O Dragão Vermelho

Karen e seus amigos andavam pela cidade, todos bem juntos em um grupo. Por mais que ela tentasse se convencer de que aquele local era perigoso, ela não via nada de mais. Pessoas comuns passeando com seus cães, brincando na rua...

- Agnus, tem certeza que esse lugar é perigoso...?

- Absoluta. Olhe através da névoa... Vai ver que alguns “humanos” com caudas e asas...

- Tem certeza...?

- Pequena, eu estou vendo, você não está? E fale mais baixo, não devemos alarmar as pessoas –Disse Dan, em voz baixa-

- Vai ser difícil nos disfarçarmos... Eu sou azul, Karen tem um cheiro de meio-sangue muito forte... Fora o fato de que temos o Agnus, que é um sátiro selvagem... –Olhava para os lados, cobrindo o rosto com o cabelo- Posso me passar por humana, mas eu prefiro minha forma Náiade...

- Não olhem agora... Atrás de nós... – Disse Karen- Cheiro de monstros...

Atrás deles, um grupo de pessoas andava a passos rápidos. Olhando bem para eles, Karen pode ver que alguns tinham escamas, outros tinham caudas e o do centro tinha chifres e olhos amarelos, com uma pupila fina como a de um gato. Com certeza eram dragões. O dragão com chifres fez um som que ela não pode compreender e apontou o dedo em direção a eles.

- Atacar! –Disse o dragão do meio, com uma voz rouca-

- Corram! –Gritou Dan, começando a correr-

Todos começaram a correr como se não houvesse amanhã, porém era inútil, a velocidade dos dragões era muito maior que a deles. Poderiam lutar, mas isso chamaria a atenção de mais dragões além daquele grupo.

- São muito rápidos, vão nos alcançar logo! –Disse Karen, acelerando- Temos que despista-los! Rápido, entrem no primeiro beco que aparecer!

- Como? Vão nos encurralar em um beco! –Gritou Agnus-

- Apenas façam! Já fugi muito, sei como despistar alguém!

Ravena e Dan assentiram e entraram no primeiro beco, infelizmente sem saída. Karen pegou a adaga e foi até uma tampa de esgoto, abrindo-a e sinalizando para entrarem. Os dragões chegaram até o beco, porém sem avistar a turma. Todos já haviam entrado no esgoto fedido.

- O cheiro daqui é insuportável... Esse é seu plano pequena?

- Você se acostuma com o cheiro Dan. Eu já tive que fugir muito de tolos valentões quando era pequena, me acostumei a entrar em esgotos e esperar eles irem embora, às vezes demorava muito...

- Eu... Eu não me sinto bem... A água aqui é muito poluída... –Disse Ravena, desmaiando na água suja-

- Poça! Droga... Me ajudem a coloca-la nas minhas costas. Água poluída deixam as Náiades doentes... – Disse abaixando e se posicionando-

- Agnus, me ajude aqui...

- Okay né.

Os dois colocaram Ravena nas costas de Dan e os 3 seguiram em frente pelo esgoto. Por mais isolados que estivessem lá dentro, Karen sentia que estavam sendo observados. Continuaram andando por um quilometro mais ou menos, até chegarem a uma espécie de sala bem ampla e sem água. Deitaram a jovem Náiade no chão e começaram a dar néctar pra ela, que logo recuperou a consciência.

- O... Onde estamos...?

- Em algum lugar do esgoto, Ravena... –Disse Karen, sentando-se no chão e pegando um saquinho de batatinha frita, entregando-o para Ravena- Coma, vai se sentir melhor

- Poça, repouse. Vou procurar uma tampa que possamos sair...

- Não Dan... Não se mova...! –Disse Agnus. Sua expressão era assustadora. Seus olhos estavam em direção à parte escura da sala-

- O que...? –Olhou também, só avistou duas luzes vermelhas no escuro- O que é isso? Um monstro?

- Monstro...? –Disse uma voz rouca e gélida- É, acho que posso ser chamado assim... Com essa aparência que tenho...

- Quem é você? O que você quer aqui? –Disse Karen, sacando a adaga e se posicionando para uma defesa-

Por mais firme que Karen parecesse, a voz a fizeram tremer por dentro, como se fosse a mais triste das musicas. A dor que ela sentia ao ver a natureza morta.

- Eu... Vim ajudar. –Saiu da escuridão-

A forma não era assustadora como eles imaginavam. Era um garoto dragão de escamas e olhos vermelhos, mas por mais amedrontador que ele fosse, sua expressão física mostrava só medo e seus olhos mostravam solidão.

- Quem... Quem é você?

- Meu nome é Báshura... Estive seguindo vocês pelo esgoto há muito tempo... Felizmente o cheiro daqui disfarça o cheiro de monstros. Não se preocupem, não vou fazer mal a vocês... Eu vim ajudar. Sou... Sou filho de Apolo com uma mulher drákon...

- Não baixem sua guarda. Não sabemos se ele está falando a verdade! Pode ser só mais um dragão querendo nos enganar e nos devorar... –Disse Dan, apontando a lança para o dragão- Como podemos ter certeza que você é o que diz?

- Não terão. Mas acreditem, vocês morrerão se não me seguirem. Esses esgotos estão cheios de monstros que não vão hesitar em ataca-los. Eu vim aqui guiar vocês pra fora da Cidade dos Dragões. Me sigam... No caminho eu respondo as perguntas que vocês devem ter... –Disse, partindo para a tubulação menor-

- D-devemos confiar? –Disse Agnus, trêmulo- Aquela voz é... Assustadora...

- Não sei se devemos segui-lo... Mas, essa missão é sua, Karen. O que acha? Poça, consegue andar?

- Sim, consigo... Desde que eu não pise na água poluída, pra mim está tudo bem –Disse se levantando com um pouco de dificuldade-

- Okay, vamos segui-los, mas continuem armados. Temos que estar preparados pra tudo.

- S-sério que vamos segui-lo?! Estão loucos?! Semideuses são tão... Aff... Vamos né. Mas eu vou atrás de vocês!

- Vamos!

Todos seguiram pelo mesmo cano que Báshura, segurando suas armas, preparados para qualquer coisa. Estariam eles fazendo o certo?