Hocus Pocus To Me.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 12

    Sensação desconfortante.

    Álcool, Adultério, Heterossexualidade, Homossexualidade, Linguagem Imprópria, Nudez, Suicídio, Violência

    Olá!

    Como vocês irão notar a partir de agora as coisas estarão mais intensas e complexas, por isso peço para que se apeguem mais aos detalhes da estória para compreendê-la melhor emoticon

    A música tema do capítulo é na verdade um soundtrack de um anime que assisti há algum tempo Yume no Naka e(instrumental) - do anime KAREKANO... (É uma melodia maravilindíssima)

    Link: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=iDAiCsdH-eE

    Boa leitura!

    Quem sabe, antes mesmo que ele tivesse-lhe salvado a vida inúmeras vezes como o fizera, há muito tempo, naquele sonho ou talvez, possível memória de seu passado, naquela mesma floresta, em pleno inverno, através daquela melodia, um hino, ela tivesse salvado a vida do menino perdido pela primeira vez.

    (...)

    A claridade do amanhecer adentrou a tenda na qual a garota de cabelos róseos encontrava-se adormecida ao lado do jovem que ternamente observava-a em silêncio:

    — Sasuke-kun?! — ela acordou repentinamente, encarando fixamente os olhos negros dele.

    — S-Sakura... — estático, ele corou violentamente no momento em que passou a fitar aqueles olhos de um verde tão profundo que ela possuía. — B-Bom dia! — ele saiu do curto estado de transe, desviou seus olhos dos olhos dela e apartou-se com rapidez da garota, sentando-se na beirada do futon.

    — Ohayou! — ela cumprimentou também e sentou-se sobre o emaranhado do cobertor sobre o fino colchão e espreguiçou-se logo a seguir. — Né, Sasuke-kun... Ontem, quando você foi até a minha casa, você demorou! — engoliu a seco, reunindo palavras. — Você realmente encontrou aquele homem? — indagou indo de joelhos até a mala azul-escura posta ao chão, perto de onde estava.

    — Talvez... — ele respondeu indiferente, apanhando a luminária de papel ao lado do futon e soprou, apagando-a.

    — Hum... Tudo bem se você não quiser me contar, não irei insistir! — ela desdenhou, puxando com muita dificuldade a enorme mala para cima do colchão.

    — Hum... — ele colocou a luminária de volta no lugar onde estava e ajudou com um dos braços, a menina a levar a mala para mais perto de si.

    — Obrigada! — ela sentou-se sobre as pernas e abriu a mala. — Né, Sasuke-kun... Você trouxe muita coisa... — o rosto dela enrubesceu violentamente quando enfiou uma de suas mãos delicadas em meio às roupas e puxou para fora uma de suas calcinhas.

    — Ah... — o moreno com o rosto ruborizado, desconcertado, virou-se de costas com rapidez, passando a encarar a saída daquela barraca.

    — QUE VERGONHA! Eu quero morrer! — ela escondeu abruptamente a peça íntima novamente no meio de todas as roupas e em seguida notou que havia uma caixa. — Hãn? — ela retirou a tampa e observou uma espécie de caderno que lhe era familiar. — M-Meu diário? — o rosto que já estava vermelho, corou ainda mais a ponto de explodir. — S-Sasuke... V-Você não leu isso aqui não, n-né? — ela gaguejou murmurativa, fazendo com que o rapaz não ouvisse bem.

    — O-O que foi, S-Sakura? — ele engoliu a seco, olhando-a pelo canto dos olhos.

    — V-Você não leu isso daqui não, certo? — ela repetiu escondendo o rosto por detrás do objeto.

    — Não! — ele respondeu firmemente.

    — Ufa... — ela suspirou aliviada e guardou o caderno secreto novamente dentro da caixa.

    — Hum? P-Porque me perguntou isso?! — ele inquiriu desconfiado.

    — Bom, é que... Isso é um diário e você sabe né... — constrangida ela olhou para o lado.

    — Sei o que? — ele perguntou confuso.

    — Ai, Sasuke... Diários servem para guardar os nossos segredos e, enfim... V-Você entendeu! — ela ressaltou incomodada.

