Heróis também podem sangrar.

Tempo estimado de leitura: 4 horas

    16
    Capítulos:

    Capítulo 20

    O que ninguém notou.

    Álcool, Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo, Spoiler, Violência

    Yo o/

    Voltei após algum tempo perdida nas montanhas x.x

    Irei atualizar até o capítulo 31 que foi onde parou nos outros sites até esse FDS + ou -

    Boa leitura :3

    — HINATA! — gritou Naruto desesperado com os olhos enchendo-se de lágrimas, seguindo em disparada na direção da garota.

    (...)

    Na pousada, a morena de olhos perolados repousava sobre a cama. Ao seu lado, sentada numa cadeira, se encontrava a rosada lendo um livro enquanto zelava pela amiga.

    O semblante pesado, os olhos verdes opacos fitavam o vazio das páginas. Nada estava sendo lido e compreendido pela jovem. Seu pensamento estava muito distante daquele quarto. Na verdade, ele estava nos dias anteriores. Não conseguia deixar de se lembrar de tudo que acontecera, tão de repente, principalmente no dia em que tudo aquilo se findou:

    — Sakura-chan? — chamou, a outra deitada sobre o leito. — Está tudo bem?! — indagou, preocupada.

    — Ah... — emergiu de seus devaneios. — Não! Não é nada, Hina! Não se preocupe comigo. Aliás, agora que você acordou, preciso verificar algumas coisas em você — ela mudou de assunto, se esforçando para não deixar transparecer sua tristeza.

    — Hum... — a morena olhou desconfiada. — Ok, Sakura-chan! Obrigada... por tudo o que está fazendo por mim!

    — Quê isso, Hina? Esse é o mínimo que eu devo fazer! — sorriu.

    Certamente um sorriso simpático não combina com um olhar inexpressivo, aquilo não havia enganado Hinata, porém, ela apenas não falou nada e deixou-se ser cuidada pela sua amiga.

    O que a rosada sentia na verdade, estava estampado em seu rosto, até mesmo um cego enxergaria. Sim, estava deprimida, muito deprimida.

    Após ter analisado a morena dos pés à cabeça, seguiu até a porta, parando na soleira:

    — Hina-chan?! Vou até o banheiro preparar-lhe um banho com algumas ervas medicinais! Assim que estiver pronto eu venho te buscar — avisou, saindo do cômodo.

    Ainda deitada, Hinata desvencilhou seu olhar da porta mirando-o no teto:

    — Não precisa ser tão durona, Sakura-chan! — exclamou sentando-se sobre a cama, de vagar.

    Pondo-se de pé, seguiu sorrateiramente até o banheiro que se encontrava fechado.

    Mesmo que baixinho, ao encostar seu ouvido na madeira lisa da porta, podia escutar o choro e os soluços abafados por alguma coisa, talvez uma toalha, uma peça de roupa ou algo assim.

    Até aquele momento, Sakura ainda não havia derramado uma lágrima sequer, mostrava-se enérgica e solidária com os outros. Parecia querer não se preocupar consigo mesma, se preocupando com alheios.

    — Porque você sorriu para mim, enquanto chorava por dentro?! — murmurou encostando a testa, com um curativo, na porta.

    Sakura havia voltado há horas para a pousada junto com Hinata e os outros.

    Sim, Hinata estava viva, pois no último momento, aconteceu algo que no calor da tensão, passou despercebido de início. O que ninguém notou:

    No dia anterior:

    Em questões de segundos o ninja retirou abruptamente a arma de corte de dentro da garota fazendo-lhe arregalar os olhos semicerrados e em seguida fechá-los de uma vez. Então a jogou no chão como se fosse lixo.

    — HINATA! — gritou Naruto desesperado com os olhos enchendo-se de lágrimas, seguindo em disparada na direção da garota.

    Após alguns segundos o shinobi armado de sua katana, fechou os olhos com deboche, em seguida abrindo-os e se assustando:

    — Hãn? Mas como? Hein?! — o ninja olhava para o chão e ao redor.

    — Genjutsu, bem sucedido! — proferiu o moreno ainda no topo da escadaria.

    — BOA “TEME”! É isso aê! — comemorou, o loiro que já tinha a morena em sua posse.

    — Mas quando foi que você... — o ninja com os olhos arregalados, questionava.

    — Depois que você apareceu e tomou a Hyuuga como refém, segundos antes de você golpeá-la, te lancei um genjutsu!

