Heróis também podem sangrar.

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    Capítulo 21

    De volta ao vazio.

    Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Spoiler, Violência

    Mais um capítulo u.u

    Boa leitura!

    A partir deste dia, nada iria pará-lo e ninguém iria alcançá-lo, nunca mais!

    (...)

    Na área de serviços de uma pousada modesta daquele vilarejo, algumas mulheres comentavam sobre as atitudes daquele turista excêntrico de cabelos alaranjados, que estava se hospedando naquele estabelecimento por alguns dias:

    — Você já foi até o quarto daquele homem? — inquiriu uma arrumadeira.

    — Ainda não... A encarregada daquele cliente está dando conta do serviço! — respondeu a outra.

    — Sorte a sua...

    — Hãn? Por quê? — indagou curiosa.

    — Ouvi boatos de que ele seja desequilibrado, sabe... Louco!

    — O quê? — perguntou incrédula.

    — Sim! Foi isso mesmo o que você ouviu! Fiquei sabendo que ele age como se estivesse na companhia de outra pessoa...

    — Como assim?

    — Ele sempre pede tudo para dois! Seja o café da manhã ou o preparo do banho!

    — Nossa! Você tem certeza? — inquiriu desconfiada.

    — Sim, sim! Esses dias eu mesma presenciei uma cena chocante!

    — Hãn...

    — Escuta só! Eu estava passando em frente ao quarto no qual ele está hospedado e escutei uma conversa... Até então eu não tinha acreditado nesses rumores, mas daí eu resolvi checar! A porta estava apenas encostada e quando eu olhei pela abertura...

    — O quê? O que tinha lá?

    — Não havia ninguém, ele conversava sozinho!

    — Não é possível...

    — Sim! Eu também me assustei com aquilo, e tipo, na cidade também há pessoas que dizem terem o visto falando e rindo sozinho pelas ruas, comprando doces e brinquedos...

    — Que horror! E eu o achei um homem tão bonito!

    — Pois é... Como dizem por aí: as aparências enganam! Eu quero é distância...

    — É... Você tem razão!

    Dentro do cômodo simples, porém confortável, o homem trançava os longos cabelos negros da pequena que abraçava seu ursinho novo enquanto comia alguns biscoitos doces:

    — Nii-san?! — inquiriu após engolir o que mastigava.

    — Diga, Yuki-chan!

    — Algum dia nós iremos achar os seus amigos? — perguntou inexpressiva.

    — Claro que sim! Afinal, tanto eles quanto eu, todos somos shinobis! Não se preocupe!

    — Hum... Eu espero que sim! Preciso entregar o meu nii-san a eles são e salvo! — ela murmurou, esboçando um discreto sorriso.

    — Pronto Yuki-chan! Terminado... — ele soltou suas mãos da enorme trança.

    — Uau... Nii-san! Ficou tão fofo! — admirou-se olhando o reflexo no espelho.

    — Bom! Agora vamos! Preciso passar em alguma loja local para comprar um mapa dessa floresta...

    — Certo! Vamos lá! — ela falou animada.

    — Sim! — ele concordou. — Sasuke, Karin, Suigetsu, com certeza iremos encontrá-los desta vez! — pensou.

    (...)

    Os dois companheiros de equipe caminhavam lado a lado, por aquela enorme floresta densa, iluminada pela amena luz do sol daquela manhã:

    — Wah... — bocejou coçando um dos olhos. — Aí mulher... Porque tão cedo? — indagou irritado.

    — Algo me diz que hoje iremos encontrá-lo! — disse convicta.

    — Sei... Você diz isso todos os dias! — lembrou, olhando para o lado.

    — Cala a boca! Hoje é pra valer! — proferiu ajeitando os óculos.

    — Hum...

    Prosseguiram pela trilha por mais de meia hora. Dava para se ouvir o som das folhas das árvores dançando com o vento. Os pássaros agitados naquela manhã tranquila, algo se aproximava:

    — Suigetsu! — ela chamou.

    — O que foi? — perguntou entediado.

    — É o Sasuke!

    — Hãn? O Sasu... — foi interrompido.

    — Eu tô sentindo agora! É o chakra do Sasuke! — ela disse correndo pela trilha.

    — Aff... Espera aí, Karin! — pediu seguindo a garota.

    — Não pode ser! O meu Sasuke-kun? Ah que emoção! — pensava com os olhos brilhantes, cheios de lágrimas.

    Os minutos iam passando e conforme se aproximava, a ruiva podia sentir cada vez mais forte aquela aura gelada que o moreno emanava. Num momento, depararam-se cara a cara:

    — Karin?! — indagou o rapaz.

    — Sasuke?! — inquiriu corada. — Acho que terei um sangramento nasal! — pensou tapando o nariz com as mãos.

    — Suigetsu? — avistou o outro se aproximando por detrás da garota.

