Aqui está a conclusão do arco "Mamoru".
Espero que as falas do Mamoru não tenham ficado demasiado confusas.
Mizuki, Shinpachi e Kagura caminhavam pelas ruas de Edo com Mamoru a alguns metros de distância e escondido atrás de um poste elétrico.
“Hey! Porque raios estás tão longe!” Kagura questionou irritada.
“N-não tens na-nada a ver co-com i-isso, Yato maldita!” Respondeu Mamoru.
“Não sejas assim, Mamoru-kun. A Kagura-chan só estava preocupada contigo.” Falou Mizuki serenamente.
“De-descu-culpe, Mi-Mizuki-dono. E-esta é a me-menor distância a-a que co-consigo estar perto d-de garotas.” Explicou o jovem Taiyo.
“Realmente és um medroso.” Provocou Kagura rindo.
“E-eu n-não te-tenho me-medo d-de ga-garotas, só n-não consigo fa-falar co-corretamente pe-perto delas ou o-olhar-lhes n-nos olhos. Percebeste, i-irmã d-do Kamui!”
“Para de me chamar assim!” Exigiu a jovem Yato.
“Pronto, não precisam discutir. Se é que podemos chamar a isto uma discussão.” Comentou Shinpachi, observando a ruiva e o loiro a discutirem a cerca de 5 metros de distância um do outro.
“Se te achas assim tão forte, então luta comigo.” Propôs Kagura colocando-se numa posição de combate.
“Típico d-dos Yatos, vo-vocês só con-conseguem pensar e-em lu-lutar e so-soluções vi-violentas. N-não passam d-de u-um clã bárbaro e sanguinário! Respondeu Mamoru gaguejando cada vez menos.
“Isso não é completamente verdade!” Falou Kagura cerrando o punho com força e com a sombra do seu guarda-chuva a tapar-lhe os olhos. “E tu? Eu nunca antes tinha ouvido sobre clã Taiyo, até que o Gin-chan me contou. Vocês são assim tão fracotes?”
“Não me admira.” Murmurou Mamoru agarrando com tanta força o poste onde estava meioescondido, que o mesmo começou a rachar. Depois aproximou-se velozmente de Kagura, ficando com a sua face a poucos centímetros da dela e disse com uma voz firme e um olhar que carregava imenso ódio. “Afinal vocês, Yatos, quase nos levaram à extinção. Por vossa culpa eu nunca conheci os meus pais biológicos. Por vossa culpa eu perdi o meu irmão mais novo!”
“Incrível, ele está encarando a Kagura-chan sem uma única hesitação, mesmo tendo umagrande timidez com as garotas.” Falou Shinpachi espantado.
“Parece que a raiva superou a timidez.” Comentou Mizuki tentando parecer intelectual.
Pós os argumentos apresentados pelo vingativo Taiyo, Kagura ficou sem mais respostas e até começou a se sentir de certa forma culpada. No entanto, Mamoru acabou por perceber o quão perto da Yato estava, ficando completamente vermelho e saltando para o ramo de uma árvore como umgato assustado.
“N-nunca e-estive t-tão pe-perto d-de u-uma ga-garota antes.” Murmurou Mamoru tremendo e agarrado ao ramo como se a sua vida dependesse disso.
“Afinal ele não superou a sua timidez.” Pensaram Shinpachi e Mizuki com gotas de suor detrás das suas cabeças.
“Oi, Kagura-chan! Estava à tua procura!” Gritou Sa-chan aproximando-se.
“Oi. Que querias?” Perguntou a ruiva.
“Hoje, quando acordei, o Aki-chan não estava em casa. Então pensei que te estivesse a stalkear.”
“A Soyo-chan pediu-lhe ajuda em algo. Os dois devem estar agora no castelo.”
“Castelo? Soyo-chan? Não me digas que estás a falar da Soyo-hime, a irmãzinha do Shogun!” Sa-chan exclamou surpreendida.
