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Nos dias que se seguira à partida de Vegeta, Bulma andava pela casa como um zumbi. Não se arrumava, não usava maquiagem, pouco comia, não tinha ânimo para nada. Nem as tentativas do casal Briefs – que a essa altura já tinha retornado – de animá-la, surtiam efeito. Eles pensavam que o comportamento de Bulma era devido a alguma briga com Yamcha, visto que ainda não sabiam do rompimento dos dois. Ela não conseguia parar de pensar no que acontecera com Vegeta na última noite dela na Corporação Cápsula. Por outro lado, também não deixava de se preocupar com a ameaça dos androides.
Um mês já havia se passado e a situação permanecia a mesma. A senhora Briefs trazia doces e tortas diferentes, até a famosa torta de morango, preferida de Bulma, mas ela não conseguia se animar. Aliás, nem compras no shopping, idas ao cabelereiro, SPA mudavam o humor da herdeira da Corporação Cápsula. Mas o que existia de mais irritante para ela, eram os “pretendentes” que a mãe insistia em convidar para ir à sua casa. Todos mauricinhos das famílias mais ricas da cidade. Um deles chegou até em pedi-la em casamento. Afinal que não gostaria de ter por esposa a garota mais bonita e rica da Cidade do Oeste? Que mesmo sem estar arrumada continuava linda? Bulma, porém, queria distância de homens naquele momento. Depois de romper uma relação de anos com Yamcha e ter se deixado envolver por Vegeta, não queria complicações para sua vida. O fato é que mesmo querendo reagir, não existia mais nada ali que lhe desse prazer. Nem projeto, nem namorado, nem aventuras e também não conseguia pensar em nada que pudesse ser útil na luta contra os androides. Ainda lembrou-se da quase ordem de Vegeta que queria novos equipamentos para treinar quando retornasse. Cuidou disso em poucos dias e voltou ao tédio. Certo dia, enquanto estava no seu quarto folheando algumas revistas velhas, o casal Briefs entrou em seu quarto.
- Oi querida, podemos entrar? – perguntou Dr. Briefs dando batidinhas na porta aberta.
- Os dois aqui? – indagou Bulma – Até parece que eu fiz alguma peraltice... – disse ela dando um sorriso triste.
- Querida, estamos preocupados com você. – disse a senhora Briefs – Desde que voltamos você está assim. Se for porque o jovem e atraente Vegeta foi embora...
- Ah, mamãe não me venha com essa! – disse com mal humor.
- Bom, querida. – disse Dr. Briefs – Como sua mãe disse, você está assim desde que voltamos da viagem. Nunca nos metemos na sua vida, por isso não tomamos nenhuma atitude séria até agora...
- É Bulma, já está na hora de você reagir de verdade. Você está aí andando pela casa como um zumbi daqueles filmes horrorosos que passam no cinema – dizia a senhor Briefs fazendo cara de medo. - Por acaso pode dizer o que aconteceu com você?
Bulma se sentia encurralada. Os pais realmente nunca deram importância para as mudanças de humor repentinas dela, mas o comportamento que ela vinha apresentando realmente já tinha passado dos limites.
- Bom... Eu terminei com o Yamcha.
- De novo Bulma? – Disse a senhora Briefs – Ah, mas se for só isso aposto que daqui a pouco ele aparece pedindo pra voltar.
- Não mamãe, foi definitivo... Eu não quero mais namorar o Yamcha.
- Não? Mas ele é tão bonito... – disse a senhora Briefs. – Não tanto quanto o Vegeta bonitão, mas eu sei que ele gosta de você...
- Mamãe, dá pra parar de falar do Vegeta? – disse ela irritada – Aquele lá é um lunático que só pensa em lutar... – dizia ela lembrando o fora que levou do guerreiro.
- Querida, o que você precisa é de distração. Por que não vai ao shopping com a sua mãe? – sugeriu o Dr. Briefs. – Aposto que melhora o seu humor.
- Ah, papai... Não tenho vontade. Além disso, já fui várias vezes nas últimas semanas e não tem nada de novo por lá...
- Bulminha, então vamos dar uma festa! – disse a senhora Briefs.
- Uma festa mamãe? A última coisa para qual eu quero ir á uma festa. Estamos em um momento de tensão sabia? Os androides do Dr. Maki Gero vão atacar a Terra em menos daqui a mais ou menos dois anos e meio. Eu queria poder fazer alguma coisa...
Dr. Briefs pensou um pouco coçando a cabeça e falou:
- E por que você não vai para a universidade fazer um PHD, querida?
- Universidade papai? – perguntou ela com má vontade - Você sabe que eu detesto. Tudo o que é ensinado lá ou eu já sei ou aprendo muito mais rápido que os outros. Se eu quiser pesquisar algo eu faço isso nos nossos laboratórios. Além disso, eu já fiz sete PHD’s, só para lhe agradar – falou ela apontando para o mural de fotografias em seu quarto.
