É por amor.

Tempo estimado de leitura: 6 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 15

    Apenas uma vez mais.

    Álcool, Heterossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Violência

    Olá!

    Bom, peço mil desculpas e antes que me crucifiquem pela demora... Ahhhh, eu já tinha escrito metade do cap há algum tempo, mas tava difícil de terminar, mas enfim, eu terminei *-* (escola tava puxada e o trampo tbm tava tenso... )

    Nhá, o tema musical de hoje é My Sacrifice - Creed (Nas notas como sempre :3)

    Link: http://www.youtube.com/watch?v=eX3ZSlKdsrM

    Boa leitura!

    Na realidade, ele optara pela escuridão de seu apartamento naquele momento, para que refletido em algum lugar ele não avistasse, o que a frágil luz de seu celular revelava refletindo-se nas lágrimas que involuntariamente desprendiam-se de seus olhos negros. A última coisa que queria naquela noite era ver-se chorar.

    (...)

    Um novo dia havia chegado naquele lado do hemisfério e os primeiros raios de sol daquela manhã primaveril de terça-feira começavam a adentrar o imenso quarto do rapaz pelas vidraças da janela, rumando diretamente em seus olhos que ainda abertos, sequer haviam sido fechados por toda a noite.

    Deitado sobre sua enorme cama, o moreno passara a noite em claro e ao seu lado, o aparelho celular que antes tocava a nostálgica melodia de seu passado dourado, encontrava-se desligado devido à bateria que se descarregara pela madrugada.

    Os olhos negros circundados por profundas olheiras mantinham-se fixamente encarando o nada, alienados do mundo atual, aprisionados em algumas lembranças, porém, assim que o relógio sobre o criado mudo ao lado apontou às sete horas, eles foram tragados de volta para o presente:

    — Tsc... Já é essa hora? — resmungou sentando-se lentamente à beira da cama e espreguiçou-se. — Merda... Eu acabei não dormindo nada! — levou uma das mãos ao rosto e pressionou os cantos dos olhos aos arredores do nariz com a ponta dos dedos, suspirando posteriormente.

    Desanimado, ele levantou-se abruptamente e caminhou de forma desleixada até o banheiro, adentrando-o. Necessitava urgentemente lavar o rosto com água fria para quem sabe assim, amenizar o cansaço que estava sentindo e a dor de cabeça que voltara a lhe fazer companhia, afinal, mesmo que não tivesse dormido pela noite, ele não podia faltar logo no segundo dia letivo da Universidade. Do contrário, seu pai que mesmo estando do outro lado do mundo naquele instante, acabaria por infernizá-lo depois e de fato, não era o que o rapaz almejava para aquele dia, nem para nenhum dia de sua vida. Por isso, precisava no mínimo parecer estar bem.

    De frente para a pia, abriu a válvula d’água fria e ele aparou as duas mãos sob a torneira. Em seguida jogou todo o líquido gelado que preenchera suas mãos em seu rosto e rapidamente apanhou a toalha de rosto que estava pendurada por ali perto, secando parcialmente sua face alva. Então o rapaz, pôs-se a olhar para a sua imagem refletida no espelho à sua frente, sob a pia:

    — O que está acontecendo com você, hein? Responda-me, Uchiha Sasuke... — após alguns segundos em silêncio, ele indagou a si mesmo. — Tsc... — terminou de enxugar o rosto e aborrecido deixou o banheiro.

    Voltando para o quarto ele percebeu que algumas de suas malas ainda estavam todas espalhadas pelo chão. Então ele foi até a sala, notando que as outras bagagens também por ali estavam dispersas pelo chão, o que aumentou ainda mais o seu mau-humor e logo ele saiu do cômodo, e caminhou em direção à cozinha. Assim que chegou à mesma ele apanhou o interfone e ligou na portaria:

    — Bom dia, no que posso ajudar? — a mulher da recepção indagou.

    — Olha só... Moro aqui desde sábado e até hoje não vieram desfazer as minhas malas, aliás, nem sequer vieram limpar o apartamento! — reclamou, exasperado.

    — O senhor poderia me dizer o seu nome para eu verificar? — questionou educadamente.

    — Uchiha Sasuke! — respondeu prontamente.

    — Hum... Senhor Uchiha, o seu pai alugou esse apartamento recentemente para o senhor, porém, ele ainda não providenciou um empregado para o senhor! — foi interrompida.

    — Como assim? Não existe uma arrumadeira nesse prédio? — inquiriu áspero.