“Sim, estou.” Respondeu Kagura normalmente.
“Estou tão orgulhosa do meu irmãozinho, até conseguiu amigos na realeza. Ele finalmente se tornou num garotinho sociável!” Falou a kunoichi emocionada.
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Nesse momento, no castelo…
“Vou começar, Soyo-chan.”
“Tudo bem, Aki-kun. Mas sé gentil.”
“Não te preocupes, eu terei cuidado.”
“Realmente és muito habilidoso com as mãos.”
“Claro, afinal não é a primeira vez que faço isto.”
“Incrível.”
“Terminei, Soyo-chan.”
“Ficou ótimo, nem se nota que se partiu.” Comentou Soyo-hime contemplando o vaso que Aki concertara com a sua cola especial.
“Agora é só esperar uns 10 minutos para que a cola seque por completo.” Informou o assassino.
“Realmente me salvaste.” Soyo suspirou aliviada. “Se alguém descobrisse que eu parti este vaso importante, provável ficaria de castigo.”
“Não te preocupes, Soyo-chan. Eu estarei sempre pronto para te ajudar no que for preciso.” Falou Aki levantando-se. “Agora tenho de ir para perto da minha amada Kagura-chan!”
“Não precisas ter tanta pressa, ela provavelmente já se esqueceu da tua existência.” Comentou a princesa com um sorriso amigável.
“Isso foi cruel, Soyo-chan.” Murmurou o assassino deprimido num canto.
“Voltei a falar demais.” Pensou Soyo-hime com uma gota de suor atrás da sua cabeça. Depois estendeu-lhe a mão e disse amavelmente. “Pronto, não fiques assim. Fizeste um ótimo trabalho, obrigada.”
“Não tens de quê.” Respondeu Aki sorrindo e agarrando a mão da princesa. “Agora vou ter com a Kagura-chan.”
Mas quando o ninja se preparava para sair, sentiu que Soyo ainda lhe agarrava a mão.
“Passa-se alguma coisa, Soyo-chan?”
“Bem… Parece que eu tinha um pouco de cola nas minhas mãos… Acho que agora estamos presos um ao outro.” Explicou Soyo-hime corando levemente.
“Eh?” Gritou Aki completamente surpreso e sem saber o que fazer.
Só os conseguiram separar no fim daquele dia, mas isso já é outra história.
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Voltando para a história principal…
“Quem é o vosso amigo?” Perguntou Sa-chan apontando para Mamoru, que permanecia na árvore.
“Ignora-o. Ele simplesmente tem medo de garotas.” Respondeu Kagura dando um chute tão forte na árvore que o Taiyo caiu da mesma.
“O-olá o m-meu n-n-nome é Tokegawa M-Mamoru.” Apresentou-se ele com a cabeça enterrada na calçada.
“Olá, podes chamar-me Sa-chan. Bem, agora tenho de ir. Adeus” Despediu-se a kunoichi saltando para um telhado.
“Ei, Mamoku.” Chamou Kagura desenterrando a cabeça do loiro, puxando-lhe pelo rabo-de-cavalo.
“É Mamoru!” Corrigiu o Taiyo irritado.
“Tanto faz. É verdade que o meu irmão matou o teu?” Perguntou Kagura ficando séria.
“Nunca me vou esquecer desse dia.” Falou Mamoru virado de costas para Kagura e Mizuki. “Mas quem ficou mais alterado foi o Hideo-sensei, foi a primeira vez que o vi tão furioso com algo. Mas mesmo assim ele mostrou piedade no final e o Kamui sobreviveu por pouco.”
“O Kamui e o velhote lutaram?” Indagou Kagura surpreendida assim como Mizuki e Shinpachi.
“Sim, mas não vou cometer o mesmo erro que o sensei. Eu, sem dúvida, irei até ao fim e o matarei com as minhas próprias mãos.” Declarou o Taiyo com um olhar de convicção que não foi notado pelo resto do grupo pois ele estava de costas para estes.