    — Sasuke?! — analisou o outro dos pés à cabeça. — Aí Karin, eu te disse que ele tava melhor que a gente, não disse?! — debochou não obtendo reação por parte dela. — Karin? Hey, você tá aí? — passou a mão na frente dos olhos da garota.

    — Sasuke! — hipnotizada com a vista, foi a única coisa que ela conseguiu proferir. — Ah meu Sasuke-sama... Que Deus Grego! — pensou.

    — Bom! Já que vocês estão bem! Vamos, temos de encontrar Juugo! — falou o moreno tomando a frente.

    — O que? — perguntou a garota agarrando-se no braço do moreno. — Sasuke, deixa aquele esquisitão pra lá! Eu achei uma casinha aqui perto, ela é aconchegante e isolada no meio da mata! Vamos nos livrar do Suigetsu e curtir um pouquinho só nós dois...

    — Hey! — Suigetsu olhou-a com raiva.

    — Não! — impassível, negou instantaneamente.

    — M-Mas Sasuke, Sasuke-kun! — ela proferiu o nome dele da forma com a qual ele havia se acostumado a ser chamado durante aqueles últimos dias. Aquilo lhe trouxera lembranças, as quais ele não queria.

    — Cale a boca! — desvencilhou-se dos braços da garota, empurrando-a alguns centímetros para longe de si.

    — S-Sasuke?! — inquiriu com os olhos marejados.

    — Não tenho tempo a perder! Vamos! — o Uchiha ordenou, tomando a frente.

    — Hai! — o outro acatou.

    Karin não disse nada, apenas o seguiu. Na frente Sasuke liderava, mais atrás, Suigetsu seguia ao lado da ruiva:

    — Hehe... Que fora foi aquele? Seus planos de lua de mel falharam, hein? E aí tá frustrada? — zombou.

    — Cala essa boca, seu maldito! — ela ordenou enfurecida, acertando um chute na cabeça do rapaz que se liquefez.

    — Hahaha... Porque você ainda tenta? — ele indagou entediado.

    — Porque eu o amo! Nunca irei desistir daquele bastardo... — confessou olhando para o lado.

    — Hum... Entendo, mas sabe Karin, não foi isso o que eu perguntei...

    — Hãn?

    — Esqueça! — deixou de lado. — O “porque você ainda tenta” foi pelo fato de que mesmo que ela tente me bater, ela nunca consegue acertar, mas como sempre, sua mente está possuída apenas por aquele cara! Fala sério... O que esse ele tem demais? — pensou.

    Para os outros ele não havia mudado nada, continuava o mesmo indiferente de sempre. Talvez, de fato essa fosse a sua verdadeira maneira de ser. Porém, o que mal seus companheiros de equipe sabiam, e que talvez, até ele mesmo não soubesse, ou se negasse saber, era que todo aquele jeito frio e calculista de ser, no fundo, quem sabe, fosse apenas uma forma de se proteger do mundo ao seu redor?! Afinal, acreditava que apenas o ódio podia lhe dar a força que precisava. Sendo assim, não lhe seria útil nutrir sentimentos desnecessários.

    (...)

    Na sala alguns rapazes conversavam, enquanto outros ainda tomavam café da manhã na mesa. No banheiro, a morena de olhos perolados, imersa na água morna e esverdeada que preenchia a banheira simples, emergiu do fundo em busca do fôlego. Abriram-se os olhos, os cílios úmidos estavam colados uns nos outros, a franja estava pregada em sua testa. Levantou-se, enxugou-se e vestiu a roupa. Seguiu pelo corredor rumo ao seu quarto, adentrou o mesmo, a rosada, sentada na cadeira ao lado do leito, folheava as páginas do livro que tinha em mãos:

    — Sakura-chan?! — chamou.

    — Diga! — ela fechou o livro e fitou a outra.

    — Eu já estou bem! Tome um banho você também e descanse! — ela falou subindo sobre a cama e caindo de cara no travesseiro fofo. — Você deve estar muito cansada, ficou a noite toda aqui...

    — Não, Hina! Eu estou bem... — foi interrompida.

    — Sakura! Vá! — ordenou preocupada. — Eu estou me sentindo muito melhor! Não se preocupe!

    — M-Mas... — insistiu sendo interrompida outra vez.

    — Sakura-chan? Se não for por você, que seja por mim ou pela vila! Lembre-se que estamos aqui para descansar, pois uma guerra em breve acontecerá! Aprendemos ainda nos tempos da academia, que o instrumento de trabalho de um shinobi é o seu corpo, certo? Então você deve cuidar bem do seu!

    — O-Ok! — rendeu-se cabisbaixa. — Você venceu...

    — Certo! Eh... d-desculpa pelo tom rude, na minha voz eu... — corou, envergonhada.

    — Só você mesma para se acanhar depois de demonstrar firmeza numa atitude! — a rosada desfez a expressão de tristeza caindo na risada.

    — Q-Que bom que isso serviu ao menos para você rir, mas isso... — murmurou com o rosto ainda mais ruborizado. — É constrangedor! — pensou.

