Então gente, como prometido eu trouxe hoje mais um, e também é o último que eu tenho pronto. Parabéns aos que leem, já estão acompanhando :3
Não sei quando tempo demorarei para postar, agora os dias serão indefinidos, por isso espero que digam suas opiniões pelo menos hoje!
Boa leitura!
Natsu POV on:
– Vamos logo garotas, vocês precisam ser mais rápidas! -Gritava com minhas alunas que estavam ao outro lado da quadra, fazendo um teste físico. Recebia reclamações de todas aquelas que corriam de uma maneira mais lenta que lesmas, alguns meninos achavam graça da situação, outros tentavam incentivá-las e os pervertidos apenas observavam o curto uniforme que o Sr. Makarov disponibilizou.
Dividi a turma do terceiro ano B em dois grupos, entre sexos separados. Assim, o número de pessoas me ajudava a avaliar quem tinha um condicionamento físico mais amplo ou pouco desenvolvido, logo então anotava algumas observações em minha ficha de notas.
Visualizei meu relógio de pulso, onde o tempo estava sendo cronometrado, coloquei o apito laranja em minha boca e alguns segundos depois, assoprei-o fazendo com que o som saísse alto. Algumas meninas se atiraram no chão, outras apenas se apoiavam em seus joelhos e havia aquelas que simplesmente caminharam, de forma lenta, até o bebedouro.
– Professor, você é uma pessoa muito malvada... -Escutava alguns murmúrios com vozes pouco graves atrás de mim, ri baixinho com a reação de um grupo de alunas que se aproximavam para saberem suas notas.
– Vocês sabem que eu apenas estou fazendo meu trabalho. -Afirmei enquanto guardava meus utensílios, na pequena sala que tinha todos os materiais necessários para aulas de Educação Física, negando a curiosidade de saber se cada uma delas se saiu bem. - Estão liberadas para jogarem o que quiserem. -Insinuei sobre a variedade de esportes que a escola oferecia. Todas elas fizeram cara feia e acabaram por sentar no chão.
– Tenho certeza que se eu fizer mais alguma coisa, vou acabar por ter uma parada cardíaca. -Uma menina morena ironizou fazendo todas as outras rirem, mesmo eu sendo uma pessoa amigável e extrovertida, me contive para que nenhum som relacionado à graça saísse de minha boca. Afinal, precisava ser um professor exigente.
– Vocês sabem que vou descontar do qualitativo, certo? -Sorri travesso e logo mais reclamações foram escutadas, mas finalmente resolveram levantar e fazer alguma atividade física.
Observei toda a extensão da quadra de esporte, ela era dividida em quatro partes nem tão grandes e nem tão pequenas. Possuía área de basquete, futebol, vôlei e spiroball. No fim, havia pequenas camas elásticas para ginástica e o slackline esticado entre duas árvores. Percebi que por quase todos os locais estavam sendo ocupados pelos alunos e então me certifiquei que poderia me relaxar por alguns instantes.
Meus olhos diretamente olharam ao lado esquerdo da quadra, onde havia um portão baixo, aberto. Sorri enxergando rapidamente meu objetivo, a pracinha que no momento estava completamente cheia de crianças brincando. Em um dos bancos ali espalhados, a professora da Educação Infantil estava sentada com alguns cadernos em suas mãos. Sem pensar duas vezes, fui caminhando até lá.
– Buh!
– Nossa que susto... -Dizia a loira de forma irônica e sem me olhar nos olhos, ri de leve enquanto me sentava ao seu lado e prestava mais atenção no que ela estava fazendo. Ao seu lado havia uma pilha de cadernos pequenos, sem mola, e mais três estavam apoiados em suas pernas cruzadas. Por sua feição, parecia com dificuldade para compreender algo.
– O que você está fazendo?
– Corrigindo uma atividade que passei para as crianças. -Mostrou-me seu sorriso típico, mas o mesmo logo foi desfeito. -Mas eu não estou conseguindo entender o que é isso aqui... -Aproximou ainda mais o caderno de seu rosto, enquanto franzia a testa e cerrava um pouco os olhos, cheguei mais perto de seu corpo e movimentei o caderno para que conseguisse ver o problema.