De repente, uma bala vinda do nada, atingiu o peito de Mamoru, fazendo com que este caísse, imóvel, no chão.
“Mamoru-san!” Gritou Shinpachi assustado, indo logo ajudar o samurai amanto, enquanto Mizuki e Kagura se colocavam em posições defensivas.
“Quem foi? Apareça já!” Gritou Mizuki enquanto cautelosamente observava o seu redor e retirava da sua cintura a sua espada embainhada.
“Ora, ora. Pensei que esta missão fosse mais fácil. É mesmo um saco lidar com alvos resistentes.” Lamuriou-se um jovem de roupas chinesas, com um 13 tatuado por baixo do olho esquerdo e com um olhar entediado enquanto apontava um guarda-chuva, cuja ponta estava a fumegar, ao grupo.
“Mizuki-nee, Shinpachi, tenham cuidado. Este cara é um Yato.” Revelou Kagura começando a suar frio. “Ei, tu! Diz quem és e porque viste aqui!”
“És realmente difícil de matar, discípulo de Tokegawa, mas podes parar de fingir de morto.” Continuou o Yato normalmente. “Afinal eu só me posso retirar se tu morreres de verdade.”
“Hey! Não nos ignores!” Gritou Kagura irritada.
“Vocês estão estorvando.” Falou o moreno tirando mais uma vez do seu guarda-chuva mirando na ruiva.
Kagura, sem tempo de reação, só conseguiu fechar os olhos e preparar-se para o seu destino. Quando estava de olhos fechados, pôde ouvir o som da bala a embater em algo duro como uma placa de metal, decidiu abrir o olhos e a primeira coisa que viu foram as costas de Mamoru, que a protegera com o seu corpo.
“Realmente me apanhaste de surpresa, por momentos assustei-me.” Mamoru disse calmamente, encarando o recém-chegado Yato.
O Hakama do Taiyo tinha dois furos na zona do peito, mas nenhuma mancha de sangue. Se observasse-mos mais de perto podíamos ver que nos locais onde ele tinha sido alvejado, a sua pele se tinha tornado numa espécie de escamas e voltava lentamente ao normal. As ditas balas jaziam no chão completamente esmagadas.
“Como esperado da resistente pele dos Taiyo. Nem um tiro de canhão seria capaz de a atravessar.” Falou o Yato ainda com uma expressão entediada. “Eu odeio lutas muito demoradas, será que podias morrer logo?”
“Porque é que me protegeste?”Perguntou Kagura confusa. “Não odiavas Yatos?”
“É verdade, eu os odeio.” Respondeu Mamoru ainda de costa para ela. “Mas como tu é a irmã do Kamui, podes-me ser útil na minha vingança. Além disso… Eu não consigo evitar proteger as pessoas ao meu redor.”
“Bravo! Até parece o meu Dorama favorito.” Aplaudiu o Yato de forma monótona, com o seu guarda-chuva agora à cintura. “Mas eu prefiro o original, portanto vamos despachar isto.”
“Acho que já deves saber quem eu sou, então também te podias apresentar.” Propôs o loiro.
“Desculpe a minha falta de educação. O meu nome é Tao, membro do 13º esquadrão dos Harusame e a minha missão é eliminar-te.”
“Estranho.” Falou Mizuki do nada.
“O que foi, Mizuki-san?” Perguntou Shinpachi curioso.
“Não reparaste, Shinpachi-kun? Desde que aquele Yato chegou, que o Mamoru-kun tem estado a sorrir com se estivesse feliz por ele estar aqui.”
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Noutra parte da cidade, Gintoki e Tokegawa caminhavam.
“Mas que belo entardecer. Não achas, Gintoki?” Comentou o velho Taiyo observando o belo céu avermelhado.
