Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 13

    O homem que muito sabe, pouco diz.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Bom, eu nesse capítulo vocês irão notar uma mudança drástica no rumo da estória, sim NOVIDADES EBAAA *0* ... Tá, vou acalmar os meus ânimos aqui!

    Basicamente, peço que vocês leiam atentamente e não tirem conclusões precipitadas pois tudo está indo de acordo com os meus planos e como a estória é complexa eu devo seguir fielmente à base da minha estória, para não vacilar em alguns pontos!

    Acho que nunca contei a vocês, mas essa estória é inspirada em um sonho muito sinistro que eu tive uma vez u_U, claro que apenas a essência dela é baseada nesse sonho.

    Nesse capítulo vocês terão algumas revelações (embora alguns irão ficar confusos)

    Personagens novos também!

    O tema musical é Empty - By KZ ft. Yanagi Nagi (PERFECT *-*) deixarei postada como sempre nas notas.

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=aa0zvkyQoPQ

    Nota:

    Amegakure no Sato: Vila oculta da Chuva.

    Konohagakure no Sato: Vila oculta da folha

    Boa leitura!

    Do infinito céu cinzento, incontáveis flocos de neve caíam sendo posteriormente carregados pela ventania, assim dando forma ao temporal que aos poucos, devido à névoa, fazia a visibilidade cair à zero naquela floresta congelada. Talvez, assim como a velha dissera, aquele não era um bom sinal, entretanto, os dois jovens que se mantinham confinados dentro da tenda, pareciam aos poucos criar laços, que, quem sabe, seriam fortes o suficiente para superarem todas as dificuldades que estariam por vir.

    (...)

    As palavras esvaíram-se de suas bocas e o silêncio perdurou por algumas horas, enquanto ao lado de fora da tenda na qual eles encontravam-se, a nevasca persistia cair em terra, de forma que aos poucos o acampamento ia sendo soterrado pela neve.

    Entretanto, em um breve momento, uma estranha calmaria dissipou o barulho da ventania. Os flocos de neve seguiam caindo em solo, no entanto, sem toda aquela violência de outrora, naquele instante, brandamente pousavam no chão.

    A jovem de cabelos róseos, entediada e ao mesmo tempo constrangida com aquela quietude, apanhou a luminária de papel ao chão e passou a observar a mesma, mas logo se cansou, colocando-a de volta em seu lugar.

    Assim que seus olhos voltaram a fitar o rapaz de cabelos negros, sentado à sua frente, ela notou que o mesmo, embora estivesse aquecido debaixo do cobertor, batia o queixo, tremendo de frio:

    — Sasuke-kun?! — ela olhou-o assustada. — Você está bem? — indagou aproximando-se dele e levando uma de suas frágeis mãos delicadamente ao rosto do garoto, sem encostá-la.

    — E-Estou ótimo! — ele gaguejou, tentando disfarçar ao máximo a sua vulnerabilidade.

    — Claro... Estou vendo que você está “ótimo”! — ela zombou, irritada. — Por Deus, diga-me o que está acontecendo, para você estar tremendo assim garoto! — ela pediu pegando a sua parte do cobertor e jogando-a sobre as costas dele.

    — N-Não faça isso, você sentirá ainda m-mais frio! — ele advertiu indiferente.

    — O único que está batendo o queixo de frio aqui é você! — ela expôs preocupada. — Aqui dentro dessa tenda não está tão gelado, aliás, nós estamos bem agasalhados... — ela comentou confusa.

    — Hum... E-Então ela não está s-sentindo esse frio absurdo que c-começou repentinamente? — ele pensou olhando-a perturbado. — Às v-vezes eu tenho q-queda de temperatura e sinto mais f-frio que o normal! — ele justificou receoso.

    — Hãn? — ela finalmente tocou o rosto dele. — Nossa... Como está gélido! — constatou transtornada.

    — N-Não precisa se preocupar, logo isso passa... — foi interrompido.

    — Como não me preocupar? Garoto, você está parecendo um boneco de neve... E olha que aqui dentro está aquecido! Imagine se você estivesse ao lado de fora... — ela admirou-se se encostando a um dos suportes da tenda e abriu os braços. — Eu estou bem quente, encolha-se aqui para que eu possa ajudar a aquecê-lo! — ela propôs inocentemente.

    — V-Você tem certeza? — ele inquiriu levemente corado.

