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Os primeiros dias sem Yamcha foram entediantes, pois ela estava sem nada pra fazer. Estava sem namorado, não havia nenhum projeto para trabalhar, e Vegeta... Bem, Vegeta não saia daquela câmara de gravidade, exceto para comer e dormir. Em um desses dias, percebeu que seu pai passava muitas horas trancadas no laboratório, muitas vezes até virava madrugadas.
- Papai? – chamou ela entrando no laboratório
- Oi querida. – disse ele com aspecto cansado.
- Muitos projetos da Corporação?
- Ah não querida. É que Vegeta me mantém ocupado. – disse Dr. Briefs despreocupadamente. – Veja só robôs que construí semana passada – disse ele apontando para uma pilha de sucatas em cima do balcão – Esses saiyajins são mesmo muito fortes.
- Ora papai, o senhor não tem que ficar consertando essas coisas pra ele. – disse ela irritada.
- Mas Bulma, foi você que resolveu trazê-lo pra cá para ajudá-lo a treinar. Então temos que oferecer recursos não é?
- O senhor tem razão. – e tendo uma ideia disse – Vamos fazer o seguinte: a partir de hoje vou me encarregar com tudo o que tenha a ver com Vegeta. Assim o senhor pode descansar um pouco, o que acha?
- Hum... Você tem certeza que dá conta? – perguntou ele.
- Ora papai, até parece que o senhor não me conhece.
.- Então tudo bem. Vou aproveitar esses dias para ler os relatórios da Corporação e cuidar dos animais.
- Tá certo papai. Descanse e se quiser vá viajar com a mamãe. – disse ele dando uma piscadinha.
- Talvez eu faça isso em breve. Boa ideia Bulma, boa ideia – disse ele. – Vou terminar de consertar esses aqui e a partir de amanhã você assume.
- Tudo bem papai, e eu vou me encarregar de dizer ao Vegeta a novidade...
Ela se dirigiu à cápsula de gravidade. Já estava preparando o espírito, pois sabia que ele iria fazer um estardalhaço. Desde que chegara à Terra, Vegeta não cansava de insultá-la e ignorá-la. Tinha quase certeza que ele a odiava com todas as forças. Mas não conseguia ficar com raiva dele. No fundo ela entendia que todas as relações do saiyajin foram baseadas em poder e interesses. Talvez por isso ele não conseguisse ser gentil com ninguém. Ela com sua curiosidade e teimosia, se sentia desafiada em descobrir se ele seria capaz de cultivar algum tipo de sentimento. Quando ela o acolheu em sua casa assim que voltaram de Namekusei, já tinha essa ideia em mente. Ninguém compreendeu a atitude dela, visto que Vegeta era um assassino. Embora ela tivesse certo medo dele, ela se sentia instigada por toda aquela demonstração de poder e dignidade que ele exalava. “Hum... talvez, agora seja um bom momento para te conhecer Vegeta” pensava ela. Ela bateu na porta da cápsula, mas não obteve resposta. Ela então passou a chamá-lo e esmurrar a porta com força. Sem poder mais ignorar os gritos dela ele abriu aporta e gritou:
- O que você quer?!
- Calma Vegeta! Que bicho te mordeu? – disse ela se recuando com o susto
- Argh, não diga asneiras! Por que você veio atrapalhar o meu treino?
- Hum – disse ela entrando na cápsula. – Vim te contar que a partir de amanhã eu serei responsável pela manutenção desses equipamentos.
- Por quê? O que houve com o velho?
- Mais respeito com o meu pai Vegeta, pois se você não sabe ele é dono de tudo isso aqui! – disse ele irritada.
- Pouco me importa! - disse ele virando e cruzando os braços.
- Bom, só vim te dizer por que você vai ter me procurar quando algum equipamento pifar. – disse ela
- Ora, saia daqui garota estúpida! – disse ele empurrando-a para fora – você só está me atrapalhando!
- Ei Vegeta, espera! Não empurra! – dizia ela tentando resistir à força dele – Me larga! – ela deu um grito tão alto fazendo-o parar no mesmo momento o que estava fazendo – Escute: o que você acha de almoçar comigo hoje?
- O quê? – perguntou ele espantado e constrangido – porque eu faria isso?
- Bom, é que eu tenho algumas ideias para melhorar a cápsula e os robôs. – disse ela percebendo o constrangimento do saiyajin. E encostando o dedo no peitoral dele, ela o fitava com um olhar travesso – o que me diz hein? – disse ela piscando para ele.
- Ora sua... – e afastando-se ela perguntou – Que ideias são essas?
- Hum... Só vou dizer se você almoçar comigo... Estarei na sala de jantar às 13h. – ela deu meia volta e caminhou rebolando até a saída. Ele não pode deixar de olhar para os quadris dela e para as pernas torneadas expostas propositalmente pelo vestido curtíssimo vermelho. – Vou te esperar tá bom?
Ela saiu da cápsula, dando altas gargalhadas e deixando-o sem palavras. Na verdade, ela não tinha intenção de constranger o saiyajin, mas percebendo que ele ficava perturbado com as ousadias dela, resolveu que iria se divertir um pouco, afinal estava tudo um tédio mesmo.
