Fairy Tail, a verdadeira história.

Tempo estimado de leitura: 47 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 3

    Capítulo 2.

    Já que ninguém comenta, não tenho nada para falar aqui. Apenas espero que tenham uma boa leitura.

    Eu preciso fazer alguma coisa.

    Minhas mãos ainda seguram as folhas, mesmo que tremendo agressivamente. Já li e reli várias vezes, mas só cheguei à conclusão de que nada adianta minha descrença, enquanto o tempo passa e o trágico futuro se aproxima. Mas a questão é: Como, exatamente, eu escrevi essas previsões?

    O fato de eu não me lembrar de absolutamente nada dificulta muito, e se não houvesse coisas escritas com datas futuras, eu obviamente chegaria à conclusão de que escrevi um diário sobre o que acontece comigo, num estado semi-inconsciente. Mas a verdade é que eu sei que não é isso e apenas estou tentando formular teses coerentes para esses acontecimentos bizarros. E também, eu vi as cenas de um futuro próximo, e logo em seguida tudo se materializou à minha frente. A única coisa que me resta a fazer é tentar mudar isso.

    Mudar o futuro.

    Eu não aguentaria ver duas vezes todo aquele pesadelo acontecendo ao meu redor, por que sinceramente o sonho foi nítido demais para ser esquecido. E, de alguma forma, eu sou a única que pode mudar isso. Mas por quê? Como? Eu preciso de respostas, explicações, mas infelizmente não tenho tempo. Tenho que agir.

    Separo as folhas a partir do dia de hoje e deixou as do passado num canto. Espalho todas em ordem cronológica, enfileiradas no chão paralelamente. Percebi que o que eu escrevi não tem muita riqueza de detalhes, como se realmente fosse um livro, baseado na minha vida e que apenas contém cenas importantes. Vou passando os olhos pelas datas, uma a uma, até que paro e meu coração gela. Passo as mãos pelos cabelos e rosto, descrente, e num ato desesperado vou até o calendário da cozinha, conferir a data de hoje. E mesmo eu já sabendo da resposta, senti o chão fugir aos meus pés.

    Faltam exatamente cinco dias.

    Cindo dias para que meu pesadelo se torne real, de acordo com a data do que escrevi. A história para no exato momento em que Acnologia rugi em nossa direção. Então meu futuro, e todos da Fairy Tail, é a destruição? Não. Eu simplesmente tenho que mudar esse destino cruel. Enxugando as lágrimas que haviam caído sem permissão, recolho as folhas do chão em uma pilha, e me arrasto pela parede até sentar no tapete.

    O que eu vou fazer?

    Massageio as têmporas enquanto digo a mim mesma: “Pense, Lucy. Você é inteligente, você é inteligente.” Se fosse para desvendar algum enigma, ou até mesmo algum cálculo matemático, eu estaria bem mais confiante. Mas e o futuro? E ainda mais, quando eu vi tudo aquilo acontecendo, pessoas morrendo, Magos lutando bravamente mesmo feridos, e, principalmente, os Dragões. Infelizmente, não está escrito como eles chegam. Eles simplesmente vêm. Aparecem. Como diabos vou fazer para mudar o curso da história...?

    Minha mente deu um estalo. Pulei rapidamente do chão e pus-me de pé, começando a andar freneticamente pelo quarto, enquanto me permitia erguer meus lábios em um sorriso esperançoso. Mudar o curso da história, mas é claro! Como não pensei nisso antes? Já trotando de alegria, pego as folhas do chão e me passo a ler tudo minuciosamente. Agora tudo está muito claro.

    Eu só preciso mudar os fatos, antes de acontecerem. Se o presente muda, o futuro também muda. As ações vão ser diferentes, por isso vai ocasionar um futuro diferente.

    Eu sei que vou conseguir. Eu tenho que conseguir.

    ***

    Quase não dormi essa noite. Passei o resto do dia lendo e relendo palavra por palavra, decorando tudo o que pode acontecer e planejando como vou mudar, e o que pode acontecer se eu mudar. Eu tenho que pensar nas conseqüências, não posso simplesmente modificar tudo sem imaginar no que o que eu mudei pode ocasionar. Por exemplo: Se eu tiver que impedir de alguém que esteja com sede beber água, eu não posso apenas impedi-la de fazê-lo em um determinado momento, pois depois em alguma hora em que eu não estiver, essa pessoa vai beber água. Afinal, ela estava com sede. Das duas uma: Ou eu tenho que dar um jeito de que essa pessoa nunca mais beba água – pelo menos até o momento certo –, ou tenho que impedir que ela tenha sede. Preciso pensar no que fazer para impedir os fatos, muito antes de eles se realizarem, impossibilitando qualquer chance de que aquilo venha acontecer.

