|
Tempo estimado de leitura: 2 horas
18 |
“Como aquela maldita ousa me deixar assim?” Pensava Vegeta referindo-se à excitação de sua masculinidade enquanto voava em direção à região montanhosa da Cidade do Oeste. Além de amaldiçoar Bulma, estava amaldiçoando a si mesmo por ceder às vulgaridades da terráquea de olhos azuis. “Eu sou o príncipe dos saiyajins! Não posso me misturar com essa mulher de raça inferior!” Quanto mais pensava em Bulma, seu membro ficava mais excitado, tanto que chegava a doer. Ainda sentia o gosto dela e o cheiro da garota que ficara impregnado em seu corpo. Sem perceber chegou ao alto de uma cachoeira e tentando afastar a terráquea de seus pensamentos lançou-se em um mergulho entre as águas correntes.
***
- Bulma?! – Yamcha olhava perplexo para a namorada. Ou ex- namorada? – O que significa isso?!
- Yamcha? – respondia ela, ainda tonta e perdida – Eu, eu...
- Então é isso? – ele dizia com raiva – Eu não posso dar um vacilo que você corre para cama de outro?! E logo do Vegeta, Bulma, do Vegeta?! – dizia ele indignado - Aposto que ele só quis se aproveitar de você! Eu mato aquele desgraçado!
Ao ouvir a palavra “vacilo” saindo da boca de Yamcha, imediatamente ela lembrou que vacilo era aquele. Se antes ela sentia culpa por se perceber pensando e Vegeta, depois da sujeira de Yamcha essa culpa foi pelos ares. Mesmo sem saber como fora parar na cama do saiyajin, e se ocorrera algo entre eles, ela não sentia remorso algum.
- Peraí Yamcha! Que eu saiba você não tem nenhum direito sobre mim, principalmente depois do que você me fez! – brigava ela – Além disso, não aconteceu nada aqui, se é o que você está pensando... – as últimas palavras saíram sem muita convicção.
- Como não aconteceu nada?! Você está nua, na cama do Vegeta, e quer que eu acredite que não aconteceu nada?!
- Ora, Yamcha, pense o que você quiser! O que você pensa de mim não interessa! Eu já disse que não quero mais te ver!
- Bulma, por favor, vamos conversar. – dizia ele tentando mudar o foco da conversa – Eu sei que você devia estar confusa com o que aconteceu ontem... Mas vamos resolver isso, deixe-me explicar!
- Não tem nada o que explicar Yamcha!
- Como não tem o que explicar? Por que você não quer acreditar em mim? Eu te encontro na cama de outro homem e estou disposto a ouvir suas explicações. Por favor, Bulma, vamos resolver as coisas.
Ela o olhava fixamente. Embora estivesse com muita raiva pela traição dele, sabia que eles precisam de uma conversa séria para por um fim em tudo. Ela estava decidia a acabar a relação com Yamcha, e dessa vez de maneira séria e definitiva.
- Tudo bem Yamcha. Me espera lá embaixo, que eu vou me trocar.
Yamcha desceu. Ela buscava o resto das suas roupas que jaziam no chão do quarto de Vegeta. Sentia vergonha de si mesma por estar naquela situação: de ressaca e sem saber o porquê de estar na cama do saiyajin. Quando pensou nele, corou imediatamente. “Será que nós? Ai, meu Kami, que vergonha!”. Quando chegou à porta de seu quarto percebeu que estava trancada. “Hum... A chave deve estar na minha bolsa”. Ela voltou ao quarto de Vegeta e encontrou sua bolsa jogada no chão, molhada. “Celular estragado, bolsa estragada, mas pelo menos minha chave ainda está aqui...” pensou.
***
Quinze minutos depois Bulma aparecia na sala vestindo um robe azul marinho comprido.
- Bulma, o que aconteceu entre você e o Vegeta? – perguntava Yamcha pacientemente.
- Acho que é você que me deve explicações primeiro... – disse ela secamente.
- Tudo bem. Aquilo ontem... Eu não sei com as coisas chegaram aquele ponto... Realmente eu voltei para a cidade há um mês, mas quando cheguei um amigo me convidou para uma festa e... – ele levou a mão na cabeça – Bulma eu não sei como aconteceu, mas pode ter certeza que eu não queria!
- Ora Yamcha, acho que você é bem grandinho e forte o suficiente para ninguém te obrigar a nada... – dizia ela com sarcasmo – Acho que aquela garota não forçou você a ficar com ela...
- E você Bulma? O que deu em você para ir pra cama com o Vegeta? Eu sei que você deve estar magoada, mas não precisava chegar a tanto...
- Eu não fui pra cama com o Vegeta! – gritou ela – Quer dizer... Eu não me lembro bem... – ela ficava mais calma - Depois que fui embora do seu apartamento, fui para um bar e comecei a beber... Não me lembro de muita coisa... Acho que peguei um táxi... Depois disso não lembro mais de nada.
- Então o Vegeta se aproveitou de você?! Desgraçado!
- Não acho que ele seria capaz...
- Como não?! – dizia ele indignado - Ele é um assassino sanguinário! Ele seria capaz de qualquer coisa!
