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A aguá que caia daquele céu tomava conta daquele deserto, aquela chama alimentada por ódio não resistia a dor que aquela chuva carregava e aos poucos se extinguia deixando apenas um reino em ruinas consumido quase que completamente pelo ódio, eu presenciava aquela dolorosa cena enquanto a chuva tomava conta de meus olhos, mal conseguia enxergar aquele homem sumir diante de mim enquanto permanecia lá, imovel, eu queria ir atras dele mas já havia adiado demais para buscar aquelas pobres almas em desespero. Algo chamou-me a atenção...Aquelas gotas não estavam caindo sobre meus olhos e sim saiam deles, mas eu não entendia o que era aquilo... Aquilo que significava chorar? Gotas tão dolorosas que escorriam por meu rosto e uma sensação de vazio como se houvesse um buraco em meu peito mas aquilo não estava certo, eu sou a morte eu não possuia sentimentos então porque aquela dor permanecia lá enquanto eu via aquele homem sumir lentamente no horizonte.
Ele se foi, eu fiquei, as lagrimas continuavam, não só a minha mas tambem o céu não parou um momento sequer, tive de fazer o meu trabalho, eu sabia que eu era responsavel por todas aquelas mortes, a cada alma que buscava a dor me consumia, talvez se eu não tivesse levado tudo daquele homem ele poderia ter tido uma vida feliz... Mas nada disso importava mais, eu estava lá em meio aquele massacre, buscando aquelas pobres almas enquanto os poucos que restaram gritavam em desespero, a dor da perca... Eu finalmente entenderá o que significava aqueles gritos.
Após terminar meu trabalho eu caminhei para o deserto, talvez quisesse encontrar aquele homem pois eu não sabia para onde estava indo, eu apenas caminhei e caminhei, durante muito tempo eu estive andando por aquele deserto sem nenhum rumo, apenas caminhando solitario, em alguns casos eu observava enquanto o mundo se recuperava e novamente diversas vilas eram formadas, mas ao contrario de antes, agora as pessoas se ajudavam e raramente eu tinha trabalho a fazer, aos poucos as pessoas iam me esquecendo, já não possuiam mais medo de mim e sempre que via aquela paz eu desejava que aquele homem reaparecesse e destruisse tudo novamente, eu estava me tornando um ser odioso. Sempre que tinha trabalho a fazer esperava que o responsavel fosse aquele homem, e com uma falsa esperança eu sempre ia o mais rapido que podia, mas conforme os anos se passaram ela foi sumindo, eu tinha havia saido de minha ilusão e finalmente percebi que eu não veria aquele homem, não tão cedo e novamente eu não tinha nenhum objetivo, era apenas um ceifador que só existia para tirar vidas. A dor daquele dia permaneceu em minha memoria e as vezes ainda a sentia, um vazio doloroso que jamais imaginei existir e conforme anos se passavam o mundo se esquecia do tempo em que seu unico objetivo era tentar me evitar, o mundo que eu controlava. Aos poucos eu deixava de saber o significado de minha existencia mas um dia tive de ir a um local izolado, o trabalho me aguardava por mais que eu relutasse em ir eu precisava, alguem não possuia mais o direito de viver e eu precisava acabar com isso, mas chegando lá algo me surprieendeu...