“Ei, velho. Não quero saber como é que sabes sobre esse tal esquadrão dos Harusame secreto, mas porque é que só falaste dele agora?” Perguntou o albino desconfiado.
“Porque um deles está agora nesta cidade e é um Yato.” Respondeu Tokegawa normalmente.
“Entendo… Espera, o quê?” Gritou Gintoki espantado. “Porque não falaste disso ao Shinsengumi?”
“Não queria que eles interferissem.”
“No quê?”
“Na luta entre ele e o Mamoru.”
“Mas porque é que queres que eles lutem?”
“Acho que é mais fácil falar-te sobre a existência dos clãs Yato e Taiyo. Ambos os clãs sentem uma estranha vontade de lutar, apesar dos Taiyo terem mais autocontrole. Devido a isso, era inevitável que os dois clãs se encontrassem um dia e foi aí que se descobriu algo ainda mais fora do comum. Tanto os Taiyo com os Yato sentem uma estranha sensação de satisfação quando lutam contra um membro do outro clã. O único Yato que o Mamoru odeia de verdade é o Kamui-kun, quanto aos outros, ele só sente vontade de lutar contra eles numa batalha justa e medir as suas forças. Ele precisava de um adversário à altura, portanto pensei que a Kagura-chan fosse uma boa opção, mas ele é demasiado tímido com as garotas, então decidi usar este Yato do 13º esquadrão.”
“Então estas a dizer que é o destino dos dois clãs defrontarem-se entre si?” Concluiu Gintoki.
“Eu pensava assim, quando era jovem.” Falou Tokegawa com um olhar que demonstrava uma mistura de nostalgia e tristeza, enquanto esboçava um sorriso amargo. “Mas todos os meus ideais mudaram quando conheci a Yuki, fui a Yato mais fascinante que alguma vez conheci. Ela disse que maior satisfação do que os dois clãs lutarem entre si, era eles conviverem em conjunto e felizes.”
“O que lhe aconteceu?” Perguntou o samurai de permanente notando a tristeza no olhar do seu velho camarada.
“Ela engravidou de um Taiyo que não a conseguiu proteger e foi assassinada pelo melhor amigo do mesmo, morrendo juntamente com o filho que esperava.”
Gintoki percebeu que aquilo era demasiado duro para o Taiyo e decidiu mudar de assunto.
“Mas se já achas que os dois clãs não devem lutar entre si, então porque armaste uma luta entre o Mamoru e o outro Yato?”
“Para que o Mamoru perceba que não odeia todos os Yatos e para ele aprender a entender o seu adversário.” Respondeu Tokegawa voltando a caminhar. “Vamos, não podemos demorar muito tempo.”
“Mas para onde estamos a ir?”
“Os adultos precisam de estar de olho nas crianças para que não ocorra nada de mal.” Respondeu o velho samurai com o seu típico sorriso descontraído.
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“Mas não esperava encontrar a fofa irmã mais nova do Kamui-senpai, aqui. Acho que o meu trabalho se tornou mais difícil.” Falou Tao que até agora se tinha limitado a ficar no telhado de uma casa, sem iniciar qualquer tipo de ataque e falando do quão chato e difícil era o seu trabalho.
“Conheces o Kamui?” Indagou Mamoru, já com a sua espada desembainhada e esperando o ataque do seu adversário.
“Claro, afinal nós fomos amantes.”
Todos, tirando Mizuki, ficaram petrificados com o gigantesco choque provocado pelas palavras o Yato dos Harusame.
“Vocês deviam ter visto as vossas reações.” Comentou o moreno com um riso monocórdico e ainda com um olhar entediado. “Muito bom, muito bom. Estava brincando com vocês, adoro enganar pessoas para ver esse tipo de reação.”
“Seu maldito!” Gritou Kagura envolta numa aura vermelha de pura raiva.
“Droga.” Murmurou Mizuki parecendo um pouco desiludida.
