábado agora? –Fiquei frustrado por ter que gastar o tempo na casa do meu pai, o pior de tudo é que ele também é pervertido, com toda a certeza vai pensar na Luce em outras maneiras.
– Sim, você vai folgar nos fins de semana certo? Então aproveita e faça isso logo. –Mesmo que eu esteja longe, tenho certeza que ele abriu seu típico sorriso falso, bufei. – A não ser que você tenha que ir atrás de uma garota rapidamente para me apresentá-la como namorada...
– Velho intrometido! –Encerrei a ligação sem paciência, só por que hoje eu queria passar o tempo com a loirinha.
– Quem é velho intrometido? –Por falar nela, escutei sua voz doce atrás do sofá, senti seu cheiro se espalhar por toda a sala e eu inalei-o profundamente. Virei-me em sua direção e percebi que a mesma secava com uma toalha seus cabelos.
– Meu pai, vem aqui, deixa que eu seco. –Fiz um gesto com as mãos para que ela entendesse que deveria se sentar em minha frente, fez o que eu pedi sem dizer uma palavra. Peguei a toalha e fui secando cuidadosamente seus cabelos dourados e macios. – Você toma banho rápido.
– Na verdade não, mas eu queria aproveitar o máximo o dia com meu namorado! –Luce virou seu rosto de forma que eu pudesse me dar um selinho. Sorri envergonhado e logo me lembrei do que meu pai havia pedido.
– Luce, meu pai me ligou e disse que queria conhecer você. –Disse por fim, incerto, e continuei a tirar o excesso de água em seus fios lisinhos. Ficamos em silêncio por alguns segundos, ouvia apenas o som baixinho da TV que logo foi desligada pela loira.
– Tudo bem, quando iremos? –Virou-se sorrindo.
– Sábado? –Resolvi perguntar, não queria forçá-la, na verdade preferia ficar o dia em sua casa.
– Ok, agora escova. –Pegou minha mão esquerda e depositou sua escova, ficou de costas novamente e eu ri baixinho. - Natsu eu preciso ir ao shopping hoje.
– Fazer o quê? Não acha que passar o dia comigo é mais divertido? -Me fingi de ofendido e ela soltou uma risada gostosa. Terminei de escovar seus cabelos então a virei de frente pra mim, ela sorria abertamente, com as bochechas um pouco coradas, não me segurei e comecei a distribuir beijinhos por todo seu rosto.
Nós dois ríamos um do outro e acabamos por nos beijar por vários e longod minutos. Luce puxava de leve meus cabelos e suspirava entre nossos contatos com a língua, eu passeava levemente com as mãos em seu corpo e no momento em que comecei a levantar sua blusa, a loirinha me parou.
– Seu maluco, ainda é de manhã. Se orienta! -Começou a rir e eu fiz um bico, resmungando coisas inaudíveis.
[...]
– Luce o que eu vou ficar fazendo enquanto você fica falando com as meninas? É muita maldade da sua parte!
– Deixa de ser idiota Natsu, o Jelly vai vir também. -Luce respondeu-me animada enquanto me arrastava pelo shopping em uma velocidade que não era necessária. Pelo que ela me disse, suas amigas iriam apresentar uma garota que começou a trabalhar há pouco tempo em uma livraria, se eu não me engano, seu nome é Juvia.
Combinaram de se encontrar na praça de alimentação, eu realmente espero que Jellal esteja junto com a Erza, por que definitivamente não gosto de ficar no meio de mulheres e seus papos femininos. Em seguida eu e Luce enxergamos uma mesa totalmente bagunçada, com vários restos de comida no chão em volta, soube na hora que era as pessoas que procurávamos já que eu vi a ruiva gritando com o coitado do seu namorado. Sinceramente eu não sei como ele aguenta.
– Yo minna! -Luce os cumprimentou quando finalmente nos aproximamos rapidamente à ruiva trocou sua personalidade demoníaca por um doce sorriso, Jellal tinha uma expressão de medo em seu rosto e mais duas garotas, que eram desconhecidas por mim, estavam juntas. Ambas de cabelos azuis, a mais baixinha olhava curiosa em minha direção e a outra sorria timidamente com as bochechas um pouco coradas.
A loira me apresentou para as meninas e logo uma provocação foi solta pela pequena, que se chamava Levy. Nós dois coramos, mas conseguimos mudar de assunto, Juvia era uma menina um pouco estranha em minha opinião, já que falava em terceira pessoa, mas com o tempo ela pareceu se soltar e se acostumar com todos nós, Luce fazia várias perguntas para coitada, uma atrás da outra, assim como a baixinha pervertida.
– Natsu, senta aí. -Erza fez-me um convite já que não o fiz por opção, olhei de canto de olho para Jellal e percebi que também se sentia desconfortável, ele me olhou rapidamente e eu entendi o recado.
– Ah fica pra próxima... Jellal vou dar um pulinho na loja de videogames, quer ir junto? -Ele assentiu e simplesmente pulou da cadeira já virando de costas e começando a andar, prestes a segui-lo escutei a voz doce de minha namorada.
– Ei! Você vai me deixar aqui? Como eu posso saber se você não vai ficar se engraçando para outras sirigaitas por aí? -Luce falou enquanto inflava as bochechas, comecei a rir alto e um som de “hm” prolongado, feito pelo trio de garotas, foi ouvido deixando a loira corada. - Calem as bocas suas idiotas, eu apenas cuido do que é meu! -Luce tentava se explicar totalmente envergonhada fazendo com que as meninas zoassem-na ainda mais.
– Fica tranquila, eu vou comprar jogos novos. -Sorri para ela que abaixou a cabeça, ri de leve novamente e peguei seu queixo delicadamente, roubando um selinho. - Se alguém encostar um dedo em você eu mato. -Disse por fim e saí acompanhando Jellal.