– Que letra horrível, quem escreveu isso? -Perguntei incrédulo ao tentar decifrar que o que deveria ter saído na caligrafia mal feita. Um garrancho para ser mais específico. De repente senti um leve tampa em minha cabeça, Lucy me olhava irritada e logo pegou o objeto de volta para suas mãos.
– Idiota! Eles têm apenas quatro ou cinco anos!
– Ah me perdoe, irei confessar meu pecado mais tarde. -Bufei e cruzei os braços, Lucy tentou novamente entender o que era para ser aquilo, até que suspirou alto e desistiu deixando o caderno juntamente com os outros, em seu colo. - Eu pedi para fazerem a letra E...
– Então dá errado, por que isso com certeza não é um E. -Ri ao pensar ter que corrigir uma prova e ver uma letra totalmente desconhecida pelo ser humano. Talvez estivesse exagerando, já que algumas línguas são escritas com vários riscos e símbolos estranhos. Não demorou muito para que a loira risse junto a mim.
– Parece que suas alunas não gostam de te ver perto de mim. -Lucy falou após respirar fundo enquanto olhava de relance para a direção em que antes eu estava. Rapidamente direcionei meu olhar para o mesmo local, intrigado com o que ela havia falado. - Natsu! Seja mais discreto, pelo amor de Deus. -A loira colocou seu rosto em meio suas pequenas mãos, sua voz saia abafada. Fiquei sem entender direito o que aconteceu e então, deixei passar.
– Elas têm apenas 16 ou 17 anos. -Reformulei a mesma frase que Lucy falou, compreendi que ela quis me informar que as meninas tinham certo interesse em mim. Era possível de se enxergar isso apenas observando seus olhares raivosos, mas eu simplesmente acho ridículo o fato de ter uma possibilidade de eu ficar com alguma delas. Além de eu ser sete anos mais velho, poderia até ser preso.
– Falando assim, parece que é gay. -Lucy tirou sarro da minha cara, encarei-a com uma feição não muito agradável. Suas gargalhadas, nenhum pouco baixas, foram se cessando até que ela me olhasse de uma maneira um pouco assustada, não vou negar que ela parecia fofa. Sem me dirigir mais nenhuma palavra, pegou uma barrinha de cereal de sua bolsa.
– Por que você come isso? -Indaguei com a tonalidade de voz anojada, provei uma vez há alguns meses atrás e o sabor não me agradou nenhum pouco, Lucy abriu a embalagem calmamente e logo levou o alimento a boca, parecendo não me entender.
– Para ter uma dieta equilibrada... -Sua frase saiu mais como uma pergunta, neguei com a cabeça, como se fosse um gesto que dizia que isso não parecia nenhum pouco certo.
– Você já tem um corpo perfeito. -Soltei as palavras sem perceber, até que a vi corar e virar seu rosto para a direção contrária. Fiquei muito desconfortável e senti meu rosto arder. Precisava reatar a situação, mas nada me vinha em mente, me desesperei. Não tenho culpa, afinal sou homem... - Que dia bonito hoje.
– É. -Bufei discretamente pela situação, podia pelo menos não sair um assunto de idoso em minha boca.
– Profe Lucy! Eu... Me machuquei... - Uma menina veio correndo em nossa direção, com os olhos marejados. Ela apoiava sua mão direita acima da esquerda e ali eu pude ver um pequeno arranhão, Lucy obviamente se preocupou de imediato, mas parece que ao ver a real situação, se aliviou.
– Ah querida... Já vai passar! -Lucy se abaixou ficando um pouco maior do que a menina, ela parecia engolir o choro enquanto a loira acariciava de leve seus cabelos castanhos e lisinhos. - Vai no banheiro e lava sua mãozinha ok? -A menina assentiu após escutar a voz doce de sua professora, um sorriso brotou em meus lábios.
– Você leva jeito...
– Claro que sim, sou muito experiente. -Voltou a se sentar enquanto mantinha uma postura de superioridade, que na verdade eu sabia que era de frescura. A loira pegou novamente os cadernos que faltavam para corrigir e deixou cair uma cartela de figurinhas.