No mural tinham fotografias de todas as formaturas de Bulma: do ensino secundário que ela terminou aos 14 anos, da faculdade aos 16 – quando terminou a faculdade seus pais permitiram que ela viajasse atrás das Esferas do Dragão – do mestrado aos 18, doutorado aos 19, e depois sempre fazia um pós-doutorado para agradar o pai quando voltava dos torneios de artes marciais. Ele sempre dizia que pessoas inteligentes como eles deveriam participar de pesquisas e partilhar suas ideias para fazer o bem à humanidade. Ele mesmo participava de convenções de ciência esporadicamente.
- Mas querida, você se distrairia, conheceria pessoas novas... - ele tentava convencê-la.
- E ainda poderia arrumar um namorado bonitão! – dizia a senhora Briefs.
- O que você acha de pesquisar engenharia robótica? – o velho cientista sugeriu.
- Engenharia robótica? – indagou Bulma.
- Sim, assim que sabe, você pode descobrir como funcionam esses humanos cibernéticos que atacarão a Terra. Existem muitas pesquisas e andamento na universidade... Pode ser que alguém tenha interesse no assunto.
- Você tem razão papai! – ele olhava para ele como se tivesse encontrado um tesouro - Quem sabe até posso descobrir algo sobre o Dr. Gero? Esses cientistas da universidade sempre acompanham as pesquisas dos outros. E o Dr. Gero é um cientista muito inteligente que desenvolveu pesquisas muito relevantes... Não sei o porquê de ele se aliar à Red Ribon... Aposto que posso descobrir algo sobre ele. – A velha chama de curiosidade foi acesa em Bulma – É isso! Vou fazer esse PHD!
- Quem bom que você aceitou querida! – dizia o senhor Briefs empolgado - Vou ligar para a universidade agora mesmo para dizer do seu interesse em participar das pesquisas. – disse Dr. Briefs saindo do quarto.
- E eu vou começar a preparar a sua festa de formatura querida! – dizia a senhor Briefs batendo palmas de alegria, excitada por poder organizar mais uma festa de formatura para Bulma.
- Ai, mamãe, mais eu ainda nem comecei!
- Eu sei, mas quero cuidar de tudo nos mínimos detalhes. Além disso, sei que vai terminar tão rápido como das outras vezes. – dizia ela saindo também.
Bulma estava sentada na cama e olhava o pôr-do-sol através da janela.
- Universidade... – murmurava ela – Bah, só meu pai para me convencer... Mas tenho que manter o foco! Vou descobrir algo sobre esses androides! Engenharia robótica, hein?
Ela se levantou rapidamente e pegou seu notebook. Começou a escrever o projeto de pesquisa para apresentar na universidade. Ela pensou em escrever algo sobre humanos cibernéticos, mas achou que causaria terror em quem lesse. Então escreveu o processo de criação de Quimmy, a empregada robô, porém com mais funções do que a original tinha. Terminou o projeto em três horas. Achou que estava de bom tamanho.
Depois disso olhou institivamente para o espelho. Não é que estava horrorosa mesmo? O cabelo desgrenhado e sem corte, a pele seca e com certeza tinha emagrecido a olhos vistos. O dia seguinte seria todo dedicado a um tratamento de beleza emergencial.
***
Quando o reitor da universidade descobriu que estava falando com Dr. Briefs, dono da Corporação Cápsula, quase teve um troço. Era uma honra para ele falar com o cientista mais famoso do mundo, criador das cápsulas Hói-Pói e ainda ter a herdeira da Corporação Cápsula, com seu famoso currículo impecável, integrando a equipe dos melhores pesquisadores da universidade.
***
No dia seguinte, Bulma foi ao shopping, pois teria que se apresentar na universidade em dois dias. Comprou roupas o suficiente para renovar todo o seu guarda roupa, além de acessórios, sapatos, bolsas e todo o tipo de adereço possível. Depois, foi a clinica de estética para fazer massagens e hidratações corporais. E ainda foi ao salão de beleza e mudou novamente o cabelo, deixando-o lisos no meio das costas com uma franja lateral. Já que iria trabalhar nas pesquisas, preferiu um corte mais prático que permitia fazer um rabo de cavalo, mas sem abrir mão da sensualidade. Embora ela quisesse distância de rapazes naquele momento, sentia que precisava estar bonita para si mesma. Depois do período depressivo que passou, disse para si mesma que nunca mais iria ficar choramingando por homem nenhum, e que se envolvesse com alguém novamente, seria só para curtir e aproveitar a vida. Não queria mais relacionamentos sérios. Agora só manteria o foco nas pesquisas sobre robótica e se empenharia em descobrir algo sobre o Dr Maki Gero. O futuro da Terra era o que existia de mais importante naquele momento.