    — Todas as poucas que trabalham aqui já estão com suas cargas horárias preenchidas... Está muito difícil de encontrar empregados domésticos atualmente! Mas fique tranquilo, pois irei entrar em contato com o pai do senhor para deixá-lo a par desta necessidade e lhe avisarei se houver algum progresso, aliás, me foi dito que as suas coisas serão entregues em seu apartamento nesta sexta-feira... — comunicou calmamente.

    — Tsc... Entendo, tchau! — desligou na cara da mulher e foi até a sala novamente, pegou o telefone sem fio e discou um número, encostando o aparelho na orelha posteriormente.

    — Alô... — a voz do outro lado da linha foi interrompida antes que conseguisse falar mais alguma coisa.

    — Como você pôde fazer isso seu velho estúpido? — interrogou fulo de raiva.

    — Eu já falei para você não falar assim comigo... Ah, esqueça! Eu não sei do que você está falando...— foi interrompido outra vez.

    — Você me mandou de volta pra cá contra a minha vontade e ainda esqueceu-se de enviar alguém para cuidar desse maldito apartamento que você alugou pra mim! — reclamou, enfurecido.

    — Ora, Sasuke... Arrumar sua própria bagunça não irá lhe quebrar as mãos! — argumentou com pesada ironia.

    — Velho maldito! — pronunciou com raiva. — Você não pode fazer isso comigo... Você sabe que eu não sei fazer esse tipo de coisa... — foi interrompido pelo pai.

    — Mas vai ter de se virar até semana que vem... Porque ainda não encontrei ninguém disposto a ir daqui para o Japão só para cuidar de você aí, portanto, terá de esperar que arranje alguém por aí! — avisou enfezado.

    — Tsc... Morra então, seu inútil! — desligou o telefone na cara do mais velho e jogou o aparelho sobre o sofá. — Merda... — pôs-se a caminhar em direção a seu quarto e logo o adentrou.

    Embora estivesse profundamente irritado, naquele instante não lhe sobrava muito tempo para tentar resolver aquela situação, pois, o relógio sobre o criado mudo ao lado de sua cama já apontava às sete horas e meia daquela manhã e ele precisava aprontar-se para ir para universidade.

    Agilmente ele arrumou-se e organizou suas coisas dentro da bolsa, pegou sua antiga câmera fotográfica e enfiou-a junto com os seus cadernos, em um dos repartimentos da bolsa e munido da mesma, deixou o quarto, passando a seguir pela sala em direção à saída.

    A pesar de que não havia jantado na noite passada, novamente o rapaz havia ignorado o café da manhã e estava indo de estômago vazio para a universidade, assim como também fizera no dia anterior. Parecia não se importar com os problemas que aquela atitude lhe traria.

    (...)

    Em um dos pátios da universidade, reunidas, as quatro amigas já se encontravam a conversar, enquanto aguardavam o sinal de entrada soar:

    — Ai que ódio dessa vida de pobre! — a loira bufou irritada. — Somos obrigadas a levantar às seis e trinta da manhã se quisermos pegar a porcaria do trem às sete e vinte! — finalizou indignada.

    — Uaah! — a morena bocejou e coçou um dos olhos. — É, até que a Ino-chan tem razão... Ser pobre tem muitas desvantagens nessa vida... — concordou ainda com os olhos miúdos de sono.

    — Concordo totalmente... Deveria ser considerado um crime as pessoas levantarem antes das dez da manhã! — reforçou a chinesa com chamas nos olhos. — Afinal, a melhor coisa do mundo depois de comer é dormir! — contou sua filosofia de vida.

    — B-Bom, eu não acho tão ruim assim... Estou acostumada a levantar cedo! — a rosada se manifestou timidamente.

    — Báh, Sakura... Você não é humana, então não conta! — a loira rebateu com firmeza e com uma das mãos jogou a longa franja caída sobre a testa para trás da cabeça.

    — S-Sinto muito por isso... — a menina de cabelos róseos desviou os olhos para o lado.

    — Nhá, é mesmo... Já ia me esquecendo de avisar! — a garota de olhos aperolados se manifestou e enfiou a mão dentro de sua bolsa, retirando alguns convites. — Meninas, agora a pouco... Enquanto eu voltava do banheiro do pátio central, eu encontrei com o N-Naruto-kun... — o rosto dela corou e ela ficou em silêncio por alguns segundos, pensativa. — B-Bom, o Naruto-kun... Ele nos convidou para a festa de reencontro da nossa turma de Hinode que ele fará em sua casa neste sábado! — terminou rapidamente, recuperada do rubor em suas bochechas.

