Fairy Tail, a verdadeira história.

Tempo estimado de leitura: 47 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 1

    Prólogo.

    Algumas considerações:

    ~ Essa história é diferente. Não vai ter um romance especificamente, pois o ponto principal não é esse.

    ~ Shortfic que terá mais ou menos cinco capítulos.

    ~ Por favor, comentem ou favoritem se tiverem vontade, isso me motiva bastante. Quero saber a opinião de vocês e uma recomendação seria ótimo XD

    ~ Boa leitura!

    Já escrevo fanfics há algum tempo no Nyah! e SS, mas só agora decidi postar essa shortfic aqui, pois quero que o maior número de pessoas possíveis a leiam.

    Eu estava sem ar.

    Meu corpo tremia e parecia até que minha alma queria desprender-se de mim. Minha garganta queimava, mas não sabia se era pela falta de oxigênio ou por causa de meu choro desesperado. Minhas pernas tremeram e sem aguentar meu próprio peso caí de joelhos, ralando ainda mais minha pele já bastante ferida. Encurvei as costas e pus as mãos no chão, abrindo a boca e tentando inspirar o ar que me faltava, num ato desesperado.

    Minhas lágrimas molhavam o solo.

    Cravei minhas unhas na terra, apertando os olhos e tentando regular minha situação. Mas o caos ao meu redor não ajudava. Abri os olhos novamente, torcendo para tudo aquilo que eu havia visto fosse apenas um pesadelo, e quando abrisse minhas pálpebras eu estaria em meu quarto, com Natsu e Happy dormindo ao meu lado.

    Mas tudo aquilo era real.

    Olhei ao redor novamente, observando um verdadeiro pandemônio em Magnólia. As pessoas corriam desesperadas, tentando desvencilhar-se dos destroços dos prédios que caiam em grandes quantidades. Vários pedaços do asfalto haviam desaparecido, formando crateras profundas como a que estava a três metros de mim.

    E onde o Natsu jazia ferido e desacordado.

    Eu queria socorrê-lo, mas não tinha forças para me mover. Uma crise de pânico se apoderou de mim, e mesmo eu ordenando meu cérebro a me enviar comando às minhas terminações nervosas, a única coisa que eu conseguia fazer era tremer.

    Eu podia escutar o tilintar de espadas que poderiam ser da Guarda Real ou da Erza, que tentavam controlar a situação ao solo. Magos não só da Fairy Tail, mas de várias outras Guildas oficiais lutavam bravamente, mesmo muito deles estando gravemente feridos. Mas a verdadeira guerra acontecia nos céus.

    As sombras se projetavam sobre mim, mas logo se moviam rapidamente. As figuras imponentes das mais variadas cores e tamanhos rugiam estrondosamente, cuspindo varias magias diferentes. As escamas eriçadas pelo confronto e com dentes pontiagudos prontos para atacar qualquer ameaça, eles lutavam entre si.

    Dragões. Milhares deles.

    Nunca poderia imaginar que isso acontecesse novamente, só que numa proporção muito maior e mortal. Aquilo era o inferno. Havia alguns que aparentemente não se interessava em nós, humanos, mas outros, digo que a grande maioria, se armava contra nós e nem ao menos precisava rugir para matar alguém. O leve bater das asas fazia um vento tão forte, que muitos de nós voávamos longe, e já caiam desfalecidos.

    Os gritos não paravam.

    Eu podia ouvir o pavor, ossos sendo quebrados, gritos abafados pela dor. As pessoas que não usavam magia eram as mais vulneráveis, por isso os magos os escoltavam para longe de tudo, protegendo-os. Mas muitos morreram no processo. Inclusive da Fairy Tail.

    Apenas os mais fortes ainda estavam vivos, mas que lutavam sem esperança, apenas seguindo o instinto da sobrevivência. Eu nem ao menos sei como ainda estou viva, mas sei que minha hora logo chegará. No início lutei bravamente ao lado de meus Espíritos, mas logo minha magia veio por acabar, como também não consegui derrotar nem ao menos um. O sangue se esvai de mim por vários cortes que adquiri, além de algumas costelas quebradas quando fui levada pelo impacto da pisada de um Dragão.

    Os Dragons Slayer foram derrotados. Todos eles. Feriram-se mais por terem se aproximado demais da intensa batalha entre Os Grandes, e estes não perdoaram a afronta. Não posso pensar que os únicos que poderiam derrotá-los morreram, pois dessa forma estaria admitindo a mim mesma que Natsu já se fora, bem na minha frente.

    Uma explosão eclodiu atrás de mim e com o impacto fui jogada à frente. A pele dos meus braços e pernas se dilacerou ainda mais quando cai na cavidade, escorregando pelo resto do asfalto e terra seca. De alguma forma meus pulmões se aliviaram, e desesperadamente suguei o ar num urro doloroso, sentido tudo queimar por dentro quando finalmente consegui respirar.

