Segundo Capítulo: A guerra no Olimpo.
– Chapter 2: Conflito no Olimpo –
Tudo parecia tranquilo, os Olímpicos estavam em paz. Até certo dia. Era final de tarde quando os Nirards começaram a atacar. A destruição foi inevitável e surpreendentemente assustadora. Passaram-se algumas horas e já estava quase tudo em ruínas.
Nem o poderoso Júpiter conseguiu conter os terríveis monstros. Netuno chegou rapidamente ao palácio e se deparou com a imensa construção abalada. “O que está acontecendo, irmão?” – disse Netuno surpreso com as cenas – “Os Nirards estão nos atacando, tentando capturar a chama do Olimpo e, infelizmente, não estamos conseguindo controlar a situação”. – respondeu Júpiter exausto lançando seus poderosos raios contra os invasores.
Passaram-se algumas horas e a situação estava ainda pior. Paelen encontrou Mercúrio caído. Dirigiu-se até o mensageiro alado e seu coração parou ao ver todos os seus ferimentos, não sabia se ele estava vivo ou morto, Mercúrio estava caído de lado, com uma lança cravada em seu peito. Havia sangue em seus cabelos loiros e seu rosto estava todo machucado. Então Paelen se abaixou para ver se ele estava vivo.
Mercúrio abriu devagar seus pálidos olhos azuis. “Paelen” – sussurrou ofegante – “Já acabou? Eles venceram? O Fogo já foi apagado?” Paelen pensou em pedir ajuda, mas não havia algo que poderia ser feito, todos a sua volta estavam feridos, mortos ou morrendo. Paelen fez uma pequena pausa e, pensativo, respondeu – “Acredito que ainda esteja aceso, vi os outros indo em direção ao templo, no palácio, creio que estão querendo ajudar Júpiter”.
O mensageiro concordou com a cabeça, “Precisamos deter os Nirards” – ele segurou nos braço de Paelen – “Ajude-me a levantar”, Paelen o ajudou e, assim que ficou de pé, Mercúrio arrancou a lança do peito, o ferimento se abriu e o sangramento aumentou. Suas pernas cederam, ele estava muito enfraquecido e, então, ele caiu novamente no chão. “A guerra acabou para mim”, - ofegou – “Estou acabado, Paelen! Ouça, garoto, você precisa se unir à batalha. Os Nirards não podem extinguir o Fogo”. – Mercúrio suspirou e fechou os olhos para se acalmar.
“Eu? Lutar?” – Paelen o repreendeu surpreso – “Estás delirando! Olhe pra mim, não tenho poderes, não sou forte como Hércules e não tenho poderes como Apolo. Não sei usar armas como vocês e nem sou tão ágil. Só sei ser ladrão e minha única habilidade é esticar meu corpo para fugir das prisões e me espremer para me esconder em lugares pequenos.” – continuava argumentando – “Me ouça, Paelen, sei que ainda é muito jovem e sei que não é tão grande e forte como nós, mas é mais inteligente e corajoso do que imagina, você é especial e talvez essa seja a sua chance de provar isso”. – Mercúrio tossia e estava quase sem forças – “Uma segunda onda de inimigos está chegando. Precisa sair daqui, pegue minhas sandálias aladas, você poderá voar com elas. Use-as e junte-se a batalha”. – o mensageiro engasgou e tossiu, - “Estou quase morrendo, Paelen, por ... por favor! Eu as dou à vocês, agora é o novo mestre delas, as sandálias obedecerão aos seus comandos”. – com um grito final de agonia, Mercúrio fechou seus olhos e ficou imóvel.
De alguma forma, os invasores Nirards tinham o poder de matar até os Olímpicos mais fortes. Se Mercúrio podia morrer, todos poderiam. Paelen não queria se envolver. Uma parte dele queria apenas aproveitar-se da situação e furtar as rédeas douradas de Pegasus e fugir, mas a outra se questionava se Mercúrio não tinha razão. Mas ele tinha sido um ladrão a vida toda, era a única coisa que sabia fazer. Paelen não era forte e, se até os outros Olímpicos estavam morrendo, que chances teria?