    — Né, Hina... O que foi aquela pausa depois do “N-Naruto-kun”? — a loira questionou imitando a pronúncia da amiga que corou violentamente.

    — N-Não foi nada... E-Eu, eu, só, bem... — ela se enrolava cada vez mais em suas palavras.

    — Espera aí! FESTA? — a loira deu por si e indagou incrivelmente animada. — Até que enfim Deus ouviu as minhas preces e me deu um motivo para sobreviver até o fim da semana! — ergueu as mãos para o céu, com chamas nos olhos.

    — Que legal pra vocês! — a jovem de coques comentou um pouco abatida.

    — Nossa é mesmo... — a loira voltou ao normal. — A Tenten não faz parte da nossa turma de lá, então... — ela calou-se e olhou para o chão, um pouco aborrecida.

    — Tenten-chan... Isso não será um problema! Eu comentei isso com Naruto-kun e ele disse que poderíamos levar convidados e que quanto mais gente fosse, melhor seria! — a Hyuuga sorriu de orelha a orelha.

    — YAY! — a loira comemorou em uníssono com a chinesa.

    — Que demais, nós quatro juntas, iremos “divar” nessa festa e sapatear na cara das velhas inimigas recalcadas! — a Yamanaka levou a mão a boca e começou a rir maleficamente. — Hey, Sakura... — reparou que amiga estava muito quieta e com o olhar distante. — Você não parece muito animada com a festa... — comentou confusa.

    — B-Bem, eu não vou... — contou inexpressiva.

    — O QUE? Como assim você não vai? — a loira questionou transtornada. — Você tá brincando né? — inquiriu séria.

    — I-Ino-san... Eu não tenho ninguém especial que queira reencontrar ou algo assim! — justificou acanhada. — Aliás, não é como se alguém sentisse a minha falta... — murmurou fitando o nada.

    A loira hesitou em rebater aquele argumento, afinal, de fato, as pessoas da turma de Hinode nunca demonstraram afeto à menina de cabelos róseos nos tempos da escola, ou ao menos, durante o ensino médio que a Yamanaka estudara lá.

    — Bom, Sakura... Festas foram feitas para divertir as pessoas! Que se dane o “reencontro”, vamos para nos divertir, poxa! — retrucou esboçando um enorme sorriso. — Mas não iremos te forçar a nada! No entanto, se você decidir ir, nós ficaremos muito felizes, né meninas? — questionou às outras.

    — Pode crê! — manifestou-se a garota de coques.

    — Isso mesmo, Sakura-chan! Ficaremos muito felizes se você resolver ir com a gente... Mas também não iremos te matar ou algo assim, se você não for! — a jovem de olhos aperolados garantiu, esboçando um largo sorriso.

    — Bem, eu irei pensar então e... O-Obrigada! E-Eu amo vocês! — a rosada agradeceu timidamente e as outras três a agarraram, em um abraço coletivo.

    — Nháaa, sua fofa! — a Hyuuga exclamou apertando o abraço.

    Logo o sinal bateu e as meninas adentraram as suas respectivas classes, afinal, como o primeiro dia já havia passado e as apresentações haviam terminado, as aulas naquela terça-feira começaram no horário normal, às oito horas da manhã em ponto.

    (...)

    Após o almoço, todos os alunos encontravam-se nas salas de seus clubes e em uma dessas salas, solitário, o rapaz de cabelos negros, pensativo, ajustava a lente de sua velha câmera fotográfica, sentado em uma cadeira próxima a uma mesa ao canto:

    — Ótimo! — ele terminou de reparar a máquina e pôs-se de pé, seguindo até a janela do clube posteriormente e mirou na direção do céu. — Hum... O que será que eu deveria fotografar? — questionou-se visualizando um dos pátios com a lente do objeto. — Tsc... Não consigo pensar em nada neste momento... — deixou a janela e voltou para a cadeira, se sentando nela, refletindo por alguns segundos. — Bom, acho que eu deveria ir á biblioteca procurar por algum livro com boas imagens, quem sabe assim eu consigo alguma inspiração! — concluiu levantando-se outra vez, caminhou em direção à porta e assim que chegou à mesma, topou com um dos membros mais velhos do clube que havia acabado de chegar. — Shouta-senpai! Pode-me dizer onde fica a biblioteca? — questionou dando passagem para o veterano.

    — O clube de leitura é responsável pela biblioteca, Sasuke-san! Bastar ir lá e pedir para qualquer um dos membros, pois a biblioteca fica na mesma sala que o clube! Ah, e fica nesse mesmo corredor, acho que é uma das primeiras salas, se não me engano! — contou, pondo-se a caminhar em direção a uma das mesas de revelação.