    Definitivamente lhe dar com o tempo não é fácil, minha cabeça deu um nó diversas vezes enquanto pensava nessas coisas. Mas não posso duvidar de minhas capacidades, nem deixar que o medo me faça hesitar. Eu sou a única que pode salvar a todos. O futuro da Fairy Tail está em minhas mãos.

    Respiro fundo e entro na Guilda, que mesmo sendo bem cedo já está bem animada, como sempre. Fecho as grandes portas e encosto-me a ela, olhando todo o salão aglomerado de gente. Okay, Lucy. Você sabe o que fazer. Recordo-me do que estava escrito, olhando as coisas acontecendo ao vivo, agora. Os meninos em um grupo brigando – com Natsu incluído, lógico. Macao e Wakaba falavam como estavam velhos e de como a nova geração era inconsequente, enquanto jogavam cartas. Mira estava atrás do balcão, ao qual o Mestre estava sentado bebericando sua cerveja, já com o rosto corado. Cana praticamente engolia o barril de vinho, enquanto Gildarts – que incrivelmente estava aqui – pedia para ela beber menos. Levy estudava com alguns livros, enquanto Jet e Droy torciam por ela, mesmo eu não sabendo para quê. Happy tentava inutilmente presentear Charlie com um peixe envolvido num laço vermelho, mas como sempre ela negou, fazendo o azuladinho ficar choroso. Wendy só ficava rindo sem graça para o mau humor de sua gatinha, e Gajeel estava na mesma mesa que eles, mastigando algumas colheres. E ah! Sem deixar de esquecer, claro, de Juvia que stalkeava seu Gray-sama atrás de uma das pilastras do salão.

    Está tudo acontecendo como o que eu escrevi, exceto, é claro, o fato de eu estar observando tudo, ao invés de estar conversando com a Mira, como estava escrito. Afinal, se estivesse escrito o que eu estou fazendo agora, seria uma previsão da previsão, e isso seria totalmente bizarro! E eu sinceramente não sei se vou aguentar mais surpresas. Mas a agora a questão é: No que devo interferir? É lógico que eu tenho que mudar algo relevante para o futuro, mas quem ou o quê tenho que parar?

    Foi aí que eu vi Gray sair do aglomerado de selvagens que brigavam por algum motivo banal e ir em direção à Erza, que lustrava uma de suas espadas despreocupadamente sentada em uma das mesas. Então eu lembrei. Gray precisa de dinheiro, por isso estava indo falar com Erza para nosso time pegar uma missão, mas quando eles iam olhar o quadro, a ruiva se interessava em um trabalho classe S e iria ao mesmo sozinha, dizendo que acabaria rapidamente e depois iríamos todos juntos num outro. Só que a missão tomava mais tempo do que ela imaginava, e a Titânia não estava conosco na hora em que a guerra começou. Ela chegava depois, quando já tínhamos muitas perdas. Mas é claro! A Erza é bem relevante, como não prestei atenção nisso? Ela é uma das magas mais fortes e é claro que faz toda a diferença. Estava tão desesperada que não vi o óbvio.

    Corro rapidamente em direção a eles, desviando de algumas cadeiras e pessoas que voavam pelo caminho. Quase pulei em cima de Gray quando ele estava prestes a falar com Erza. Acabei que assustei os dois, mas não dei muita bola para isso.

    – Er... Gray, o que está fazendo? – perguntei debilmente, enquanto os dois me olhavam como se eu fosse doida. Mas que bosta, não tinha nada melhor para perguntar não, Lucy?

    – Eu estava indo falar com a Erza... – responde ainda meio surpreso, erguendo o braço para se dirigir à ruiva.

    Quase gritei.

    – Não! Quero dizer, eu preciso falar uma coisa MUITO séria com você.

    – Lucy, você está bem? – Erza me pergunta com o cenho franzido.

    Acabei de descobrir que sou péssima atriz. Estapeio-me mentalmente e lhes dou um sorriso.

    – Mas é claro! Por que não estaria? Mas agora, Gray, vem cá! Até loguinho Erza.

    “Até loguinho Erza”? Eu, definitivamente, tenho que tentar ser menos retardada. Mesmo a protestos de Gray, o arrasto para longe da ruiva, evitando assim que ele fale com ela. Se Gray não falar com Erza, ela nunca verá o quadro de missões e consequentemente não vai ficar longe.

    – Tá legal, Lucy. O que há? – o mago do gelo se desvencilha de mim, estancando no lugar cruzando os braços e me olhando impaciente.