    — Lógico! O calor humano é extremamente eficaz numa situação como essa... — ela justificou séria.

    — O-Obrigado! — ele aproximou-se dela e aninhou-se em seus braços. — Realmente, como ela é quente... Tenho certeza de que quando a conheci, sua temperatura não era tão elevada quanto é agora! — pensou atordoado, no entanto, deixou-se fechar os olhos e apreciar aquele contato caloroso.

    Quase meia hora se passou e o jovem finalmente recuperou-se daquele período de fragilidade, apartando-se timidamente da garota.

    — Eu já estou melhor, obrigado! — ele pôs-se de pé e seguiu até a entrada da cabana. — Não ouço mais nada, a nevasca já deve ter acabado! — supôs abrindo a passagem, no entanto, assim que o fez, o monte de neve que era barrado pela lona que bloqueava a abertura, caiu sobre ele.

    — É... Acabou mesmo! — ela comentou, levantando-se do futon e indo até o rapaz. — Quanta neve... — ela começou a escavar com as mãos por entre o gelo.

    — Vish... — ele saiu do meio da neve fofa e começou a ajudar a jovem a escavar. — Deve ter mais tendas soterradas pelo acampamento... — supôs apreensivo.

    — Ai meu Deus, Nana-chan... Eu preciso ir ver se ela está bem! — a garota contou apavorada, apressando-se a cavar.

    — Estranho... Embora ela tenha me dito que não tem nenhuma relação sanguínea para com aquela menina, ainda assim, porque se preocupa desmedidamente com ela? — ele perguntou-se mentalmente. — Será que ela se preocuparia assim... Comigo? — pensou ruborizando levemente o rosto.

    Após alguns minutos, os dois conseguiram sair daquela cabana e ofegante a rosada voltou-se para o moreno:

    — Onde está Nana? — perguntou rapidamente, em meio à névoa.

    — Naquela tenda ali... — ele apontou e sem mais nada comentar, a garota saiu correndo, desesperada na direção que ele a indicara. — Tome cuidado com a pouca visibilidade... Logo eu te alcanço! — ele avisou aos berros, para ela que apenas olhou para trás e assentiu com a cabeça. — Mikoto, eu preciso falar com ela... — murmurou tomando o rumo da barraca da velha.

    A senhora de cabelos brancos aprisionados em um coque no alto da cabeça, sentada sobre o seu futon, olhava fixamente a saída de sua cabana, na direção da mata coberta de gelo.

    — Mikoto... — o moreno surgiu em sua frente.

    — Ora, se não é o menino Sasuke... Que incomum você vir até a mim! — comentou admirada com a presença do jovem.

    — Você já deve saber o que me trouxe aqui, certo? — ele indagou precisamente.

    — Sim... Creio que todos nós sentimos o mesmo que você sentiu! — respondeu apática, calando-se posteriormente.

    — Então... Diga-me, exatamente o que significa isso! — pediu ajoelhando-se em frente à mulher.

    — Embora eu saiba de algumas coisas, sinto lhe dizer, mas não sou eu a pessoa que poderá responder as tuas perguntas! — esclareceu friamente.

    — Entendo... Existe então alguém que possui as respostas que eu procuro? — perguntou apreensivo.

    — Hiruzen... Sarutobi Hiruzen! — ela revelou o nome do homem que o garoto deveria procurar.

    — Hum... E onde eu o encontrarei? — inquiriu receoso.

    — Naquela pequena tenda próxima da mata fechada, que já estava aqui quando você chegou! — expôs claramente.

     Que estranho, sempre achei que aquela barraca ficasse vazia o tempo todo! Porém, mais estranho ainda é esse homem possuir um sobrenome, afinal, todos aqui, exceto Sakura, parecem não possuir um! — ele pensou desconfiado. — Hum... Obrigado! — agradeceu pondo-se de pé novamente e caminhando de encontro ao homem desconhecido.

    Apreensivo, o rapaz aos poucos se aproximava da tenda silenciosa, beira-mata e treinava mentalmente as conversas que teria com o estranho. Logo que alcançou o destino, pôs-se a frente do local:

    — Olá... — ele saudou notando que a passagem da barraca encontrava-se aberta, embora devido à ausência da luz e a neblina excessiva, o interior mostrava-se bastante escuro e pouco visível.