    — Mas eu a vi morta, droga, eu...

    — O que você viu, foi o que eu fiz você ver! Da próxima vez não encare com tanta arrogância os olhos de um usuário do sharingan! — advertiu, sádico.

    Alguns segundos antes, prevendo as ações do shinobi, o Uchiha antecipando-se à possível tragédia que se sucederia, rapidamente, projetou uma ilusão. Naquele curto espaço de tempo, veloz, Naruto conseguiu livrar Hinata das mãos do patife, tomando-a para si.

    Depois disso, o moreno se juntou aos outros para ajudar na luta, o loiro que já estava esgotado, mais protegia a sua amada de golpes inimigos do que combatia os outros capangas ali.

    Em um breve momento, Sasuke e Sakura, um de costas para o outro, o rapaz sussurrou para a garota:

    — Obrigado!

    De certa forma, ela já imaginava as intenções do Uchiha quando lhe disse aquilo. Talvez aquele tempo que havia vivido ao lado dele em plena paz, a tivesse cegado em relação a verdadeira natureza dele.

    Não tinha mais palavras para formular alguma oposição desesperada àquela decisão:

    — Não há de que, Sasuke! — foi apenas o que conseguiu dizer naquele momento.

    Assim que o último homem caiu, Naruto também caiu exausto, estirado no chão. Sakura correu até Hinata ajudando-a a ficar de pé:

    — Hina-chan! Você está bem debilitada, consegue andar?

    — Não se preocupe, Sakura-chan! Eu consigo sim... — com dificuldade ela caminhava.

    — Temos que ir embora logo! — avisou, a rosada para os outros, saindo daquele local subterrâneo.

    Sobre a grama, do lado de fora, na frente do covil, já podiam respirar ar puro outra vez:

    — Para aonde nós vamos? — inquiriu o loiro.

    — Para o chalé, digo, o que restou dele... — falou a garota, olhando para o lado.

    — Aí Sakura-chan, me espera... — pediu, correndo até a garota. — Ué? Cadê o teme?

    — Ele... não irá voltar conosco — as feições de seu rosto tornaram-na depressiva. — Espera! Mas o que...

    A Haruno se calou, chocada com o que via a sua frente. Neji vinha correndo pela mata na direção dela.

    — N-N-N-N-NEJI?! — gaguejou o loiro, aterrorizado ao ver o outro. — MALDIÇÃO! O que esse cara tá fazendo aqui? — perguntou-se em pensamento.

    — HINATA-SAMA! — chamou-a apavorado, seguindo até ela.

    — N-Neji nii-san...

    — Haruno! Diga-me o que aconteceu aqui! — ordenou, virando-se para a rosada.

    — Ah... O que... — procurava por uma forma de respondê-lo.

    — A culpa foi minha, naquele dia eu menti sobre a missão da Hina-chan, na verdade, estávamos passeando e uns ninjas desertores a sequestraram! — disse, interrompendo a garota.

    — Naruto? — ela olhou confusa para ele.

    — Está tudo bem Sakura-chan! Muito obrigado por ter abandonado a sua missão para me ajudar a resgatar a Hina-chan! — ele sorriu.

    Os olhos da garota se encheram de gratidão.

    — Obrigada, Naruto! — disse em sua mente.

    — Mas porque você não me disse nada? E se o pior tivesse acontecido com a Hinata-sama? — inquiriu furioso.

    — N-Neji nii-san! Está tudo bem, nada grave me aconteceu! — informou.

    — Mas Hinata...

    Nisso, logo atrás, chegavam Shino e os outros.

    — HINA! — berravam em uníssono a morena e a loira, ambas com os olhos marejados, correndo na direção da outra.

    Todos notaram aquele lugar suspeito, afinal, era um esconderijo bem à moda criminosa. Naruto contou a todos o mesmo que contara para Neji, nenhuma vez mencionara o nome do ex-membro do time sete.

    — Então, Uzumaki Naruto. Informarei o acontecido à Hokage para deixá-la a par de sua irresponsabilidade! — o moreno ameaçou.

    — Nossa! Devia estar muito boa aquela festinha que vocês deram ontem lá na pousada né? Tinha tanta garrafa de saquê vazia, mas espera... todos vocês são menores de idade, não são? — inquiriu o loiro com uma sobrancelha erguida, encarando o moreno, com sarcasmo.