    O que eu vou dizer? “Gray, você não pode fazer o que ia fazer, por que se você fizer isso, eu não vou conseguir fazer com que a Erza não faça o que ela iria fazer, por que você fez.” Okay, isso foi muito confuso, mas de qualquer forma não posso contar a verdade a ele. Nem a ninguém. Isso pode mudar o curso dos acontecimentos e eu tenho medo de que as consequências sejam bem mais trágicas. Penso nessas coisas fazendo caretas, e esqueço que Gray ainda espera minha resposta, até que sinto aquele arrepio na espinha quando há uma intenção assassina voltada para si. Olho para trás e vejo encoberta pelas sombras Juvia com um olhar maligno, e que certamente está arquitetando vários planos maléficos contra minha pessoa. Mas ela é minha saída.

    Rapidamente puxo Gray para perto dela.

    – Bom, é que a Juvia queria dar uma volta!

    A azulada franzi as sobrancelhas, até que o Ice Maker se manifesta.

    – E por que diabos você veio falar isso para mim?

    Assumo uma feição maliciosa, rindo de modo um modo psicótico. Dirijo-me para Juvia, meus olhos estreitados em travessura.

    – Ele quer te levar para sair, mas tem vergonha! – sussurro, fazendo uma barreira nos meus lábios com minha mão.

    Os olhos de Juvia brilham apaixonadamente e no segundo seguinte ela agarra Gray pelo braço.

    – Oh, Gray-sama não precisa ser tão tímido. Vamos! – e o arrasta correndo porta a fora, mas não antes de Gray me mandar um olhar raivoso do tipo: “Você me paga”.

    Mas na verdade, você que deveria me agradecer, meu amigo. Eu estou salvando nossas vidas. Já contente por ter feito alguma coisa para mudar o futuro, volto minha atenção para o salão, já me preparando para agir novamente. Começo a andar pelas mesas à procura de algo que seja relevante, até que meus olhos encontram Natsu e Erza... Olhando o quadro de missões!

    Mas...como?! Se eu impedi que Gray falasse com Erza, ela não iria pegar a missão, já que ela só teria ido olhar por causa dele. E agora ela está lá, e foi o Natsu quem a levou!

    Meu Deus... Será que... Será que eu não posso mudar o que o destino já decidiu? Que de uma maneira ou outra aquilo tem que acontecer? Mas eu simplesmente não posso aceitar isso. E não vou! Corro em direção a eles, determinada a fazer alguma coisa, a tentar mudar o futuro, nem que eu precise impedir a mesma cena um milhão de vezes! Mas de repente meu coração estronda dentro do meu peito, numa batida tão forte que chega a doer. Estanco no lugar, me encurvando de dor enquanto tenho a impressão de enxergar tudo em negativo. Minha respiração rapidamente ficava desregular e aquele sensação... Aquela sensação de que meu espírito quer se desprender do meu corpo volta com força total, causando-me uma tremedeira intensa. Desabo no chão, com a cabeça girando num ritmo desenfreado. Ouço as pessoas gritando por mim ao meu redor, mas seus rostos estão embaçados, e suas vozes distantes. Eu não estou mais aqui, estou me projetando dentro de uma visão.

    Uma visão do que eu devo fazer e que não estava escrito naquelas folhas. Como se... Como se minha própria mente tivesse viajado para o futuro, procurando soluções para as consequências de eu não conseguir mudar as ações no presente. E assim como a sensação veio, foi embora de repente, como se nunca tivesse existido, deixando-me apenas desnorteada.

    Quando me ergo e finalmente consigo focar a visão, encontro os olhares preocupados do meu time e algumas outras pessoas da Guilda. Eu queria lhes dizer tudo, mas eu sei que não posso. Também não tenho tempo para explicações, por isso me levanto rapidamente do chão, mas tenho uma vertigem e sou amparada por braços quentes. Natsu.

    – Luce, onde pensa que vai? Você não está bem!

    Envio-lhe um sorriso. Eu nunca quero perdê-lo, nem a ninguém da minha família. Por isso eu preciso fazer o que eu vi, mesmo não tendo ideia de que exista, eu preciso tentar. Afasto-me de Natsu, me pondo firme dessa vez. Pego a chave de Virgo em minha cintura, a chamando sem precisar necessariamente abrir o portão. Ela não hesita em meu pedido e rapidamente sinto o meu corpo brilhar, à medida que minha presença vai sumindo. Os outros me olham com surpresa e Natsu grita por mim, mas eu apenas fecho os olhos, esperando que a transição entre dimensões acabe.

    Quando abro minhas pálpebras novamente, encontro aquele maravilhoso céu estrelado, que nos dá a sensação de estar orbitando no cosmos. Mas não tenho tempo para observar a beleza do Mundo dos Espíritos, por isso me dirijo para o meio do salão, ficando de frente para o Rei, que parecia já estar me esperando. E digo exatamente as mesmas palavras que me vi dizer, buscando forças para ter uma voz convicta e imperativa:

    – Eu exijo a décima terceira chave.


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