Heaven Way

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    14
    Capítulos:

    Capítulo 11

    XI - A Madrugada que Antecede a Alvorada

    Álcool, Linguagem Imprópria, Mutilação, Nudez, Sexo, Violência

    É amanha. Amanha terei de derrotar um dos maiores guerreiros da tribo. Não estou pronta.

    Miraah se preparava para o combate do alvorecer. Estava observando suas adagas que refleiam timidamente a luz do luar. Eram mais lindas do que tinha percebido. Possuiam pequenas ranhuras pela lamina com um padrao de arranhoes, como se algum pequeno felino as tivesse golpeado e marcado. E era realmente incrivel a forma como ela se ajustava as maos (ou patas) de Miraah. Não eram apenas uma peça unica de arte feitas pessoalmente para ela, eram as mais belas assassinas que ja tinha visto. Era nitido que aquele aço, aquela forma de lamina, poderiam atravessar qualquer armadura. Isso a motivou um pouco, mas apenas por tempo o bastante antes de pensar que estava apenas sonhando alto demais. e Foi neste momento de retorno ao pessimismo que uma sombra se projetou vindo da janela. Ela se virou assustada com as armas empunhadas em uma posição defenciva, mas de ameaça.

    - Ótima empunhadura e postura de reação, mas se demorar tanto assim para notar as coisas e reagir a elas não vencerá de manhã.

    Miraah respirou aliviada pela voz e rosto femiliares.

    - Não me assuste assim, Tiregeh. - Disse de forma meio emburrada.

    - Não se assuste assim, Miraah. Ao invés de ficar ai se lamentando, por que nao se prepara?

    - Estou me preparando.

    - Para aceitar a derrota?

    - Para lutar até o fim.

    - E vencer?

    Miraah nao respondeu.

    - Sabe, vim aqui oferecer uma ajuda, mas você não parece interessada.

    - Como pode me ajudar?! Sabe alguma forma de alguem como eu derotar ele?

    A resposta veio com aquele sorriso besta de sempre.

    - Maldito.

    Em cinco minutos estavam em uma clareira nao muito longe do vilarejo. Era estranho estar naquele lugar com ele nessa situação. Aquele foi o primeiro playground secreto dos dois quando eram apenas filhotinhos. E as lembranças eram atritosas com a situação atual.

    - E então? - Perguntou Miraah com a voz cansada.

    - Me diga primeiro você. Como pretende derrota-lo?

    - Como assim? achei que tivesse vindo aqui me ensinar algo.

    - Sim. Mas me responda. Você deve ter pensado em algo em todas aquelas horas olhando para suas adagas gemeas.

    Quanto tempo ele ficou ali?

    - Bem... Ele é cego do lado esquerdo. Pensei em explorar este lado, com esquivas e ataques direcionados ali.

    - Uma plano muito bom, talvez funcione... contra mim, ou outro dos jovens guerreiros da tribo. Mas acha que isso irá aplacar alguém experiente como Phantum? Acha que ele já nao se acostumou com inimigos o tacando por ali? E que não aprendeu a transformar isso em uma vantagem para ele? - Tigereh soava muito mais serio e rispido do que Miraah conseguia se lembrar que ele era capaz. Pela primeira vez notou a ferozidade de suas feições.

    - Veio me ajudar, ou desmotivar?

    - Ajudar. Só queria me certificar de onde vc estava no caminho. Me mostre agora como me derrotaria. - Os dois ja haviam lutado antes, e Miraah até vencera algumas vezes, mas ele aprecia mais serio agora. - Use elas.

    - Mas você veio desarmado...

    - É você quem etá atacando aqui, nao é? Nao preciso de armas se não vou te atacar.

    A tom da voz dele deixou claro que não sairiam deste ponto da conversa, então Miraah respirou fundo, se concentrou, e atacou.

    Foi um ataque timido desferido na direção dele, mas foi a coisa mais ineficaz que ja havia feito, e alí, ela percebeu que ja haviam anos que os dois nao lutaram de verdade. O golpe direcionado para o peito de seu oponente apenas encontrou o vazio. Em um momento ele estava ali, e no outro não havia ninguem. Nunca vira Tigereh tão rapido.

    - Ataque direito, Miraah.

    Ela foi para cima, dessa vez de verdade. Se sentiu insultada pelo poder do amigo, e por perceber que as lutas mais recentes foram para ele mais como brincadeiras do que como treinos de verdade. Desta vez nao parecia tão inutil. Mesmo não conseguindo acerta-lo uma unica vez, Miraah conseguiu em alguns momentos realmente coloca-lo na defenciva, e em alguns momentos, ele precisou realmente bloquea-la ao invés de desviar de seus golpes.E m um desses bloqueios, Tigereh torceu seu braço e em um minuto ela estava imobilizada. A proximidade repentina confundiu os pensamentos de Miraah, principalmente quando seu amigo aproximou-se de seu ouvido e sussurrou:

    - Pode ser que tenha uma chance, não de vence-lo, mas de convence-lo a desistir de desposar você. Eis o que fará...

    O resto da madrugada passou como uma flecha. Miraah ouviu admirada as instruções de seu amigo. Não sabia que ele possuia um conhecimento de combate tao amplo, muito menos conhecimento sobre o oponete que a aguardava. E nunca o vira tao serio, com uma postura tao imponente e tutora. Parecia outro. Nem mesmo parecia ter a idade que tinha. Aquela madrugada a fez entender como ele conseguira subir tao rapido entre os guerreiros da tribo. Também a encheu de duvidas.

    - É isso. Agora vá descansar, você precisa estar 100% amanhã.

    - Certo... - Miraah olhou para o chão indecisa se deveria falar as proximas palavras, mas após se decidir se voltou para a direção do amigo. - Sabe, preciso lhe falar... 

    Quando seus olhos bateram onde Tigereh estava, viram apenas a clareira. Não havia sinal dele.

    Quando foi que...?

    Chegando no quarto o sono a pegou de uma forma que ela nao se lembrava ser possivel. Eu dei tanto de mim naquele combate? Poucas horas antes do amanhecer, Miraah acordou e se preparou. Colocou as adagas gemeas em suas bainhas. Vestiu seus trajes de batalha. Uma cota de couro cozido com um decote, e calças também de couro cozido com aberturas nos joelhos e parte interna das coxas, para que pudesse se mover como se nao os estivesse vestindo. A Alvorada chegava quando Miraah chegou perto da arena. Já haviam alguns chegando, e lá dentro certamente alguns ja teriam ocupado seus lugares. Miraah entrou e seguiu para um dos quartos onde os combatentes ficavam antes de se iniciar a luta. Durante aqueles minutos revisou cada detalhe do que seu amigo havia lhe contado e ensinado horas atrás, até que finalmente soou o sinal. Uma longa nota de trombeta anunciava que estava na hora marcada.

    Miraah saiu pela porta que levaria ao centro da arena. O sol já enchia o céu de azul. Do outro lado seu adversário e pretendente ia surgindo pela propria entrada. Ela olhou em direção aos céus uma ultima vez antes de dar os ultimos passos e adentrar de vez no combate que decidiria o futuro de sua vida.


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