    — Entre, meu jovem! — a voz áspera, no entanto tranquila, ressonou da escuridão.

    — Obrigado! Desculpe-me pela intromissão... — ele adentrou a tenda e ajoelhou-se, sentando sobre as pernas posteriormente.

    — Hum... — o velho sentado sobre o seu pequeno futon apanhou o seu cachimbo e começou a vagarosamente preenchê-lo com fumo. — Vamos... Diga o que queres de mim, Sasuke-kun! — sugeriu amigavelmente.

    — Eu tenho várias perguntas que me acompanham há dois anos, mas antes, responda-me... O quanto você sabe? — inquiriu petulante.

    — “Você”? Quanta arrogância tratando-me de igual para igual... Gostei desse garoto! — pensou rapidamente. — Depende... — respondeu sem encarar o mais novo.

    — Depende do que? — indagou confuso.

    — Depende do que queres saber! — explicou exato.

    — Sobre esse lugar, essas pessoas, Konoha e sobre mim mesmo, o meu passado! — enumerou ansioso.

    — Ora, ora... Não acha que está sendo pretensioso, meu caro? — perguntou com pesado sarcasmo.

    — Você pode me responder sim ou não? — indagou irritado.

    — Como é direto... — murmurou observando a expressão impaciente do jovem. — Bom... Embora eu saiba de algumas coisas, sou apenas um velho que vive nessa mata desde há muito tempo... Vivo aqui desde muito antes de você nascer! — contou dando uma breve pausa para um suspiro, enquanto tentava acender o isqueiro que parecia não funcionar.

    — Porque esses velhos enrolam tanto para dizer alguma coisa? Tornam simples respostas em extensos e detalhados discursos... Preciso ir ajudar aos outros... — pensou entediado.

    — Esse lugar... Como você já sabe, eu e Mikoto-san já estávamos aqui quando você chegou e logo depois, você e o homem do rosto coberto trouxeram essas pessoas para refugiarem-se aqui conosco! — comentou enfadado.

    — Eu apenas fiz o que me pediram... Nunca de fato eu soube quem são essas pessoas, ou esse lugar! Afinal, sequer sei quem eu sou... — lembrou receoso.

    — Eu compreendo a sua aflição, jovem... Entretanto, nem sempre o caminho mais fácil é o caminho certo a se tomar! — alertou desistindo de fumar e colocando o cachimbo novamente em seu lugar.

    — Eu voltei de Konoha no fim do outono desse ano... O tempo que passei por lá estive treinando com o Kakashi-sensei e com outros ninjas! Desde quando cheguei aqui, jamais soube por que me levaram para lá, porque me tornei um ninja, tampouco sei por que me disseram que devo lutar por Konoha... E você ainda me diz que não é certo tomar o caminho mais fácil, perguntando tudo para você? — inquiriu enraivecido.

    — Sinto muito por você, mas existem coisas que não se pode alcançar de forma fácil... — avisou calmamente.

    — Tsc... Diga-me então o que você pode me contar! — pediu, aceitando a sua derrota.

    — Você sentiu aquilo durante a nevasca? — perguntou desinteressado.

    — Oh, sim... Até havia me esquecido de lhe perguntar! — lembrou-se temeroso. — A queda de temperatura costumava me atingir bastante quando eu estava em Konoha... Mas depois que viemos para cá, até agora eu não a havia sentido outra vez! — contou pensativo.

    — Exatamente... Isso significa que o caos está avançando para cá! — revelou pacientemente. — Eu não sei ao certo, mas talvez, já esteja na hora de você voltar para Konoha, Sasuke-kun... — supôs notando a expressão assustada do garoto. — Há dois meses que você regressou para ajudar os refugiados! E creio eu que, você tinha a intenção de retornar, ao menos, antes de encontrar a menina de cabelos róseos, certo? — perguntou astutamente.

    — N-Não é como se eu ainda estivesse aqui por causa dela, eu só... — foi interrompido.

    — Não há porque se envergonhar, Sasuke-kun... — ressaltou notando o rosto enrubescido do rapaz. — Muita coisa nesse mundo, não se pode explicar... Mas enfim, eu sei onde você pode descobrir mais coisas sobre si mesmo! — revelou tranquilamente.

    — Diga-me então! — exigiu apressado.

    — Amegakure no Sato! — respondeu instantaneamente.

