Pessoal, é a partir daqui que a verdadeira história vai se desenrolar! Se acharam que os primeiros 5 capítulos foram fracos em termos de drama, acho que, daqui pra frente, vocês devem com aquela ânsia de leitor para descobrir o que há na próxima parte.
Então, fiquem atentos! Porque no próximo capítulo, já vou começar a descrever um pouco a situação-problema dessa história...
O dia havia passado tão rápido como se eu tivesse realmente de férias. Claro, quando você passa a maior parte de seu tempo se ajustando a um mundo totalmente diferente do seu não há lugar para preguiça, né? Bem, minha tarde foi praticamente composta por uma longa sessão de treinamento que pedi para Choque já que ele tinha a experiência junto com seu treinador. Decidi começar aos poucos com os ataques físicos, sabe? Já que Riolus são mais adeptos nessas coisas...
Surpreendentemente, foi até fácil pegar a manha dos ataques. Se você pensar bem na física mecânica, na sua força sobre-humana e também naquele negócio de concentrar sua energia em cada tipo de ataque, você acaba aprendendo várias possíveis combinações de movimentos. Ainda assim, os mais difíceis de usar continuavam sendo os buffs de status, tipo Agilidade que eu precisava muito para derrotar Pokémons como aquela Torchic no futuro, e também ataques do tipo Especial. Mesmo entendendo aqueles conceitos que os animes gostavam de passar sobre “usar seu poder interior e blah blah blah”, eu não conseguia soltar um. Pelo que me lembro da Bulbapedia, Riolus só capazes de aprender três ataques Especiais de distância. Entre eles estão: Rotação, Poder Oculto e Explosão Focalizada. Primeiro que Poder Oculto já estava fora de questão por razões óbvias e completamente evidentes já pelo próprio nome. Nunca fui de recorrer a ocultismo... Segundo, Rotação se baseava em ataque sonoro e receio que minha garganta não aguentaria tamanha frequência, o que iria deixa-la no menor dos casos um pouco debilitada. E pior que minha voz não era lá boa em gritos... E por último, chega Explosão Focalizada. De todos os ataques, esse é o que tenho mais chance de aprender já que consistia apenas em transformar minha força em energia e manda-la em forma de uma esfera que manda tudo pelos ares no contato com qualquer superfície. Agora como transformar essa energia era onde eu estava tendo trabalho...
Depois do treinamento, fiquei por tempo praticando usando algumas referências que tinha do anime mas nada adiantava. Tentativa após tentativa, eu só conseguia piorar minha dor de cabeça. (Sighs) Com bastante decepção, decidi deixar tudo para amanhã mesmo, quando tivesse mais disposição. Bem, pelo menos consegui aprender uns cinco movimentos só hoje. Isso já era alguma coisa...
Enfim, eu voltei para onde o grupo costumava dormir, numa árvore não muito longe da clareira. Eles foram bem generosos em dividir o lugar comigo, mas enquanto eles preferiam dormir no chão mesmo, eu gostava de dormir nos galhos. Quando era ainda uma criança, era conhecido como “Macaco” no condomínio onde eu morava, porque o pessoal me via subindo nas árvores mais difíceis de chegar ao topo e como um deles fez essa comparação, o apelido acabou pegando. Tinha vezes até que eu cochilava quando achava um lugar confortável e com a brisa constante do ambiente, era uma sensação boa de experimentar, e continua sendo uma das razões para continuar dormindo daquele jeito ainda hoje às vezes.
- Tem certeza que não quer dormir com a gente aqui embaixo, Neto? – Choque perguntou enquanto eu subia na árvore próxima a eles. Ah sim, uma coisa que me esqueci de comentar era que me introduzi nessa tarde a todos. As pessoas no meu mundo costumavam me chamar de Neto já que eu tinha herdado o nome completo do meu avô. Achei que não teria problema em dizer...
