O homem e a morte.

Tempo estimado de leitura: 28 minutos

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    Capítulos:

    Capítulo 10

    O fim da dor.

    Mutilação, Violência

    Um lugar abandonado, um homem solitário, eu não podia aceitar o que se passava diante de meus olhos, a culpa retornou e aquele vazio em meu peito foi aberto novamente mas dessa vez era ainda mais forte,  eu sentia  como se lagrimas quisessem sair por meus olhos mas não conseguiam,  tudo que conseguia fazer era se manter lá, sem nenhuma reação, as diversas perguntas que eu tinha a fazer agora eram quase que impossivel de serem feitas. Por sua vez aquele homem manteve sentado, recusava-se a me olhar, no passado ele estava sempre querendo ir de encontro a mim e agora que eu estava ali ele simplesmente ignorava minha presença. Sua aparencia havia mudado, mas aqueles olhos...Não tinha como não reconhecer a dor que ali se encontrava. Aqueles cabelos negros como o céu tornaram-se brancos, seus olhos de um azul tão belo e hipnotizante havia perdido seu brilho e se tornado melancolico, em sua mão ainda encontrava-se aquela espada, a espada qual havia arrancado sem piedade a vida de incontaveis pessoas.

    Após alguns minutos ele apoio a ponta de sua espada na areia e usou de suporte para se levantar e então finalmente me olhará e  em seguida olhará para o céu. Sua boca se abrio mas nenhuma palavra saiu dela e então fez mais algumas tentativas até que finalmente conseguira falar com uma voz fraca e pausada: "Vo...Você...finalmente...veio" e mesmo com aquela sensação quase que insuportavel eu tinha de conversar com ele:

    -"Me desculpe por te fazer esperar" falei com uma voz baixa. 

    -"O que o mundo se tornou após meu desaparecimento?" seu olhar fixava na lua.

    -"Tornou-se um lugar detestável e cheio de pessoas fingindo serem felizes" apertei um pouco a foice que se encontrava em minha mão.

    -"Então ja pode me levar " pela primeira vez eu via aquele homem, não entendia porque ele sorria.

    Pela primeira vez conversavamos, pela primeira vez via seu sorriso, mas ainda assim aquela dor permanecia, continuva a apertar minha foice cada vez mais forte e então finalmente consegui fazer a pergunta que queria: "Porque poupou aqueles dois, porque não os matou!? Você não queria destruir esse mundo desprezivel? Você não queria se vingar?"

    Ele me olhou, seu sorriso permanecia lá,  deixou sua espada escorregar por sua mão até tocar a areia, então com uma voz calma disse: "Aquela vez foi a segunda vez que vi bondade nesse mundo, eu provoquei toda dor possivel e mesmo assim ainda havia amor, eu coloquei o ódio de todos em mim, fiz com que sofressem para conhecerem a dor do sofrimento, fiz com que me odiassem para conhecerem a destruição do ódio, fiz com que morressem para saber a dor da perca. Realmente eu queria destruir aquele mundo desprezivel e eu o destrui, o que existe agora é um mundo de que se vale a pena viver, mas nós dois somos o que restou daquele mundo, agora você saberá como é a dor de ser deixado assim como eu fui..." E então fechou seus olhos. Nosso tempo havia acabado, lagrimas escorreram de meu rosto, a dor já era insuportavel, levantei lentamente minha foice e tirei a vida daquele homem, após isso cai de joelhos sobre a areia e chorei, pela segunda vez eu choravá, pela segunda ele era a razão, eu não precisava pegar sua alma pois ela já havia partido junto daquela mulher. Olhei a lua assim como aquele homem costumava fazer e então finalmente entenderá o que significava estar sozinho, não significava estar sem ninguem ao seu lado e sim você existir e mesmo assim sua existencia não ser reconhecida e não ter nenhum significado.


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