    — C-Como assim? Dizem que lá é o fim do mundo e quem foi até lá, jamais voltou! — proferiu atordoado.

    — Mas é lá que você irá achar as respostas que procura... — afirmou com um olhar convincente.

    — Hum... Tudo bem então! — levantou-se e deu de costas para o mais velho. — Quem eu devo procurar quando chegar a Amegakure no Sato? — ele indagou sem olhar para o homem.

    — Bom... Talvez você encontre bastante dificuldade para localizá-la, no entanto, se você realmente achá-la, você poderá acabar com a sua vida nas mãos dela... Você tem certeza de que quer mesmo saber de quem estou falando e ir atrás dessa pessoa? — perguntou confirmativo.

    — Sim! Certeza absoluta... — ele pronunciou decidido.

    — Pois bem... Se o pior acontecer, não diga que eu não o avisei! — ressaltou com deboche.

    — Diga logo de uma vez! — mandou autoritário.

    — Hyuuga Hinata... A feiticeira do submundo! — revelou em alto e bom som.

    — O que? Hinata, a feiticeira que vive na fronteira do limbo com o inferno? — inquiriu transtornado.

    — Sim, ela mesma... Aliás, muito cuidado, pois se você não tiver um presente que a agrade, ela tomará a sua alma como uma oferenda! — advertiu preocupado.

    — Espere um momento, ela não existe! Disseram-me que não passa de uma lenda! — comentou temeroso.

    — Eu vivo a muito mais tempo do que você possa imaginar e sei de muito mais coisas que você possa compreender! Se quiseres realmente obter as suas respostas, deverás seguir até Konohagakure no Sato e de lá partir até Amegakure no Sato em busca da feiticeira, pois eu não lhe direi mais do que isso! — confessou apático.

    — Tudo bem! Obrigado pela resposta... A partir daqui eu me viro, adeus! — começou a caminhar, mas antes que desse mais um passo, o mais velho estalou os dedos, chamando a sua atenção.

    — O que fará com a menina de cabelos róseos? Pois se pretende levá-la consigo, saiba que a vida dela estará em suas mãos, afinal, ela não tem boa condição física e sequer possui alguma força em especial para se defender! — alertou ríspido.

    — Maldição... Por um momento, eu realmente não pensei no que faria com ela! — pensou enervado. — Não há porque se meter, já disse que darei o meu jeito daqui em diante e não há necessidade que opine sobre isso! — retrucou sem fitá-lo e seguiu em frente. — Por hora devo apenas ajudar aos outros que estão soterrados... Mas hoje pretendo planejar e dar início a algo! — decidiu mentalmente.

    Em poucos segundos o rapaz sumiu do campo de vista do homem que voltou a pegar o cachimbo, para tentar novamente acendê-lo com o isqueiro:

    — Mikoto-san... Não se deve ouvir a conversa alheia à surdina! — repreendeu a mulher que rapidamente saiu detrás da barraca do mais velho e pôs-se a sua frente.

    — Sinto muito! — ela curvou-se humildemente para ele. — Mas eu não aprovo o que você fez! — ela argumentou olhando-o furiosa. — Usando de palavras ambíguas você o persuadiu a seguir o caminho que você queria, pondo-o em perigo! Além de ter também induzido ele a levar aquela menina à tira colo, o que dificultará ainda mais para ele seguir adiante! — ralhou mantendo a calma e a indiferença.

    — Entenda Mikoto-san, que isso foi necessário! A energia negativa responsável por esse efeito que todos aqui chamam erroneamente de “queda de temperatura” jamais havia alcançado essa floresta! Você deve tê-la sentido, durante a nevasca e se cá ela já apareceu, quer dizer que “eles” estão agindo mais rápido do que nós estamos reagindo... — justificou finalmente conseguindo acender o cachimbo e tragando com gosto a fumaça.

    — Eu sei, mas... Como ele irá levá-la se ela não é uma de nós? — inquiriu confusa.

    — O garoto também não é totalmente um de nós ainda e parece que o que faltava dentro dele, o destino de certa forma já o devolveu! Portanto deixemos mais uma vez nas mãos do destino, se ela irá com ele ou não! — propôs ironicamente.

    — Pois bem, você venceu! Mas o que fará se ela não conseguir ir à Konoha com ele e ele desistir, por ela? Aliás, como você irá agir se ela milagrosamente chegar a aquele lado do mundo, mas não resistir àquela realidade e vir a morrer? — perguntou com pesado sarcasmo.