No lado de dentro da cápsula, Vegeta socava as paredes com raiva. “Droga de garota metida! Ela é uma vulgar, mal-educada! Pensa que pode me embaraçar com esse joguinho estúpido. Maldição!” pensava ele. Aquela garota terráquea era uma incógnita pra ele. Apesar de ser uma humana fisicamente fraca, a agressividade dela chamava atenção. Ficava se perguntando como uma pessoa sem poder de luta nenhum ousava desafiá-lo. Odiava ela com todas as forças, mas o fato é que ficar naquela casa lhe trazia imensas vantagens: tinha teto e comida, além de equipamentos que o ajudavam a treinar. Não seria fácil suportar esses terráqueos por três anos, em especial a garota, mas era necessário. “Assim que eu acabar com as sucatas velhas, vou eliminar Kakaroto e depois um por um desses terráqueos estúpidos, começando por essa garota metida” pensava ele.
Depois de treinar a manhã inteira, ele tomou banho e vestiu uma calça moletom cinza e uma camiseta azul, que deixava seu peitoral e braços mais definidos. Ele se dirigiu até a sala de jantar onde Bulma o aguardava.
- Pensei que você nem viria mais... – disse ela
Ele sentou em silêncio. Reparou que ela usava um vestido azul de alcinhas finas que realçava suas formas sinuosas. Ele procurou afastar os pensamentos maliciosos que surgiam em sua mente, e disparou:
- Afinal, que ideias você tem para o meu treinamento?
- Calma, aí. – disse ela sorridente. Estava contente por ele ter aceitado almoçar com ela. – Vamos comer primeiro. Aí conto tudo pra você direitinho.
- Argh! Como vocês terráqueos gostam de perder tempo...
Eles comiam em silencio. Vez ou outra Bulma lançava um sorriso para Vegeta, o que o deixava furioso. Irritado com o comportamento dela, disparou:
- Sim, garota, pare de enrolar e diga logo o que pretende!
- Olha Vegeta, eu já cansei de dizer que eu tenho um nome e quero que me chame por ele. – disse ela furiosa
- Não sabe que posso te matar? – perguntou ele com raiva
- Até parece que você iria me matar...
- O quê? Acha que é difícil pra mim?
- Não, é até muito fácil. Mas você ficaria sem seus equipamentos não é? – disse ela desafiadora.
- Maldita! Então diga logo do que se trata!
- Tudo bem Vegeta... Bom, por onde eu começo? Ah sim. O que você acha de treinar em uma cápsula que pode aumentar a gravidade em 1000 vezes?
- 1000 vezes? Isso é possível?
- Claro que é... É que eu percebi que você já está utilizando quase a capacidade máxima da cápsula e ainda falta tempo para que os androides apareçam. Até lá, provavelmente você já terá dominado a gravidade atual. – Ele a olhava com surpresa. Ela realmente destacara algo importante, se ele se acostumar com a gravidade atual, haverá pouco progresso depois. – Então eu queria reformar a cápsula para que ela suporte as novas condições. O que você acha?
- Faça – disse ele friamente.
- Faça? É só isso que você tem pra me dizer? – disse ele ficando irritada.
- O que você queria que eu dissesse?
- “Muito obrigado Bulma por me ajudar a ficar mais forte”, custa hein?
- Você não faz mais que a sua obrigação. Ou você quer morrer nas mãos daqueles androides?
- Ah, você é um grosso mesmo! – gritou ela levantando da mesa.
- Escute aqui – disse ele seriamente – não pense que estou treinando pra defender esse planeta inútil de vocês. O meu objetivo é vencer Kakaroto! – disse ele também se levantando.
- Blá, blá blá... Eu já conheço esse seu discurso. Acontece que você não permitiria que os androides fizessem isso por você não é? Então se quiser mesmo vencer o Goku, terá que lutar com os androides primeiro.
- Insolente, maldita! – ralhou ele – Pois fique sabendo que assim que eu derrotar o Kakaroto você vai ser a primeira a morrer!
Ela engoliu seco. Não tinha pensado nessa possibilidade. Vegeta pretendia destruir a Terra se conseguisse vencer Goku.
-Bem Vegeta, faça o que quiser... Só estou te ajudando porque tenho certeza que o Goku não deixará que nada de mal aconteça com a Terra. – disse ela séria – Mas voltando ao assunto: precisarei de pelo menos três dias para fazer as adaptações necessárias na cápsula.
- O quê?! Não vou ficar três dias sem treinar! – esbravejou ele.
- Então não vai dar pra elevar a potência da cápsula. A decisão é sua.
- Maldição! – bradou ele. E com uma voz mais calma disse: - Tudo bem, vá em frente.
Ela sorriu satisfeita. Ele por outro lado, estava chateado por ter que parar o treino por três dias. Mas também raciocinara que três dias de treino perdido valeria a pena se a garota metida cumprisse o que prometera.
- Vamos terminar o nosso almoço em paz agora?- perguntou ela.
Ele nada disse, apenas voltou a sentar e continuou a refeição. Ela o olhava e sorria. “Conviver com essa maldita vai ser muito irritante” pensava ele.