    — Hum... Que segredos? — ele indagou inexpressivo.

    — Ora, Sasuke-kun... Segredos são secretos, justamente porque não podem ser revelados... — ela advertiu áspera.

    — E que segredo importante uma menina tão esquisita como você poderia guardar escrito em um diário? — insensível, ele inquiriu com deboche.

    — Esquisita... Esquisita... Esquisita... — ela levou alguns segundos para se recuperar daquele golpe. — S-São coisas de meninas... C-Como o meu primeiro amor, p-por exemplo! — ela comentou aborrecida.

    — P-Primeiro amor? — ele perguntou com espanto.

    — Qual é a desse espanto? Uma pessoa como eu também tem sentimentos, seu chato! — ela vociferou e fechou a mala.

    — Então ela ama alguém? M-Mas no que eu estou pensando, isso não é problema meu! — ele danou consigo mesmo em mente, sacudindo a cabeça. — Hum... Bom, obrigado por ter me deixado passar a noite aqui com você! — ele agradeceu se pondo de pé e tomando o rumo da saída. — Até mais! — ele deixou a tenda e foi na direção da floresta.

    — Até... — ela retribuiu enfadada. — Nossa, é mesmo... Preciso ir atrás daquela velha senhora mal-educada para tentar obter algumas respostas! — lembrou-se se pondo de pé e passou a enrolar o futon, em seguida colocando-o em um canto da tenda.

    Ágil, a jovem de cabelos róseos agasalhou-se reforçadamente por cima do pijama que ainda vestia e deixou aquela espécie de barraca, seguindo pelo acampamento em busca da mulher que parecia saber responder algumas de suas perguntas.

    (...)

    Passo após passo, lentamente ele caminhava sobre a neve fofa em algum lugar em meio à brancura daquela floresta. Pensativo, nada ao seu redor ele conseguia notar, como se estivesse alienado do mundo embora seus pés ainda estivessem presos ao solo terrestre.

    Primeiro amor?!

    Sim, ela dissera-lhe exatamente isso...

    E daí?

    Qual o problema?

    Embora não se recordasse de seu passado, exceto de dois anos atrás até o dado presente, talvez ele também tivesse tido um primeiro amor... Mesmo que não se recordasse de nada, nem de ninguém.

    A indiferença sempre fora a sua melhor arma para mascarar as suas verdadeiras intenções e sentimentos, entretanto, mesmo que parecesse infantilidade de sua parte, ainda assim, sentia muita dificuldade de pensar sobre aquilo de forma fria e imparcial, uma vez que aquela sensação desconfortante estava desgastando-lhe o bom senso.

    No entanto, remoer situações do passado de outra pessoa não iria beneficiá-lo em nada, portanto, deveria se concentrar nas coisas que precisava resolver em sua vida. E uma delas era justamente, o motivo pelo qual ele sentiu-se familiarizado com aquela menina de cabelos rosados?!

    Ele a conhecia de sua vida pré-amnésica?!

    Ou aquela sensação... Tudo não passou de um mero sonho?!

    Quando emergiu de seus devaneios e deu por si, o garoto já seguia em direção à nascente da cascata onde um dia — há dois anos —, ele acordou de sua vida esquecida à beira d’água.

    — Esse lugar... — ele murmurou observando a nascente, que mesmo em meio a aquele inverno rigoroso, continuava com suas águas turbulentas, quebrando o gelo que se formava sobre a sua superfície em alguns cantos. — Foi aqui onde tudo começou! — proferiu abatido.

    — Ora, ora se não é o Sasuke... — admirou-se o homem que percebeu o garoto ali, enquanto encostado a uma das árvores coníferas daquela floresta, por ali perto, lia um pequeno livro de bolso.

    — K-Kakashi-sensei?! — o jovem passou a olhar para o mais velho. — O que está fazendo aqui? — indagou impassível.

    — Hum... Bom dia pra você também! — retrucou com ironia. — Ainda é tão cedo e você já está mal-humorado! — analisou, voltando a ler o livro.

    — Tsc... Tenho mais o que fazer! — deu meia volta e passou a caminhar a passos pesados sobre a neve.

    — Hum! Eu estive em Konoha há alguns dias... — começou a falar, calando-se logo que notou que o rapaz escutou e parou de andar.

