Heróis também podem sangrar.

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    16
    Capítulos:

    Capítulo 24

    A barreira da distância.

    Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Spoiler, Violência

    Mais um capítulo :3

    Boa leitura!!!

    — Argh! Que sentimento triste! Eu estou sobrando... — ela olhou para o lado sentindo um misto de dor de cotovelo com indignação.

    (...)

    À distância nem sempre é o melhor remédio para o esquecimento, uma vez que mesmo longe, quando o sentimento é verdadeiro, a pessoa nunca esquece. Aquele amor que se estendia desde a infância até o momento presente apertava o seu coração exigindo que ela jamais o deixasse de lado, impedindo-a de esquecê-lo.

    Aquela dor abstrata, ela não permitia que influenciasse em seu comportamento, pois, o sorriso que estampava, na verdade, eram lágrimas que derramava por dentro. Suprimia seus anseios, mostrava-se realista mantendo sempre os pés no chão. Entretanto, nas horas que passava isolada em seu quarto, sentia-se livre para libertar o peso da saudade que sentia em um choro magoado, sentido, chegando até a soluçar.

    Desde a última vez que o viu, já havia se passado semanas, continuava sua rotina: do hospital para casa, de casa para o hospital. Os dias longos e quentes do verão faziam-na sentir-se envolta pela nostalgia do passado. Sempre se pegava imersa naquelas doces lembranças que não a deixavam viver em seu próprio presente.

    Era de manhã, o sol estava alto, já havia certo movimento pelas ruas da vila. Algumas crianças brincavam na caixa de areia da pracinha. Sentados nos bancos, alguns jovens ali conversavam, todos buscando ao máximo usufruir das sombras das árvores, afinal era feriado. Um belo e ensolarado feriado.

    A garota de cabelos róseos seguia pela rua carregando uma caixa com alguns equipamentos médicos. Sim, ela estava trabalhando! Na realidade, não era algo necessário naquele momento, porém, deprimida, folga não era algo que lhe cairia bem naquela situação. Mesmo que insignificantes, ela arranjaria coisas para fazer e ocupar sua mente.

    Nada era como antes, até mesmo Naruto agora tinha mais o que fazer do que ficar perto dela. Ele vivia naquele momento a magia do amor que antes ambicionara por Sakura, entretanto, a protagonista era Hinata. Entre beijos e missões, os dois estavam sempre bobos. A rosada entedia o amigo, entretanto mesmo que apenas sorrisse para ele, a ausência das idiotices do garoto faziam-na sentir-se completamente sozinha. Até mesmo Ino, que hora amiga, outrora rival, agora vivia o seu chove não molha, ou talvez, diria um romance acanhado com Sai, o que era inédito em sua vida.

    Sakura estava feliz por todos os amigos que aos poucos estavam amadurecendo e trilhando os próprios caminhos para a felicidade. Mas de certa forma isso doía. Era triste ser a única que ficava para trás, a única que ao invés de viver o presente e seguir para o futuro, se agarrava cada vez mais ao passado. E aquele passado tinha um nome: Uchiha Sasuke!

    O rapaz caminhava pela rua com as mãos atrás da cabeça, despreocupado, quando avistou a garota inexpressiva que vinha em sua direção, entretanto ela não parecia lhe enxergar:

    — Ohayou, Sakura-chan! — saudou sorridente, parando em frente à garota e impedindo-a de prosseguir.

    — Hãn?! Naruto? Cadê a Hinata? — inquiriu surpresa voltando o seu olhar para ele.

    — Ela foi com a família visitar o cemitério! — respondeu. — Fala sério! Você está trabalhando em pleno feriado? Não acredito, estão te escravizando? Vou ir falar com a Tsunade obaa-chan agora mesmo! — disse irritado, dando de costas para a rosada e começando a andar.

    — Calma! Naruto, não é isso... — ela se pronunciou seguindo o amigo e segurando o seu braço.