- Tenho. É que sou acostumado a dormir nos galhos, sabe? – Eu disse ao mesmo tempo torcendo para que o pessoal não pensasse que eu queria ficar afastado deles. Mas também a ideia de dormir na mesma área do grupo não colava bem na minha mente. Era quase a mesma coisa que compartilhar uma cama de casal com mais quatro pessoas e isso era... perturbador...
- Está bem, mas não venha depois atrás da gente quando você tiver pesadelos com fantasmas. – Dória disse.
- Sério, Dória? Ou não é uma certa Nidoran que tem esses pesadelos? Dica: ela está na minha frente. – Ouvi Choque dizer. Já era de se imaginar até pela atitude de criança dela.
Vi Dória dar de ombros, se o que vi poderia ser classificado como um ombro. - Ué, isso não significa que ele não passe a ter também. – Bah, pesadelos com fantasmas, sério? Menina, se você visse os filmes e jogos que eu jogava a alguns tempos, acho que você ficava de insônia por dois dias. Uma vez, eu fui desafiado por um de meus colegas a me filmar jogando Amnésia no Playstation depois da meia-noite, com tudo apagado e som normal. Para resumir a história, fiquei de cegueira no dia seguinte sem conseguir dormir...
Enfim, percebi que estava rindo silenciosamente enquanto os dois continuavam com suas palhaçadas. Parecia que havia passado uma eternidade que eu tive amigos daquele jeito, tão despreocupados com as coisas e só focados em se divertir. Aaah, bons tempos de ensino médio...
Eu vi Sienna se aproximar da árvore juntamente com Ticko (Uhum, esse era o nome que o Treecko usou quando se apresentou) e deitarem ao lado da base. Então, posou seu olhar até me encontrar sorrindo a uns três metros acima deles.
- Pela sua cara, você parece estar gostando da discussão dos dois. – Ela observou. Isso não era óbvio?
- Bem, vamos dizer que briguinhas como essa trazem boas memórias de alguns anos atrás. – Oh yes, naquele tempo em que minha turma do terceiro ano era da resenha mesmo. Uma pena que as coisas se aquietaram quando cada um seguiu seu caminho depois de entrarem nas universidades.
Foi então meus pensamentos foram rompidos quando ouvi Ticko bocejar. – Adoraria muito escutar suas histórias, Neto. Mas já é hora de dormir. – Depois, ele se virou para Choque e Dória que ainda continuavam discutindo em voz moderadamente alta. – Ou, ou! Chega disso aí, tem gente querendo dormir aqui.
- Vocês são sempre assim tão animados? – Eu perguntei para Sienna.
Ela sorriu. – Se não fôssemos desse jeito, nossas vidas não teriam graça, não acha?
Eu tinha que concordar até porque era uma coisa que estava acostumado a ver nos animes. E finalmente, estava vivendo isso em primeira mão...
Choque e Dória logo se juntaram aos outros e deitaram também. Após algumas séries de “Boa noite”, todo mundo começou a dormir, com exceção de mim. Havia muita coisa passando pela minha cabeça naquele instante, principalmente quando se tratava em como voltar para meu mundo e voltar a minha vida de engenheiro. Eu não vou negar. Ser transformado em um Pokémon é uma das coisas incríveis que já aconteceram comigo e estou grato por Arceus, Jirachi, Mew ou quem quer fosse que tivesse feito isso. Mas a questão era minha família, sabe? Minha mãe e meu pai já devem estar cegamente procurando por mim a essa altura do campeonato e meu irmão provavelmente sente minha falta também, apesar de parte da minha mente me dizer que ele estava gostando da net só para ele para jogar aquele MMO dele chamado Dofus. Enfim, não posso ficar aqui por muito tempo...
Suspirei, tentando esquecer esses pensamentos. Não ajudaria em nada ficar choramingando quando eu sabia que não havia nada para fazer a respeito a não ser sobreviver e procurar uma saída. Eu só espero que eles estejam bem acima de tudo...