Finalmente decidiu fugir, era sua única opção. Se Pegasus ainda não tivesse sucumbido à batalha, agora era a hora de agir e capturar o garanhão. Ele se abaixou e removeu com cuidado as sandálias de Mercúrio, estava torcendo para que ele estivesse certo e que as sandálias funcionassem com ele. Paelen começou a ouvir grunhidos e rugidos atrás de si. Seus olhos se arregalaram e seu corpo estremeceu aterrorizado ao ver os incontáveis Nirards se aproximando. Ele nunca tinha visto um de perto. Eram enormes, tinham a pele cinza-mármore e pareciam duros como pedra. Cada um de seus quatro braços sacudia uma arma e seus olhos resplandeciam um ódio incontrolável. Ao ver os invasores de perto, entendeu contra o que todos estavam lutando. Eles não tinham chance. O Olimpo estava condenado.
Ele calçou rapidamente as sandálias, “Voem! Pelo amor de Júpiter, voem!” – gritou – As pequenas asas das sandálias começaram a bater e ele começou a subir, “Vamos embora, sandálias! Não importa para onde, voem!” – gritava tomado pelo pânico. Com o perigo imediato ficando bem para trás, Paelem olhou para frente “Parem!” – ordenou e as sandálias obedeceram sua ordem e pararam no ar, ele ficou olhando surpreso com a destruição que estava vendo, quase não acreditava. “Me levem para o Templo, no palácio!” – ordenou e elas obedeceram mais uma vez.
Ao aproximar-se do palácio, conseguiu ver Apolo e Diana agachados de costas um para o outro, cercados pelos monstros. Diana usava seu arco, mas cada flecha disparada não causava nenhum dano à eles. Apolo usava sua lança, que surtia os mesmo efeitos que da arma da irmã. Mais perto do Templo do Fogo, viu Júpiter e Netuno lutando e protegendo a entrada. Urrando de raiva, o líder do Olimpo lançava raios e trovões sobre os Nirards, sem nenhum resultado. Os invasores continuavam avançando.
Finalmente Paelen viu Pegasus, que estava em pé sobre as patas traseiras, dando coices nos invasores. Ele estava coberto de sangue, por causa de vários ferimentos feitos pelas armas dos invasores. Um Nirard pulou e cravou fundo sua lança no garanhão. Pegasus guinchou de dor e caiu sobre as quatro patas, chutando violentamente o Nirard com seu casco dourado, mesmo conseguindo afastá-lo, outros Nirards se aproximaram e começaram a puxar suas asas, tentando arrancá-las. O garanhão foi dominado. Então Diana surgiu com seu grito de guerra, após o irmão, Apolo, ter sido assassinado, e atacou os Nirards que tentavam matar Pegasus. Ela usou todas as suas forças com sua dor transformada em cólera. Diana atacou o Nirard que segurava as rédeas de Pegasus com a lança de seu irmão e, diferentemente das outras vezes, a lança funcionou e ela conseguiu matar seu primeiro invasor.
Com a ajuda de Diana, Pegasus se levantou. Os Nirards avançavam em direção a entrada do Templo. “Paelen!” – Júpiter gritou, estava cercado de Nirards, mas apontava para o templo. – “Rápido! Detenha-os!”, Paelen se virou para o templo e viu os invasores passando pelos defensores e quase chegando ao fim dos degraus de mármore. “Detenha-os, Paelen!” – Júpiter ordenou novamente – “Eles não podem chegar ao Fogo!”
Ele sabia que no momento em que a Chama do Olimpo se apagasse, a guerra terminaria e o Olimpo tombaria. Mas se nem Júpiter conseguiu detê-los, o que uma ladrão poderia fazer? No tempo que levou para decidir se entraria ou não na luta, a batalha foi perdida. Os guerreiros Nirards arrebentaram os portões do Templo, jogaram os Olímpicos escada abaixo e entraram no templo uivando raivosamente.
Momento depois se ouviu o estrondoso som do suporte do Fogo sendo tombado. Rugidos de triunfo preencheram o ar quando começaram a apagar a Chama. Os soldados do Olimpo não podiam fazer muita coisa, a não ser assistir aterrorizados e decepcionados enquanto seu mundo acabava.
Paelen viu Júpiter e Netuno correrem até Pegasus. Netuno segurou as rédeas do garanhão ferido e o ajudou a ficar de pé, Júpiter apontou para cima e gritou algo. Pegasus resfolegou e assentiu com a cabeça, de forma a concordar com o deus. Logo após, os poucos sobreviventes se afastaram para que Pegasus pudesse abrir as asas. O cavalo se lançou no ar.
Paelen sentiu o coração disparar. Aquela era sua hora! Finalmente uma oportunidade de tomar para si as rédeas e controlar o garanhão alado. “Vá atrás de Pegasus!” – Paelen ordenou para suas sandálias. – “Vamos pegar o garanhão!”.