Heróis também podem sangrar.

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    Capítulo 23

    Juras de amor.

    Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Spoiler, Violência

    Olá!!!!

    Mais um capítulo divo *O*

    #Nota:

    "Noren" é aquela espécie de cortina que tem pendurada na porta do Ichiraku rámen.

    Boa leitura!

    Pobre garota apaixonada! Mal ela sabia o que o futuro lhe aguardava!

    (...)

    O novo dia lentamente surgia. Do longínquo horizonte o sol começava a iluminar Konohagakure no Sato em seus tons alaranjados. No hospital, alguns pacientes já haviam recebido alta.

    O loiro, que ainda tinha pelo corpo alguns curativos, andava as pressas pelo corredor, já sem a roupa do hospital, trajado como de costume estava. A cada passo ele aumentava a velocidade, ansiedade era algo que estava fazendo acelerar seus batimentos cardíacos. Ao seu lado, puxada pela mão, a morena, com os olhos perolados confusos e arregalados, não tinha ideia do que estava acontecendo:

    — N-Naruto-kun? O que estamos fazendo?! — indagou ofegante, enquanto acompanhava os passos do rapaz. — Ainda não recebemos alta...

    — Temos de ir! Rápido! — ele avisou sem desviar os olhos do fim do corredor.

    — Mas devemos informar a Sakura, e se alguém nos avistar aqui...

    — Nem! Tá doida?! É justamente a Sakura quem eu não quero encontrar, muito menos avisá-la! — ele disse afobado.

    — Mas então o que nós... — a morena ficou em silêncio por um minuto. — Oh meu Deus! Nós estamos fugindo Naruto-kun?! — ela inquiriu chocada.

    — Hina... Agora que você percebeu?! — o loiro perguntou olhando para o lado. — Já estamos nessa fuga tomando cuidado para não sermos vistos há mais de cinco minutos...

    — Mas isso não... — foi interrompida.

    — Shhh! — o rapaz tapou a boca da garota, agarrando-a e a levando consigo para trás de uma parede.

    Vinham pelo corredor, duas mulheres que aparentavam serem enfermeiras. Assim que elas sumiram de vista, o garoto prosseguiu com a garota pelo corredor.

    — Anda Hina! Mais depressa! — sussurrou para a morena.

    — O-Ok! — ela obedeceu aumentando o ritmo. — Oh céus! O que será que o Naruto-kun tem em mente? — ela indagou-se em pensamento.

    (...)

    Sentada frente a um espelho, os olhos fitavam o vazio, a loira penteava os seus longos cabelos, logo os prendendo como de costume. Já dentro do estabelecimento, o mesmo ainda se encontrava de portas fechadas, ela seguiu até elas, abrindo-as.

    A brisa fresca daquela manhã esvoaçou levemente os fios amarelos da franja, do outro lado da porta os olhos negros passaram a fitar os seus próprios intensamente:

    — Sai-kun?! — indagou surpresa.

    — Bom dia Ino-san! — saudou esboçando o seu típico sorriso falso.

    — Er... — ela olhou para o lado. — Se for para ser tão sínico, sugiro que você nem tente sorrir! — alertou.

    — Ah... Foi tão ruim assim?! — ele perguntou um pouco decepcionado consigo mesmo.

    — Bom! Pensando bem, para alguém como você isso foi um avanço! — ela remediou tentando sorrir.

    — Sabe Ino-san... — foi interrompido.

    — Me chame apenas de Ino! — ela pediu ficando com as bochechas coradas.

    — Ah... Ok, Ino-sa... digo, Ino! — ele obedeceu. — Hãn?! Porque você está vermelha? — inquiriu com um ponto de interrogação em sua mente.

    — Eh... n-nada não Sai-kun eu... — foi interrompida.

    — Me chame apenas de Sai, Ino! — ele também pediu.

    — O que?! S-Sai... — pronunciou o nome com certa dificuldade.

    — Pois não? — ele respondeu brincando, aproximando-se face a face à garota.

    — Hãn?! — ela arregalou os olhos. — O que? Porque estou tão envergonhada? Desde quando eu sou assim?! É a-apenas o Sai! — ela balançou a cabeça negativamente e se afastou.

    — Hum? — ele a olhou confuso.

    — Eh... B-Bom dia pra você também! Deseja algo? — indagou rapidamente.

    — Ah, sim! Desejo algo... — ele comentou inexpressivo.

    — Pois diga então!

    — Se lembra daquela vez, quando estávamos de férias naquela pousada?!