“O que foi, Mizuki-san?” Perguntou o Megane.
“Nada… N-não é que eu goste de BL ou algo assim, eu não sou esse tipo de pessoa. Nem tive fantasias duvidosas com o Onii-chan e o Toshi-kun. Não penses nada errado!” Respondeu Mizuki completamente vermelha e envergonhada.
“Eu não insinuei nada disso.” Comentou Shinpachi com uma gota de suor atrás da cabeça.
“Bem, acho que está na hora de começar, afinal o Sol já se está pondo e o meu Dorama está prestes a começar.” Falou Tao saltando do topo do edifício e aterrando a frente do grupo, fazendo uma leve cratera.
“Mizuki-dono, Megane-dono, irm… Kagura-dono, fujam! Este Yato está aqui por mim, vocês devem ficar seguros.” Pediu o Taiyo focado no membro do 13º esquadrão.
“Do que estás a falar? Eu vou lutar também!” Reclamou Kagura.
Mamoru respirou bem fundo, pegou no pulso da jovem Yato e jogou-a na direção de Shinpachi e Mizuki que a apanharam.
“Vão! Vocês estão estorvando!” Ordenou o samurai Amanto lançando um olhar severo aos dois membros humanos do Yorozuya que assentiram e levaram Kagura à força.
“Não foste o um pouco rude com a tua amiga?” Indagou Tao retirando o guarda-chuva da sua cintura.
“Não sei do que estás a falar. Eu jamais teria uma amiga Yato.” Respondeu Mamoru sorrindo.
“Entendo, então não precisas de te despedir.” Tao disse lançando sobre o seu alvo, pronto para o esmagar com o seu guarda-chuva.
Mas Mamoru desviou-se girando o seu corpo e aproveitando para fazer um corte lateral no dorso do Yato, no entanto, este baixou-se a tempo e golpeou-lhe no estômago com o seu guarda-chuva, arremessando-o contra um muro.
“Só consegues fazer isso?” Perguntou Tao ainda com uma expressão entediada.
Antes que o Harusame pudesse reagir, Mamoru levantou-se e num veloz impulso, esmurrou-lhe a cara e arremessou-o contra outro muro.
“Só consegues fazer isso?” Perguntou Mamoru com um sorriso vitorioso.
“Parece que és mais forte do que eu pensei.” Murmurou o Yato esboçando um pequeno sorriso com um fio de sangue a sair-lhe pelo canto da boca. “Já faz tempo que eu não sentia este tipo de dor.”
O moreno levantou-se logo de seguida e lançou-se novamente para o seu adversário, este bloqueou a força esmagadora do guarda-chuva com a sua fiel katana, criando ali um impasse.
“Acho que pode ser um pouco tarde para perguntar, mas porque é que o 13º esquadrão me quer eliminar?” Perguntou o Taiyo que já começava a suar enquanto tentava bloquear o insistente ataque do Yato.
“Pelo simples facto de saberes demasiado sobre nós.” Respondeu Tao utilizando cada vez mais força no seu ataque, tanta que no chão por baixo deles se começava a formar um cratera.
“Então… Quer dizer que também querem eliminar o sensei?” Indagou o loiro mostrando cada vez mais dificuldade em parar aquele pesado guarda-chuva.
“Não há motivos para te preocupares, recebi ordens explícitas para não atacar o Tokegawa.” Respondeu o moreno continuando a insistir. “Não percebo a razão pela qual o capitão o está protegendo.”
Mamoru chegou ao seu limite e a sua katana quebrou, dando passagem ao guarda-chuva de Tao, pronto para lhe quebrar os ossos, mas, para surpresa do Harusame, Mamoru parou o ataque com os seus próprios e afiados dentes. No entanto, não parou por aí e destruiu o guarda-chuva com uma dentada apenas comparável à de um tubarão.