    — O que? M-Mas eu... é... — engoliu seco.

    — O quê? Neji nii-san bebendo? O que dirão do nosso clã, quando todos souberem disso... — a Hyuuga reforçou, ajudando o Uzumaki.

    — H-H-Hinata-sama, não é nada disso que ele disse, eu... Ok! Não direi nada, satisfeito? — rendeu-se irritado.

    Todos riram da expressão do mais velho, e prosseguiram o caminho rumo à pousada. Neji havia tomado a prima em seu colo, carregando-a. Em um breve momento, Naruto que estava mais atrás do grupo, ao lado de Sakura, disse:

    — Sakura-chan, sinto muito por isso! Aquele teme...

    — Imagina Naruto, eu lhe agradeço por ter omitido a verdade.

    — Hum, será que nunca mais o veremos?

    — Por mim tudo bem, desde que ele esteja bem! — disse inexpressiva.

    — Entendo...

    O loiro apressou os passos alcançando os outros. A rosada havia ficado para trás, ela caminhava a passos lentos. Em um breve momento, ela virou-se para trás. Lá longe, com os braços cruzados, encostado numa árvore, ainda próximo ao local usado como sede daquela organização criminosa, o moreno, pacientemente, observava-a se distanciar.

    Assim que seus olhares se cruzaram, sem sequer acenar, ele deu de costas e sumiu em meio ao verde intenso daquela floresta.

    Após suspirar pesadamente, com o seu corpo, ela prosseguiu seu caminho, no entanto, sabia que sua mente seguiria ao lado daquela pessoa que por tantos anos fora o motivo pelo qual ela sobreviva a cada dia, a cada missão, a cada batalha. Sim, a pessoa que mais a machucou e que ironicamente era a que ela mais queria proteger.

    ***

    A porta foi aberta rapidamente, detrás dela, a garota com os olhos vermelhos e inchados topou com a outra, com curativo na testa:

    — H-Hina? O seu banho já está pronto, porque você não esperou...

    Estarrecida, ela foi interrompida pelo abraço da amiga:

    — Sakura-chan! Eu sei que você é muito forte, mas saiba que eu sempre estarei aqui, para você!

    — H-Hina... eu — seus olhos se encheram de lágrimas novamente. — Obrigada!

    (...)

    O moreno corria pela floresta escura, que aos poucos se iluminava com os primeiros raios de sol. Era o nascer de um novo dia, no entanto, era o falecer de um sentimento bom.

    Não entedia porque estava se sentindo tão deprimido. Era isso o que tinha em mente desde a morte de seu irmão, era essa a sua ambição.

    Mesmo que estranhamente lhe doesse, agora, não mais tinha como voltar. Não existia chance alguma de que tudo terminasse de maneira que lhe confortasse o coração, entretanto, mantinha-se o mais apático possível, afinal, sabia, desde pequeno que a vida não era um mar de rosas — e como sabia!

    O tempo que esteve naquele chalé havia sido talvez, o melhor momento de sua vida. Não! Tinha certeza de que aquele havia sido com certeza o melhor em anos, que tivera. Mesmo que negasse com todas as suas forças, levaria consigo as boas lembranças daquela estadia ao lado da companheira de sua velha infância e até mesmo permitir-se-ia a sentir falta dos escândalos, protagonizados pelo seu melhor amigo dos bons tempos.

    De certa forma não tinha motivos para se arrepender do que fizera, afinal, priorizava o seu objetivo antes de tudo e aquela havia sido a melhor maneira de agradecer à garota e despedir-se.

    Deveria estar satisfeito por ter conseguido aquela preciosa chance de prosseguir com sua vida e vingança como se nada daquilo tivesse acontecido, mas não, aquelas lágrimas que escorriam de seus olhos negros, molhando seu rosto, não eram falsas, tampouco de emoção pela liberdade. Dor? Era algo que já estava acostumado a sentir, apenas ignoraria e continuaria em seu caminho para longe, bem longe dali.

    A única certeza que tinha era que da próxima vez, certificar-se-ia de trancar melhor o seu coração.

    Não mais precisava dos bons sentimentos, apenas o ódio lhe era o suficiente.

    A partir deste dia, nada iria pará-lo e ninguém iria alcançá-lo, nunca mais!


    Somente usuários cadastrados podem comentar! Clique aqui para cadastrar-se agora mesmo!