Koorime - O Filho da mulher do gelo e o Filho do demônio do fogo

- Vamos embora daqui, já vi o que tinha de ver... deixe esse Koenma pra lá! Disse o garoto.

- Acalme-se Hiô! Disse Mukuro, severamente. Temos um trato, não é assim tão simples... Mas você tem razão, já fizemos nossa parte. Vamos Hiei?

- Hum... Muito bem, antes que Hiô se apegue a esse lugar...

- Não me provoque pai! Esse lugar é que é o verdadeiro inferno! Vamos logo! Disse o garoto, irritado.

Hiei olhou de relance para Yuzu com um certo desprezo, depois voltou a olhar para Kesuy.

- Você... é o filho de Yusuke não é? Vou dizer a ele que você está esperando do lado de fora do portal. Não morra até lá! Disse por fim, pouco antes de disparar junto de Mukuro e o filho para dentro da caverna.

Yuzu, num impulso de adrenalina, persegue todos para dentro da escura caverna, agora sem youkais, seguido de Kesuy e Natsu, que sem entenderem nada tentam alcançá-lo.

- Não vá! Hiei, você é irmão de minha mãe não é? Volte, eu quero falar com o senhor! Por favor não fuja!

Ouvindo isso, Hiei, que já estava em frente a um estranho portal dimensional na parede da caverna, sem olhar para trás, fala com seu sobrinho pela primeira vez.

- Não se engane! Você não é nada para mim.

Dizendo isso Hiei salta para dentro do portal numa fração de segundo, e enquanto Yuzu ainda tentava reagir, Mukuro lhe dá um sorriso simples e sutil, como se estivesse se desculpando pela grosseria do companheiro, então salta para o portal também. Mas quando o pequeno Hiô tenta o mesmo, o portal se fecha, repelindo o garoto com extrema violência, jogando seu corpo para o outro lado. Quando este tenta retornar, o portal luminoso já havia desaparecido. Seu choque era evidente, estava preso no mundo dos homens até que seus pais ou ele próprio encontrasse um outro meio de voltar. Sua expressão era de ódio e desespero, mas se conteve por estar em frente a Yuzu e os outros.

- Maldição...! Disse entre-dentes, encarando os garotos, de modo agressivo e ameaçador.

Yuzu ainda não havia recuperado a compostura. Quando o pequeno youkai de cabelos negros e olhos ameaçadores lhe encarou, percebeu que não adiantaria tentar oferecer ajuda ao garoto. Mesmo assim foi com surpresa que viu Kesuy se aproximar inocentemente de Hyô com a mão estendida esperando um cumprimento. Foi como um relâmpago. Num mero instante, Hiô sacou a espada, cortou o ar à frente do rosto de Kesuy e guardou-a novamente na bainha. Os olhos de assassino brilhavam na caverna escura, e deixavam claro quanto espaço aquele pequeno youkai gostaria de manter entre ele e quaisquer outros.

- Não chegue mais perto... ou você morre! Disse o garoto, pouco antes de sair da caverna em alguns saltos rápidos demais para que os outros pudessem acompanhar. Tudo que Kesuy via eram borrões negros que surgiam e desapareciam em pleno ar, pouco tempo depois Hiô havia ido embora.

- Mas que filho da mãe... Disse Kesuy, então olhou para Yuzu e notou o quanto o amigo parecia chateado.

Hiei era seu tio, e nunca havia falado com ele embora o tivesse visto quando era criança. Desde seu nascimento, aparentemente Hiei passara a odiar a existência de seu pai; Kuwabara. Yuzu não entendia, e seu pai nunca lhe falava à respeito de sua mãe Yukina, então começou a investigar por si mesmo e descobriu sobre seu tio Hiei e sobre a terra natal de sua mãe. Muito do que soube, foi sua própria tia Shizuka Kuwabara que lhe revelará, ao menos o que sabia. No final, Yuzu descobriu que sua mãe não havia ficado doente e morrido como seu pai lhe contara. A verdade era que no'' País do gelo'' de onde sua mãe viera, somente viviam mulheres, um local sagrado onde; sem intervensão alguma por parte de homens, as crianças nasciam a cada período de cem anos. Se por acaso uma das habitantes tivesse relações com um homem, e desse encontro o resultado fosse uma criança, no momento do nascimento desta criança a mãe morreria. Apenas meninas nasciam naturalmente,nos casos em que as Koorimes engravidavam de homens de fora da fortaleza de gelo, as características da criança sempre eram do pai apenas, e era comum que tais crianças fossem abandonadas ou mortas, amaldiçoadas pelas Koorimes, mulheres do País do gelo, devido ao fato de serem uma ameaça a sua sobrevivência. Yukina, mãe de Yuzu sabia dos riscos, e não contou nada ao marido, aprendeu a amá-lo e embora tenha passado pouco tempo junto a Kuwabara, havia sido muito feliz. Mas no dia do nascimento de Yuzu, Yukina infelizmente morre deixando para trás um filho e um marido muito triste.

Por isso, Yuzu sentia uma imensa vontade de conhecer Hiei. Sentia-se culpado pela morte da mãe, e acreditava ser uma criança amaldiçoada tal como seu tio havia sido, em resumo, não podia se perdoar. Não suportava olhar nos olhos tristes do pai e apegava-se ao ''Hiruiseki'', o colar com uma pedra valiosa, a lágrima que sua mãe havia derramado e que lhe deixara no dia de seu nascimento, única lembrança daquela que nunca conheceu.

- Vamos sair daqui, Yuzu... Disse Kesuy. Já não importa mais permanecer aqui, não existe mais um portal, nem youkais. Hiei e aquele pivete eliminaram todos que restavam e ficamos sem descobrir nada no final das contas... estou, preocupado com meu pai também... vou questionar o próprio Koenma pra ver o que vai dizer sobre isso de meu pai estar no Makai e o portal ter se fechado...

- Certo... Disse Yuzu, sem mais comentários. Seu humor havia mudado, e isso Kesuy percebia e respeitava. Natsu tão ferida e cansada quanto os dois, os acompanhou também em silêncio. Para trás, deixavam os vestígios da batalha, os corpos mutilados e despedaçados dos youkais.