    — Hum, obrigado! — deu de costas e passou a caminhar pelo corredor.

    Logo o rapaz chegou à sala destinada e adentrou-a, encontrando uma garota que ali perto caminhava com os olhos fixos no aparelho celular em suas mãos.

    — Olá! — ele saudou, chamando a atenção da jovem que passou a encará-lo.

    — Oi... No que posso ajudar? — ela questionou enfadada.

    — Eu vim aqui pegar um livro... — foi interrompido.

    — Ah, espera aqui um momentinho! — apática, ela foi a passos rápidos para os fundos da sala, sumindo do campo de vista dele.

    — Tsc... Será que ela vai demorar? — indagou-se mentalmente, irritado e encostou-se à parede.

    A garota rapidamente chegou perto da menina de cabelos róseos, que sentada em uma cadeira ao canto isolado, lia concentradamente um enorme livro:

    — Hey, Sakura-chan! — chamou-a estranhamente amigável.

    — Hum? — a menina ergueu a cabeça e com os olhos verdes surpresos por detrás dos enormes óculos redondos, pôs-se a fitar a mais velha. — Yukiko-senpai? — murmurou o nome da outra.

    — Vejo que você gosta muito de livros, né? — questionou docemente.

    — Ah... S-Sim! Eu gosto muito... — respondeu um pouco acanhada e chocada, afinal, ninguém ali havia conversado com ela até o momento e tampouco, a senpai havia sido tão gentil, porém, inocente, ela por fim acreditou naquela ternura repentina. — Aliás, eu até mesmo já trabalhei em uma biblioteca... — continuou a contar, animada com aquela oportunidade de conversar, porém antes que prosseguisse, foi interrompida.

    — Então vá lá ajudar um cara aí que chegou de outro clube a achar um livro que ele quer, porque eu tô ocupada! — o rosto meigo se desfez, sua indiferença voltou a se manifestar e ela voltou a mexer em seu celular.

    — Ah... S-Sim, senpai! — a rosada acatou, abaixando levemente a cabeça.

    Delicadamente ela pôs-se de pé, deixando o livro sobre a cadeira e passou a seguir em direção à entrada da sala. Assim que chegou, os seus olhos verdes encontraram-se com os olhos negros do rapaz, que engoliu a seco.

    — E-Eu vim aqui pegar um... — ele foi interrompido em meio ao seu gaguejo.

    — Livro! Eu sei, venha comigo! — inexpressiva, ela proferiu naturalmente e deu de costas, começando a caminhar.

    — S-Sim... — ele foi atrás dela. — Tsc... Ela está nesse clube! Agora que me recordo de tê-la visto ontem, saindo daqui... Merda! Tarde demais pra lembrar-se disso, seu idiota! — brigou consigo mesmo mentalmente e poucos segundos depois a jovem parou de caminhar.

    — Chegamos às prateleiras... Diga, que tipo de livro você quer! — ela pediu impassível, agindo como se nem o conhecesse.

    — B-Bom, eu queria tirar algumas fotos, mas estava sem ideias... Por isso queria algum livro de fotografia, ou ao menos, algo com boas imagens para... Enfim, você me sugere algo? — inquiriu acanhado.

    — Hum... Deixe-me ver... — ela começou a analisar uma das enormes prateleiras, visualizando livro por livro.

    — Droga... Ela faz uma cara incrível quando está concentrada! Eu... — pensou observando o rosto sereno da rosada, enquanto ela procurava pelo livro e sem pensar muito, cautelosamente ele retirou o flash da câmera que mantinha em mãos e discretamente começou a capturar algumas imagens da jovem à sua frente.

    — Aqui está! — ela retirou um livro da prateleira e olhou subitamente para o rapaz, vendo-o abaixar agilmente a câmera. — Garoto... Você estava me fotografando? — inquiriu desconfiada.

    — C-Claro que não! — mentiu desviando o olhar. — Bom, tirei algumas fotos dos livros! — omitiu a verdade e voltou a encará-la.

    — Hum... Então porque estava mirando em mim? — questionou aborrecida.

    — Que culpa tenho eu se você estava na frente... — comentou com ironia.

    — Eu estava procurando um livro pra você... — rebateu com a mesma ironia do rapaz.

    — Tsc... Tudo bem, eu confesso! Eu tirei algumas fotos suas sim... Mas a minha intenção era realmente fotografar os livros! — desconversou, ocultando outra vez a verdade.