“Já devia esperar isto de um Taiyo.” Falou Tao observando o que restava do seu guarda-chuva. “Uma das vossas melhores armas são as vossas poderosas mandibulas, ouvi dizer que são capazes de quebrar qualquer coisa.”
“Isso é exagero.” Explicou Mamoru cuspindo partes da arma do Yato. “Nós não conseguimos quebrar diamantes.”
Os dois Amantos, ambos desarmados, voltaram para o seu confronto. Permaneceram numa troca infindável de golpes, bloqueios, desvios e contra-ataques, durante horas, mas nenhum dos dois mostrava qualquer hesitação ou ponto fraco.
A Lua já estava bem alto no céu e os dois ainda estavam de pé, ambos com rasgos nas suas roupas, sangrando, com alguns hematomas e nódoas negras, no entanto pareciam estar a desfrutar cada momento daquela luta interminável.
“Não me lembro quando é que foi a última vez que lutei assim, sem me conter.” Comentou Mamoru sorrindo e tentando recuperar o folgo.
“Concordo, já faz tempo que eu não me divertia numa briga.” Concordou Tao também sorrindo e estafado. “Mas…”
“…Isto vai acabar aqui!” Gritaram os dois em uníssono lançando-se um sobre o outro.
Ambos socaram a cara do outro e aí permaneceram, imóveis, parecia até que o próprio tempo tinha parado de correr, pelo menos até Tao cair derrotado, no chão.
“Parece que venci.” Falou Mamoru ofegante.
Então o Yato começou a rir, mas não um riso monocórdico e sem emoção com o dantes, mas sim um riso mais sincero e satisfatório.
“Qual é a piada?” Indagou o Taiyo confuso.
“Nada, só estava a pensar no quão divertida foi esta luta.” Respondeu Tao.
“Tens razão. Esta foi a primeira vez que lutei contra um Yato, vocês são bem fortes.” Disse Mamoru.
“Obrigado, mas agora sinto-me mal por ter de te matar.” Falou o moreno levantando-se com dificuldade.
“O que podes fazer nesse estado? Mal te aguentas de pé.” Retrocou o Taiyo.
“É verdade, o meu Eu atual não pode mais lutar, mas se eu falhar nesta missão, não sei o que seriam capazes de fazer à minha irmã.” Falou Tao, enquanto os seus olhos começavam a ganhar uma tonalidade vermelha, o seu cabelo ficava cada vez mais claro, começando a ficar branco e no seu corpo começavam a aparecer umas estranhas marcas roxas, semelhantes a runas. “Espero que compreendas e morras logo.”
“Ei, o que aconteceu com essa mudança de visual?” Perguntou o loiro levantando a sua guarda.
“Eu realmente queria uma luta justa, mas vou acabar com isto agora.” O Yato disse colocando-se numa posição de combate. “Vamos ver se aguentas um poder equivalente ao de 10 Yatos!”
Mamoru foi apanhado de surpresa pelo veloz soco de Tao. De alguma forma aquele soco parecia diferente e muito mais destrutivo, Mamoru sentiu quase todos os seus ossos quebrarem, quando foi projetado por tal ataque.
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Kagura, Shinpachi e Mizuki estavam no parque de Edo, esperando receber notícias de Mamoru.
“Ele não está a demorar muito? Talvez não devêssemos tê-lo deixado sozinho.” Falou Shinpachi preocupado.
“É como ele disse, nós só iríamos estorvar. Além disso, ele fez isto para nos proteger, apesar de só o termos conhecido hoje.” Respondeu Mizuki observando a gigantesca Lua-cheia que iluminava a escura noite.
“Não sei nada em relação a lutas entre Taiyos e Yatos, mas quando dois Yatos lutam entre si, podem chegar a defrontarem-se durante dias, sem pausas.” Explicou Kagura, também preocupada.
“Mas tenho a certeza de que ele vai ficar bem.” Falou Mizuki sorrindo.
