Olá pessoal!!!
Como no fim de semana eu estarei fora e sem internet, resolvi postar o último capítulo de Sete Chaves antecipadamente para vocês.
Divirtam-se com os últimos momentos do romance de Raul e Alexia!!!
- Então porque não a deixou? Porque não foi viver sua vida como disse? - por um instante meu pai pareceu esperançoso de que aquela confissão criasse um mal estar entre nós. Mas Raul ainda tinha coisas a dizer.
- Porque não pude. Porque todas as vezes que imaginei deixá-la e seguir com a minha vida, minha mente me obrigava a lembrar do quão bom é estar ao seu lado, e me obrigava a pensar no quão seria incrível o nosso futuro juntos. Eu a amo Arthur, e peço desculpas por isso, porque sei que você não teve nada a ver com a morte do meu pai e sei que tudo o que você faz é por ela. Sei que queria alguém melhor do que eu para a sua filha, mas não posso controlar essas coisas. Não posso controlar o que sinto. E sinto lhe dizer, mas... eu não vou desistir dela. Por mais que você não me aceite, enquanto ela me quiser, eu estarei com ela e serei absolutamente dela.
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Cap. 30
Minha boca se abriu enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Ainda sem acreditar, olhei para a minha mãe – estática, com uma mão tapando a boca – assim como meu pai. Uma gota de suor escorreu de sua testa enquanto Raul respirava fundo e se sentava de novo.
- Bem... eu... eu tenho uma reunião de emergência agora. Preciso... ir. - meu pai disse, e ainda meio pasmo, foi saindo de fininho. Parou na porta e olhou no relógio – Já está um pouco tarde e acredito que ambos precisam estudar. Quando eu voltar, espero não encontrá-lo aindaaqui. - disse, e eu não acreditei que depois de tudo ele estava praticamente colocando Raul pra fora.
- Não se preocupe, não vai mais me encontrar aqui hoje. Quando você chegar, estarei noquarto dela.
Meu pai semicerrou os olhos e fechou os punhos na altura do tórax, simulando uma briga. Minha boca apenas continuou aberta enquanto minha mãe deixava escapar uma crise de riso. Raul sorriu e levantou as mãos em sinal de rendição. Meu pai fungou como um touro e saiu batendo a porta da sala com força. Oh, Deus, aquilo não seria fácil.
- Veja só, Raul – começou minha mãe assim que ouvimos o carro do meu pai voar garagem a fora – não pense que só porque estou ajudando vocês dois já lhe aceito como meu genro. Você ainda vai precisar ganhar minha confiança.
- Não se preocupe. - ele disse, ainda com o sorriso no rosto – Farei o que for necessário.
- Ceeerto... - intervi antes que aquela conversa voltasse a ser o interrogatório da minha mãe. - Nós vamos estudar um pouco no meu quarto, então... - comecei a puxar Raul pela camisa em direção à escada, mas parei diante do olhar desconfiado dela.
- Vocês dois... não sei não... - ela olhava principalmente para Raul, que não fez questão de esconder o sorriso malicioso que abriu em seus lábios. Eu o cutuquei e ele recuperou sua feição séria.
- Mãe, por favor, nós temos prova pra estudar. E foram três anos... - falei com a voz mais melosa possível.
- Tudo bem, tudo bem. Eu estava brincando. - ela suavizou a expressão. - Mas ele precisa ir embora antes das 23h.
- Como quiser. - Raul disse enquanto me puxava saltando de dois em dois os degraus da escada.
Abri a porta do meu quarto e ele entrou sem hesitar. Olhou em volta, mexeu nos cadernos espalhados na escrivaninha e observou minha coleção de livros.
- É, agora percebi o quanto fiz você sofrer sem suas regalias lá no galpão. Meu Deus, aquilo é um jacuzzi? - ele se espantou ao entrar no banheiro.
- Sabe, se eu aprendi alguma coisa com toda essa história foi que ter tudo isso que tenho não significa ter muita coisa.
- Ficou maluca? Como você pode dizer uma coisa dessas? - ele me olhava, perplexo.
- Ouça, Raul. - disse, exigindo sua total atenção – Sempre pensei que minha vida era perfeita, que tinha tudo o que precisava. Mas quando perdi você, percebi que nada disso valia muito a pena. Na verdade, nada vale a pena se a gente não pode dividir com quem se ama.
O vi se surpreender, e logo depois sorrir. Raul me puxou para um abraço tão forte que parecia ter sido o primeiro desde que ele saiu da cadeia. Apertou-me contra o seu corpo, como se quisesse esquecer seus erros, suas dúvidas e arrependimentos. Como se quisesse que a partir dali, fossemos um só.
- Nós ainda temos alguns problemas. - disse, ainda totalmente envolvida em seus braços.
- Como, por exemplo?
- Meu pai, meu avô e o nosso... futuro.
Ele se afastou para olhar em meus olhos.
- Seu pai será apenas uma questão de tempo para nos aceitar completamente. Seu avô vai demorar de sair da cadeia, e... isso até já me faz ver nosso futuro: - ele soltou as mãos de mim para contar nos dedos - um apartamento na capital, uma casa de praia, três filhos e alguns cães e gatos.
- Nós realmente precisamos conversar sobre isso. - falei, sem querer que fugíssemos do assunto “meu avô”.
- Conversar? Lexi, como você está no 5º período de medicina? - ele disse num tom de deboche, pronto para soltar uma piada.
- Mas do que você está falando?
- Você já está bem grandinha pra saber que não se fazem bebês conversando. - ah, sim. Eu sabia. Semicerrei os olhos e o vi dar gargalhadas.
Mas ele estava certo. Eu não precisava ficar me preocupando tanto agora – afinal de contas nós estávamos ali, um para o outro. Teríamos tempo o suficiente para pensar no que fazer em relação ao meu avô. Meu pai nos tolerava, mas realmente era questão de tempo para que ele confiasse em Raul. Estava tudo certo quanto à faculdade e o nosso futuro... bem, o nosso futuro há de ser como ele mesmo disse.
- Eu amo você. - Raul sussurrou no meu ouvido, tirando-me de minha onda de pensamentos.
- Prometa. - disse, e quando vi sua expressão de dúvida, completei: - Prometa que vai ser pra sempre. E que nada e ninguém ficarão entre nós.
Raul beijou o canto da minha boca e ficou ali por mais alguns segundos.
- Eu prometo. Nada vai nos separar.
Ficamos ali por algum tempo. Tempo que mal sei estimar – mas logo que ouvi minha mãe gritar da sala que já era 11h da noite percebi que todo tempo do mundo seria pouco para nós dois.
- Você precisa ir. - disse, o acompanhando até a porta, morrendo de vontade de levá-lo pro meu quarto de novo.
- Não antes de suas considerações finais. - ele disse, esperando minha reação.
- Ah, sim. Eu amo você.
- Mas isso eu já sei. - ele disse, sorrindo novamente. - Estou falando disso. - E me pegou num beijo intenso.
- Ahamhamham. - minha mãe pigarreou como nunca atrás de nós. O soltei me acabando de rir dela.
Despedi-me de Raul na sacada, e pela primeira vez me senti realmente completa. Eu sabia que não seria fácil – nós teríamos pela frente provas, dúvidas e muitos desafios – mas nós estávamos juntos. E se, sozinha, nunca havia me faltado coragem, com Raul ao meu lado eu sentia que podia enfrentar tudo. Que nós viveríamos – e morreríamos – unidos, e mais fortes do que nunca.