    — Bem! Eu estou indo então! Qualquer coisa é só me gritar! — avisou, saindo do quarto.

    — Sim! Obrigada!

    A garota foi até seu quarto, pegou suas coisas e seguiu até o banheiro.

    (...)

    Um falcão sobrevoava aquela imensa floresta, o homem com um mapa em mãos caminhava pela mata junto da menina que o acompanhava:

    — Nii-san olha só aquela ave! — ela apontou para a mesma na direção do céu.

    — Hãn?! — ele olhou para cima. — Até que enfim! Ele está perto!

    — Como assim? — ela perguntou confusa.

    — Sasuke deve estar vindo por este mesmo caminho! — finalizou.

    — Hum... Então esse pássaro é uma invocação?! — ela murmurou.

    — Vamos! Precisamos nos apressar! — ele pegou na mão da menina e passou a andar mais rápido.

    Alguns minutos depois, finalmente a equipe Taka se reuniu completamente.

    — Juugo?! — inquiriu o moreno mais a frente.

    — Sasuke?! Suigetsu e Karin? — avistou os outros dois que vinham mais atrás.

    — Éh, enfim nos reencontramos! — disse Suigetsu.

    — Uau! Sasuke-sama é ainda mais lindo do que eu imaginava! — falou a menina com os olhos brilhantes.

    — Haha... Não exagere Yuki-chan! Bom, pessoal... Essa daqui é a Yuki-chan! — apresentou-a para eles.

    — Essa quem? — inquiriu Suigetsu, confuso.

    — Er... nii-san eu... — foi interrompida.

    — Essa garotinha! Eu a achei por acaso, quando estava procurando vocês pela floresta! — ele explicou.

    — Não há ninguém aí, Juugo! Você está bem? — indagou o moreno impassível.

    — C-Como assim? — ele olhou para a pequena ao seu lado.

    — Nii-san! Eh... Sabe, quando mamãe me deixou aqui eu fiquei à espera de alguém que viesse me buscar! Por muito tempo! Até que finalmente você apareceu e me levou daquele lugar! — ela contou, sorridente.

    — Espera aí! O que é isso? — inquiriu a ruiva. — Eu posso sentir! Tem alguma coisa além de nós aqui!

    — Vish! Que sinistro! — o garoto de cabelos branco-azulado se escondeu atrás da garota.

    — Yuurei?! — indagou o moreno inexpressivo.

    — Mas você é real... Eu estou te vendo! — ele insistiu apertando a bochecha da menina.

    — Hahaha... Nii-san parecia abandonado assim como eu, queria consolá-lo, mas depois que nos falamos, percebi que Juugo tinha preciosos amigos!

    — Yuki-chan...

    — O tempo que passei com o nii-san, foi maravilhoso! O suficiente para me libertar das mágoas do passado! — a menina levitou alguns centímetros do chão e encheu-se de luz.

    Todos então puderam vê-la, mesmo que não tão nítido quanto Juugo. A luz se excedeu e a imagem passou a se desintegrar.

    — Yuki-chan! — o mais velho gritou tentando segurá-la. Tocou o seu dedo no pequeno dedo dela.

    — Nii-san... Arigatou! — ela agradeceu e sorriu, transformando-se num pó brilhante que logo se diluiu ao vendo, sumindo junto com o ar.

    O homem cedeu ao peso de seu corpo, caindo de joelhos sobre a grama. As lágrimas escorriam de seus olhos, em silêncio. O moreno deu de costas e seguiu seu caminho a passos calmos:

    — Quando estiver bem, alcance-nos, Juugo!

    — Me espera, Sasuke! — a ruiva correu atrás dele.

    — É... Quando eu penso que já vi de tudo... — murmurou Suigetsu, ainda com os olhos arregalados, petrificado no mesmo lugar. — Espera aí! Eu vi um fantasma? Ahhhhhhhh... Eu vi um fantasma! — ele caiu em si. — ME ESPEREM... — gritou, correndo atrás dos outros.

    (...)

    Com a cabeça recostada na beirada da banheira, a garota de cabelos róseos fitava o teto. Refletia sobre tudo o que havia acontecido, o que não era nada bom, afinal, era justamente para não pensar naquilo, que ela estava tão empenhada em se importar apenas com alheios.

    De volta ao vazio, sentia-se novamente incompleta. Todos os bons momentos ao lado dele mais uma vez pertenceriam ao passado. No momento ela não queria pensar em nada, sequer queria pensar. Tinha em mente que dias difíceis estavam a caminho e que por todas as pessoas de sua vila natal, ela manter-se-ia forte para, por elas lutar!

    — Sasuke-kun... — o nome foi pronunciado dolorosamente, ela então se afundou dentro d’água.

    A solidão nem sempre é causada pela ausência de pessoas ao seu redor, as vezes ela é sentenciada pela ausência dos próprios sentimentos de quem a sente para com as pessoas que estão a sua volta!


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