De repente, algo caiu do céu e formou uma enorme nuvem de poeira.
“O que foi isto?” Indagou o Megane tossindo um pouco, devido à poeira.
“Não pode ser.” Falou Kagura alarmada.
Quando a nuvem se dissipou, revelou o corpo inconsciente de Mamoru, coberto de ferimentos graves.
“Ora, ora. É incrível como ele ainda está respirando, a hora do meu Dorama já passou.” Falou Tao com um ar entediado, entrando no parque.
“Isto é ruim. Muito ruim. O Mamoru-san perdeu por completo.” Falou Shinpachi assustado.
“A aparência dele não mudou um pouco?” Indagou Mizuki.
“Isso não importa agora!” Gritou o Tsukkomi.
“Parece que vamos ter de lutar.” Falou Kagura seriamente.
“Atenção a todos! A brincadeira acabou!” Anunciou Tokegawa entrando no parque, seguido por Gintoki.
“Sen…sei.” Murmurou Mamoru recuperando levemente a consciência.
“Não te preocupes, vamos voltar agora para casa.” Falou Tokegawa com o seu típico sorriso descontraído e agachando-se ao lado do seu discípulo.
“Saia da frente, eu tenho de terminar esta missão.” Ordenou Tao.
“Não me ouviste? Eu disse que a brincadeira acabou.” Recordou o velho Taiyo levantando-se e com os seus olhos cobertos pela sombra do seu gorro semelhante a uma cabeça de lagarto. “Se queres assim tanto lutar, eu serei o teu adversário.”
“Onii-chan, isto é…” Falou Mizuki espantada.
“Também notaste, não foi?” Reparou Gintoki. “Por primeira vez em muitos anos, o Tokegawa-san ficou sério numa luta. O garoto não tem hipóteses.”
“Não quero saber se o capitão te está protegendo, vou acabar contigo com o poder de 10 Yatos!” Gritou Tao preparando-se para socar a cara de Tokegawa, mas este simplesmente parou a mão dele sem qualquer esforço. “Impossível! Ele parou o meu golpe com se não fosse nada demais.”
“Parece que entendeste duas coisas mal.” Falou Tokegawa calmamente, enquanto apertava cada vez mais forte o punho do Yato. “Primeiro, o teu capitão não me estava protegendo, mas sim a ti. Segundo, se me queres derrotar, vais precisar de pelo menos 2000 Yatos!”
Pós terminar o seu discurso, o Taiyo atirou Tao para cima e depois esmurrou-lhe o estômago, projetando-o alguns metros, até aterrar numa parede e cuspir uma grande quantidade de sangue.
“Não fazia ideia de que ele era tão forte.” Comentou Kagura espantada.
“Não fazia ideia de que ele já estava tão avançado na sua pesquisa.” Murmurou Tokegawa observando o transformado Yato. “Bem, vamos todos voltar para nossas casas.”
“Espera!” Gritou Tao regressando ao seu aspeto normal. “Não me vais matar?”
“Porquê? Queres morrer?” Perguntou o velho samurai.
“Claro que não, mas eu sou teu inimigo e quase matei o teu discípulo!” Respondeu o Yato sem se conseguir mexer.
“Não importa se é amigo ou inimigo, para mim, uma morte é sempre triste. Não uses a morte para fugir dos teus pecados, em vez disso usa o teu restante tempo de vida para te redimires e divertires.” Falou Tokegawa com um sincero sorriso. “Tenho a certeza de que um dia poderemos ser amigos e rirmos juntos disto, enquanto bebemos um pouco.”
“Vocês realmente são os alvos mais estranhos que eu alguma vez encontrei.” Comentou Tao, tocado pelas palavras do sábio Taiyo.
“Acho que já o podem levar, Shinsengumi.” Avisou Tokegawa.
Então, alguns membros do Shinsengumi, incluindo Hijikata, saíram dos seus esconderijos e algemaram o Yato incapaz de se mover.