    — O que? O q-que é que t-tem?! — ela perguntou tendo o rosto ruborizado violentamente com as lembranças picantes.

    — Sabe... Desejo você! — confessou diretamente, sem pudor.

    — Hãaan?! — arregalou ainda mais os olhos, sem piscar. — O que é isso? Que reação é essa? Eu sempre fui tão direta e desavergonhada! Qual é a desse “hãaan”?! — inquiriu-se indignada consigo mesma em sua mente.

    — Estava lendo um livro que dizia sobre o amor, daí quando li os sintomas eu associei o que sinto por você a esse sentimento! — explicou encarando-a intensamente.

    — S-Sintomas? Er... não fale do amor como se ele fosse uma doença! — ela murmurou mais para si do que para o rapaz. — B-Bom! Sai... eu — ela respirou fundo. — Eu não sei ao certo o que sinto por você, mas sei que é algo bom! Eu nunca senti isso antes, mas enfim, me dê um tempo para pensar? — ela pediu um pouco insegura.

    — Ah, claro! Quando tiver a resposta me procure! — ele sorriu, entretanto, desta vez parecia finalmente um sorriso sincero.

    — Sai, você... — ela o olhou com ternura. — De repente, estou sentindo o meu coração acelerar! Esse sentimento tão quente é... — ela pensou. — Maravilhoso! — ela completou inconscientemente em voz alta.

    — O que é maravilhoso? — ele desfez o sorriso, olhando-a com malícia.

    — Hãn?! O quê? N-Nada não eu... — desconversou morrendo de vergonha. — Não brinca! Eu disse aquilo alto?! — ela levou as mãos à cabeça com uma expressão assustadora. — Kyaah! Vá embora, quando eu tiver a resposta eu te procuro! — ela gritou, fechando as portas da floricultura na cara do rapaz e correndo para detrás do balcão para se esconder.

    — Que mulher estranha! Algum tempo atrás era tão desbocada e agora correu de mim! — confuso, ele deu de costas e seguiu seu caminho.

    Enquanto isso, atrás do balcão a garota se descabelava e batia na própria testa sem parar:

    — Baka, baka, baka, sua loira baka! — repetia para si mesma. — O que te deu?! Hein, retardada? Lidar com homens nunca foi um problema para você! Cadê a loira fatal? Cadê?! — ela perguntava-se inconformada. — Ah, que comportamento embaraçoso, eu quero sumir!

    De repente surgiu alguém na porta dos fundos, sua mãe, elegante até mesmo usando um avental, trazia consigo alguns ramalhetes de rosas:

    — O que você está fazendo aí conversando sozinha, menina? Vá trabalhar! — ordenou.

    — Sim senhora! — ela obedeceu imediatamente, se recompondo. Abriu as portas do estabelecimento outra vez e voltou ao serviço.

    (...)

    Já fazia algum tempo que estava naquele quarto de hospital, sentada na beirada da cama, ao lado do moreno que dormia profundamente sobre a mesma. Seus dias estavam assim ultimamente, sempre que podia dar uma escapulida do rigoroso treino de Gai-sensei, a jovem kunoichi ia visitar o amigo em coma. Às vezes acompanhada de Lee, outras, sozinha. Era sempre um sentimento mudo, naquele local tão silencioso, consumido pela solidão. Talvez fosse a sua amizade que a motivava àquela rotina corrida, entretanto, ela sabia que mesmo que negasse, mantinha escondido em seu coração um sentimento caloroso para com aquele Hyuuga.

    Sim! Ela sabia que sentia, porém, sendo como era, ou se achava — nada feminina tampouco atraente —, preferia privar-se de sentimentos que julgava desnecessários sendo a “amigona” como era de costume, do que arriscar-se naquela improbabilidade, ser rejeitada e nunca mais estar ao lado dele.

    — Neji, eu... — engoliu as palavras e levou a mão ao rosto do rapaz, acariciando-o.

    A porta foi aberta, a garota parada na soleira da porta, ofegante, buscou pelo ar e encarou a outra sentada:

    — Tenten! — chamou-a.

    — Sakura?! — indagou olhando para a rosada.

    — Então a Hinata e o Naruto também não estão aqui! Aff... — ela concluiu ao olhar em volta e virou-se para o corredor novamente.

    — O que houve?! — perguntou a amiga preocupada.

    — N-Nada demais! Só aqueles dois que resolveram sumir! Mas não se preocupe! — ela avisou.

    — Olha Sakura, se quiser eu te ajudo... — foi interrompida.