Encostando-me no caule da árvore, forcei meus olhos a se fecharem e me concentrei apenas em dormir. O sono veio logo em seguida...
...
No dia seguinte, acordei com alguém cutucando meu braço esquerdo. Ao virar minha cabeça para o lado, me deparei com Ticko que estava agarrado a um galho próximo. Pelo olhar dele, parecia estar com pressa.
- Ticko, o que foi? – Perguntei.
- Os Irmãos Latis estão aqui!
Okay, acho que a preguiça está fazendo alguma merda com meus ouvidos porque não acreditei no que ele disse. E era para acreditar? Latios e Latias chegarem um dia depois da minha aparição nesse mundo? Muita coincidência para meu gosto...
Ainda assim, continuei fingindo ser como se fosse um retardado em uma manhã de domingo. “Just for the lolz”:
- Whaaaat...?
- Acorda, cara! – E para enfatizar sua pressa, ele me sacudiu com tanto força que quase me fez perder o equilíbrio no galho. Por um momento, pensei que ele ia me matar...
- Tá legal, tá legal. Acordei... – Mas ainda estava com preguiça.
- É sério, os dois estão fazendo uma parada rápida para checar a clareira porque eles têm que ir em outro lugar logo depois.
- E disseram para onde iam? – Perguntei enquanto nós descíamos da árvore.
- Não. Mas, pela pressa deles, eu diria que é importante. Choque e os outros já avisaram que você quer falar com eles e já estão esperando. É melhor não abusar da paciência deles. – Ele disse antes de sair correndo em direção à clareira, comigo um pouco atrás em perseguição.
Quando chegamos lá, o lugar estava cheio. Bem mais do que ontem. Acho que provavelmente a maioria estava curiosa em saber o motivo do súbito retorno dos dois Latis ao seu pequeno refúgio. A multidão cercava-os em um grande círculo enquanto notei os dragões estavam tendo uma conversa com Choque e os outros.
Quando passei pelo círculo, minha presença foi logo percebida pelos Latis. Eu juro que se não fosse por minha força de vontade, perderia o controle ali mesmo por causa de tanto fangasmo. Latios e Latias são dois dos meus Pokémons favoritos, sabe? E ter a chance de vê-los de perto... é uma coisa inimaginável.
Meu transe se rompeu quando vi Latias mover sua cabeça para perto de Choque, como estivesse cochichando para ele. Após o que parecia ser algumas breves palavras, a dupla começou a se aproximar de mim. ...Que vergonha, cara! Eu nem conseguia encontrar as palavras certas para me dirigir a eles por um momento.
- Então, você é o Riolu que castigou Argus ontem, hein? Devo dizer que aquele pervertido mereceu o que estava vindo para ele. – Latios começou. Sua voz era mais grave do que eu estava acostumado a ouvir do filme 5. Talvez porque esse é mais maduro que o de Alto Mare, se é que aquela cidade existisse nesse mundo. – Oh, cadê minhas maneiras? Eu sou Jet e essa é minha irmã, Jetta. – A Latias acenou com a garra.
Bem, pelo menos Latios parecia ser bem cordial. – Meus amigos me chamam de Neto.
- Neto? Um nome estranho para um Riolu. – Jet comentou. É, sem sombra de dúvidas...
Foi então que sua irmã decidiu falar dessa vez. – Então, seus amigos nos disseram que você queria falar conosco em particular.
- Sim. E acredito que isso não deva chegar nenhum ouvido a não ser os seus e de outros Lendários. – Eu disse com firmeza.
A dupla franziu a testa mostrando confusão em seus olhares. Mas eles concordaram com meu pedido.
Depois, o Latios virou o corpo em direção. – Suba. Se quisermos falar a sós, temos que ir a um lugar onde poucos alcançam. – Disse enquanto indicava para subir em suas costas.