    — Quanta negatividade, Mikoto-san... Estou velho de mais para ser tão pessimista! — expôs levantando-se e seguindo até a saída da tenda. — Deixemos nas mãos dessas duas crianças! Pois nós mesmos nada podemos fazer! — completou observando a mata congelada.

    — Se você diz... Mesmo com o meu coração na mão, deixá-lo-ei partir com a garota! — rendeu-se aos argumentos do mais velho. — Porém, se do limbo ele não voltar... Ao limbo irei te mandar, velho decrépito! — ameaçou com os olhos que outrora eram negros, naquele instante estavam rubros.

     Só iremos saber se ela sobreviverá ou não, quando ela atravessar a passagem... Tomara que dê tudo certo! — pensou apreensivo.

    Naquele momento, do outro lado do acampamento a garota de cabelos róseos procurava por entre todas as crianças que se encontravam na barraca:

    — Nana-chan? Nana-chan?! — ela olhava rosto por rosto de todos os pequenos de expressões vazias que por ali encontrava.

    — Nee-san! — a menina avistou a rosada e correu até a ela de braços abertos.

    — Nana! — acolheu-a em um caloroso abraço, aliviada.

    — Nee-san... Você está tão quentinha! — esfregou o frágil rostinho no ombro da mais velha.

    — Você está muito gelada... — observou afastando-se da menor para ver se a mesma estava bem.

    — Tive queda de temperatura há alguns minutos, mas já estou bem... — ressaltou esboçando um meio sorriso.

     Isso de novo? Nunca ouvi falar de algo como “queda de temperatura”... O que será que significa?— questionou-se mentalmente intrigada.

    Embora curiosa, a preocupação estava sobressaída em sua mente e fez com que ela rapidamente se esquecesse daquilo, não especulando o significado daquela expressão incomum.

    (...)

    A sala espaçosa, as paredes brancas e as vidraças da janela bem fechadas para bloquear a neve que caia ao lado de fora, era o suficiente para tornar o ambiente um lugar aquecido e aconchegante, embora houvesse a presença intensa daquele enjoativo cheiro hospitalar.

    O homem de cabelos castanhos alaranjados repousava inconsciente sobre o leito alto, com uma agulha fincada na veia, enquanto pela borrachinha o líquido transparente percorria, suprindo-lhe soro:

    — Onde estou... — abriu lentamente os olhos que miúdos, aos poucos se acostumavam com a claridade.

    — Olha só quem resolveu acordar! — comentou um homem de cabelos vermelhos, que se encontrava sentado em uma poltrona próxima da cama.

    — Nagato? — ele reconheceu surpreso. — Onde estou? — indagou confuso.

    — Depois da breve chamada que recebi de seu celular, mandei buscarem pela mata e você foi encontrado desmaiado nas proximidades da casa de sua finada mãe! — ele levantou-se e seguiu até o outro, sentando-se na beirada da cama.

    — Hum... — observou sua mão enfaixada. — Desgraçado... Aquele pirralho irá me pagar caro por ter arrancado o meu dedo com sua katana nojenta ! — lembrou-se do momento em que conheceu a espada reluzente do jovem.

    — Ora, então você estava brigando com alguém que usava uma lâmina? Não é por menos que encontraram dois de seus revólveres jogados ao chão, embora um deles estivesse partido ao meio... Mas o incrível é que mesmo com duas armas de fogo, você perdeu para alguém que possuía apenas um sabre! — contou com deboche.

    — Vá para o inferno! — ordenou furioso. — Aliás, não havia como eu vencê-lo... Pois ele provavelmente era um “deles” se é que me entende... — revelou pensativo.

    — O QUE? Como assim Yahiko-san? É impossível para pessoas como nós avistarmos um deles e tampouco pisarmos em suas terras! — comentou atordoado com aquela revelação.

    — Ah, eu não sei... Talvez eu esteja enganado, mas enfim, eu o avistei de repente e ele estava abraçado à minha florzinha! Até então eu não o tinha visto chegar... Maldito! — desabafou irritado.

    — Entendo... Caso ele realmente seja um “deles”, provavelmente você o avistou por mediação de sua sobrinha! — concluiu convicto.