- Tá Yamcha, que seja! Mas esse é um problema meu agora. Eu já tinha terminado com você. Portanto, você não tem nenhuma obrigação de defender...
- O que você está dizendo Bulma? E todos esses anos que passamos juntos?
- Yamcha, não vai dar certo. Não vou mais conseguir mais confiar em você. A única coisa que posso garantir é que poderemos ser amigos.
- Amigos Bulma? Eu quero me casar com você! Eu te amo! – e tirando o pequeno estojo de veludo azul e ajoelhando-se diante dela, indagou: - você quer se casar comigo?
Ela ficou espantada com o pedido do guerreiro. Por um momento, levada pela emoção, sentiu o impulso de dizer sim. Esperava por aquilo por tantos anos que quase passou por cima do seu orgulho. Mas a lembrança das mentiras e da traição não a deixaram fraquejar em sua decisão.
- Yamcha... Por que isso agora?
- Era isso que eu devia ter feito assim que voltei para a cidade. Por favor, Bulma aceite!
Ela o fitava com seus grandes olhos azuis, os quais ele nunca vira tão sérios.
- Sinto muito, mas não posso... – disse ela baixando a cabeça. As lágrimas começavam a molhar a sua face.
- Não faça isso, por favor, estou te implorando.
- Não Yamcha, não implore nada. Nunca mais vou conseguir confiar em você. Mas não esqueço todos esses anos, todas as aventuras e perigos que passamos juntos. Em respeito a isso te ofereço a minha amizade. Mas pelo menos por enquanto, é melhor a gente não se ver. – dizia ela tristemente.
Ele escutava tudo aquilo perplexo. Aquela não era a Bulma histérica que ele conhecia e que havia deixado três meses atrás. Era como se ela tivesse amadurecido nesse tempo. Sem mais argumentos, ele se conformou, guardou o anel no bolso e disse:
- Bulma, vou fazer a sua vontade e vou me afastar. Mas não significa que desisti. Você é a mulher da minha vida. Independente do que aconteça eu sempre vou te amar. Vou treinar bastante nestes três anos antes dos androides chegarem. Provavelmente não iremos mais nos ver antes disso, por isso te peço uma coisa: se você conseguir me perdoar algum dia, aceite o meu pedido. Saiba que eu vou estar te esperando para te fazer minha esposa. E nunca, nunca mais vou ser desleal com você. Prometo fazer de tudo para que você seja feliz. – Ele dizia isso olhando diretamente para ela. Os olhos dela estavam marejados. Ele se dirigiu até à saída da casa. E olhando pela última vez para ela antes de sair, disse: - Adeus Bulma!
Ela sentou encolhida no chão da sala e chorou fortemente.
***
Depois de lançar-se nas águas da cachoeira, Vegeta passou o resto da madrugada, destruindo montanhas para extravasar a raiva que sentia de si mesmo. Raiva por não ter conseguido superar Goku, raiva por ainda não ter conseguido se transformar em supersaiyajin, raiva de estar na Terra, planeta o qual ele considerava indigno de abrigá-lo e raiva principalmente dela, a terráquea que tomou conta dos seus pensamentos, desejos e por pouco do seu corpo. Pela primeira vez ele se sentia enfeitiçado por um uma mulher. Nenhuma das que ele e Nappa tomavam na conquista dos planetas, despertou desejo nele. Na verdade ele evitava ao máximo estar intimamente com uma mulher, não por não gostar, mas para evitar vínculos, e de ter que se rebaixar a tomar uma mulher de raça inferior. Só o fazia quando a necessidade física o impedia de focar os seus objetivos. Quando isso acontecia, escolhia a mulher mais adequada, segundo os padrões dele, para acasalar. No fim do ato, ele sempre matava suas escolhidas, evitando assim qualquer tentativa de relacionamento e também que elas procriassem.
Agora, porém, ele sentia um desejo tão absurdo que nem ele sabe como teve forças de se segurar ao ter Bulma tão intimamente. Tinha vontade de destruir todo o planeta, junto com ela. Só não o fez porque seus instintos de guerreiro clamavam por uma revanche com Goku, ou Kakaroto, como ele o chama. Teria que vencer aqueles androides antes da sua tão esperada batalha com o rival. Se não quisesse fracassar em seu objetivo teria que ficar bem longe da terráquea. Era isso que ele iria fazer: manter-se longe dela. Tinha conseguido por três meses, e só se aproximou por um descuido. Deveria a ter deixado morrer afogada.
Depois de conseguir se acalmar, decidiu que era hora de voltar. Voava lentamente, sentindo a brisa suave da manhã. O clima ameno, o sol aquecendo aos poucos a terra. “Afinal este planeta inútil tem seus encantos...”. Ao se aproximar da Corporação Cápsula, sentiu um KI conhecido se afastando. “Que diabos aquele verme veio fazer aqui?!” pensava ele sentindo irritação. Ao entrar na casa, viu Bulma chorando no chão meio da sala.
- O que aquele verme inútil veio fazer aqui? – indagou ele ameaçador.