    — Humpf... E como andam as coisas por lá? — inquiriu com desdém.

    — Bom... Konoha continua violenta como antes, mas o caos aparentemente se dissipou, embora essa calmaria me dê arrepios! — confessou virando uma página do livro que lia.

    — Hum... — voltou a seguir pela mata.

    — Você não vai voltar? Nossos companheiros de combate estão todos lá, lutando por Konoha... — foi interrompido em meio a sua insinuação.

    —“Seus” companheiros! A princípio, Konoha não é e nunca será o meu lugar! — expôs friamente sem olhar para trás.

    — Haruno Sakura, entendo... — pronunciou o homem de cabelos grisalhos com um pesado deboche na voz.

    — Hum? O que você sabe sobre ela? — o rapaz voltou-se outra vez na direção do sensei.

    — Oh, então eu acertei... — argumentou com um olhar zombeteiro.

    — A-Acertou o que? Do que você está falando? — o moreno enfurecido, indagou.

    — Ora, ora... Sasuke-kun! Você ainda está aqui por causa dessa menina, certo? — ressaltou calmamente.

    — N-Não é como se eu estivesse aqui por que gosto dela... Só tenho pena de deixar uma menina tão fraca e magricela como ela morrer por aí... — desvencilhou os olhos para o lado.

    — Hum... Ele está na faze da negação! — pensou desinteressado. — Tudo bem então, vá em frente! Você disse que tinha mais o que fazer, não é mesmo?! — lembrou desaparecendo como fumaça, repentinamente, daquele local.

    — Tsc... Odeio pessoas que falam comigo como se soubessem mais sobre mim do que eu mesmo sei! — reclamou tomando o caminho do acampamento novamente.

    De repente do céu cinzento começou a cair flocos de neve, provavelmente uma nevasca iria começar em breve, portanto o rapaz passou a correr, para que não fosse pego pelo temporal.

    Chegando ao campo aberto onde se encontravam as inúmeras tendas dos refugiados, aproximou-se da espécie de barraca onde provavelmente estaria a menina de cabelos rosados.

    — Será que ela está bem? B-Bom, não é como se eu fosse vê-la por preocupação, ou algo assim... Só não quero... — relutou em pensamento. — Dane-se... — murmurou adentrando a tenda repentinamente. — Olá Sakura... — calou-se ao perceber que não havia ninguém lá dentro. — Hum? — o garoto observou a mala azul-escura da menina sobre o futon da mesma.

    Pensativo, ele mordeu o lábio inferior e resolveu seguir até o objeto, para de lá extrair o diário da jovem, e assim descobrir todos os seus segredos que, guardados ali estavam.

    Assim que alcançou a mala, ele abriu-a, retirou a tampa da caixa que dentro estava e pegou o caderno de segredos. Entretanto, observou que na lateral havia um pequeno cadeado e se ele tentasse rompê-lo, provavelmente ela descobriria.

    — Droga... — ele desviou os seus olhos para o lado e percebeu que bem ao fundo da caixa havia uma pequena chave presa a uma fina corrente. — Será essa a chave que abre esse cadeado? Pois se for, eu sou muito sortudo então! — ele pensou contente. — Bom, não é como se eu quisesse abrir por curiosidade, mas enfim, se a chave apareceu aqui... D-Deve ser o destino querendo que eu leia o que está escrito! — murmurou livrando-se da culpa e apanhou a pequena corrente.

    Por alguns segundos ele estendeu a chave que mais parecia um pingente, diante de seus olhos e sentiu uma forte nostalgia, como se, de alguma forma ele se recordasse daquele objeto.

    — Que estranho... Sinto como se já tivesse visto essa corrente antes, em algum lugar... — ele concluiu confuso, encaixou a chave na abertura, no entanto, antes que pudesse girá-la para abrir o cadeado, ele parou. — O que diabos eu estou fazendo? — ele colocou o diário e a chave de volta em seus devidos lugares, fechando a mala posteriormente.

    Poucos segundos após o rapaz ter se distanciado da mala azul-escura, assim que resolveu deixar de vez aquela tenda, deparou-se com a garota que adentrou aquela barraca, apática.