    — Do que você está falando? Como assim? O que aquela desgraçada tem a ver com isso? — inquiriu enraivecido.

    — Ora... Se você só pôde avistá-lo assim que ele a abraçou, então ela é algo importante que “ele” deixou para trás! — respondeu precisamente.

    — Mas como assim? Eu nunca o vi antes e... — foi interrompido.

    — “Eles” estão mais ligados a nós do que podemos imaginar... Muita coisa nesse mundo não possui explicação e creio que talvez, seja esse o caso! Quem sabe... O passado “dele” está mais ligado a ela do que você pense... — supôs com ironia.

    — Maldição... Pois trate de dar um jeito de alcançar o outro lado daquela floresta! Preciso que você me traga a florzinha de volta, pois do contrário, não irei mais financiar as suas pesquisas... E terá de esquecer Konan de uma vez por todas, seu inútil! — ameaçou rudemente.

    — Sim senhor! Darei o meu melhor para chegar às terras “deles” e trazer de volta a sua preciosa sobrinha! — ressaltou confiante.

    Talvez o homem de cabelos ruivos estivesse blefando e de fato não fosse possível para ele ir atrás da jovem de cabelos róseos, entretanto, Yahiko preferia manter-se confiante em relação ao subordinado e acreditava que ele traria a personificação de sua amada novamente para si.

    (...)

    Do céu cinzento, escassos, os flocos de neve caíam lentamente sobre o acampamento que já estava bem movimentado, pois seus habitantes já se encontravam fora de suas tendas, trabalhando incansavelmente pela mata.

    O rapaz de cabelos negros como o ébano, havia acabado de ajudar a todos que estavam presos em suas barracas, soterrados:

    — Já sei o que irei fazer! — pensou tomando o rumo da cabana onde estavam as crianças, pois provavelmente encontraria a rosada por lá, com sua amada Nana. — N-Não é como se eu quisesse levar ela comigo, m-mas é, bom... Não posso deixá-la sozinha por aqui! É capaz de aquele psicopata vir atrás dela e... N-Não é como se eu me preocupasse, mas seria muita maldade... — tentava enrolar a si mesmo mentalmente, convencendo-se de sua indiferença para com a garota.

    Assim que chegou à tenda destinada, avistou a jovem de cabelos róseos, abaixada, abraçada à pequena menina descabelada e aproximou-se das duas:

    — Sakura! Despeça-se dela... Nós vamos partir! — avisou por detrás dela.

    — O que? — ela olhou para trás e pôs-se de pé. — Como assim, partir? — questionou confusa.

    — Vou levá-la para ver àquela cascata, afinal, daquela vez você estava louca para avistar a queda d’água, certo? — perguntou prevendo a resistência dela em se separar da pequena menina, caso ele lhe dissesse de forma direta, a verdade.

    — S-Sério mesmo? Mas porque justo hoje que a neblina está densa... — foi interrompida.

    — Se você não quiser ir, tudo bem! Irei sozinho até lá... — blefou astutamente.

    — NÃO! Eu vou com você! — ela aceitou ingenuamente.

    — Nee-san... — a menina agarrou-se nas mãos da rosada, olhando-a entristecida. — Você vai me abandonar? — indagou com os olhos marejados, como se pudesse sentir que não iria ver a outra tão cedo novamente.

    — Claro que não... — ela agachou-se abraçando a menor. — Sasuke-kun e eu vamos apenas ver a queda d’água do outro lado da cascata e logo voltaremos... Né Sasuke-kun? — ressaltou olhando para o moreno.

    — É... Nana, deixe-a ir comigo! — assim que Sakura voltou a olhar para a menina, ele olhou furiosamente nos olhos da criança.

    — Nii-san... Porque você... — a menor foi interrompida.

    — Vamos Sakura, já está tarde... Não podemos deixar para a noite, do contrário esqueça que algum dia a levarei até lá outra vez! — advertiu pegando rudemente no pulso fino e delicado da garota.

    — Nana-chan, logo eu voltarei para te ver... — ela avisou olhando para trás enquanto era praticamente arrastada pelo rapaz. — Ai, Sasuke... Pra que toda essa pressa? — inquiriu irritada.

    — É que eu decidi que iremos acampar nas proximidades daquela cascata! — mentiu de repente. — Portanto, pegue a sua mala e vamos! — completou a mentira esperando desesperadamente que ela acreditasse, embora aparentasse calmo e frio como sempre.