Me senti honrado pelo convite. Afinal, desde criança que eu sonhava com o dia em que sairia voando pelos céus, só que na época imaginava mais em um daqueles mono-hélices da Segunda Guerra Mundial ou da Primeira talvez. Nunca me ocorreu que minha primeira vez nos céus seria nas costas de um Latios...
Eu cuidadosamente subi nas costas de Jet e depois, me virei para a turma que nos observava com atenção.
- Cuidado lá em cima, Neto. – Choque disse. – Esses dois gostam de se atirar em alta velocidade.
- Ah, ele vai ficar bem, eu lhes garanto. – Jet disse e depois, se virou para sua irmã. – Vamos, irmãzinha?
- Vamos! – E com uma leve contorcida, Jetta se atirou para os céus em uma velocidade impressionante. Não era à toa que a Bulbapedia dizia que os dois tinham referências de jatos... Se Jet fosse subir daquele jeito, não havia chances para eu me segurar com a tamanha resistência do ar.
- Jet? Por favor, vá devagar, certo? – Eu pedi com medo.
O Latios soltou uma gargalhada. – Aquilo te assustou, meu jovem? – Claro né, porra! – Relaxe, nossa subida será mais suave. Se segure.
- Whou! – Jet decolou tão rápido que quase não tive tempo de me segurar direito em suas escamas penadas. Mais suave uma ova...
Enquanto nós subíamos, forcei meus olhos a fecharem para não olhar para baixo. Não é que eu tinha acrofobia ou medo de altura como todo mundo gosta de dizer, mas o pensamento de voar em cima de um dragão sabendo que não tinha cinto de segurança para me proteger era muito perturbador.
Em um momento, estava me segurando com tanto força que acabei puxando algumas das minúsculas penas azuis dele.
- Auch! – Ouvi-o gritar de dor. – Pega leve aí nas minhas penas, garoto!
- Desculpa! – Gritei. – A gente está subindo muito rápido! – E bote rápido naquilo! Parecia que eu estava dirigindo uma Lamborghini sem para-brisas a 230 por hora!
- Aguenta só mais dois quilômetros! Já vejo minha irmã parada perto de uma nuvem!
Sincero com sua palavra, Jet foi diminuindo sua velocidade gradativamente até chegar a um ponto em que parou por completo.
- Pronto, chegamos! Pode abrir os olhos agora, Neto.
Com bastante relutância, eu abri os olhos. De primeira, encontrei ambos Jet e Jetta rindo de mim. Ignorei os dois até ficar de cara com uma paisagem tão extraordinária de fazer qualquer boca cair até o pescoço.
Quando Jet disse que Jetta estava perto de uma nuvem, ele não estava brincando. A alguns metros acima de nós, tinha uma branca bem grande pairando lentamente sobre nós. Tudo ao redor também não passava só de céu e nuvens e logo abaixo, ficava a floresta ao longe de minha visão. Cara, era quase difícil de ver a lagoa daqui de cima...
- Gostando da vista? – Jetta voou até meu lado.
- Gostando? Estou adorando! É tão legal! – Eu exclamei de alegria. Claro, já tinha visto fotos aéreas antes de paisagens como essas pela televisão e Internet. Agora, presenciar o vento, a altura e o ar moderadamente respirável daqui era realmente coisa de outro mundo. De repente, invejo aqueles paraquedistas...
No entanto, minha exaltação foi de curta duração quando Jet foi logo direto ao assunto:
- Muito bem, Neto. Você queria falar a sós conosco e concedemos seu pedido. Agora, pode nos dizer o motivo de todo esse segredo?
Eu suspirei fundo antes de começar a falar. Espero que acreditem na minha história. Well, here we go:
- Antes de ouvirem o que tenho a dizer, eu espero que vocês tenham suas mentes abertas. Porque o que vão escutar nos próximos segundos, talvez vocês acabem pensando que é uma brincadeira de mau gosto. E vou logo avisando que não é.
Logo, eles mudaram suas expressões ligeiramente, passando de animados para sérios em poucos instantes. Eles assentiram, permitindo que eu continuasse.