    — Sasuke-kun? — ela surpreendeu-se com a presença dele, enquanto estava ausente.

    — S-Sakura, eu é... — ele tentou explicar o que estava fazendo ali. — Onde você estava? Vim aqui e não te achei! — ele argumentou receoso.

    — Ah... Eu fui atrás daquela senhora que cuidou de mim! — ela suspirou derrotada e caiu sentada sobre o futon. — Sinto que ela possui as respostas de muitas das minhas perguntas, mas ela só me evita e briga comigo quando eu nem sei o que está acontecendo... — ela contou transtornada.

    — Mikoto? — sugeriu o nome da mulher.

    — Ah, então ela se chama Mikoto? — questionou surpresa.

    — Sim... Aliás, ela é meio estranha assim mesmo! Você não deve levar as coisas que ela fala ao pé da letra, pelo bem da sua sanidade mental! — ele alertou indiferente. — Mas no fundo ela é uma boa pessoa! — ele salientou tranquilamente.

    — Hum... Espero que algum dia ela me odeie menos! — desabafou cansada.

    — Mas o que tanto você precisa perguntar para ela? — inquiriu enfadado.

    — Ora, Sasuke... Perguntas que você não saberá me responder! — afirmou aborrecida.

    — Porque eu não irei saber lhe responder? — indagou incomodado.

    — Tudo o que eu te perguntei até hoje você só respondeu que não sabe, ou não se lembra... — ela esclareceu apática.

    — Oh, sinto muito por não recordar-me de quase nada do meu passado... — ele desvencilhou os olhos para a saída da tenda.

    — Sério mesmo que você não se lembra de nada do seu passado? Não sabe nada sobre esse acampamento estranho, sei lá... — ela insistiu um pouco curiosa.

    — Seriíssimo! Não tenho lembranças da vida que eu levava há dois anos! — confirmou espontaneamente.

    — Nossa, eu achei que você só estava brincando comigo quando disse aquilo... — ela expôs um pouco sem graça. — Mas então como você sabe que o seu nome é Sasuke? — ela perguntou confusa.

    — Na realidade eu não sei o meu nome verdadeiro! Aquela mulher, Mikoto, foi quem me nomeou assim... Aliás, há dois anos, foi ela quem me encontrou vagando desmemoriado por essa floresta! — ele contou enfadado.

    — Hum... — ela calou-se passando a olhar para o lado de fora da barraca. — Sinto muito! — murmurou abatida.

    — Tudo bem, eu não me importo com isso! Acho até que a amnésia não é de todo o mal, afinal, quem sabe eu era uma pessoa má antes de esquecer-me de tudo? — ele sugeriu em um tom descontraído.

    — Provavelmente não! De todos que habitam esse acampamento, você e a Nana-chan foram os únicos que não me olharam com hostilidade... — ela olhou nos olhos dele e sorriu docemente.

    — Hum... — o rosto do rapaz ruborizou e ele deixou de olhar para ela, passando a encarar a luminária de papel, ao lado do futon. — Q-Que bom que você pensa assim... — sussurrou para que ela não ouvisse.

    — Nossa, é impressão minha ou de repente ficou mais frio? — ela esfregou as mãos sobre os braços, apertando o tecido do casaco que vestia, contra si.

    — Hum, a nevasca já começou! — ele olhou para fora, notando que a ventania começava a ganhar mais força, chegando até a assoviar. — Posso ficar aqui com você até a tempestade passar? — ele perguntou apreensivo.

    — T-Tudo bem, q-quanto mais calor h-humano aqui dentro, melhor! — ela expôs batendo o queixo de frio e abraçou as pernas.

    — Obrigado! — ele seguiu até a entrada da tenda e desceu a lona que se encontrava sobre a mesma, assim bloqueando a passagem daquela cabana e impedindo que o vento soprasse ainda mais para dentro.

    — Ah... — ela suspirou aliviada, libertando os braços que antes estavam agarrados às pernas. — Assim está bem melhor, embora ainda esteja frio! — comentou desdobrando o cobertor e jogando-o sobre os dois. — Nossa, que escuridão aqui debaixo... — ela descobriu a cabeça, ficando descabelada no ato.