“Como é que sabia que estava-mos aqui?” Questionou Hijikata acendendo um cigarro.
“Suspeitei de que desconfiariam de mim e me seguiriam.” Respondeu o samurai Amanto. “Suponho que agora eu estarei sobe vigia.”
“Isso mesmo.” Revelou o vice-comandante demoníaco.
“Já estou habituado a que as pessoas não confiem em mim.” Falou Tokegawa pegando no seu discípulo e pondo-o nas suas costas. “Afinal é de esperar que desconfiem de alguém que oculta partes do seu passado.”
O quarteto Yorozuya e os dois Taiyos voltaram para as suas respetivas casas, enquanto o Shinsengumi levava o ferido Yato para ser tratado e preso.
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Mais tarde, nessa mesma noite, numa prisão de alta segurança, dentro de uma cela à prova de Yatos, Tao estava deitado a olhar para o teto.
“Ser amigo deles.” Murmurou o Harusame pensativo. “Isso é impossível, certo?”
“Claro que é, Tao-kun.” Respondeu uma voz grave com alguma interferência, vinda do interior dele.
“Capitão? Perdão por ainda não o ter contactado.” Desculpou-se o Yato começando a suar frio.
“Esse não é problema, Tao-kun. Ouvi dizer que lutaste contra o Hideo, apesar de eu te ter proibido e que ainda por cima perdeste. O pior é que te deixaste capturar pelo inimigo. Estou muito desiludido contigo, tal como eu temia, os nano-robôs dentro de ti ainda são defeituosos.”
“Não se preocupe quanto ao facto de eu ter sido capturado, Capitão. Eu não direi nada sobre o 13º esquadrão.”
“Oh, eu não estou preocupado com isso, Tao-kun. Afinal tu vais guardar silencio para sempre.”
De repente as marcas roxas voltaram a percorrer todo o corpo de Tao, imobilizando-o, excepto os braços que levaram as suas mãos à garganta e o começaram a sufocar.
“O que está fazendo com o meu corpo?” Indagou Tao tentando inutilmente respirar.
“Pobre e ingénuo Tao-kun. Desde o momento que entraste no 13º esquadrão, que o teu corpo te deixou de pertencer. Não te preocupes, eu direi à tua irmã que foste assassinado pelo discípulo do Hideo, talvez ela depois procure vingança.”
“Seu maldito.” Murmurou Tao antes de morrer sufocado pelas próprias mãos.
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Alguns dias depois, na nave do Kiheitai, Kamui comia exageradamente como sempre, enquanto Matako e Bansai o observavam, pois já tinham acabado a sua refeição.
“Este cara come demais.” Comentou Matako com uma gota de suor atrás da cabeça.
“Concordo –de gozaru.” Concordou Bansai.
“Recebemos algumas notícias interessantes.” Falou Takasugi entrando na sala de jantar.
“Aconteceu algum problema, Shinsuke-sama?” Perguntou Matako preocupada.
“Parece que o 13º esquadrão dos Harusame finalmente começou a agir.” Respondeu o samurai.
Kamui de repente, deixou cair a sua taça de arroz no chão e perguntou, tentando forçar o seu típico sorriso. “Disseste 13º esquadrão?”
“Sim, porquê? Já ouviste falar?” Questionou Takasugi estranhando a reação do seu aliado.
“Não, nunca ouvi falar dele.” Respondeu o Yato levantando-se. “Acho que vou agora para o meu quarto, perdi o apetite.”
Assim que o ruivo saiu, Matako disse. “O senhor simpatia está mesmo estranho, foi a primeira vez que o vi a perder o apetite.”
“Ele parecia furioso com algo –de gozaru.” Comentou Bansai.
“Mais do que furioso. Aquela expressão parecia uma de ódio profundo.” Corrigiu Takasugi olhando para a janela da nave. “Isto pode ficar interessante."