    — Hãn?! Mas como assim, hoje é feriado e... — foi interrompido.

    — Estou fazendo isso porque quero! Ninguém me obrigou! Simples assim... — esclareceu acalmando o outro.

    — Hein?! Porque você tá... — ele analisou a expressão abatida da garota.

    — Está tudo bem! — ela sorriu. Um sorriso doce, entretanto, não o suficiente para ser capaz de enganá-lo.

    — É por ele... — concluiu entristecido.

    — Naruto! Obrigada! — ela esboçou novamente um sorriso, porém, dessa vez parecia ser sincero.

    — Hein?! “Obrigada” pelo o que?! — olhou-a confuso.

    — Nada demais, seu baka! — ela riu deixando-o sem graça. — Vá atrás da Hinata, você deve acompanhá-la! — ainda rindo, ela prosseguiu seu caminho deixando o loiro desconcertado para trás.

    — Sakura-chan... Quem é você? — inquiriu-se baixo, vendo-a se distanciar.

    A garota agora aparentava estar alegre. Sim, o motivo daquele sorriso verdadeiro havia sido ele, afinal, mesmo que distante, ainda assim, alguém se preocupava com ela. Por mais que estivesse sozinha, agora ela tinha a certeza de que, mesmo de longe, alguém sempre estaria olhando por ela. Isso era confortante.

    (...)

    As mãos trêmulas, apoiadas sobre os joelhos, vez ou outra tamborilava os dedos. Ela estava sentada sobre o gramado, encostada numa grande árvore. A espera a deixava cada vez mais ansiosa. Pensava sobre o que iria falar, qual seria a sua resposta, como ele reagiria e principalmente, o que aconteceria dali em diante.

    Ouviu o som da grama sendo pisada. Os passos se aproximavam por trás. Ela se levantou, permanecendo de costas. Ele recostou os braços na árvore, encarando os longos fios de cabelos que dançavam com o vento, trazendo até a ele o cheiro daquela garota:

    — Você me chamou aqui, então já tem a resposta, certo? — ele indagou, iniciando a conversa.

    — S-Sim! — ela respondeu, ainda sem encará-lo.

    — Pois então, diga! — pediu inexpressivo.

    — Eu... — ela voltou-se para o garoto, fitando-o nos olhos. — Eu, eu... Eu te amo! — proferiu com certa dificuldade.

    — Hum?! — as bochechas do rapaz coraram. — Sério?! — ele inquiriu surpreso.

    — Hãaan?! S-Sim! — ela confirmou embaraçada, ficando mais vermelha que o garoto.

    Ele sorriu sem graça, ela correspondeu da mesma forma. Ambos não sabiam o que dizer, até que de repente a garota deu uma de louca e o agarrou arrebatando-o num beijo estonteador. Após alguns segundos separaram-se em busca de ar.

    — Yamanaka Ino, case-se comigo?! — ele pediu ajoelhando-se perante a jovem.

    — O que? Assim, tão de repente?! — ela perguntou com os olhos arregalados, assustada.

    — Ora, porque não?! No livro que li dizia que a maioria das mulheres sonham com o casamento! Não me diga que você... — foi interrompido.

    — Não é isso, Sai! É que ainda somos muito jovens e... Devíamos começar do “começo”, como todo mundo faz, sabe... Namoro! — ela explicou envergonhada, desviando o olhar do rapaz.

    — Hum... Acho que entendi! Ok, então! Ino... Namore-me! — exigiu pegando nas delicadas mãos da garota.

    — Isso foi estranho! Um pedido ou uma ordem? — murmurou olhando para o lado. — Sim! Namorarei você! — ela assentiu.

    O jovem então esboçou um sorriso e desta vez tomou a iniciativa, agarrando-a, voltando a beijá-la.

    (...)

    Distante, aquele lugar obscuro era frio e solitário, mesmo estando envolto por aquelas pessoas. Sentia-se deprimido, entretanto os sentimentos negativos que consumiam o seu coração o obrigavam a suportar cada vez mais a escuridão.