    — Hum... — ele também retirou o cobertor de cima de si, o que bagunçou todo o seu cabelo. — Sakura, eu posso te fazer uma pergunta? — ele questionou acanhado.

    — Pode! — ela sorriu ternamente.

    — Como é o primeiro amor? — ele indagou espontaneamente, sem pudor.

    — Hãn? É... É tipo, sabe... Como se, hãn... — ela buscava por palavras para explicar. — P-Porque você quer saber? — ela inquiriu exasperada.

    — N-Não é como se eu estivesse interessado nesse tipo de coisa, mas sei lá, talvez eu tenha amado alguém na minha vida antes da amnésia e queria s-só saber como é, m-mas não que eu realmente goste de alguém ou algo do tipo... — ele justificou desconcertado.

    — B-Bem, se é assim, então eu... Eu... Eu... Ah, sei lá! Não foi necessariamente um “amor”, como posso dizer... Eu deveria ter uns oito anos na época e ele era apenas um menino que ia brincar comigo na casa da minha avó! Aliás, eu nem me lembro mais do nome dele ou de como ele era... Só sei que eu costumava escrever sobre o que nós brincávamos nesse diário, por isso que não quero que outras pessoas o leiam... Sabe como é né? Coisa de criança... É um pouco constrangedor! — ela confessou desvencilhando os seus olhos para o canto, corada.

    — Hum... — ele suspirou um pouco mais confortável. — Deve ter sido um amigo muito “precioso” para ter merecido ficar guardado nas páginas do seu diário! — ele comentou impassível.

    — Sim... Minha vida era tão triste naquele tempo, ele era como o sol que iluminava os meus dias! Mas daí ele sumiu e eu nunca mais soube dele! — ela contou entristecida. — Talvez eu tenha seu nome escrito em alguma dessas páginas, mas ainda não possuo coragem o suficiente para ler coisas do passado e ficar recordando esses sentimentos... — terminou com um suspiro pesado.

    — Então ele foi tão importante assim para ela?! — pensou abatido.

    — Enfim... Quanto tempo leva para uma nevasca acabar por aqui? — ela indagou curiosa.

    — Bom, em geral uma tempestade de neve pode durar até três horas... Embora devido a alguns “fatores”, aqui nessa floresta ela possa se estender por mais tempo... — ele respondeu prontamente.

    — Nossa, será que essa vai demorar muito? — questionou temerosa.

    — Quem sabe? Aliás, porque está preocupada com isso? — perguntou perturbado.

    — Estou preocupada com a Nana-chan... Será que ela está protegida em alguma tenda? — inquiriu apreensiva.

    — Está tudo bem! Quando eu estava voltando da floresta, as crianças já estavam em suas barracas, aguardando pela tempestade... — ele a tranquilizou.

    — Que bom! — ela sorriu um pouco mais calma.

    Enquanto ao lado de fora a forte nevasca descarregava toda a sua fúria naquela imensa floresta, dentro da tenda os dois permaneceram juntos. Após longas pausas em silêncio, ora ou outra eles trocavam algumas palavras, tentando por diversas vezes não deixar a conversa morrer.

    Não muito longe dali, a mulher de aparente idade avançada, sentada sobre as pernas encima de seu futon, observava a saída de sua tenda que se encontrava aberta e sentia a gélida ventania esvoaçar com violência os seus cabelos brancos.

    — Ora, ora... Aquele velho e a sua maldita língua azarenta estavam certos! Uma nevasca logo hoje? — inquiriu-se irritada. — Um mau presságio? — indagou engolindo a seco. — Com toda esta calmaria... Provavelmente o caos se aproxima! — murmurou inquieta.

    Do infinito céu cinzento, incontáveis flocos de neve caíam sendo posteriormente carregados pela ventania, assim dando forma ao temporal que aos poucos, devido à névoa, fazia a visibilidade cair à zero naquela floresta congelada. Talvez, assim como a velha dissera, aquele não era um bom sinal, entretanto, os dois jovens que se mantinham confinados dentro da tenda, pareciam aos poucos criar laços, que, quem sabe, seriam fortes o suficiente para superarem todas as dificuldades que estariam por vir.


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