    Ignorando a dor lancinante em meus músculos, esgueirei-me pelo chão, rastejando para mais perto do homem que sangrava por uma abertura em seu abdômen.

    Natsu.

    Não sei ao certo se tinha parado de chorar, mas se o fiz, as lágrimas caíram novamente no mesmo instante que o vi naquele estado. Estiquei-me e toquei seu braço, estendido ao lado do corpo. Ele incrivelmente estava gelado.

    O pânico cresceu dentro de mim. Natsu era quente, sempre foi. Recordo-me de todas as manhãs que acordei aquecida e percebi que ele dormia com um anjo ao meu lado. Ele aquecia não só meu corpo, como também meu coração. Desesperadamente gritei seu nome, mas ele nem ao menos se mexeu. Com dificuldade e entre soluços, coloquei seu corpo sobre meu colo, balançando-me num choro irregular. Ele não podia ter morrido.

    O apertei contra mim, minhas lágrimas molhando sua face adormecida. Os lábios ressequidos e pálidos estavam entreabertos, por onde saia uma respiração tão fraca, que quase não percebi. Fazendo pressão sobre seu ferimento, coloquei minha mão, que rapidamente inundou-se em seu sangue. Gritei, dessa vez colocando as duas mãos, na tentativa de cessar a hemorragia. Mas não adiantava.

    Não havia ninguém para ajudar, todos que ainda estavam vivos estavam ocupados em manterem-se a salvo. Senti-me um lixo, impotente diante da situação. Eu nada podia fazer. Não podia salvar aquele que já me salvou tantas vezes.

    Meu choro se aprofundou, dessa vez mais desesperado. Envolvida em seu sangue, me agarrei mais a seu corpo, murmurando palavras doces. Alisei sua face, deixando um rastro escarlate por onde meus dedos passavam. Beijei seus lábios singelamente.

    Nós morreríamos juntos.

    Um baque ecoou atrás de mim e fiquei na penumbra. A sombra se projetou ao meu redor, e eu perdi de vista a sua amplitude. Uma bufada intensa aqueceu minhas costas e todos os pelos do meu corpo se eriçaram. Comecei a tremer ainda mais. Eu sabia o que estava atrás de mim, mas tinha medo de olhar qual deles era.

    Ele parecia farejar o ar ao meu redor, inalando ao final mais intensamente, como se tivesse achado o que queria. No instante em que me virei, ele ergueu a cabeça para o alto, rugindo raivosamente. Todo o chão tremeu e por um segundo todo o barulho da batalha se silenciou, respeitando sua imponência. A energia que ele emanava era assustadoramente sombria, o que tornava sua aparência ainda mais diabólica. Seu olhar faiscava em fúria e as escamas pretas azuladas projetavam-se para fora de seu corpo, como se a qualquer momento elas fossem me atingir como estilhaços de vidro.

    Acnologia.

    Seus olhos eram de um negro que não se diferenciava a pupila da íris, ma podia ver claramente que ele olhava para Natsu. Recordei-me de ele farejando o ar, e me lembrei do sangue. O sangue de Natsu. Ele o queria. Matá-lo.

    Banhar-se em sangue de outro dragão, como sempre fez e estava fazendo com muitos dali, para tornar-se cada vez mais forte. Não que Natsu fosse um, mas era filho. E muitos já disseram que só de olhar para ele, sentia a presença de Igneel, O Senhor das Chamas.

    Ele continuava a nos encarar, alternando o olhar para mim às vezes. Gritei mentalmente para minhas pernas se moverem, e eu saísse correndo dali com Natsu, mas eu simplesmente não conseguia. A massa de energia negra que ele emanava, envolvia-me, penetrando em meus poros, chegando a minha alma, instalando o pavor.

    Olhei para as chaves na minha cintura, procurando resquícios de magia no fundo de meu âmago, mas só encontrando a pouca centelha que me deixava viva. Eu nada podia fazer. Como eu já havia pensado antes, nós morreríamos juntos.

    – Eu te amo – sussurrei, a voz entrecortada pela dor e choro.

    Eu não queria continuar olhando o monstro à minha frente, por isso aproximei meu rosto ao de Natsu, encostando minha testa na dele. Encontrei os olhos verde-musgo me fitando.

    Ele havia acordado.

    Mas diante das circunstâncias, apenas me limitei a sorrir, enquanto sentia as lágrimas escorrerem pelo meu queixo. Com dificuldade, ele ergueu o braço em minha direção, tocando minha bochecha com os dedos. Ele balbuciou com a voz muda, a reposta que eu queria ouvir.

    “Eu também te amo”

    Quando percebeu que sua presa havia despertado, Acnologia se remexeu inquieto. Natsu entrelaçou nossas mãos, no mesmo instante em que olhávamos para a personificação do Apocalipse. Nosso Apocalipse.

                Então ele rugiu em nossa direção, e tudo ficou escuro.


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