    — Pois bem, garoto! Livros não voam como as borboletas, então eu peço que você apague estas fotos e fotografe novamente, apenas os livros! — ela exigiu, mencionando algo semelhante que acontecera no passado.

    — É... Pelo visto essa desculpa não irá funcionar novamente, né? — inquiriu corando levemente o rosto. — Enfim, não irei apagar nada e não me arrependo disso! — esboçou um terno sorriso.

    — Afinal, qual é o seu jogo? — ela interrogou áspera, mantendo seus olhos fixos aos dele.

    — M-Meu jogo? — ele respondeu com outra pergunta, confuso.

    — Sim, garoto! — os olhos dela marejaram. — Primeiro você foi embora e nunca mais me deu notícias! Depois de tanto tempo você voltou para o Japão e aquele dia no aeroporto, você me ignorou... E agora, aqui, você está agindo como se nada tivesse acontecido? — indagou incrédula com ele.

    — S-Sakura, eu... — foi interrompido.

    — NUNCA mais fale comigo, Uchiha Sasuke! Eu odeio você! — ela rugiu enraivecida e enfiou o livro encima da câmera que ele segurava em mãos.

    A rosada deu de costas e a passos rápidos, logo sumiu do campo de vista do rapaz que estático e boquiaberto, ainda tentava se recuperar do choque, afinal, aquela havia sido a primeira vez que avistara sua velha amiga furiosa daquela maneira, pois ela costumava ser extremamente passiva. E o pior era que ele havia causado aquilo e sabia muito bem de sua culpa.

    Porém, alguns segundos transcorreram-se e ele regressou a si, passando a seguir para a saída e logo deixou aquela sala.

    Pelo corredor, ele caminhava apressadamente e no meio de seu trajeto, a ruiva surgiu à sua frente, entretanto, antes mesmo que ela pronunciasse alguma palavra, ele desviou de seu caminho e adentrou o banheiro masculino que ficava por ali perto.

    — Tsc... — ele aproximou-se da pia, deixando ambos a câmera e livro sobre a mesma e apoiou-se a beirada, com a palma das mãos. — Merda, merda... No que estou pensando, agindo dessa maneira? — passou a fitar-se no espelho à sua frente e em seguida lavou o rosto.

    Naquele momento, recolhida em seu cantinho daquela enorme sala, a menina de cabelos róseos, escondida por detrás dos óculos e do enorme livro que lia, fitava as palavras escritas nas páginas, mas não as conseguia ler, ao menos, não com a sua mente conturbada da forma que estava naquele instante:

    — Porque ele fez isso comigo Deus, por quê? — indagou em pensamento e derrubou algumas lágrimas. — Droga, eu não posso ficar assim... — murmurou levando a mão ao rosto e secando os olhos.

    Embora estivesse triste, ela não podia se dar ao luxo de se desfazer em lamúrias naquele momento, pois logo chegaria a hora de ir embora e ela ainda iria dar aula na escola de música. E definitivamente os seus preciosos alunos não mereciam uma professora amargurada, mas sim, a doce e sorridente professora, que os ensinariam a tocar piano.

    Algumas horas transcorreram-se e o jovem Uchiha já se encontrava em sua casa, ainda com as roupas que usara na universidade, sentado sobre o sofá de sua sala.

    Seus olhos negros visualizavam concentradamente as imagens guardadas na câmera fotográfica que tinha em mãos: a expressão serena da menina de cabelos róseos, em busca de um livro.

    — Ela estava tão perto! Eu queria tanto tê-la abraçado... — murmurou e suspirou deprimido, deixando a câmera sobre a mesa de centro e levantou-se do sofá. — Bom, eu tenho que arrumar essa bagunça! Tsc. Aquele velho desgraçado... — resmungou pondo-se a andar pelo cômodo e apanhar algumas de suas malas pelo chão.

    Com certeza, ter encontrado sua velha amiga de outrora no clube de leitura havia sido mais uma das estranhas coincidências que o destino parecia vir-lhe impondo desde que regressara ao Japão. Talvez fosse uma forma de lhe fazer pagar pelos seus pecados, ou quem sabe, vê-lo penar por simples capricho de alguma divindade que não lhe tinha apreço. No entanto, ter enfim, trocado algumas palavras com a rosada, depois de tanto tempo, havia lhe proporcionado uma nostalgia reconfortante. Aliás, embora ele não houvesse reunido coragem naquele momento para abraçá-la, enquanto seguia tentando organizar a bagunça que estava seu apartamento, ele ficava imaginando como teria sido tê-la em seus braços, apenas uma vez mais, como estivera antes, naquele tão doce passado.


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