    — Hum... — ela olhou-o receosa e aparentemente pensativa.

    — Tsc... Apenas caia logo na minha conversa, droga! — pediu mentalmente, suando frio.

    — Hum... Tudo bem! — ela topou e sorriu repentinamente, tomando o rumo de sua tenda para buscar as suas coisas. — Já volto! — ela avisou e logo sumiu em meio à névoa.

    — Ufa... — ele suspirou aliviado. — Nessas horas agradeço a Deus por ela ser tão burra... — murmurou despreocupado temporariamente.

    Em poucos minutos o moreno foi até a sua própria tenda para apanhar suas coisas, voltando posteriormente ao mesmo lugar e a rosada reapareceu com sua mala azul-escura em mãos, arrastando-a custosamente sobre a neve fofa em direção ao rapaz:

    — Céus... Sasuke-kun, você realmente colocou muita coisa aqui dentro! Se bobear até a minha cama está aqui dentro... — supôs esforçando-se bastante.

    — Não exagere! Dê-me isso daí... — tomou a mala das mãos dela e a elevou do chão como se não fosse nada. — Vamos! — passou a caminhar silenciosamente em direção a floresta fechada.

    — Sim... — pôs-se a acompanhá-lo.

    No inverno os dias são mais curtos e o céu escurece precocemente ao entardecer. Embora ainda fosse dezessete horas da tarde, o céu já se mostrava escuro e o sol oculto por detrás das nuvens cinzentas, nada iluminava.

    Já havia se passado quase uma hora e os dois jovens ainda seguiam rentes a extensão aquífera, buscando por sua queda:

    — Né, Sasuke-kun... Já estamos a mais de vinte minutos caminhando ao lado dessa cascata e nada de alcançarmos essa tal queda d’água... Será que isso daqui não é realmente um lago? — questionou confusa.

    — Relaxe! Já chegamos... — ele parou de andar e apontou para o rochedo imenso, do qual, aos poucos a cortina d’água revelava-se caindo sobre as pedras do chão, em uma parte rasa daquela cascata.

    — Incrível... — ela proferiu boquiaberta, admirada com tamanha beleza. — Eu só avistei uma dessas em um dos livros que costumava ler... — lembrou-se deslumbrada.

    — É... Você já me disse algo assim! — ele comentou, esboçando um discreto sorriso. — Mas o melhor está por vir... — sussurrou ao pé do ouvido dela e tomou a frente, pisando cuidadosamente sobre as pedras que estavam livres do gelo, devido ao constante movimento na superfície d’água.

    — Hãn? Aonde você vai? — perguntou curiosa, pisando também sobre as pedras.

    — Existe uma gruta por detrás dessa queda... — ele estendeu sua mão que estava livre para a garota atrás de si, ajudando-a a equilibrar-se sobre as rochas.

    — O que? Sério mesmo? — ela inquiriu fascinada com aquela notícia.

    — Nossa, ela se encanta tão fácil por coisas tão simplistas... — pensou suprimindo seus comentários sarcásticos.

    No momento em que os dois alcançaram a até então misteriosa gruta, a menina de cabelos róseos tomou a frente adentrando o ambiente escuro, em um lugar no qual a água que caía de cima da rocha, não atingia:

    — É aqui que iremos acampar? — inquiriu inocentemente.

    — Não Sakura! O lugar que nos espera está mais a fundo, bem ao fundo dessa gruta... — ele confessou com pesado cinismo em seu olhar.

    — Hum... Tudo bem então! Só espero que não demore muito, pois aqui dentro está mais frio do que lá fora... — comentou esfregando as mãos nos braços enquanto a fumaça escapava por entre os lábios vermelhos.

    — Não se preocupe, logo chegaremos lá! — proferiu tomando novamente à frente. — Vamos? — ele estendeu outra vez a mão a ela.

    — Sim... — ela aceitou a mão do rapaz, passando a acompanhá-lo mais uma vez.

    Embora ele nada soubesse sobre si mesmo e estivesse arrastando Sakura consigo para uma vida perigosa, em busca de suas respostas, ainda assim ele não poderia voltar atrás em sua decisão, uma vez que deixá-la para trás não o faria e tampouco cogitaria desistir de encontrar a verdade sobre si mesmo, o seu passado.


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