Resolvi pegar sem questionar o porquê de ela ter isso, professores que ensinam crianças até o quinto ano colam adesivos e escrevem palavras de incentivo em seus cadernos. Levei minha mão até uma distância da sua, em que ela conseguisse pegar, demorou alguns segundos, pois ela olhava fixamente para algo. Só depois eu entendi que tinha certa curiosidade sobre a aliança que eu usava.
– Você quer me perguntar sobre isso, certo? -Já havia percebido que isso chamava bastante atenção dela, fazia umas três semanas desde que as aulas começaram, me enturmei facilmente com os funcionários e alunos da escola, mas eu e Lucy acabamos por criar um vínculo de amizade muito forte, então acho que não havia problemas falar a ela. Ainda mais por que sei que não posso me esconder ao resto da vida.
– Ah... Não fique pensando que eu sou aquele tipo de pessoa que fica bisbilhotando a vida dos outros. -A loira não negou, mas cruzou os braços e fez bico. Ri baixinho e logo ela voltou a falar. - Ou que sou fofoqueira...
– Jamais pensaria algo do tipo. Cada um tem seu jeito de ser, e eu sei que você é uma pessoa curiosa. -Dei de ombros enquanto a assegurava que estava tudo certo. Lucy me encarou, mas nenhuma palavra saía de sua boca, suspirei e resolvi abrir o jogo. - Eu fui casado. -Era idiota dizer isso, já que ficava meio óbvio, pois eu usava alianças.
– Quantos anos você tem? -Indagou surpresa, a verdade é que eu realmente era tão novo quanto parecia, assim como ela.
– 24. -Concordou com a cabeça e ficou em silêncio novamente, indicando que eu deveria prosseguir. - Eu sei que parece estranho, mas eu sempre fui apaixonado por minha amiga de infância, nós acabamos por perder contato por alguns anos e quando nos reencontramos estávamos na faculdade. E então eu não demorei a perceber que ela era realmente a mulher da minha vida, mesmo assim eu deixei as coisas acontecerem devagar. A pedi em namoro e quando nos formamos já tínhamos decidido que iríamos nos casar. -Contei toda a história de uma maneira simples e curta, Lucy balançava os pés para frente e para trás enquanto olhava para eles com um pequeno sorriso nos lábios.
– Profe Lucy! Eu posso voltar a brincar? -Nossa atenção foi voltada para a mesma menina que antes havia chegado até nós com uma feição de dor, agora estava sorrindo, Lucy retribuiu e acenou com a cabeça.
– Claro que pode florzinha! Só tenha mais cuidado, ok? -A pequena alargou o sorriso e voltou correndo até seus amigos. - Eu já desconfiava que você fosse casado. -Lucy afirmou mexendo em alguns fios loiros que estavam em frente ao seu rosto. - Ela se formou em alguma área educacional também?
– Sim, o curso dela era de letras. Eu acho... -Lucy me olhou sem entender, mas novamente voltou a falar.
– Em que escola ela trabalha? -No momento em que sua pergunta foi encerrada, era como se meu coração tivesse falhado uma batida. Lucy não tinha culpa nenhuma, já que não sabia de nada. Na verdade ninguém sabia. Ela seria a primeira pessoa que eu contaria.
– Bem... Ela faleceu. -Minha voz foi morrendo aos poucos contra minha vontade, já não tinha mais contato visual com ela à medida que o assunto se ampliava então, neste momento, voltei a encarar seu rosto. Podia-se ver várias emoções misturadas em sua expressão, talvez pânico, pena e insegurança eram as que mais a predominavam no momento.
– Natsu... -Escutamos a sineta tocar, olhei o relógio e me surpreendi com o horário, meu turno já havia acabado e eu ainda precisava levar os alunos de volta á sala para pegarem seus materiais, e a loira ainda deveria levar as crianças até o banheiro para lavarem as mãos e depois se direcionar até sua sala para recolherem suas coisas.
– Eu preciso ir. -Simplesmente disse isso, por mais que a situação tivesse ficado desconfortável. Lucy concordou com a cabeça e chamou os pequenos para que fizessem fila. Rapidamente me direcionei as quadras.
Não houve tempo o suficiente para mencionar Nathan na conversa. Talvez apenas não fosse o momento certo.