    — Não, não! Eu já disse para não se preocupar! Eu irei achá-los custe o que custar! E quando eu por as minhas mãos naquele “baka”... — ela fechou os punhos, seus olhos ficaram malignos.

    — Eh... É justamente isso que me preocupa! — a outra murmurou espantada com a cara de psicopata que a amiga estampava. — Se eu tivesse dons telepáticos, mandaria agora mesmo uma mensagem para aquele idiota mandando que fugisse com a Hina para as montanhas... — pensou olhando para o lado. — Sabe Sakura, não vá pegar pesado... — pediu observando que falava com o vento, pois já conseguia ver pela janela do quarto, lá embaixo, a garota com os cabelos róseos esvoaçados, que corria a toda velocidade rumo à rua.

    Tenten suspirou preocupada e voltou o seu olhar para o amigo:

    — Acorde Neji! A vida te espera e sua amiga aqui também! — pediu, segurando a mão esquerda do jovem entre as suas.

    (...)

    O estômago já o havia alertado de que tinha chegado a hora do almoço. Dentro do Ichiraku rámen, o loiro se deliciava escandalosamente, tomando o caldo quente, dentro da tigela. A morena ao lado, comia tranquilamente, vez ou outra ria baixinho ao olhar para ele e contar quantas vasilhas ele já havia esvaziado enquanto ela ainda não tinha sequer chegado na metade de sua primeira:

    — Ahhhhh! — ele suspirou satisfeito e emocionado. — Eu tô tão feliz! Isso é que é comida de verdade! Não aguentava mais aquela comida sem sal! Aquela porcaria de hospital não tá com nada! — ele desdenhou, fazendo a morena rir disfarçadamente.

    Do nada, ambos sentiram um arrepio. O ar ficou mais frio, a presença familiar estava com sua aura assassina ativada:

    — Bonito, hein?! Então quer dizer que os dois lindinhos estavam aqui o tempo todo?! Hina, até você?! — inquiriu inconformada.

    — N-Né, S-Sakura-chan! V-Você não devia estar c-cuidando do hospital? Não pode abandonar a recepção desse jeito, é... Tem tantos pacientes pra você zelar, eu... — ainda de costas para a rosada, o suor gelado escorria pela testa dele. Engoliu seco e lentamente se virou para trás, sendo acompanhado pela garota ao lado.

    — Sakura, eu... Kyaah! Naruto-kun, eu te disse que não devíamos ter feito isso! — embaraçada, ela despejou as palavras sobre o garoto.

    — Mas foi por uma boa causa, Hina! — olhou-a intensamente nos olhos.

    Então a morena se lembrou de algumas horas antes disso:

    O gramado verdejante, coberto de flores brancas e amarelas, era o caminho até a árvore no topo do pequeno morro. Já com os pés sobre o campo aberto, o loiro corria, puxando pela mão, a morena que tentava acompanhá-lo em seus passos.

    Chegaram até a única árvore que havia lá em cima e então o loiro se pronunciou:

    — Hinata! Hyuuga Hinata?! — ele chamou a atenção dela.

    — Hãn?! — ela corou, olhando-o nos olhos.

    — Eu juro, em nome tudo o que é mais sagrado para mim, eu te amo e te amarei por todo sempre! — declarou sério.

    — N-Naruto-kun... — os olhos brilharam. — Eu também juro! Amarei-te por toda a vida! — ela correspondeu.

    O vento, repentino, dançava com os cabelos de ambos. Unidos pelo forte sentimento que partilhavam entre si, os lábios foram selados num beijo terno e acolhedor.

    ***

    A morena que parecia estar com a mente distante dali, finalmente emergiu do fundo daquela recordação e se pronunciou em resposta ao amado:

    — É... Você tem razão! Foi por uma boa causa... — concordou pensativa obtendo um sorriso por parte do rapaz.

    — Hãn?! Comer rámen é uma boa causa? — sem entender, a outra indagou com um ponto de interrogação na mente, entretanto, foi ignorada.

    A garota de cabelos róseos observou os dois que, se olhavam apaixonadamente e que, ainda sentados à beira do balcão do estabelecimento, um frente ao outro logo se atracaram num beijo assustadoramente alucinante, que de fato, era algo um tanto inesperado vindo daqueles dois. Boquiaberta, a rosada deu passo para trás e puxou o noren da porta, impedindo parcialmente a visão daquela cena. Sentiu o vento bater nas canelas.

    — Argh! Que sentimento triste! Eu estou sobrando... — ela olhou para o lado sentindo um misto de dor de cotovelo com indignação.


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