    Já não mais havia motivos para odiar, entretanto, o orgulho não o permitia se entregar ao amor. Talvez, fosse aquela sede ainda não saciada de vingar-se por algo, como se qualquer coisa bastasse para satisfazer-se de uma vez por todas da vontade de cumprir aquele objetivo que há tanto tempo fora a sua única meta de vida.

    Sim. Ele sabia que tinha se apegado àquela ambição e, por tê-la feito a única em sua vida, agora não mais tinha um motivo para seguir, e de fato, isso o perturbava, uma vez que aos poucos sua sanidade parecia se esvair como a água posta dentro de uma peneira.

    Todos os dias ele pensava e analisava, buscando algum motivo para reacender as chamas do ódio dentro de seu coração. Naquela altura da vida, ele julgava não ter mais motivos para cultivar sentimentos bons e nem sequer cogitava voltar para o seu velho lar e ter de ser condenado por aqueles que lhe tiraram tudo.

    Não! Não voltaria assim, a vila na qual nascera não mais era o seu lar, tampouco os habitantes dela acolheriam um Uchiha, não depois de tudo o que fez e até mesmo a guerra que havia sido provocada pelos membros que até então remanesciam de seu clã. E no final, o seu orgulho, acima de tudo, jamais o permitiria voltar, nem mesmo por ela, ou será que voltaria?

    A todo caso, aquele momento de calmaria que os velhos integrantes do time sete vivenciavam estava a um passo do fim.

    Não! Não envergonharia o nome de seu clã e se submeteria, como inferior, àquelas pessoas que no passado o viam apenas como um pequeno ninja promissor, uma criança igual a qualquer outra e que agora enxergavam nele um nukenin, uma ameaça. Mesmo tendo contribuído para a vitória, ainda assim ele era tido como desertor.

    Entretanto, ainda lhe faltava conquistar algo, quem sabe, esse era o seu último anseio. Talvez isso pudesse suprir a sua necessidade de provar que não era inferior ao velho amigo e jamais seria. Portanto, a batalha que tinha prometido ao Uzumaki, que ainda não havia se concretizado, ele faria questão de solicitá-lo àquela luta a tanto tempo esperada, porém, dessa vez, como o amigo havia antes profetizado, seria a última batalha dos dois.

    Na escuridão do quarto alugado devido às luzes apagadas, deitado sobre o fino colchão estendido sobre o assoalho de madeira, os olhos que eram mantidos fechados, rubros, foram abertos repentinamente. E o brilho que incandescia daquele olhar, era tão afável quanto o amor, entretanto, tão nocivo quanto o ódio.

    Sentou-se sobre as pernas, acendendo a luz, fazendo os selos de mãos e invocando um falcão. Pegou um pergaminho, rasgando um pequeno pedaço do papel. Escreveu o bilhete, bem pequeno, o enrolou, amarrando-o à pata da ave. Levantou-se, seguiu até a janela, desenlaçando as cortinas e abrindo-a. Soltou o pássaro para que fosse entregar a mensagem para aquela pessoa.

    O Uchiha então fechou a janela, enlaçando as cortinas outra vez, naquele momento necessitava do escuro para refletir, afinal, a ausência de luz ultimamente o ajudava a pensar melhor, mesmo que esse melhor não fosse de fato o melhor para todos.

    O futuro era algo que desconhecia, tampouco almejava. Naquele instante de insanidade, solicitar uma batalha contra Naruto era o que mais queria, para de uma vez por todas por fim naquele sentimento de inferioridade que sentia para com o velho companheiro. Entretanto, ele desconhecia as consequências que viriam com tal atitude. Porém, tinha apenas uma certeza em mente:

    No mundo havia espaço apenas para um dos dois, sendo assim, o mais fraco dentre eles, naquela luta, pereceria.


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