O sinal havia batido, eu estava esperando por ele, Soubi. Logo que o avistei,parado em frente ao portão,fui de imediato ao seu encontro.
Ritsuka - Soubi!
Eu estava feliz por vê-lo, mas chateado porque ele continuava a fumar em frente ao colégio, Shinomone-sensei já havia pedido para que não mais o fizesse...
Encarei-o com um olhar triste, afinal dizem que o cigarro mata, e Soubi vive fumando...
Ao perceber minha indignação, livrou-se daquilo.
Soubi - Perdoe-me.Vamos caminhar um pouco,o que acha?
Ritsuka - Está bem...
Fomos andando, estávamos indo na direção da minha casa, conversávamos a respeito de várias coisas, em um determinado momento ele me perguntou como estava a escola, achei essa pergunta inusitada.
Ritsuka - Está tudo bem, fiz alguns amigos...
Ele me olhou,parecia não ter acreditado. Mas tinha lá suas razões para duvidar do que eu falo... Me senti forçado a falar, já que ele não dizia se quer uma palavra.
Ritsuka - Minhas notas estão na média, eu melhorei bastante!
Tentei sorrir, porque ele não diz nada!? Ele conseguiu me tirar do sério, e não precisou de palavras para isso. Parei de caminhar,ele vai ter de me ouvir! Mas... porque ele está tão distante de mim? Soubi continuou a caminhar, como se eu estivesse ali, e estivéssemos mudos.
Naquele instante eu pensei que fosse chorar, senti raiva dele, não entendo a razão do seu silêncio... Mas se ele não faz questão da minha presença... Por que estou pensando isso? Ninguém nunca fez questão da minha presença! O melhor que eu faço é ficar sozinho, para não perturbar a vida dos outros.
Segui para minha casa, olhava para o chão, estava sentindo-me tão... Só.
Cheguei, minha mãe estava dormindo, resolvi ir para a cozinha comer alguma coisa .Esquentei a janta de ontem, e comi. Logo tomei um banho, por fim descansei a tarde toda. Acordei no meio da noite, eram cerca de nove horas... A cortina da janela estava balançando! A primeira coisa que veio a minha mente: Soubi... Fui até a janela, ver o que realmente era. Nada... Fiquei desapontado, resolvi voltar para minha cama, afinal eu tinha aula no dia seguinte.
Estava ventando muito, dessa vez os galhos das árvores arranhavam o vidro da janela. Dormir estava sendo tão difícil... Nem isso mais eu conseguia? Irritado, me levantei e fui até a janela novamente, estava muito escuro... Esbarrei em alguma coisa, ou melhor, alguma coisa me segurou! Mas eu não conseguia ver nada, a luz da lua era pouca.
Soubi - Ritsuka.
Ritsuka - S-Soubi? O que faz aqui? Me solte!
Tentei tirar sua mão do meu braço, porém ele conseguiu segurar minhas duas mãos.
Soubi - Apenas ouça, e preste bastante atenção.
Ritsuka - Não,suma daqui, você não é diferente dos outros.
Soubi - Preste atenção no que tenho para lhe dizer.
Ritsuka - Já disse que não, desapareça! Sempre que as coisas vão bem, você dá um jeito de tornar tudo desagradável e triste novamente...
Soubi - Ouça!
Ele me empurrou, cai no chão, ele colocou suas mãos em meu ombro, e olhou-me profundamente.
Soubi - Eu estou indo viajar, voltarei daqui a dez dias. Você pode me ligar quando quiser.
Ritsuka - Viajar? Para onde,quando? Vai me deixar sozinho novamente??
Perguntas, perguntas. Era tudo o que eu pensava. Lembranças ruins tomavam posse de meus pensamentos, e sentimentos também.
Soubi - Hoje. Lembre-se Ritsuka, qualquer coisa que acontecer, me avise imediatamente.
Ele sempre me dizia isso, e quando eu ligava para ele, nunca atendia na hora. Por que agora seria diferente? Quais as razões da sua viagem?
Ritsuka - Tem algo a ver com Seimei?
Soubi - Não, é uma razão pessoal.
Quando ele disse isso... Eu percebi, que ele tinha a vida dele para cuidar, e eu estava impacando sua vida, de alguma maneira.
Ritsuka - E-Entendo... Boa viagem.
Não consegui conter algumas lágrimas, coloquei o braço na frente dos olhos. Ele não havia partido, mas eu já sentia sua falta, como sinto a de Seimei, mas Soubi amenizava essa dor, e tê-lo longe de mim... simplesmente dói, e muito.
Eu evitava olhá-lo diretamente, sei que ficaria mais triste. Senti seus braços me envolverem, por que ele faz isso comigo? Mas não sinto vontade de impedi-lo, afinal é tão caloroso, e de alguma forma, me consola. Susurrou em meu ouvido um "Eu te amo"... Da mesma forma com que entrou neste quarto, ele saiu. Em silêncio, e pela janela.
Aqui estou, sozinho no mundo mais uma vez. Nada poderia ser pior do que essa triste noticia...